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Livro de Isaías


TEMAS CORRELATOS: Antigo Testamento. | Isaías.

O livro do profeta Isaías é divisível como segue:  † 

I. Introdução (1). II. Uma profecia contra Jerusalém (2-4), continuando com outras profecias a ela relacionadas (5). A denúncia culmina no cap. 4 com o efeito do julgamento e um retrato da glória dos tempos messiânicos. Esta profecia pode ter sido dada durante os tempos prósperos do reinado em conjunto de Osias e de Jotão. III. A visão do cap. 6, que, como todos admitem, está em relação próxima ao livro de Emmanuel (7 a 12). IV. Os dez fardos das nações (13 a 22), dividido pelo cap. 20, que é de importância internacional, em duas séries de cinco fardos cada, culminando no julgamento sobre o mundo inteiro (24), e seguido pelo triunfo e a bem-aventurança de Judá (25 a 27). V. Um grupo de profecias que tratam exclusivamente de Judá e Samaria prenunciando  aflição e vergão ( 28 a 33), culminando, como antes, num julgamento de todas as nações e um futuro feliz para Sião (34 e 35). VI. Uma seção histórica (36 a 39), descrevendo as operações iniciais do poder  assírio-babilônico em Judá, e servindo como uma apresentação ao Livro da Consolação, que foi oferecido em vista do doloroso julgamento sobre Judá (40 a 66). Este Livro da Consolação trata da relação da igreja de Israel com Jeová (40-48), a relação da igreja com as nações ( 49 a 57), da ab-rogação de distinções nacionais, e do futuro glorioso da igreja (58 a 66). A figura proeminente nestes capítulos é o servo do Senhor.


A autenticidade do primeiro capítulo foi questionada por Koppe em 1797. Pouco depois Döderlein designou a composição dos últimos vinte e sete capítulos ao tempo do exílio. Esta teoria ampliada para incluir os capítulos 13 e 14 até ao v. 23; o capítulo 21, vv. 1-10; os capítulos 24 a 27, e 34 e 35, achou numerosos advogados. Outras passagens têm sido adicionadas ainda quando a necessidade do ajuste apareceu, tal como 11.10 a 12.6; mas não há a mesma unanimidade em rejeitá-los entre os aderentes da teoria.


Os argumentos avançados em favor da teoria principal são todos compreendidos em três. 1. A linguagem está defasada e o estilo é peculiar. 2. As alusões à condição dos judeus e gentios revelam o tempo do exílio. 3. As indicações a respeito da condição do povo concordam com os fatos históricos, mas aquelas que se relacionam ao futuro não alcançaram a realização.


Para estes argumentos a resposta, que deve ser infelizmente declarada sumariamente, é a seguinte: 1. Aí não foi mostrada uma palavra sequer de época conhecidamente anterior, nem um único elemento estrangeiro que dá qualquer razão para acreditar que não era o momento atual em Jerusalém nos dias de  Isaías. Todas as palavras, frases, e formas são encontradas na literatura antiga dos hebreus ou podem ser explicadas pela história dos tempos.  A respeito do estilo que é peculiar, a mudança do estilo é consistente com a unidade de autoria. O estilo de Shakespeare mudou. Sua atividade literária durou mais de vinte e cinco anos, mas quatro períodos distintos são discerníveis nas suas produções, marcadas por diferenças de estilo. A atividade literária de Isaías foi contínua por pelo menos quarenta anos e talvez sessenta. E é o estilo tão peculiar  afinal? Esses que negam a autoria de Isaías estão incumbidos de explicar a semelhança de estilo neles. Augusti esclarece a atribuição destes capítulos a Isaías em primeiro lugar pelo fato de que “eles foram compostos tão inteiramente no espírito e na maneira de Isaías”. Gesenius e De Wette atribuem a semelhança de estilo à imitação ou ao trabalho de uma mão adaptada. Umbreit chama o autor desconhecido dos capítulos em disputa, “Isaías levantado outra vez” dentre os mortos. 2. Ao argumento de que as alusões, que são feitas nestes capítulos à condição dos judeus e gentios, revelam o tempo do exílio, responde-se: a) Os profetas frequentemente transportam-se ao futuro e descrevem o que eles estão predizendo como já passado; por exemplo, embora Zebulom e Naftali tinham sido saqueados e seus habitantes levados em cativeiro, Isaías reconhecido diz deles: “Os povos que andaram na escuridão viram uma grande luz” (9.2). b) As referências explícitas a Babilônia, ao exílio e à restauração são poucas.  c) Isaías reconhecido e seus profetas contemporâneos já viviam antes do exílio para Babilônia. Existe apenas um evento em conexão com o exílio a que o autor refere-se, mas era conhecido dos israelitas no tempo de Isaías. Os profetas do tempo predisseram a destruição de Jerusalém e do templo (Am 2.5; Mq 3.12; Is 3.8; 6.11), a desolação da terra de Judá (Os 8.14; Am 9.11,14; Is 3.25,26; 6.11,12; 32.13), o cativeiro do povo de Judá (Is 11.12; Mq 1.14-16). Este cativeiro seria em Babilônia (Is 39.6,7; cp. 11.11; Mq 4.10). Deveria haver um retorno dos exilados (Jl 3.1; Is 11.11). Jerusalém e o templo deviam ser reconstruídos (Mq 4.2; embora a destruição de Jerusalém havia sido predita, 3.12; cp. Joel 3.16, 17, 20), e muitas pessoas viriam a Jerusalém adorar (Is 2.2-4; 11.10; 18.7; Mq 4.1-3). d) As condições espirituais do povo, como mostrado nestes capítulos, é aquela da época de Isaías; a idolatria debaixo de toda árvore verde (Is 57.5 e 1.29; 2 Rs 16.4) entre os carvalhos (57.5, e 1.29; Os 4.13) e em jardins (Is 65.3; 66.17, e 1.29); o sacrifício de crianças nos vales (57.5 e 2 Cr 28.3; 33.6; 2 Rs 23.10); ascendendo altas montanhas para oferecer sacrifício (57.7 e 2 Cr 28.4; Os 4.13; cp. Ez 6.13); a hipocrisia (58. 2-4; 29.13); o SABAT violado (58.13; Am 8.5; Jr 17.19-27); o derramamento de sangue e violência (59.3,7 e 1.15; Mq 7.2); a falsidade, a injustiça, e a opressão (59.4,6,7,9; 5.7, 23; 10.1,2; Mq 2.1,2; 7.3); a negligência pela adoração no templo (43.23,24; 2 Cr 28.24; 2 Rs 15.4; 2 Cr 27.2; 2 Rs 15.35; 2 Cr 33.10). Incenso ardente em cima dos tijolos (65.3) era próprio nas adorações praticadas no Egito, na Assíria ou na Babilônia, e foi praticada em Jerusalém antes do exílio (2 Rs 23.12; Jr 19.13). A carne de porco era oferecida e comida (65.4) pelos egípcios no festival de Selene e Dionísio (Heród. 2.47,48) e comumente também pelos Babilônios. 3. Ao argumento de que as declarações a respeito da condição do povo concordam com os fatos históricos, ao passo que aquelas que se relacionam ao futuro caíram logo por falta de realização, é respondido que a afirmação se aplica com igual força aos escritos reconhecidos do profeta Isaías. Ele predisse a destruição das cidades, a desolação completa da terra, e a remoção dos habitantes para longe dali (6.11,12). Isto foi cumprido ao pé da letra. Mas ele profetizou também o fluir dos gentios àquele que viria da raiz do filho de Jessé, o retorno dos povos de Deus cativos de todas as partes do mundo, a secagem dos rios que eram obstáculos no curso da marcha, uma estrada da Assíria para o resto dos povos, o lobo morando em paz com o cordeiro (11.6-8,10,12,15,16; veja também Am 9.11-15; Mq 5.4; 7.12). Estas predições são semelhantes às que na última parte do livro são apontadas como tendo expressões vocais extravagantes de um entusiasta, e como não tendo alcançado sua realização. A menos que estas numerosas passagens sejam eliminadas, Isaías é reconhecido, e frequentemente seus contemporâneos também, vivendo dois séculos antes da queda de Babilônia e as esperanças que esse acontecimento deveriam ter acordado, escreveram precisamente da mesma maneira como o autor da última seção. Um ponto especial em que a negação da autenticidade dos últimos vinte e sete capítulos é a menção do nome de Ciro (44.28; 45.1). Assim também Josias foi nominalmente profetizado (1 Rs 13.2). Se a presciência profética é possível, se fosse proferida por homens santos instruídos pelo Espírito Santo, então o nome de Ciro podia ter sido escrito por Isaías. Caso contrário as palavras, como estão; não foram proferidas até quase duzentos anos depois de Isaías. A igreja sempre acreditou na presciência profética e na inspiração de Isaías. — (Dicionário da Bíblia de John D. Davis©


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