O Caminho Escritura do Espiritismo Cristão.
Doutrina espírita - 1ª parte.

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O Livro dos Espíritos.

(1ª edição)
(Idioma francês)

Introdução

ao estudo da Doutrina Espírita. 61

Resposta a várias objeções.
[XVII]

1 Os estranhos fenômenos que estamos testemunhando agora não resultam de uma descoberta devida ao acaso. 2 Os Espíritos nos dizem que há nesse fato, que em pouco tempo tomou proporções tão consideráveis, qualquer coisa de providencial. 3 Declaram que estão encarregados, de agora em diante, de instruir os homens e de derrubar os erros e os preconceitos, não mais por meio de alegorias e figuras simbólicas, mas em linguagem clara e inteligível para todos; 4 não mais sobre um ponto isolado do globo, mas em toda a superfície da Terra. Segundo eles, essas manifestações são o prelúdio da transformação da Humanidade.

5 Seja como for, não podemos negar que encontramos, nos ensinamentos dos Espíritos superiores, os preceitos de uma sublime moral, que não é senão o desenvolvimento e a explicação da moral do Cristo e cujo efeito é tornar melhores os homens. 6 Há pessoas que acham essa moral insuficiente, dizendo nada haver nela de novo; é a moral vulgar. 7 Dever-se-ia esperar da parte dos Espíritos alguma coisa mais grandiosa, mais extraordinária; alguma coisa, em suma, que saísse do lugar-comum.

8 Temos pouca coisa a responder-lhes. Diremos, para começar, que estamos apresentando aqui apenas um resumo e que, se quiserem conhecer a Doutrina completa, será preciso que se deem ao trabalho de estudá-la e, sobretudo, de meditar suas aplicações. 9 A base sobre a qual repousa essa moral é simples, é verdade; mas é por sua simplicidade mesma que ela é sublime:  10 Deus fez seu código em poucas palavras. ( † )  11 Ela é conhecida, é ainda verdade: é a moral que se ensina por toda parte. Por que, então, a praticam tão pouco? 12 Mais de um entre os que a consideram mesquinha talvez ficassem um pouco desapontados se fossem constrangidos a praticar, no rigor do termo, este simples preceito, tão pueril aos seus olhos: Não faças a outrem o que não quererias que te fizessem, ( † ) e, principalmente, de reparar tudo o que fizeram, violando essa norma.

13 De duas coisas, uma: ou eles acham esse preceito rigoroso demais, ou o consideram demasiadamente brando. 14 No primeiro caso, poder-se-ia crer que ficassem contentíssimos de vê-lo substituído por alguma coisa capaz de livrá-los de uma obrigação que, convenhamos, é bastante incômoda para muita gente; 15 no segundo, é que eles aparentemente já a praticam escrupulosamente, e que são mais severos para consigo do que o próprio Deus. 16 Pois bem! Por mais doce que seja essa obrigação, Deus se contenta com ela e, quando o homem o quiser, com essas poucas palavras fará de seu globo uma Terra Prometida. 17 Quanto a nós, achamos que os Espíritos nos dão prova de sua superioridade justamente por confirmarem as palavras do Cristo e por anunciarem que estão encarregados de apressar o fim do reino do egoísmo e substituí-lo pelo da justiça. 18 Não cremos que seja possível a alguém se convencer sinceramente da existência e da manifestação dos Espíritos sem promover séria mudança em si mesmo e sem encarar com confiança o futuro. 19 Esta crença, portanto, não pode conduzir o homem senão ao caminho do bem, pois nos mostra a nulidade das coisas terrenas a par do infinito que nos aguarda; 20 coloca na primeira linha das condições de nossa felicidade futura o amor e a caridade para com os semelhantes, fazendo que se diluam as paixões que nos assemelham ao bruto.

ALLAN KARDEC


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