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Entre as objeções, algumas há mais sedutoras, ao menos na aparência,
porque colhidas da observação e feitas por pessoas sérias. 2
Uma dessas objeções é que a linguagem de certos Espíritos não parece
digna da elevação que se atribui a seres sobrenaturais. 3
Quem se reportar ao resumo da Doutrina, acima apresentado, verá que
os próprios Espíritos nos ensinam que não são iguais em conhecimento,
nem em qualidades morais, e que não se deve tomar ao pé da letra tudo
quanto dizem. 4
Cabe às pessoas sensatas separar o bom do mau. 5
Seguramente, os que deduzem desse fato que só lidamos com seres malfazejos,
cuja única ocupação é mistificar, não conhecem as comunicações que são
dadas nas reuniões onde só se manifestam Espíritos superiores; de outro
modo não pensariam assim. 6
É lamentável que o acaso os tenha servido tão mal, só lhes mostrando
o lado mau do mundo espiritual, pois não queremos supor que uma tendência
simpática atraia para eles, em vez dos bons, os Espíritos maus, os Espíritos
mentirosos, ou aqueles cuja linguagem é de revoltante grosseria. 7
Poder-se-ia, no máximo, concluir que a solidez dos princípios dessas
pessoas não é bastante forte para afastar o mal e que, achando certo
prazer em lhes satisfazerem a curiosidade, os Espíritos maus disso se
aproveitam para se insinuar entre elas, enquanto os bons se afastam.
Se meditarem sobre os princípios doutrinários contidos neste livro,
nele encontrarão as condições necessárias para obterem comunicações
de ordem elevada e para se libertarem da obsessão de Espíritos inferiores.
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Julgar a questão dos Espíritos por esses fatos seria tão pouco lógico
quanto julgar o caráter de um povo pelo que se diz e faz numa reunião
de estouvados ou de gente de má fama, da qual nem participam as pessoas
circunspetas nem as sensatas. 9
Essas criaturas se encontram na situação de um estrangeiro que, chegando
a uma grande capital pelo mais desprezível de seus subúrbios, julgasse
todos os habitantes pelos costumes e pela linguagem desse bairro ínfimo.
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No mundo dos Espíritos também há uma sociedade boa e uma sociedade má;
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dignem-se essas pessoas de estudar o que se passa entre os Espíritos
de escol e se convencerão de que a cidade celeste não contém apenas
a escória popular. 12
Mas, perguntam elas, os Espíritos de escol vêm até nós? A isto responderemos:
Não fiqueis no subúrbio; vede, observai e julgai; os fatos aí estão
para todos. 13
A menos que a elas se apliquem estas palavras de Jesus: Têm olhos
e não veem; têm ouvidos e não ouvem. ( † )
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Uma variante dessa opinião consiste em não ver nas comunicações espíritas
e em todos os fatos materiais a que elas dão lugar, mais que a intervenção
de um poder diabólico, novo proteu
que revestiria todas as formas para melhor nos enganar. 15
Não a julgamos merecedora de exame sério, razão por que não nos demoraremos
em considerá-la; acha-se refutada pelo que acabamos de dizer. 16
Diremos apenas que, se fosse assim, teríamos de convir em que o diabo
é às vezes bastante criterioso, bem razoável e sobretudo, muito moral,
ou, então, que há também diabos bons. >>>