1 Voltemos ao nosso assunto.
O movimento dos objetos é um fato comprovado. A questão é saber se,
nesse movimento, há ou não uma manifestação inteligente e, em caso afirmativo,
qual a origem de tal manifestação.
2 Não falamos do movimento inteligente de certos objetos, nem das comunicações verbais, nem mesmo das que o médium escreve diretamente. Esse gênero de manifestação, evidente para os que viram e aprofundaram o assunto, não é, à primeira vista, bastante independente da vontade para firmar a convicção de um observador novato.
3 Só trataremos, portanto, da escrita obtida com o auxílio de um objeto qualquer munido de um lápis, tal como a cesta, a prancheta, etc.
4 A maneira pela qual os dedos do médium repousam sobre o objeto desafia, como já dissemos, a mais perfeita destreza de sua parte em poder participar, de algum modo, no traçar das letras.
5 Mas admitamos ainda que, por uma habilidade maravilhosa, possa ele enganar os olhos do mais atento observador; como explicar a natureza das respostas, quando estão muito além de todas as ideias e conhecimentos do médium?
6 E note-se que não se trata de respostas monossilábicas, mas, frequentemente, de muitas páginas escritas com admirável rapidez, quer espontaneamente, quer sobre determinado assunto.
7 Pela mão do médium menos versado em literatura surgem, de quando em quando, poesias de sublimidade e pureza impecáveis, que os melhores poetas humanos não desaprovariam.
8 E o que aumenta ainda mais a estranheza desses fatos é que eles se produzem por toda parte e que os médiuns se multiplicam ao infinito.
9 Esses fatos são reais ou não? Para esta pergunta só temos uma resposta: vede e observai; não vos faltarão oportunidades; mas, sobretudo, observai muitas vezes, por longo tempo e de acordo com as condições exigidas.
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Diante da evidência, que respondem os antagonistas? Sois, dizem eles,
vítimas do charlatanismo, ou joguete de uma ilusão. 11 A isso replicaremos,
para começar, que não cabe a palavra charlatanismo onde não há lucro;
os charlatães não trabalham de graça. Seria, quando muito, uma mistificação.
12 Mas por que singular coincidência esses mistificadores se teriam
entendido de um extremo a outro do mundo, para agir do mesmo modo, produzir
os mesmos efeitos e, sobre os mesmos assuntos e em diversas línguas,
dar respostas idênticas, se não quanto à forma, pelo menos quanto ao
sentido? 13 Como é que pessoas sérias, honradas e instruídas se prestariam
a semelhantes manobras? E com que fim? Como achar em crianças a paciência
e a habilidade necessárias? 14 Pois, se os médiuns não são instrumentos
passivos, é preciso que tenham habilidade e conhecimentos incompatíveis
com uma certa idade e certas posições sociais.
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Então argumentam que, se não há fraude, os dois lados podem ser vítimas
de uma ilusão. 16 Em boa lógica, a qualidade das testemunhas tem certo
peso; ora, é aqui o caso de perguntarmos se a Doutrina Espírita, que
conta hoje milhões de adeptos, só os recruta entre os ignorantes? Os
fenômenos em que ela se apoia são tão extraordinários que concebemos
a dúvida. 17 Porém, o que não se poderia admitir é a pretensão de certos
incrédulos ao monopólio do bom senso, nem que, sem respeito às conveniências
e ao valor moral dos adversários, tachem de ineptos, sem a menor cerimônia,
os que não concordam com seus pareceres. 18 Aos olhos de qualquer criatura
judiciosa, a opinião de pessoas esclarecidas que por muito tempo viram,
estudaram e meditaram um fato, constituirá sempre, quando não uma prova,
pelo menos uma presunção a seu favor, já que pode prender a atenção
de homens sérios, que não tinham interesse algum em propagar erros nem
tempo a perder com futilidades. >>>