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Há, ainda, pessoas que veem perigo por toda parte e em tudo que não
conhecem. Também não deixam de tirar conclusão desfavorável do fato
de algumas pessoas, ao se entregarem a esses estudos, terem perdido
a razão. 2 Como é que homens sensatos podem ver nisto uma objeção séria?
Não se dá o mesmo com todas as preocupações intelectuais sobre um cérebro
fraco? Quem conhece o número de loucos e maníacos que os estudos matemáticos,
médicos, musicais, filosóficos e outros já produziram? E devemos, por
isso, banir tais estudos? 3 Que prova isso? Nos trabalhos corpóreos,
estropiam-se os braços e as pernas, que são os instrumentos da ação
material; nos trabalhos da inteligência, estropia-se o cérebro, que
é o instrumento do pensamento. 4 Mas, por se ter quebrado o instrumento,
não se segue que o mesmo tenha acontecido ao Espírito: ele continua
intacto, e quando se libertar da matéria não gozará menos da plenitude
de suas faculdades. É, no seu gênero, como homem, um mártir do trabalho. >>>