SINOPSE DOS LIVROS DO ANTIGO TESTAMENTO
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OUTRAS REFERÊNCIAS AO TEMA
A primeira das duas porções em que a Bíblia está naturalmente dividida. O título foi emprestado do apóstolo Paulo, que em 2 Co 3.14, diz: “Porque até ao dia de hoje permanece na lição do Antigo Testamento o mesmo véu sem levantar-se”. O Antigo Testamento consiste em trinta e nove livros que na ordem em que eles encontram na Bíblia inglesa, dividem-se naturalmente em três classes: dezessetes livros históricos (Gênesis a Esther) cinco livros poéticos (Job a Cânticos de Salomão), e dezessete livros proféticos. Nos livros históricos ocorrem poemas e fragmentos de poemas (Gn 4.23.24; 9.25-27; Ex 15.1-18; Jz 5); neles também são encontrados profecias (Gn 3.15; 9.11-16; 2 Sm 7), e história nos livros proféticos (Is 7; Jr 26.7,11 até cap. 39.14; 40.7 até cap. 43.8); há abundantes poesias nos livros proféticos. A Bíblia hebreia contém todos estes livros e não mais: mas há uma diferença no arranjo e na classificação. A Bíblia inglesa adotou o arranjo das antigas versões.
O Antigo Testamento originalmente foi escrito em hebraico, com exceção de Ed 4.8 até cap. 6.18; 7.12-26; Jr 10.11; Dn 2.4 até cap. 7.28, que estão em aramaico. As letras do alfabeto hebraico e aramaico eram similares. Uma forma primitiva delas esteve em uso na antiga Fenícia em 1500 A. C. Sua forma primitiva é vista na Pedra Moabita, na inscrição de Siloé, e em moedas dos macabeus. Atravessaram várias mudanças de forma até que finalmente tornaram-se os caracteres quadrados familiares nos manuscritos hebreus existentes e edições impressas da Bíblia hebraica. Os livros do V. T. foram compostos com a velha escrita hebraica; mas no decorrer de sua multiplicação por cópias manuscritas, os caracteres mais antigos foram gradualmente transliterados para os caracteres quadrados.
Os hebreus só utilizavam as consoantes na escrita, deixando as vogais por conta do leitor. Mas entre o sétimo e o décimo século da era cristã, acadêmicos Judeus, residentes principalmente em Tiberíades na Palestina, forneceram pontos de vogal que indicavam a articulação adequada e a pronunciação tradicional. Estes sinais de vogal deram maior ênfase ao significado dos textos. Estes homens foram denominados Massoretas ou Massoretes, de mâsorah ou melhor massorah, tradição; e o texto acrescido com as vogais, sensivelmente melhorado, é conhecido como texto Massorético. Eles também adicionaram um sistema de acentos para indicar a acentuação adequada das palavras e a maneira em que deviam ser agrupadas ou separadas. Nas escolas Judias da Babilônia estava em voga um método diferente de indicar as vogais, mas mantendo substancialmente a mesma pronunciação. A pontuação babilônica era escrita acima das linhas do texto.
Em épocas remotas as palavras frequentemente eram separadas por um ponto ou espacejamento (c.p. o ponto, Pedra de Moabite; Inscrição de Siloé; o espaçamento, Carpentras Stele, provavelmente no século 4 A. C.); consequentemente não é improvável que existissem manuscritos hebreus espaçados de uma maneira semelhante. As regras talmúdicas para copiar manuscritos determinava que um espaço semelhante à largura da letra A deveria ser deixado depois de cada palavra. Os judeus dividiram o texto hebreu dos livros de Moisés em cinquenta e quatro seções ou perícopes, para serem lidos nos sábados sagrados do ano. Por exemplo, a primeira seção estende de Gen. 1.1 a 6.8; e a segunda de 6.9 até 11.32. Estas seções maiores são separadas por duas espécies menores, as divisões principais e as subdivisões, tecnicamente chamadas abertas e fechadas, e são indicadas pelas letras pe e samech respectivamente. Assim no segundo perícope uma seção aberta contém a narrativa do dilúvio (6.9 a 9.17), que é subdividido nas quatro seções fechadas, 6.9-12, introdução; 6.13 a 8.14, a arca e o dilúvio; 8. 15 a 9.7, Noé deixa a arca, sacrifica, e recebe as bênçãos e orientações divinas; 9.8-17, o pacto do arco-íris. Outra seção aberta contém as gerações de Sem e Thare (11. 10-32). Suas seções fechadas são proximamente seguidas pela Versão Revisada em paragrafando o texto inglês. Os primeiros versículos foram numerados na Bíblia hebreia na edição de Bomberg em 1547, onde o número era anotado na margem à frente de cada quinto verso pela letra apropriada do alfabeto hebreu usado numericamente. Arias Montanus na sua Bíblia Hebraica com tradução latina interlinear, publicada em latim na Antuérpia, foi realmente o primeiro que dividiu o texto hebreu em capítulos. Para enumerar os versículos, ele adicionou os algarismos arábicos na margem. Veja Bíblia.
O texto hebreu do V. T. permanece praticamente inalterado desde pelo menos o segundo século da era cristã. Desta forma todos os manuscritos existentes são derivados. A preservação do texto original, em sua integridade e livre de erros, durante sua transmissão por dois mil anos tem sido devido à existência de escriturários profissionais a quem o trabalho de cópia, pronúncia, e interpretação foi confiado, assim como foram elaboradas regras para guiá-los, que tornava improvável a ocorrência de erros na cópia, tornando quase certa a chance de descobrir um erro. Aaron ben Moses ben Asher, que surgiu na primeira metade do décimo século, preparou uma edição conforme o original e de acordo com a minuta tradicional dos escribas. Este trabalho de Ben Asher foi altamente apreciado por sua precisão, e dele descendem todos os manuscritos ocidentais.
Mas passagens duplicadas, tal como Gn 10.4 e 1 Cr 1.7 ou 2 Rs 8.26 e 2 Cr 22.2, revelam a existência de erros ocasionais que entraram no texto normal antes do segundo século cristão. Eles ocorrem mais em números e em nomes próprios que em narrativas, e são devidos principalmente a equívocos dos copistas com os caracteres hebreus muito semelhantes, impropriamente unindo duas palavras em uma ou separando uma palavra em duas, unindo uma letra inicial à palavra precedente, ou acidentalmente repetindo ou omitindo letras ou palavras. Nem todas diferenças, no entanto, são erros. Algumas, como em Sl 14 e 53, são o resultado de uma revisão empreendida pelo próprio autor ou por outros para adaptar o trabalho a um novo propósito; ou como em Is 2.2-4 e Mq 4.1-3, são devidas à liberdade de citação. Como acontece com o N. T., existem três maneiras para os críticos bíblicos tentarem eliminar os erros dos copistas e restaurar o texto na sua primitiva pureza. São, primeiro, a intercalação de manuscritos hebreus, que foram fielmente seguidos, entre 1500 a 2000 manuscritos tem sido usados na comparação; segundo, o exame das primeiras versões hebraicas em outros idiomas antes do texto Massorético ser estabelecido; e terceiro, o estudo de passagens citadas ou aludidas nos Apócrifos, no N. T., ou outros escritos.
Acredita-se que os manuscritos originais dos livros do V. T. foram escritos em peles. Que muitos deles foram, é certo (Sl 40.7; Jr 36.14,23). Os manuscritos existentes são normalmente de pergaminho ou, no Oriente, de couro. Não estão velhos. No Museu britânico há um manuscrito da Lei, escrito em velino, acredita-se ter sido escrito antes de A. D. 850; e na sinagoga Karaita no Cairo há um códice, sem vogais, dos primeiros e últimos profetas, que foi escrito em A. D. 895, se estiver corretamente datado. O manuscrito existente mais antigo do qual a data pode ser afirmada com certeza é um manuscrito dos últimos profetas (Maiores e Menores), pontuado depois do sistema babilônico. Foi trazido da Crimeia, sendo datado para A. D. 916, ele está agora guardado na biblioteca imperial em São Petersburgo (Petrogrado). O manuscrito mais antigo inteiro do V. T. é datado de A. D. 1010. Também está em São Petersburgo. A escassez de manuscritos hebreus antigos é em grande parte devido à prática dos judeus, aludida no Talmude, de enterrar todos manuscritos sagrados que tornaram-se defeituosos pelo uso ou por outro motivo.
Depois da invenção da imprensa, o livro dos Salmos foi composto tipograficamente e publicado em 1477. Onze anos mais tarde, em 1488, a Bíblia hebreia impressa inteira era emitida in folio (folha por folha) de uma prensa em Soncino no ducado de Milão. Uma edição manual impressa foi primeiro emitida por Bomberg em 1517. A grande Bíblia rabínica de Jacob ben Hayyim, foi publicada por Daniel Bomberg em Veneza em 1524-25 em quatro volumes, é baseada numa intercalação cuidadosa de manuscritos e reproduz fielmente o texto normal dos escribas em Tiberíades. A edição de Van der Hooght do texto hebraico foi primeiramente publicada em Amsterdã em 1705. Considerada fundamental por sua exatidão, foi reimpressa com correções secundárias por Aug. Hahn em 1831 e por C. G. G. Thiele em 1849. Tem aproximadamente 1000 apontamentos marginais, a maior parte deles de considerável antiguidade. Ainda mais importante é a edição do texto Massorético, com apêndices críticos Massoréticos, preparados por S. Baerand Franz Delitzsch. O Gênesis apareceu em 1869, e outros livros seguiram-no em intervalos. Esta edição e aquela de Giusburg publicada em Londres em 1891, são revisões do texto de Jacob Ben Hayyim, projetados para aproximá-los ao máximo dos ensinos de Massora. A edição do Kittel, impressa em Leipzig em 1906, reproduz o texto de Jacob ben Hayyim, e dá em notas de rodapé as variantes mais importantes dos manuscritos e versões. — (Dicionário da Bíblia de John D. Davis) ©