275. — Os cinco livros maiores
da Bíblia encerram símbolos especiais para a educação religiosa do homem?
— Todos os documentos religiosos da Bíblia se identificam entre si, no todo da primeira revelação com Moisés, de modo a despertar no homem as verdadeiras noções do seu dever para com os semelhantes e para com Deus.
276. — A previsão e a predição,
nos livros sagrados, dão a entender que os profetas eram diretamente
inspirados pelo Cristo?
— Nos textos sagrados das fontes divinas do Cristianismo, as previsões e predições se efetuaram sob a ação direta do Senhor, pois só Ele poderia conhecer bastante os corações, as fraquezas e as necessidades dos seus rebeldes tutelados, para sondar, com precisão, as estradas do futuro, sob a misericórdia e a sabedoria de Deus.
277. — Os Espíritos elevados,
como os profetas antigos, devem ser considerados como anjos ou como
Espíritos eleitos?
— Como missionários do Senhor, junto à Esfera de atividade propriamente material, os profetas antigos eram também dos “chamados” à luminosa semeadura.
Para a nossa compreensão, a palavra “anjo”, deve designar somente as entidades que já se elevaram ao Plano superior, plenamente redimidas, onde são “escolhidos” na tarefa sagrada d’Aquele cujas palavras não passarão. O Eleito, porém, é aquele que se elevou para Deus em linha reta, sem as quedas que nos são comuns, sendo justo afirmar que o orbe terrestre só viu um eleito, que é Jesus Cristo.
A compreensão do homem, todavia, em se tratando de angelitude, generalizou a definição, estendendo-a a todas as almas virtuosas e boas, nos bastidores da sua literatura.
278. — Devemos considerar como
profetas somente aqueles a que se referem as páginas da Bíblia?
— Além dos ensinamentos legados por um Elias ou um Jeremias, temos de convir que numerosos missionários do Plano superior precederam a vinda do Cristo, distribuindo no mundo o pão espiritual de suas verdades eternas.
Um Çakya-Muni, um Confúcio, um Sócrates, foram igualmente profetas do Senhor, na gloriosa preparação dos seus caminhos. Se desenvolveram ação distante do ambiente e dos costumes israelitas, pautaram a missão no mesmo plano universalista, em que as tribos de Israel foram chamadas a trabalhar, mais particularmente, pelo progresso religioso do mundo.
279. — Os profetas hebraicos
representavam o papel de sacerdotes dos crentes da Lei?
— Em todos os tempos houve a mais funda diferença entre o sacerdócio e o profetismo.
Os antigos profetas de Israel nunca se caracterizaram por qualquer expressão de servilismo às convenções sociais e aos interesses econômicos, tão ao gosto do sacerdócio organizado, em todas as eras e em todos os lugares.
Extremamente dedicados ao esforço próprio, não viviam do altar de sua fé, mas do trabalho edificante, fosse na indumentária dos escravos oprimidos, ou no isolamento do deserto que as suas aspirações religiosas sabiam povoar de um santo dinamismo construtivo.
280. — Os profetas do Cristo
têm voltado à Esfera material para trazer aos homens novas expressões
de luz para o futuro da Humanidade?
— Em tempo algum as coletividades humanas deixaram de receber a sublime cooperação dos enviados do Senhor, na solução dos grandes problemas do porvir.
Nem sempre a palavra da profecia poderá ser trazida pelas mesmas individualidades espirituais dos tempos idos; contudo, os profetas de Jesus, isto é, as poderosas organizações espirituais dos Planos superiores, têm estado convosco, incessantemente, impulsando-vos à evolução em todos os sentidos, multiplicando as vossas possibilidades de êxito nas experiências difíceis e dolorosas. É verdade que os novos enviados não precisarão dizer o que já se encontra escrito, em matéria de revelações religiosas; todavia, agem nos setores da Ciência e da Filosofia, da Literatura e das Artes, levantando-vos o pensamento abatido para as maravilhosas construções espirituais do porvir. Igualmente, é certo que os missionários novos não encontraram o deserto de figueiras bravas, onde se nutriam apenas de gafanhotos e de mel selvagem, mas ainda são obrigados a viver no deserto das cidades tumultuosas, cheio de corações indiferentes e incompreensíveis, cercados pela ingratidão e pela zombaria dos contemporâneos, que, muitas vezes, os levam ao pelourinho e ao sacrifício.
O amor de Jesus, todavia, é a seiva divina que lhes alimenta a fibra de trabalho e realização, e, sob as suas bênçãos generosas, as grandes almas solitárias atravessam o mundo, distribuindo a luz do Senhor pelas estradas sombrias.
281. — A leitura da Bíblia
e do Evangelho, nos círculos familiares, como é de hábito entre muitos
povos europeus, favorece a renovação dos fluidos salutares de paz na
intimidade do coração e do ambiente doméstico?
— Essa leitura é sempre útil, e quando não produz a paz imediata, em vista da heterogeneidade de condições espirituais daqueles que a ouvem em conjunto, constitui sempre uma proveitosa semeadura evangélica, extensiva às entidades do Plano invisível, que a assistem, sendo lícito esperar mais tarde o seu florescimento e frutificação.
Emmanuel