Joel. [Jeová é Deus.] †
Filho de Petuel, e o autor do segundo entre os livros proféticos menores (Jl 1.1). Sua história é desconhecida.
O livro inicia-se com a descrição de uma angústia terrível causada por uma praga de gafanhotos e aparentemente agravada pela seca (1.4-12, 17-20; cp. Am 7.1,2,4). Os gafanhotos são uma figura natural para um exército invasor (Ap 9.3-11); e os intérpretes mais antigos da profecia consideram-nos tão somente como símbolo de inimigos de Israel. A devastação real por estes insetos no entanto, pode ser suposto no capítulo 1; e provavelmente no capítulo 2 também, onde são comparados a um exército, porque enxames de gafanhotos ocasionalmente vem do nordeste da Palestina, e eles muito frequentemente perecem no mar (cp. 2.20). Se gafanhotos realmente infestavam o país, o acontecimento serviu ao profeta como um tipo do dia terrível do Senhor e como uma ocasião para sua mensagem.
O livro consiste numa mensagem sublime, abrangendo, primeiro, um conto duas vezes repetido de julgamento, seguido em cada exemplo por um chamado ao arrependimento e à oração (1.2 a 2.17) e, em segundo lugar, um anúncio das bênçãos, próximas e remotas, material e espiritual que se seguem ao arrependimento (2.18 a 3.21 [no texto hebreu, 4. 21]). A profecia, deste modo, divide-se em quatro partes:
1. O profeta retrata a angústia que ocorreu ou é iminente, e convida os habitantes do país a lamentarem-se (1.2-1) a se arrependerem e clamar a Jeová (13,14).
2. O profeta explica o acontecimento. O dia de Jeová está próximo e virá como uma assolação do Onipotente (15). Um dia de aflição: um povo grande e forte com um exército irresistível, executando a vontade de Jeová (2.1-11). Mas mesmo assim o arrependimento será proveitoso (12-17).
3. O resultado do arrependimento. Jeová, cioso por sua terra, promete destruir os invasores, e dar estações de abundância que compensarão o primeiro sofrimento e suas perdas e não permitirá que seu povo esteja novamente cheio de vergonha (18-27).
4. Esta libertação é o arauto do livramento “no futuro.” Tendo derramado a chuva para fazer a terra produzir abundantemente, Jeová também derramará o seu espírito sobre toda a carne. O sol, realmente, há de ficar obscurecido, simbolizando a ira de Deus, antes que venha o dia terrível do Senhor (como descrito em 2.31 e 3.14-17); todo aquele, porém, que invocar o nome de Jeová, será salvo, para o monte Sião devem ir aqueles que escaparem (2.28-32). Naqueles dias, quando Jeová trará de volta os cativos de Judá, todos os inimigos do reino serão levados a julgamento. Joel exibe um quadro dos julgamentos sucessivos de Deus às nações, e o julgamento final e universal culminando no estabelecimento de Sião para sempre (3.1-21 [no texto hebreu é 4.1-21]).
Qual é a data da profecia?
1. Joel cita a profecia anterior (2.32). Parte da declaração é encontrada literalmente em Abdias (Abd 17), e Joel pode ter citado esse livro. Pode, no entanto, ter aludido a um anúncio seu próprio precedente; ou pode ter tido Is 4.2,3 em mente, onde ocorrem o mesmo pensamento e várias palavras.
2. O livro menciona a dispersão de Israel entre as nações (3.2), porém a referência não é especificamente às dez tribos mas aos filhos de Abraão, de Isaque, e de Jacob, ao povo herdeiro de Deus, e é além do mais uma profecia. Então, o cativeiro de Judá e Jerusalém são também mencionados (3.1) mas assim mesmo profeticamente inspirado no Deuteronômio (28), ou em Oseias (6.11) ou em Miqueias (3.12; 4.10). Para o profeta e o povo que estão em Judá, Sião existe (Jl 2.1, 15), o templo permanece (1.14; 2.17), e os serviços do culto serão conduzidos regularmente, embora as oferendas de comida e bebida sejam suprimidos em razão da destruição da vegetação (1.9-13; 2.14).
3. As referências aos acontecimentos passados começam com a última cláusula de 3.2 [texto hebreu 4.2], como a construção gramatical parece indicar. Nações hostis haviam dividido a terra de Jeová entre eles, lançado sorte sobre os cativos, pilhado o templo de sua prata e ouro, vendido os filhos de Judá aos gregos, e derramado sangue inocente (2-6, 19). As alusões não são ao período depois do exílio, nem ao tempo entre a primeira deportação dos judeus e a queda da cidade, nem ao período anterior quando os assírios invadiram o país, porque (a) não é pronunciado juízo contra a Síria, nem contra Babilônia nem aos inimigos anteriores, mas só contra os inimigos de Judá, Tiro e Sidônia, Filístia, Edom, e Egito (3.4, 19). Tiro e Sidônia haviam esquecido o convênio fraterno (3.4; Am 1.9), e tinham comprado os judeus cativos dos filisteus vendendo-os aos gregos distantes. Filístia e Edom haviam feito violência a Judá (Jl 3.4, 19; 2 Cr 21.16,17; 28.17, “outra vez”). (b) não há nenhuma referência à Síria, da qual Judá havia sofrido antes do reino de Acaz (2 Rs 12.17). Durante e depois do reino de Acaz, os profetas de Judá referem-se frequentemente à Síria como uma potência hostil (Is 7.8; 8.4, 17; Jr 49.23-27; Zc 9.1). (c) Nem é feita qualquer menção aos assírios, que não entraram em conflito com Judá depois do tempo de Acaz, porque na metade do século precedente o reino de Acaz não havia estado ativo na Ásia ocidental. (d) Há referência aos gregos, não como se houvessem estado na Palestina nem como hostis a Judá, mas simplesmente como uma nação distante a quem os fenícios e filisteus haviam vendido os filhos cativos de Judá, e em contraste com os homens de Sabá, uma nação na outra extremidade da terra, a quem Judá vendia cativos da Filístia e da Fenícia (Jl 3.1-8). Assim a opinião geral dos comentaristas, embora não tenha aceitação universal, são de que a profecia foi proferida antes do tempo de Acaz. A posição do livro como o segundo entre os profetas menores indica que era da época da formação do cânon a crença de que Joel começou a profetizar depois que Oseias havia começado sua obra profética e antes de Amós ter iniciado a sua, isso é, durante o reinado de Ozias, rei de Judá, e enquanto Jeroboão estava no trono de Israel (Os 1.1; Am 1.1; 7.10). — (Dicionário da Bíblia de John D. Davis) ©