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Novo Testamento

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(AFORISMOS)
OUTRAS REFERÊNCIAS AO TEMA



Novo Testamento. — A segunda das duas partes em que a Bíblia está naturalmente dividida.  A palavra testamento vem do latim testamentum, que é usada para traduzir a palavra grega diatheke, convênio (2 Co 3.14). O N. T. incorpora o novo convênio do qual Jesus é o Mediador (Hb 9.15; cp. 10.16,17 e Jr 31.31-34). O primeiro convênio foi dedicado com sangue (Hb 9.19,20), mas não era um testamento; o segundo, enquanto principalmente um convênio, era também um testamento; isto é, não foi tão somente  dedicado com sangue, mas exigiu a morte do testador para dar-lhe força. Não teria tido eficácia adequada se Jesus, como seu Mediador, não morresse afiançando-lhe.

Com a possível exceção do Evangelho de Mateus, os livros do N. T. foram escritos em grego. Esta língua havia lançado profundas raízes na Palestina durante os mais de três séculos que havia decorrido desde a conquista da Terra Santa por Alexandre, o Grande; os méritos próprios da linguagem e sua literatura, foram guardados como relíquia, e utilizados largamente entre os homens cultos por todo o império romano, embora a Grécia há um tempo considerável houvesse perdido sua independência política.

Os manuscritos originais dos livros do N. T. e as cópias feitas durante os primeiros três séculos desapareceram. O papiro, que comumente era usado para escrever cartas (2 Jo 12), logo se desgastava, e no tempo de Diocleciano, A. D. 303, era habitual aos perseguidores dos cristãos procurar cópias das Escrituras e destruí-las. A arte de imprimir era desconhecida, mas os transcritores multiplicavam laboriosamente as cópias. Os quatro Evangelhos eram mais frequentemente transcritos, e depois deles as epístolas de Paulo. O Apocalipse era copiado menos frequentemente. Existem não menos de 3.791 cópias antigas, inteiras ou em partes, de manuscritos do N. T.; sua abundância contrasta notadamente com o pequeno número de escritos clássicos que chegaram até nossos dias.

As corrupções do texto logo proliferaram. Os copistas eram falíveis, descuidados, e frequentemente imperfeitamente familiarizados com o grego. Os homens da idade patrística e seus pósteros não eram governados pela exigência moderna de exatidão científica, eles manipularam o texto com licença considerável. Eles tentaram melhorar a gramática e o estilo, corrigir supostos erros em história e geografia, ajustar as citações do V. T. ao grego da Septuaginta, e harmonizar os Evangelhos. Incorporaram notas marginais e adicionaram narrativas incidentais aos Evangelhos, obtidas de fontes autênticas, como Jo 7.53 a 8.1 e Mc 16.9-20. As várias leituras que assim originaram são muito numerosas, chegando a 150.000. Dezenove em vinte destas, não sendo evidentemente genuínas, não possuem nenhuma autoridade, e só a pequena fração restante são consequentes, pois alteram o sentido. O número mesmo destas leituras e o fato de terem origem em diferentes partes do mundo, de uma grande variedade de manuscritos, capacita os estudantes bíblicos a detectar e eliminar erros, e acercarem-se o mais proximamente possível do texto original que as várias leituras não oferecem. Este trabalho tedioso, mas necessário, foi executado com infatigável energia pelos críticos textuais. É possível indiretamente aceder às leituras nos manuscritos que pereceram, porque havia versões antigas do N. T. em línguas diferentes, tais como o siríaco e o latim, e citações do N. T. são encontradas nos escritos dos primitivos cristãos, especialmente em Clemente de Alexandria e Orígenes. Na maioria dos casos estas versões e citações foram feitas dos manuscritos que  já não existem, mas a tradução mostra que o original deve ter existido.

Os manuscritos do N. T. caem em duas divisões: As letras unciais, em capitais gregas; eram a princípio sem acentuações e sem nenhuma separação entre palavras diferentes, exceto ocasionalmente para indicar o começo de um novo parágrafo, muito pouco uniformes entre as diferentes linhas; e cursivas, escritas à mão corrida, com divisões de palavras e linhas. Unicamente cinco manuscritos do Novo Testamento mais íntegros são mais antigos que esta data divisora. O primeiro é designado pelos críticos bíblicos A, é o manuscrito Alexandrino. Foi levado para a Inglaterra por Cirilo Lucar, patriarca de Constantinopla, como um presente a Carlos I., acredita-se que não foi escrito nessa capital, mas em Alexandria, daí seu título. Acredita-se que sua data seja meados do quinto século. Além de uma grande porção do V. T. e da primeira epístola de Clemente e parte da segunda, contém o N. T. inteiro, exceto Mateus 1 a 25.5; João 6.50 a 8.52; 2 Co 6.13 a 12.6. A página é dividida em duas colunas, e o texto é demarcado em pequenos capítulos, Marcos contém quarenta e oito deles. O segundo, conhecido como B, é o manuscrito do Vaticano. Permanece na biblioteca do Vaticano em Roma desde 1475 ou antes, porém até 1857 não havia sido publicado qualquer edição dele, então o Cardeal Mai publicou-o, mas era acrítico e de pouco valor. Mas em 1889-90 foi lançado um fac-símile dele, de modo que agora é plenamente acessível aos acadêmicos. O manuscrito do Vaticano data de meados do quarto século, se não de um período anterior. Além da maior parte do V. T., contém todo o N. T. exceto Hb 9.14; 13.25; 1 e 2 Timóteo, Tito, Filemom e Apocalipse. Tem três colunas em cada página, e é dividido em capítulos curtos, Mateus possui 170. O terceiro, C, ou o manuscrito Efraêmico, é um palimpsesto. No décimo segundo século o escrito original foi retirado lavando-o, para dar lugar aos textos de vários tratados ascéticos de Efraem, o sírio. Os traços da escrita mais antiga eram, entretanto, discerníveis, e em 1834 o texto original foi reavivado por uma aplicação de prussiato de potassa. Acredita-se que pertence ao quinto século, e talvez a um período ligeiramente anterior ao manuscrito A. Contém porções do V. T. e mais da metade do N. T. As linhas correm através das páginas. O quarto, D, é o manuscrito de Beza, a quem pertenceu depois de levado da abadia de Santo Ireneu em Lião, quando a cidade foi saqueada em 1562. É comumente datado para o sexto século. Contém a maior parte do texto grego dos Evangelhos e Atos, junto com uma tradução latina. É em sua maior parte o único testemunho entre os manuscritos gregos de um tipo de texto que era extremamente atual logo no segundo século, e do qual os outros principais representantes são as antigas versões latinas e siríacas. É escrito esticometricamente, isto é, em linhas únicas contendo tantas palavras quanto pudessem serem lidas numa respiração, coerentemente e com sentido. O quinto, chamado א  (Alef - a primeira letra do alfabeto hebraico), é o manuscrito Sinaítico, obtido em 1844 e 1859 por Tischendorf dos monges que pertenciam ao convento de Santa Catarina do Monte Sinai. Além da maior parte do V. T., contém o N. T. inteiro, sem nenhuma ruptura, junto com a epístola de Barnabé e grande parte do Pastor de Hermas. Os últimos doze versículos de Marcos estão faltando, mas desconfia-se que a página onde eles estavam tenha sido rasgada. Foi feito no quarto século. Tem quatro colunas em cada página.

Os manuscritos cursivos, embora numerosos, são muito tardios para ficar no mesmo nível de propósitos críticos que os unciais.

 A primeira edição impressa do N. T. em grego, foi publicada realmente em 1516 por Erasmo. Em 1518 foi reimpresso uma segunda edição mais correta, seguida de outra em 1519, uma terceira em 1522, e uma quarta em 1527. O Cardeal Ximenes, primaz católico da Espanha, empenhou-se por alguns anos em preparar uma edição grega do N. T., mas por várias motivos esteve fora de circulação até 1521 ou 1522. Por haver sido feita em Alcala, chamada pelos romanos Complutum, é conhecida como a edição de Complutênsia. Entre outras edições gregas do N. T. que se seguiram, nenhuma foi tão celebrada que a de Robert Stephens de Paris. Apareceram em 1546, 1549, 1550, e 1551. Então Beza, o reformador, entrou em cena, e publicou várias edições em grego do N. T., entre 1565 e 1604, baseado na terceira edição de Stephens (1550), que por sua vez tinha sido baseada principalmente na quarta ou quinta edição de Erasmo. A edição de Stephens de 1550 é o textus receptus na Inglaterra, mas no continente europeu esta designação e autoridade são dadas geralmente à primeira edição de Elzevir, impressa em Leyden em 1624. Este texto de Elzevir é principalmente aquele da edição de Stephens de 1550, e que difere dele em 278 lugares, incluindo variações meramente ortográficas. Foi principalmente da edição de Beza de 1598 que a Versão Autorizada da Bíblia inglesa foi feita. A divisão do Antigo e Novo Testamentos em nossos capítulos atuais, tem sido geralmente atribuída ao Cardeal Hugo, que morreu em 1263; um monge dominicano, que usou-a para sua concordância com a Vulgata. As aplicações desta concordância certamente deram a esta divisão muita fama, e estabeleceu-se a prática de citar por capítulos em vez de referir-se tão somente ao livro ou a alguma narrativa proeminente no livro (cp. Mc 2.26; 12.26; Rm 11.2); mas há razões para acreditar que a presente divisão antedate Hugo, e foi devido a Stephen Langton, arcebispo de Canterbury, que morreu em 1228. A divisão do Novo Testamento em nossos presentes versículos foi feita por Robert Stephens na edição grega que ele publicou em 1551. A primeira edição inglesa dividida do N. T. foi a tradução de Whittinghan, Genebra, 1557, e a primeira Bíblia inglesa igualmente  assim dividida foi a versão de Genebra de 1560. — (Dicionário da Bíblia de John D. Davis©



 
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