268. — Os dez mandamentos recebidos
por Moisés no Sinai, base de toda justiça até hoje, no mundo, foram
alterados pelas seitas religiosas?
— As seitas religiosas, de todos os tempos, pela influenciação de seus sacerdotes, procuraram modificar os textos sagrados; todavia, apesar das alterações transitórias, os dez mandamentos, transmitidos à Terra por intermédio de Moisés, voltam sempre a ressurgir na sua pureza primitiva, como base de todo o direito no mudo, sustentáculo de todos os códigos da justiça terrestre.
269. — Como entender a palavra
da Bíblia quando nos diz que Deus falou a Moisés no Sinai?
— Estais atualmente em condições de compreender que Moisés trazia consigo as mais elevadas faculdades mediúnicas, apesar de suas características de legislador humano.
É inconcebível que o grande missionário dos judeus e da Humanidade pudesse ouvir o Espírito de Deus. Estais, porém, habilitados a compreender agora, que a Lei ou a base da Lei, nos dez mandamentos, foi-lhe ditada pelos emissários de Jesus, porquanto todos os movimentos de evolução material e espiritual do orbe se processaram, como até hoje se processam, sob o seu augusto e misericordioso patrocínio.
270. — Apesar de suas expressões
tão humanas, Moisés veio ao mundo como missionário divino?
— Examinando os seus atos enérgicos de homem, há que considerar as características da época em que se verificou a grande tarefa do missionário hebreu, legítimo emissário do Plano superior, para entregar ao mundo terrestre a grande e sublime mensagem da primeira revelação.
Com expressões diversas, o grande enviado não poderia dar conta exata de suas preciosas obrigações, em face da Humanidade ignorante e materialista.
271. — Moisés transmitiu ao
mundo a lei definitiva?
— O profeta de Israel deu à Terra as bases da Lei divina e imutável, mas não toda a Lei, integral e definitiva.
Aliás, somos obrigados a reconhecer que os homens receberão sempre as revelações divinas de conformidade com a sua posição evolutiva.
Até agora, a Humanidade recebeu a grande Revelação em três aspectos essenciais. Moisés trouxe a missão da Justiça. O Evangelho trouxe a revelação insuperável do Amor. O Espiritismo, em sua feição de Cristianismo redivivo traz consigo a sublime tarefa da Verdade. No centro das três revelações encontra-se Jesus Cristo, como o fundamento de toda a luz e de toda a sabedoria. É que, com o Amor, a Lei manifestou-se na Terra com o seu esplendor máximo; a Justiça e a Verdade nada mais são que os instrumentos divinos de sua exteriorização, com aquele Cordeiro de Deus, alma da redenção de toda a Humanidade. A primeira lhe aplainou os caminhos, a segunda esclarece os seus divinos ensinamentos. Eis porque, com o Espiritismo simbolizando a Terceira Revelação da Lei, o homem terreno se prepara, aguardando as sublimadas realizações do seu futuro espiritual nos milênios porvindouros.
272. — Qual a significação da
lei de Talião, “olho por olho, dente por dente”, ( † )
em face da necessidade da redenção de todos os Espíritos pelas reencarnações
sucessivas?
— A lei de Talião prevalece para todas os Espíritos que não edificaram ainda o santuário do amor nos corações, e que representam a quase totalidade dos seres humanos.
Presos, ainda, aos milênios do pretérito, não cogitaram de aceitar e aplicar o Evangelho a si próprios, permanecendo encarcerados em círculos viciosos de dolorosas reencarnações expiatórias e purificadoras.
Moisés proclamou a Lei antiga, vinte séculos antes do Senhor. Como já foi dito, o profeta hebraico apresentava a Revelação com a face divina da Justiça; mas, com Jesus, o homem do mundo recebeu o código perfeito do Amor. Se Moisés ensinava o “olho por olho, dente por dente”, Jesus Cristo esclarecia que o “amor cobre a multidão dos pecados”. ( † )
Daí a verdade de que as criaturas humanas se redimirão pelo amor e se elevarão a Deus por ele, anulando com o bem todas as forças que lhes possam encarcerar o coração nos sofrimentos do mundo.
273. — Qual é verdadeiramente
o segundo mandamento? — “Não farás imagens esculpidas das cousas que
estão nos céus”, etc., ( † )
segundo alguns textos, ou — “Não tomar o seu santo nome em vão…”, ( † )
conforme o ensinamento da igreja católica de Roma?
— A segunda fórmula foi uma tentativa de confusão dos textos primitivos, levada a efeito pela igreja romana, a fim de que o seu sacerdócio encontrasse campo livre para desenvolvimento das heranças do paganismo, no que se refere às pomposas demonstrações do culto externo.
274. — Qual a intenção de Moisés
no Deuteronômio, ( † )
recomendando “que ninguém interrogasse os mortos para saber a verdade”?
— Antes de tudo, faz-se preciso considerar que a afirmativa tem sido objeto injusto de largas discussões por parte dos adversários da nova revelação que o Espiritismo trouxe aos homens, na sua feição de Consolador.
As expressões sectárias, todavia, devem considerar que a época de Moisés não comportava as indagações do Invisível, porquanto o comércio com os desencarnados se faria com um material humano excessivamente grosseiro e inferior.
Emmanuel