TEMAS CORRELATOS: Epístolas. | Estudos Espíritas. | Evangelho segundo São João. | Novo Testamento. | São João.
PRIMEIRA EPÍSTOLA. — SEGUNDA EPÍSTOLA. — TERCEIRA EPÍSTOLA.
A primeira epístola de S. João é evidentemente escrita pelo autor do Quarto Evangelho. A mesma fraseologia característica é achada em ambos os trabalhos e o mesmo modo de construir orações. A epístola além disso, claramente supõe o conhecimento dos leitores com o Evangelho. Ambos evidentemente foram enviados principalmente às mesmas igrejas, e na opinião de muitos a epístola era um acompanhamento do Evangelho. As palavras de abertura da epístola sugerem imediatamente o prólogo do Evangelho, e paralelos entre os dois livros podem ser encontrados em quase todos os versículos da epístola. A epístola, além disso, tem à vista o mundo como o antagonista da igreja e o campo de suas operações (2.2, 15-17; 4.3-5; 5.4,5, 19), e adverte contra heresias que atacam a integridade da pessoa do Cristo (2.18-26; 4.1-3; 5.6-10). Estas características harmonizam com a data e propósito do Evangelho. Os dois trabalhos, portanto, vieram claramente da mesma mão e aproximadamente na mesma época. A epístola procura aplicar a vida cristã à verdade cuja revelação histórica é registrada no Evangelho. Ela, não menos que o Evangelho, demonstra ser escrita por um apóstolo. O escritor era um daqueles que viveram em contato pessoal com o Cristo (1.1-3,5; 4.14) e escreve de maneira autorizada como tornou-se um apóstolo (1.4; 2.1; 4.6-14). Como tinha absorvido profundamente o ensino do seu Senhor é provado pela semelhança de fraseologia e pensamentos entre a epístola e os discursos do Cristo no Evangelho. A autoria Joanina da epístola é garantida por Ireneu e pelo Fragmento Muratori; enquanto que antigas citações de Policarpo, Papias, etc., provam seu uso na igreja desde o início do segundo século. Seu roteiro pode ser esboçado como segue: Depois da introdução (1.1-4), em que João expressa que o propósito do seu ministério era declarar aos homens a manifestação do Doador da vida, o Verbo divino, para que eles possam ter alegre comunhão nele através de seus apóstolos, ele ensina que o caráter de Deus, como aprendido do Cristo, deve determinar o caráter da vida interna e externa do cristão (1.5 até o cap. 2.6); consequentemente aconselha amar aos irmãos, adverte contra amor do mundo e o ensino herético (2.7-27). Em seguida insiste (2. 28; 3. 24) na necessidade da retidão, e de permanecer em Deus, em vista do segundo advento do Cristo; desde que nele nossa filiação divina estará plenamente manifestada e essa filiação está distinguida por obediência e amor. Então ele lembra a seus leitores (4) que a prova de possuir o Espírito de Deus é ser achado na confissão verdadeira do Cristo como a encarnação do Filho de Deus, em adesão ao ensino apostólico, e no amor; e essa fé certa em Jesus condiciona-se à vida espiritual inteira no amor (5.1-12). Concluindo (5.13-21), ele resume laconicamente o propósito da epístola como pretendendo confirmá-los na fé e comunhão com Deus, e solenemente recita os fatos espirituais históricos em que sua vida eterna firmemente repousa.
A Segunda Epístola de João está bem de acordo com a reserva mostrada pelo apóstolo; o autor da segunda epístola se autodenomina “o ancião,” a mesma designação usada por Pedro (1 Pe 5.1) ela é dada por Papias para todos os apóstolos. O autor escreve “à senhora eleita e a seus filhos,” expressando sua alegria na vida cristã de seus filhos e advertindo contra professores heréticos. A brevidade da epístola facilmente explica a penúria de referências a ela nos escritores mais antigos. Aliás, a evidência externa é maior que seria esperado. O mais antigo testemunho histórico atribui a epístola ao apóstolo João. Clemente de Alexandria conhecia pelo menos uma das breves epístolas do apóstolo, e Ireneu cita 2 João 10,11, como vindo de João, o discípulo do Senhor. Além do mais, a autoria joanina é abundantemente provada pelas coincidências notáveis de linguagem e pensamentos com 1 João e nenhum motivo pode ser imaginado para sua falsificação. Alguns supuseram que pela Senhora eleita foi querido dizer uma igreja; outros supõem-na uma pessoa chamada Kuria (o grego para senhora). É melhor, provavelmente, deixar o nome indefinido. †
A Terceira epístola de João é outra carta breve endereçada pelo ancião a Gaio, o bem-amado, expressando a alegria na hospitalidade aos irmãos que Gaio tinha demonstrado, e aconselhando-o continuar a imitar o que é bom. Refere-se também a um certo Diótrefes que tinha se oposto ao escritor; e por outro lado a um Demétrio que é elogiado. É impossível identificar este Gaio com qualquer nome mencionado no N. T., parece ter sido um homem proeminente numa das igrejas da Ásia, mas não um oficial da igreja. Esta epístola, como a primeira e a segunda, encanta pelo estilo e pensamentos, de modo que não há nenhuma razão para duvidar que as três foram escritas pelo mesmo autor. Todas as epístolas de João, com aquelas de Tiago, Pedro, e Judas, frequentemente estão incluídas no número das epístolas denominadas “católicas” ou epístolas “gerais”, i. e. endereçadas não a igrejas ou pessoas particulares, mas para grandes ou muitas comunidades. A primeira epístola de João sem dúvida foi enviada às igrejas da Ásia, às quais havia sido enviado primeiramente o Quarto Evangelho. Este título “católica”, no entanto, não se aplica à 2 e 3 epístolas de João, nem são designadas “gerais” na Versão Autorizada ou Versão Revisada Elas provavelmente foram colocadas entre as epístolas “gerais” simplesmente porque, sendo breves, foram atadas a 1 João. G. T. P. (Suplementou). — (Dicionário da Bíblia de John D. Davis) ©
Vide mais sobre as epístolas de João nos Estudos Espíritas.