TEMAS CORRELATOS: Epístolas. | Estudos Espíritas. | Novo Testamento. | São Paulo.
1ª Epístola aos Coríntios. — 2ª Epístola aos Coríntios.
Primeira Epístola aos Coríntios. †
A primeira epístola de S. Paulo aos Coríntios foi escrita durante a longa estadia do apóstolo em Éfeso (16.8,9, 19; At 19.), provavelmente logo em A. D. 57. Estava muito ansioso sobre o estado da igreja de Corinto, que ele havia fundado alguns anos antes. Os coríntios tinham-no escrito uma carta pedindo instruções relativas ao casamento e à pureza social, e ele estava respondendo (5.9). Esta carta não foi preservada. Aparentemente também um deputação de coríntios tinha sido enviado a ele (16.17), e outros relatórios de fontes de divisões entre eles tinham-no alcançado (1.11). Antecipadamente havia enviado Timóteo a Corinto por meio da Macedônia (4.17; 16.10), mas os relatórios recebidos levaram-no a escrever imediatamente esta epístola. Muitos pensam mesmo que Paulo fez uma breve visita sem registro a Corinto e Éfeso para exercer a disciplina na igreja. Isto é inferido de 2 Cor. 12.14; 13.1, onde ele fala de estar para visitá-los uma terceira vez, embora os Atos falem só de uma visita prévia. Alguns localizaram esta visita não registrada antes que 1 Cor. fosse escrita; mas, desde que essa epístola não alude a ele, deve ser colocada entre 1 e 2 Cor. Mas em 1 Cor. ele começa a estudar em ordem os pontos práticos e doutrinais em que eles necessitavam de instrução. A epístola é cuidadosamente escrita. Combina discussão doutrinal convincente, e habilidade em lidar com problemas morais e eclesiásticos. Reflete claramente as condições reais das igrejas entre os gentios. Daí sua grande importância. Os assuntos discutidos são, depois da saudação introdutória (1.1-9):
1. As divisões na igreja (1.10 a 4.21). Facções surgiram, reivindicando seguir líderes particulares, e sem dúvida demonstrando tendências teológicas especiais. Menciona partidários de Paulo, de Apolo, de Pedro, e um partido do Cristo. Contra todos eles determina a dependência de todos os crentes em Cristo crucificado, a autoridade inspirada com que o evangelho tinha sido primeiramente pregado a eles, e o caráter inferior de cada um para quem foi administrado, mesmo que fossem apóstolos; de modo que nenhum devia ser feito o chefe de um partido, mas glória dada a Deus só em Cristo.
2. O dever de exercitar a honra e a disciplina da igreja (5 e 6), especialmente no caso de ofensores contra a pureza, de que tinha havido um exemplo conspícuo.
3. Orientações no assunto de casamento e divórcio (7).
4. Orientações relativamente a questões práticas surgidas do contato com a sociedade pagã ( 8 e 9.1). Estas pertencem especialmente ao uso de alimentos que haviam sido oferecidos aos ídolos; com respeito a abstenção que devia controlar sua liberdade (8), assim como ele procurou fazer em sua própria vida (9). Enquanto não deviam indagar quanto à origem dos alimentos que eles compravam ou comiam, deviam ter cuidado de não parecer participar do reconhecimento ao ídolo (10).
5. Advertências contra certos abusos em adorações públicas (11.2-34) com respeito ao uso da profecia por mulheres e a ministração da Ceia do Senhor.
6. Orientações sobre a estimativa, exercício, e regulamento, de dons milagrosos (12 a 14)
7. Instruções relativas à doutrina da ressurreição dos mortos, que alguns estavam propensos duvidar (15).
8. Orientações sobre a coleta que está sendo feita para os santos da Judeia, e observações finais sobre seus próprios movimentos e outras questões pessoais (16).
Segunda Epístola aos Coríntios
A Segunda Epístola para os coríntios foi escrita da Macedônia (2.13; 7.5; 9.2,4) pouco depois que Paulo partiu de Éfeso (At 20.1), era então verão ou início do outono do A. D. 57. Timóteo agora estava com ele outra vez (1.1). Tito e outro tinha sido recentemente enviado de Éfeso até Corinto (2.13; 7.6,7, 13,14,15; 12.18) com orientações de ter a igreja imediatamente disciplinada de uma ofensa, provavelmente a pessoa incestuosa de 1 Cor. 5.1, que havia abertamente desafiado a autoridade do apóstolo e cujo pecado continuado ameaçava a mesma estabilidade da igreja. Tito deveria reunir-se a Paulo em Trôade, mas o apóstolo não encontrando-o lá, tinha angustiosamente partido para a Macedônia. Finalmente, porém, Tito chegou com as boas notícias de que os coríntios disciplinaram o ofensor, e que o último tinha humildemente reconhecido seu pecado. Daí esta epístola foi escrita, e Tito, com dois outros (8.16-24), encaminhou-se com ele para Corinto. A epístola dá testemunha da intensa ansiedade do apóstolo para com os coríntios, que não deveriam ser falsos a ele, e sob a terrível tensão que ele tinha estado por causa dos perigos espirituais. É a menos metódica e a mais pessoal de suas epístolas. Cai, porém, em três divisões principais: (1) De 1 a 7, em que, depois do grato reconhecimento à bondade de Deus por ele mesmo estar em julgamento (1.1-14), ele defende-se da acusação de ser vacilante (1.15 a 2.4), ordena que eles não levem muito longe seu zelo contra o ofensor (2.5-11), e descreve a espiritualidade (3), a honestidade (4.1-6), os sofrimentos (4.7-18), as esperanças (5.1-9), a solenidade (5.10,11), Cristo impelido (5.12-17) o ministério da reconciliação (5.18-21) com que, como um cooperador de Deus, ele tinha sido instruído (5.18 a 6.2), em que ele tinha ressurgido (6.3-10), na base do qual ele apelava a eles (6.11-18), e em sua confirmação da recepção que ele achou corajosa e alegre (7). (2) 8 e 9, em que trata da coleta para os santos da Judeia e aconselha generosidade. (3) 10 a 12, ele outra vez dá um testemunho patético mas confiante de seu ofício e autoridade apostólica. Encerra, renovando as advertências contra seus grandes pecados, e declara que se, quando ele vier a eles, achar os incorrigíveis, ele exercitará largamente sua autoridade sobre eles. G. T. P.
A última seção da epístola, caps. 10 a 13, muitos estudantes do Novo Testamento creem ser uma carta separada, ou fragmento dela, escrita por Paulo logo depois da volta a Éfeso de sua visita sem registro a Corinto (v. Observações precedentes na introdução da primeira epístola). A preocupação do apóstolo não foi aliviada completamente por essa visita. Ele voltou para Éfeso ansioso sobre a igreja coríntia, e preocupado ele escreveu uma carta. É carta de lágrimas e angústia de coração, aludindo a passagens em que refere acontecimentos ligados com a visita não registrada (2 Co 2.4; 7.8-12). A seção, 2 Cor. 10 a 13, de tão triste entonação, revelando a angústia do apóstolo, pode ser esta carta dolorosa. Notícias de encorajamento de Corinto trazidas por Tito tardaram alcançar o apóstolo. O ofensor tinha sido disciplinado. A hostilidade em direção a Paulo, demonstrada por uma minoria, tinha desaparecido, e em seu lugar reinou a lealdade e o afeto crescente a ele. Logo após o apóstolo escreveu a carta alegre preservada em 2 Cor. 1 — 9. A teoria é, naturalmente, interessante como uma questão literária (cp. Mc 16.9-20). Não envolve nem a autenticidade da epístola, como um todo ou em suas partes, nem sua inspiração. Mas não é a única explicação convincente dos fatos no caso, como a análise dada na parte anterior deste artigo; e, se os últimos quatro capítulos jamais existiram como uma carta separada, é estranho realmente, que nenhum vestígio do fato exista na história dos textos do Novo Testamento. J. D. D. — (Dicionário da Bíblia de John D. Davis) ©.
Vide mais sobre as epístolas aos coríntios nos Estudos Espíritas.
Vide também: Introdução às Cartas aos Coríntios (1 e 2).
Palestra de Haroldo Dutra Dias: “As cartas de Paulo aos Coríntios.” (Publicado em 30 de março de 2018.)