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Epístola de São Paulo aos Gálatas

 TEMAS CORRELATOS: Epístolas. | Estudos Espíritas.Novo Testamento.São Paulo.


Epístola aos Gálatas.  †  — Uma carta endereçada às igrejas da Galácia (1.2), mostrando que havia ali certo número delas em várias partes do território. Quais igrejas são descritas assim, depende do significado que nós damos ao termo Galácia. A data da epístola também visa este ponto. Se Galácia é a província romana, e se essas igrejas são as que Paulo fundou em sua primeira viagem (Atos caps. 13 e 14), então a epístola foi escrita provavelmente em sua última parte, ou no término da segunda viagem de Paulo, desde que Gálatas 4.13 (“a primeira vez,”) implica que os tinha visitado duas vezes, e desde que parece necessário datar a epístola para mais tarde que aquela aos Tessalonicenses, pois as cartas aos Tessalonicense não contêm nenhuma alusão aos ataques dos Judeus. Se, porém, quer dizer a  própria Galácia, e se foi evangelizada na segunda viagem (At 16.6), então a epístola não poderia ter sido escrita antes da passagem do apóstolo por Éfeso, desde que At 18.23, nesta interpretação, menciona sua segunda visita à Galácia. Conforme este último ponto de vista estão os fatos, primeiro, que o apóstolo apela a seus leitores como se só ele havia sido seu pai espiritual (Gl 4.13-20; 5.1), ao passo que em sua primeira viagem missionária Barnabé estava associado a ele; e, segundo, essa descrição de Paulo de sua recepção como um anjo de Deus (4.14) dificilmente comporta com qualquer experiência conhecida em sua primeira viagem. A maioria dos estudiosos tomam este último ponto de vista, concluindo que  a Galácia própria foi evangelizada na segunda viagem, e datam a epístola em A. D. 55 ou 56. Outros, no entanto, põem-na ainda mais tarde, pensando que sua semelhança à epístola aos romanos, que foi escrita pouco antes daquela, remete ao inverno de 57-58. Quaisquer que sejam seus leitores e a data, foi motivada pelas operações de certos professores judaizantes entre os Gálatas, que atacaram a autoridade de Paulo, e ensinavam a necessidade de observar as leis Mosaicas. Declaravam que Paulo, não sendo um dos apóstolos originais, era dependente de outros para seu conhecimento do Evangelho. Parecem também tê-lo tachado de ser inconsistente em seu sermão sobre a liberdade dos gentios em relação à lei. Eles também atacaram sua doutrina, e convenceram seus conversos adotar observâncias judias. Estando o mesmo Evangelho assim em jogo, Paulo escreveu esta epístola com grande intensidade de sentimento e argumento vigoroso.


Esta epístola é a charta magna da liberdade cristã. Depois da introdução (1.1-10), em que o apóstolo abre o assunto sobre o erro deles em escutar falsos professores, afirma veementemente a origem divina do Evangelho por ele pregado, defende sua autoridade apostólica (1.11 até cap. 2.21) como dada diretamente pelo Cristo sem dependência de homem algum. Ele também mostra que a igreja de Jerusalém e os apóstolos originais concordaram com sua posição (2.1-10), e que (2.11-21) ele nunca  mudou seu ensino, mesmo quando Pedro em Antioquia tinha parecido opor-se à sua conduta. No capítulo 3 defende sua doutrina da justificação somente pela fé, como prova apela para a sua própria experiência de salvação pela fé (3.1-8), para o ensino da Escritura relativo ao modo Abraâmico original de salvação (3.6-9) e a certos fatos integralmente ensinados na Escritura a respeito da lei, a saber, que a lei, desde que exige obediência perfeita como condição de salvação, traz só uma maldição ou penalidade (3.10-12); que o Cristo redimiu-nos da maldição, tendo se tornado uma maldição para nós (3.13-14); esse Deus ratificou seu convênio de salvação pela fé com Abraão e sua posteridade, e doravante a lei, que veio mais tarde, não pode anular a a promessa original (3.15-18), mas foi pretendido como uma disciplina temporária para fazer os homens compreendem que o pecado é uma transgressão dos mandamentos de Deus (3.19,20), que a lei, portanto, era um tutor para trazer os pecadores ao Cristo (3.21-24). No capítulo 4 o apóstolo avança mais três razões pela fidelidade a seu evangelho, a saber, a analogia da filiação e seus direitos sob a lei civil (4.1-11), o afeto pessoal para si (4.12-20), e a ilustração que a narrativa de Gênesis fornece na história de Hagar, Sarah e seus filhos (4.21-31). Nos capítulos 5 a 6.10 aplica a doutrina da liberdade da lei, incita-os mantê-la, contudo não abusar da sua liberdade, e exercitá-la com mansidão e com sentimento de responsabilidade. Os versículos finais, 6.11-18, formam a conclusão, provavelmente na própria caligrafia do apóstolo, em que ele resume a substância de sua instrução.


A Epístola aos Gálatas é de valor imenso. 1. É importante pelos detalhes que dá sobre a vida do apóstolo. Sua harmonia com a história da vida de Paulo nos Atos e da sua relação com a igreja foi muito contestada, mas pode ser provada completamente (vPaulo e as observações adequadas feitas na tábua cronológica no artigo, a respeito da primeira visita de Paulo a Jerusalém depois da sua conversão, Gl 1.18,19; At 9.26-29, e sobre o concílio em Jerusalém, Gl 2.2-10, e Atos cap. 15). 2. A epístola prova também que os apóstolos mais velhos eram de acordo com Paulo, embora a ele tenha sido atribuído o trabalho entre os gentios. 3. Fornece um esboço mais breve, e com aplicação especial, do mesmo esquema de salvação e a mesma visão da dispensação hebreia que é apresentada mais elaborada e calma na Epístola aos Romanos. Estando todos os homens debaixo da lei, e condenados como pecadores pela lei, a salvação é impossível pelos trabalhos da lei. Só o Cristo pode salvar, desde que tem fornecido pela sua morte as reivindicações da lei contra aqueles que creem. A lei nunca teve intenção de salvar, mas de ser um tutor (ex. um escravo que leva as crianças para a escola) levando-nos ao Cristo. Pela fé Abraão foi salvo, e pela fé só fazemos tornarmo-nos filhos de Abraão, partícipes das bênçãos e herdeiros da promessa. O judaísmo, como um método de salvação, era consequentemente uma interpretação errônea do mesmo Velho Testamento, e a distinção entre judeu e gentio foi afastada. A declaração destas verdades fez do Cristianismo uma religião mundial em vez de uma seita Judia. A epístola aos gálatas foi muito usada pelos primeiros escritores cristãos: certamente por Policarpo, na Epístola a Diogneto, e por Justino Mártir, durante a primeira metade do segundo século, e por Melito na terceira quarta; e na última quarta [parte do século] é citada nominalmente, de acordo com seu costume em citar, por Ireneu, Clemente de Alexandria, e Tertuliano. Está contida na antiga versão latina, e é listada no fragmento Muratori. G. T. P. (Suplementou). — (Dicionário da Bíblia de John D. Davis©


Vide mais sobre a epístola aos gálatas nos Estudos Espíritas.

Vide também: Introdução à Carta aos Gálatas.


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