O Caminho Escritura do Espiritismo Cristão.
Doutrina espírita - 1ª parte.

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O que é o Espiritismo.

(Primeira versão.)
(Idioma francês)

Capítulo primeiro.


PEQUENA CONFERÊNCIA ESPÍRITA.


SEGUNDO DIÁLOGO. — O CÉTICO.

(Sumário)


Médiuns e feiticeiros.


24. O Visitante. — Desde que a mediunidade não passa de um meio de se entrar em relação com as potências ocultas, parece-me que médiuns e feiticeiros são mais ou menos a mesma coisa.


A. K. — Em todos os tempos houve médiuns naturais e inconscientes que, pelo simples fato de produzirem fenômenos insólitos e incompreendidos, foram qualificados de feiticeiros e acusados de pactuarem com o diabo; foi o mesmo que se deu com a maioria dos sábios que dispunham de conhecimentos acima do vulgo. A ignorância exagerou seu poder e, muitas vezes, eles mesmos abusaram da credulidade pública, explorando-a; daí a justa reprovação de que foram objeto. Ora, basta compararmos o poder atribuído aos feiticeiros com a faculdade dos verdadeiros médiuns, para conhecermos a diferença, mas a maioria dos críticos não se quer dar a esse trabalho. Longe de ressuscitar a feitiçaria, o Espiritismo a aniquila, despojando-a do seu pretenso poder sobrenatural, de suas fórmulas, artimanhas, amuletos e talismãs, ao reduzir os fenômenos possíveis ao seu justo valor, sem sair das leis naturais.

A semelhança que certas pessoas pretendem estabelecer entre médiuns e feiticeiros provém do erro em que se acham, julgando que os Espíritos estão às ordens dos médiuns; repugna à razão dessas pessoas acreditar que um indivíduo qualquer possa, à vontade. fazer comparecer o Espírito de tal ou tal personagem, mais ou menos ilustre, no que estão perfeitamente com a verdade. Entretanto, se antes de apedrejarem o Espiritismo, se tivessem dado ao trabalho de estudá-lo, veriam que ele diz positivamente que os Espíritos não estão sujeitos ao capricho de ninguém, que ninguém pode, à vontade, constrangê-los a responder ao seu chamado. Isto nos leva à conclusão de que os médiuns não são feiticeiros.


25. O Visitante. — Neste caso, todos os efeitos que certos médiuns confiáveis obtém à vontade e em público não passam, em vossa opinião, de charlatanice?


A. K. — Não o digo de maneira absoluta. Tais fenômenos não são impossíveis porque há Espíritos de baixa categoria que podem prestar-se à sua produção e que se divertem, talvez por já terem sido prestidigitadores na vida terrena, e também porque há médiuns especialmente aptos para esse gênero de manifestações; porém, o mais vulgar bom senso repele a ideia de que os Espíritos, por menos elevados que sejam, venham representar palhaçadas e exibir habilidades para divertimento dos curiosos. A obtenção desses fenômenos à vontade, e, sobretudo, em público, é sempre suspeita; neste caso a mediunidade e a prestidigitação se tocam tão de perto que muitas vezes é difícil distingui-las. Antes de vermos nisso a ação dos Espíritos, devemos observar minuciosamente e levar em conta o caráter e os antecedentes do médium, além de um grande número de circunstâncias que só o estudo da teoria dos fenômenos espíritas nos pode fazer apreciar. Aliás, é de notar-se que esse gênero de mediunidade, ou de pretensa mediunidade, limita-se a produzir sempre o mesmo fenômeno, salvo pequenas variantes, o que não é suficiente para dissipar as dúvidas. O desinteresse absoluto é a melhor garantia de sinceridade.

Seja qual for o grau de veracidade desses fenômenos, como efeitos mediúnicos, eles produzirão bom resultado, por darem certa repercussão à ideia espírita. A controvérsia que se estabelece a respeito provoca em muitas pessoas um estudo mais aprofundado. Não é certamente aí que se deve colher instruções sérias sobre o Espiritismo nem sobre a filosofia da Doutrina; porém, é um meio de chamar a atenção dos indiferentes e obrigar os recalcitrantes a falarem dele.


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