O Caminho Escritura do Espiritismo Cristão.
Doutrina espírita - 1ª parte.

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O que é o Espiritismo.

(Primeira versão.)
(Idioma francês)

Capítulo primeiro.


PEQUENA CONFERÊNCIA ESPÍRITA.


SEGUNDO DIÁLOGO. — O CÉTICO.

(Sumário)


Impotência dos detratores.


5. O Visitante. — Convenho que, entre os detratores do Espiritismo, há muita gente que age com leviandade, como esses que acabais de citar; mas, ao lado deles, não se encontrarão também homens de real valor, cujas opiniões têm certo peso?


A. K. — Não o contesto absolutamente. A isso respondo que o Espiritismo também conta em suas fileiras muitos homens de não menos real valor; digo-vos mais, que a imensa maioria dos espíritas se compõe de homens inteligentes e estudiosos; só a má-fé pode dizer que seus adeptos são recrutados entre as mulheres simplórias e as massas ignorantes.

Um fato decisivo responde, além disso, a essa objeção: é que, apesar de todo o saber, de todo o poder oficial, ninguém consegue deter a marcha do Espiritismo. Entretanto, não há um só de seus adversários, seja ele o mais obscuro folhetinista, que não se tenha vangloriado de lhe haver dado um golpe mortal; todos, sem exceção, mesmo sem o quererem, concorreram para a sua vulgarização. Ora, uma ideia que resiste a tantos assaltos, que avança sem nada temer pela chuva de dardos que lhe atiram, não provará a sua força e a segurança das bases em que se firma? Não será esse fenômeno digno da atenção dos pensadores sérios? É por isso que muitos deles dizem hoje que deve haver nisso alguma coisa de real, que talvez seja um desses grandes movimentos irresistíveis que, periodicamente, abalam as sociedades para transformá-las.

Assim tem sucedido com todas as ideias novas, chamadas a revolucionar o mundo; sempre encontrarão obstáculos, porque lutam contra os interesses, os prejuízos, os abusos que elas vêm destruir. Como, porém, estão nos desígnios de Deus, para que se cumpra a lei do progresso da Humanidade, quando a hora chegar, nada poderá detê-las, o que vem provar que são a expressão da verdade.

Como já disse, essa impotência dos adversários do Espiritismo vêm provar, em primeiro lugar, que lhes faltam boas razões, pois não são convincentes as que lhe opõem; ela resulta ainda de outra causa que anula todas as suas combinações. Admiram-se de ver o desenvolvimento dessa doutrina, a despeito de tudo o que fazem para detê-la; mas, se não conseguem achar o motivo, é por não o buscarem onde ele realmente está. Uns o enxergam no grande poder do diabo, que assim se mostra mais forte que eles e até mais forte que Deus; outros o veem no aumento da loucura humana.

O erro de todos está em crerem que a fonte do Espiritismo é uma só, e que se baseia na opinião de um único homem; daí a ideia de que poderão arruiná-lo, refutando essa opinião; procuram na Terra uma coisa que só achariam no Espaço. É que essa fonte do Espiritismo não se acha num ponto, mas em toda parte, porque os Espíritos se manifestam em todos os lugares, em todos os países, tanto no palácio, como na choupana. A verdadeira causa está, pois, na própria natureza do Espiritismo, cuja força não provém de uma só fonte, mas permite a cada um receber comunicações diretamente dos Espíritos e por elas certificar-se da realidade dos fatos.

Como convencer milhões de indivíduos de que tudo isso não passa de comédia, charlatanismo, escamoteação, prestidigitação, quando são eles próprios que obtém tais resultados, sem o concurso de quem quer que seja? Dever-se-á fazê-los crer que eles se mistifiquem a si mesmos, que a si mesmos procurem enganar fazendo o papel de charlatães e escamoteadores? Essa universalidade das manifestações dos Espíritos, que surgem em todos os pontos do globo para desmentir os detratores e confirmar os princípios da Doutrina, é uma força que não podem explicar os que desconhecem o mundo invisível, do mesmo modo que não compreendem a rapidez com que se transmite um telegrama aqueles que desconhecem as leis dos fenômenos elétricos. É contra essa força que todas as negações se vêm quebrar, exatamente como se alguém pretendesse afirmar, aos que sentem a ação dos raios solares, que o Sol não existe.

Fazendo-se abstração das qualidades da Doutrina, que agrada muito mais do que as que lhe são opostas, deve-se ver em tudo isso a causa dos insucessos dos que tentam deter sua marcha; para que triunfassem, seria preciso que impedissem os Espíritos de se manifestarem. Esta a razão por que os espíritas ligam tão pouca importância às manobras dos adversários; eles têm a seu favor a experiência e a autoridade incontestável dos fatos.


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