Diferentes
naturezas de manifestações. — Médiuns. — Diversas categorias
de médiuns. — Papel e influência do médium e do meio nas manifestações.
— Sinais de superioridade ou de inferioridade dos Espíritos.
— Natureza das comunicações espíritas. — Os Espíritos podem
revelar o futuro, as existências anteriores, os tesouros ocultos?
— O Espiritismo não é um meio de adivinhação. — Objetivo das
manifestações espíritas. — Evocações. — Condições mais favoráveis
à evocação. — Manifestações espontâneas. — Espíritos que se
podem evocar. — Evocação de pessoas vivas. — Telegrafia humana
ou comunicações espíritas entre pessoas vivas. (Questões
200 a 276 a.)
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200. Os
Espíritos podem atestar sua presença de um modo qualquer?
“Sim, de muitas maneiras.”
Os Espíritos atestam sua presença de diversas maneiras.
Suas manifestações podem ser ocultas ou ostensivas, espontâneas ou mediante
evocação.
201. Todos
os homens podem sentir os efeitos da presença dos Espíritos?
“Sim, segundo as aptidões de cada um; há, porém, algumas pessoas para
as quais tais efeitos são mais evidentes.”
Achando-se todos os homens sob a influência dos Espíritos,
cada qual pode sentir os efeitos da presença deles, seja moralmente,
seja materialmente, segundo suas aptidões particulares.
202. Os
Espíritos podem manifestar-se de maneira sensível?
“Sim, pelos mais diferentes meios.”
202 a. Podem
impressionar o tato?
“Sim, e também a audição, a vista e o olfato.”
202 b. Podem
aparecer aos vivos sob uma forma humana não material?
“Sim, naquilo a que chamais visões.”
202 c. Todos
os Espíritos nos aparecem sob as mesmas formas?
“Não.”
202 d. Podemos
provocar a aparição dos Espíritos?
“Sim, mas raramente; na maioria das vezes ela é espontânea.”
202 e. Que
se deve pensar da chama azul que, segundo dizem, apareceu sobre a cabeça
de Servius Tullius, quando criança? [O
Livro dos Médiuns, item 100, questão 29 a.]
“O fato foi real; era seu Espírito familiar.”
202 f. Qual
o objetivo dos Espíritos com suas manifestações ostensivas?
“Chamar vossa atenção para alguma coisa e atestar a presença deles.”
202 g. De
que modo os Espíritos podem atuar sobre a matéria?
“Por meio do laço que os une à matéria.”
As manifestações materiais dos Espíritos ocorrem sob formas
muito variadas. Podem afetar nossos sentidos de diversas maneiras: o
tato pela impressão de um corpo invisível, a audição pelo ruído, o olfato
pelos odores sem causas conhecidas, e a vista pelas visões.
Muitas vezes eles atestam sua presença pelo movimento e pelos deslocamentos
de corpos sólidos sem intermediários tangíveis.
Manifestam-se também sob a aparência de chamas ou clarões,
ou ainda revestindo formas humanas ou outras quaisquer, que nada têm
das propriedades conhecidas da matéria. É com o auxílio de seu envoltório
semimaterial, ou perispírito, que atuam sobre a matéria e sobre nossos
sentidos.
Muitas vezes, tais manifestações não passam de simples efeitos naturais
provocados pelos Espíritos para chamar nossa atenção sobre um ponto
ou um fato qualquer. De outras vezes, são fenômenos cuja causa nos é
desconhecida, que explicamos segundo nossas ideias e preconceitos, ou
que qualificamos de sobrenaturais, quando a causa deles parece escapar
às leis ordinárias da Natureza.
203. Existem
coisas que se podem qualificar de sobrenaturais?
“Não; desde que certa coisa acontece, é porque é possível.”
203 a. Por
que, então, são chamadas sobrenaturais?
“Porque não as compreendeis e porque, por orgulho e amor-próprio, achais
mais simples negá-las.”
203 b. Entre
os fenômenos citados como prova da ação de uma potência oculta, alguns
há que são evidentemente contrários a todas as leis conhecidas da Natureza.
Em tal caso, não é lícito duvidar-se? [O
Livro dos Médiuns, item 74, questão 25.]
“É que o homem está longe de conhecer todas as leis da Natureza; se
as conhecesse todas, seria Espírito superior.”
Nada há de sobrenatural neste mundo, visto que nada pode
ocorrer que não esteja nas possibilidades e nas leis da Natureza. O
homem, porém, ainda está muito longe de conhecer todas as forças do
Universo e, no seu orgulho, acha mais simples negar o que não compreende,
pois seu amor-próprio sofreria ao confessar sua ignorância.
Entretanto, cada dia que passa oferece um desmentido aos que, supondo
saber tudo, pretendem impor limites à Natureza; isso, porém, não os
torna menos orgulhosos. Desvendando sem cessar novos mistérios, Deus
adverte o homem a desconfiar das próprias luzes, porquanto dia virá
em que o saber do mais sábio será confundido.
204. Qualquer
pessoa poderá ter provas das manifestações espíritas?
“Sim; frequentemente tendes provas, mas não prestais a devida atenção
ou as atribuís a outras causas.”
204 a. Haverá
pessoas mais acessíveis que outras às manifestações?
“Sim, aquelas a que chamais médiuns.”
Embora as manifestações ostensivas muitas vezes ocorram
espontaneamente e qualquer criatura as possa receber, há pessoas dotadas
de uma potência fluídica e de disposições especiais em virtude das quais
conseguem obter mais facilmente manifestações de certa categoria. São
designadas pelo nome de médiuns.
205. A
faculdade de que gozam os médiuns prende-se a causas físicas ou morais?
“A ambas. A alma dos médiuns comunica-se mais facilmente com os outros
Espíritos.”
205 a. Por
que a alma dos médiuns entra mais facilmente em comunicação com os outros
Espíritos?
“Porque, sendo o corpo deles mais impressionável, o Espírito se desprende
mais facilmente.”
A faculdade de que gozam os médiuns prende-se tanto a causas
físicas quanto morais. Depende, em primeiro lugar, de certa impressionabilidade
e, ao mesmo tempo, da natureza do Espírito encarnado que, por se desprender
mais facilmente da matéria, entra, por conseguinte, de maneira mais
fácil em comunicação com os outros Espíritos.
Na maior parte das vezes,
a causa de tais aptidões especiais não é apreciável por nossos sentidos;
deve-se à natureza íntima daqueles que são dotados de tal faculdade.
206. A
faculdade de que gozam os médiuns é circunscrita pela idade e pelo sexo?
“Não.”
206 a. Com
que objetivo a Providência dotou certos indivíduos de modo mais especial
com essa faculdade? [O Livro
dos Médiuns, item 220.]
“É uma missão de que se incumbiram e da qual se sentem felizes. Eles
são os intérpretes entre os Espíritos e os homens.”
206 b. A
faculdade mediúnica lhes pode ser retirada?
“Sim, se dela abusarem.”
Há médiuns de ambos os sexos e de todas as idades. A faculdade
que lhes foi concedida constitui um dom precioso da Providência, já
que lhes outorga o poder de serem os intérpretes diretos dos Espíritos
e do ensinamento que estes transmitem aos homens. É uma missão que lhes
foi confiada e da qual não se devem envaidecer, visto que Deus pode
retirá-la, se abusarem de uma faculdade que lhes foi dada somente para
o bem.
207. No
momento em que exerce sua faculdade, o médium se encontra em estado
perfeitamente normal? [O Livro
dos Médiuns, item 223, 1ª questão.]
“Nunca completamente, pois é preciso que seu Espírito readquira parte
de sua independência. Acha-se sempre, em maior ou menor grau, num estado
de crise e é isto que o fatiga, razão pela qual necessita de repouso.”
Quando estão exercendo a mediunidade, os médiuns ficam geralmente
em estado de crise ou de superexcitação, durante o qual fazem um dispêndio
anormal de fluido vital. Esta perda lhes causa uma fadiga que alguns
deles não podem suportar por muito tempo, a não ser apelando ao repouso
para recuperar suas forças.
208. Quais
as pessoas a quem podemos aplicar o qualificativo de médium?
“Todas as que sentem, de uma maneira qualquer, a presença dos Espíritos.”
[O Livro dos Médiuns, item
159.]
208 a. Como
nem todos os médiuns sentem e produzem os mesmos efeitos, há várias
espécies deles. Como os podemos classificar?
“Como quiserdes, pois alguns só têm uma aptidão, enquanto outros as
possuem todas.”
208 b. Aprovais
a classificação dos médiuns, que damos logo a seguir?
“Uma classificação é útil; esta aqui é boa; tanto ela quanto uma outra.
Repetimos incessantemente: não convertais em fundo aquilo que não passa
de forma.”
Podemos classificar os médiuns em várias categorias principais,
segundo o género de manifestações que lhes seja especialmente dado obter.
São:
Médiuns motores;
Médiuns escreventes;
Médiuns falantes;
Médiuns videntes;
Médiuns sonâmbulos;
Médiuns extáticos;
Médiuns sensitivos; 106
Médiuns inspirados.
Alguns médiuns reúnem em si todas ou várias dessas faculdades. Esta
classificação, aliás, nada tem de absoluta; como cada uma delas apresenta
uma infinidade de nuanças e graus, podemos multiplicar ou restringir-lhes
o número à vontade.
209. Qual
é a causa do movimento dos corpos sólidos sob a influência dos médiuns
motores?
“Ação do Espírito; é a causa primeira.”
209 a. O
Espírito atua diretamente sobre o objeto ou por um intermediário qualquer?
“Por um intermediário, visto que estais num mundo grosseiro demais para
que os Espíritos possam manifestar-se a vós sem intermediário.”
209 b. Esse
intermediário é material?
“Um meio termo entre a matéria e o espírito; porém é mais ou menos material,
conforme a natureza dos mundos.”
209 c. Será
o Espírito do médium a causa impulsiva do movimento, ou será um Espírito
estranho?
“Algumas vezes é o Espírito do médium; de outras vezes, um ou vários
Espíritos estranhos.”
Médiuns motores são aqueles que têm o poder de imprimir
movimento a certos objetos móveis, sem impulsão material, muitas vezes
até mesmo sem nenhuma participação da vontade, ou só pela ação do pensamento.
Para a produção desse fenómeno, será por vezes necessário o concurso
de várias pessoas, segundo a natureza e o volume dos objetos; nem sempre,
porém, tal concurso é indispensável, visto como o médium, sozinho, muita
vez pode atuar sobre os mais consideráveis volumes.
Esta categoria de médiuns é muito numerosa, sendo poucas as pessoas
que, num grau qualquer, não sejam dotadas dessa faculdade.
Algumas vezes o movimento é impresso pela ação direta do Espírito do médium; de outras
vezes, pela ação de um ou de vários Espíritos estranhos, aos quais o
médium serve de instrumento.
210. O
movimento impresso aos objetos terá sempre um significado qualquer?
“Não.”
210 a. Qual
é, então, o objetivo dessas manifestações?
“Convencer as pessoas da presença de uma força superior ao homem; confundir
seu orgulho e levá-lo a conhecer a verdade.” [O
Livro dos Médiuns, item 85.]
210 b. Como
provar que a causa primeira é um Espírito e não a ação puramente física
de um agente qualquer?
“A inteligência não está na matéria. Pois bem! Quando esse movimento
dá provas de inteligência, podes acreditar que venha da matéria? Quando
alguém te fala, fazendo sinais com os braços ou dando batidas com um
bastão, crês que o ser que pensa seja o braço ou o bastão?”
Na maioria das vezes, o movimento impresso aos objetos não
tem qualquer significado, exceto convencer o homem da presença de um
poder oculto e impalpável. Poderia explicar-se tão só pelo efeito de
uma corrente fluídica ou elétrica, se fosse sempre puramente mecânico;
contudo, a intervenção de uma inteligência extra-humana tornou-se óbvia
quando comunicações inteligentes foram dadas por esse meio.
Manifestações inteligentes devem, pois, ter uma causa inteligente. Ora, como a matéria,
por si mesma, não é inteligente, só se poderá encontrar a causa no Espírito.
Quando um cata-vento é agitado pela brisa, seu movimento é puramente
físico; se transmite sinais, é que uma inteligência o faz mover.
211. A
faculdade de escrever sob a influência dos Espíritos é conferida a todos?
“Por enquanto, não; mais tarde, porém, todos terão essa faculdade.”
211 a. Que
condição deverá preencher a Humanidade para que tal faculdade se torne
geral?
“Quando os homens se transformarem e se tornarem melhores terão essa
faculdade e muitas outras, de que agora estão privados por sua inferioridade
moral.”
211 b. Essa
transformação se dará na Terra, ou somente em mundos melhores?
“Como já dissemos, começará aqui mesmo.”
211 c. A
faculdade de escrever é espontânea, ou também é suscetível de desenvolver-se
pelo exercício?
“Uma e outra coisa; quase sempre exige paciência e perseverança. O desejo
constante do médium ajuda os Espíritos a se porem em comunicação convosco.”
211 d. É
necessária a fé para se adquirir a faculdade de médium escrevente?
“Nem sempre; muitas vezes, com a fé não se escreve e, sem ela, escreve-se.
Todavia, a fé vem depois; vai depender dos planos da Providência.”
211 e. O
médium escrevente nunca tem consciência do que escreve?
“Nunca não é o termo, pois acontece muitas vezes que ele vê, ouve e
compreende enquanto escreve.”
211 f. Quando
a escrita é indecifrável, como o médium a interpretará?
“Por uma espécie de segunda vista; ou, então, o próprio Espírito lhe
fala.”
211 g. Uma
pessoa que não saiba escrever poderia ser médium escrevente? [O
Livro dos Médiuns, item 223, questão 18.]
“Sim.”
211 h. Que
consequência se pode tirar da mudança de caligrafia na escrita do médium?
“Espírito diferente que se comunica.”
Médiuns escreventes são aqueles dotados da faculdade de
escrever sob o influxo direto do poder oculto que os dirige. A mão deles
é agitada por um movimento convulsivo involuntário; cedem ao impulso
de um poder que escapa evidentemente de seu controle, visto não poderem
deter-se nem prosseguirem à vontade. Pegam o lápis sem o quererem e
o deixam da mesma forma, pois nem a vontade nem o desejo podem fazer
que o lápis se mova, caso este não deva correr sobre o papel.
Às vezes é possível obter-se a escrita pela simples imposição das mãos
sobre um objeto convenientemente disposto e munido de um instrumento
próprio para escrever. A potência oculta imprime a esse objeto o movimento
necessário para traçar as letras, sem que seja necessário guiá-lo para
esse efeito.
Conforme o poder do médium, as respostas são mais ou menos longas e
formuladas com maior ou menor precisão. Alguns médiuns só obtêm palavras
isoladas; em outros a faculdade se desenvolve pelo exercício e se obtêm
frases completas e dissertações extensas sobre assuntos propostos, ou
transmitidos espontaneamente sem terem sido provocados por nenhuma pergunta.
Na maior parte das vezes o médium não tem consciência alguma do que
escreve, a não ser depois de haver lido a mensagem; frequentemente,
porém, ele vê, ouve e compreende o que escreve durante o próprio ato
da escrita.
Algumas vezes a escrita é nítida e legível; em outras ocasiões pode
ser indecifrável para as demais pessoas, menos para o médium que a recebeu
e que a interpreta por uma espécie de intuição.
Pela mão do mesmo médium
a escrita pode mudar completamente, segundo a inteligência oculta que
se manifesta, reproduzindo-se o mesmo tipo de letra toda vez que a mesma
inteligência se comunica.
212. O
médium falante tem consciência do que diz?
“Algumas vezes ele o sabe perfeitamente e fica surpreso com a facilidade
com que se exprime; na maior parte das vezes, porém, fica em estado
sonambúlico ou extático, condição em que, como Espírito, tem consciência
do que fala; entretanto, não a tem como homem, pois perde a lembrança
ao despertar.”
212 a. O
médium falante poderá exprimir-se numa língua que lhe seja estranha?
“Sim, isso pode acontecer.”
212 b. Uma
pessoa privada da palavra poderia recuperá-la como médium?
“Sim, momentaneamente, e a audição também.”
Médiuns falantes são os que sentem nos órgãos vocais
a influência da potência oculta que faz mover a mão do médium escrevente.
No estado de superexcitação momentânea em que se encontram, eles falam
espontaneamente e de improviso, ou respondem a perguntas, mesmo as mais
estranhas aos seus conhecimentos, muitas vezes sem terem consciência
do que dizem e sem lhe guardarem a lembrança. Transmitem pela palavra
tudo que o médium escrevente transmite pela escrita.
213. O
médium vidente enxerga pelos órgãos ordinários da vista? [O
Livro dos Médiuns, item 167.]
“Sim, algumas vezes; como, afinal, é sua alma quem vê, tanto pode enxergar
com os olhos fechados, como com os olhos abertos.”
213 a. Assim
sendo, um cego poderia ser médium vidente? [O
Livro dos Médiuns, item 167.]
“Sim.”
213 b. As
aparições, que algumas pessoas julgam ver, são efeitos da realidade
ou de uma ilusão?
“Algumas vezes se devem à imaginação superexcitada; a uma ilusão, portanto.
Entretanto, já vos dissemos que os Espíritos podem aparecer sob a forma
humana, sob a forma de flama, etc.”
Médiuns videntes são aqueles dotados da faculdade de ver
os Espíritos, quando estes se manifestam de maneira ostensiva sob uma
forma qualquer. Alguns deles gozam dessa faculdade no estado normal
e guardam completa lembrança do fato; outros só a possuem em estado
sonambúlico ou bem próximo do sonambulismo.
Essa faculdade não é permanente; é sempre o efeito de uma crise momentânea
e passageira.
Podem ser colocadas na categoria de médiuns videntes todas
as pessoas dotadas de segunda vista.
214. Os
sonâmbulos e os extáticos podem ser consideradas médiuns?
“Sim; são aqueles cujo Espírito está mais desprendido da matéria; gozam
de mais liberdade, razão pela qual reúnem quase todas as outras faculdades.”
Médiuns sonâmbulos e médiuns extáticos são
pessoas capazes de passarem ao estado conhecido pelo nome de sonambulismo
e de êxtase, seja naturalmente e de modo espontâneo, seja por intermédio
do poder magnético.
215. Qual
a faculdade que caracteriza os médiuns sensitivos?
“Podemos dar esse nome a todas as pessoas que, a exemplo da sensitiva,
são muito impressionáveis e recebem comunicações mentais, ainda que
não se deem conta do fato.”
215 a. Não
seria melhor dizer que a impressionabilidade resulta de uma irritabilidade
nervosa?
“Sim, quando ela é somente física; mas há pessoas que não têm nervos
delicados e que sentem mais ou menos as impressões morais.”
215 b. Poder-se-ia
incluir nessa categoria de médiuns as pessoas que se chamam inspiradas?
“Sim, e haverá bem poucas que não o sejam mais ou menos em certos momentos.”
215 c. Um
autor, um pintor, um músico, por exemplo, poderiam, nos momentos de
inspiração, ser considerados como médiuns sensitivos? [O
Livro dos Médiuns, item 183, 3ª questão.]
“Sim, porque nesses momentos eles têm a alma mais livre e como que desprendida
da matéria; a alma recobra parcialmente suas faculdades de Espírito
e recebe mais facilmente as comunicações dos outros Espíritos que a
inspiram.”
Os médiuns sensitivos são afetados mentalmente
por impressões de que não se dão conta e que são, para eles, como que
revelações de coisas passadas ou futuras.
Nessa categoria podemos incluir as pessoas a quem são sugeridos pensamentos
em oposição com suas ideias preconcebidas, muitas vezes incompatíveis
com seu baixo nível cultural e com a simplicidade de sua inteligência.
Podemos ainda incluir nessa categoria as pessoas que, mesmo sem serem
dotadas de um poder especial e sem saírem do estado normal, têm lampejos
de lucidez intelectual que lhes dão momentaneamente extraordinária facilidade
de concepção e elocução. Nesses momentos, chamados justamente de inspiração,
as ideias abundam, sucedem-se, encadeiam-se a bem dizer por si mesmas
e por uma impulsão involuntária e quase febril; para eles, é como se
uma inteligência superior lhes viesse em auxílio; é como se o Espírito
deles se desembaraçasse de um fardo.
Todos os médiuns são necessariamente sensitivos; a impressionabilidade
é faculdade rudimentar indispensável ao desenvolvimento de todas as
outras.
216. Entre
os diferentes modos de comunicação, quais os que se devem preferir?
“Não tendes liberdade de escolher, porque os Espíritos se comunicam
pelos meios que julgam mais conveniente empregar; isso depende das aptidões.”
216 a. Os
Espíritos preferem certo modo de comunicação a outro?
“Para o ensino eles preferem os mais rápidos: a palavra e a escrita.”
[O Livro dos Médiuns, item
145.]
A escrita e a palavra são os meios mais completos e mais
rápidos para a transmissão do pensamento dos Espíritos, seja pela precisão
das respostas, seja pelos extensos desenvolvimentos que comportam. A
escrita tem a vantagem de deixar traços materiais e de ser um dos meios
mais adequados para combater a dúvida.
217. O
Espírito que se manifesta nas diferentes comunicações é sempre errante?
“Não; pode estar encarnado no vosso mundo ou em outro.”
217 a. Em
que estado se acha o corpo no momento em que o Espírito se manifesta?
[O Livro dos Médiuns,
item 284, questão 39.]
“Dorme ou cochila. Quando o corpo repousa, os sentidos se entorpecem
e o Espírito fica mais livre.”
217 b. Os
Espíritos encarnados se manifestam tão facilmente quanto os Espíritos
errantes?
“Depende dos mundos que eles habitam. Quanto menos material é o corpo,
tanto mais facilmente se desprende o Espírito; é quase como se não estivesse
encarnado.”
Nas comunicações escritas, verbais ou outras, o Espírito
que se manifesta pode ser errante, ou estar encarnado neste mundo ou
em outro.
A encarnação não constitui obstáculo absoluto à manifestação
dos Espíritos; porém, nos mundos em que os corpos são menos materiais,
o Espírito, por se desprender com mais facilidade, poderá manifestar-se
quase tão facilmente como se não estivesse encarnado.
O Espírito encarnado
se manifesta nos momentos em que o corpo repousa e os sentidos ficam
inativos. Ao despertar, o Espírito retorna ao corpo. É assim que nosso
próprio Espírito pode manifestar-se em outros lugares, quer diretamente,
quer por interferência de um médium.
218. As
comunicações escritas ou quaisquer outras são sempre as de um Espírito
estranho, ou podem provir igualmente do Espírito encarnado no médium?
“A alma do médium pode comunicar-se, como a de qualquer outro. Se goza
de certo grau de liberdade, recobra suas qualidades de Espírito. Tendes
a prova disso nas visitas que vos fazem as almas de pessoas vivas, as
quais muitas vezes se comunicam convosco pela escrita, sem que as chameis.
Porque, ficai sabendo, entre os Espíritos que evocais, alguns estão
encarnados na Terra; eles, então, vos falam como Espíritos e não
como homens. Por que não deveria acontecer a mesma coisa com o
médium? [O Livro dos Médiuns,
item 223, 2ª questão.]
218 a. Como
distinguir se o Espírito que responde é o do médium, ou outro? [O
Livro dos Médiuns, item 223, 3ª questão.]
“Pela natureza das comunicações. Estudai as circunstâncias, a linguagem,
e distinguireis.”
218 b. O
Espírito do médium não poderia, por efeito sonambúlico, penetrar o pensamento
da pessoa que interroga e aí colher suas ideias? Nesse caso, como provar
que se trata de um Espírito estranho?
“Sim; todavia, ainda uma vez, estudai as circunstâncias e o reconhecereis
facilmente.”
218 c. Desde
que o Espírito do médium pode ter adquirido, em existências anteriores,
conhecimentos que esqueceu sob o invólucro corpóreo, mas de que se lembra
como Espírito, como estabelecer, naquilo que diz, o que provém de seu
próprio Espírito encarnado? [O
Livro dos Médiuns, item 223, 4ª questão.]
“Acabo de responder. Há circunstâncias que não permitem a dúvida. Estudai
longamente e meditai.”
Nas comunicações escritas ou outras, o Espírito que se manifesta
é, quase sempre, um Espírito estranho; contudo, pode acontecer também
que seja o próprio Espírito encarnado no médium, quando se acha em estado
de liberdade suficiente para agir como Espírito.
Reconhece-se a intervenção
de um Espírito estranho pela natureza das comunicações. Quando estão
fora das ideias, do caráter e da opinião do médium, torna-se evidente
que devem ter uma fonte estranha.
O Espírito do médium pode, é verdade, penetrar o pensamento daquele
que interroga e refleti-lo, mesmo que não seja formulado pela palavra;
mas assim não pode acontecer quando exprime ideias contrárias à do interlocutor,
ou quando responde a uma pergunta que não tem solução no pensamento
de quem quer que seja.
O Espírito do médium mais ignorante pode, também é verdade, possuir
conhecimentos adquiridos em existências anteriores e dos quais se lembre
como Espírito. Mas seria igualmente erro acreditar que ele haure em
si mesmo tudo o que diz. Se fosse assim, por que atribuiria a uma intervenção
estranha o que estaria nele mesmo? Uma observação atenta dos fatos demonstra
que isso é impossível em inúmeras circunstâncias.
As comunicações transmitidas
pelo médium podem, pois, proceder tanto de Espíritos estranhos como
do Espírito do médium, cabendo ao observador atento fazer a distinção.
Quando um homem nos fala, reconhecemos facilmente as ideias que lhe
são próprias das que lhe são estranhas; dá-se a mesma coisa quando conversamos
com os Espíritos.
219. As
comunicações que provêm do Espírito do médium são sempre inferiores
às que possam ser dadas por outros Espíritos? [O
Livro dos Médiuns, item 223, 5ª questão.]
“Sempre, não, pois o Espírito comunicante pode ser de ordem inferior
à do médium e, então, falar com menos sensatez. É o que se vê no sonambulismo.
Aí, na maioria das vezes, quem se manifesta é o Espírito do sonâmbulo,
o qual, não raro, diz coisas muito boas.”
O valor das comunicações depende da evolução do Espírito
que as revela. As que provêm do Espírito do médium não ficam, só por
causa de sua própria origem, eivadas de erros, pois o Espírito estranho
que se manifesta pode pertencer a uma ordem inferior à do médium e,
por conseguinte, merecer menos confiança que este último. É principalmente
no estado sonambúlico que a alma do médium atua por si mesma.
220. O
Espírito comunicante transmite diretamente seu pensamento, ou este tem
por intermediário o Espírito encarnado no médium? [O
Livro dos Médiuns, item 223, 6ª questão.]
“O Espírito do médium é o intérprete, porque está ligado ao corpo que
serve para falar e por ser necessária uma cadeia entre vós e os Espíritos
que se comunicam, como é preciso um fio elétrico para transmitir uma
notícia a grande distância, desde que haja, na extremidade do fio, uma
pessoa inteligente que a receba e transmita.”
220 a. O
Espírito encarnado no médium exerce alguma influência sobre as comunicações
de outros Espíritos que ele deva transmitir? [O
Livro dos Médiuns, item 223, 7ª questão.]
“Sim, porque se não houver afinidade entre eles, o Espírito do médium
pode alterar as respostas dos Espíritos estranhos e assimilá-las às
suas próprias ideias e inclinações; porém, não exerce influência
sobre os Espíritos comunicantes; é apenas mau intérprete. Além
disso, o Espírito do médium pode estar mais ou menos bem disposto em
função de seu envoltório material e então as manifestações ocorrem com
maior ou menor facilidade. Muitas vezes, porém, o médium quer dizer
tudo e fazer tudo, o que causa sua perda; nós, então, o abandonamos
às suas próprias forças. Se tiver vícios, são apenas Espíritos de sua
categoria que se comunicam por ele.”
Os Espíritos desprendidos da matéria podem comunicar-se
entre si sem intermediário; porém, para afetar nossos sentidos, precisam
de um intermediário material. Para as comunicações verbais ou escritas,
o intermediário é o médium.
O médium é animado por seu próprio Espírito,
aquele que está encarnado nele, e esse Espírito é o intérprete do Espírito
estranho que se comunica. Se não houver simpatia entre eles, o Espírito
do médium poderá opor certa resistência e se tornar mau intérprete,
por vezes até infiel, pois que agirá como antagonista do Espírito que
se comunica. Se tiver vícios, o pensamento que deve transmitir pode
ser desnaturado ou refletir seu caráter e suas tendências. Isso se dá
com muita frequência no mundo, quando o conselho de um sábio é transmitido
por um estouvado ou por um homem de má-fé.
Além das qualidades morais, existem disposições especiais que tornam
o médium mais ou menos apto a transmitir as comunicações. O médium é
um instrumento mais ou menos bom, mais ou menos cômodo, do qual os Espíritos
superiores só se servem de bom grado quando nele encontram o mínimo
de obstáculos possíveis à livre transmissão de seus pensamentos,
fato a que dão pouca importância os Espíritos inferiores.
221. Além
da influência direta do Espírito do médium na sinceridade das manifestações,
outros Espíritos poderão contribuir para alterá-las?
“Sim, pois o Espírito do médium atrai a si Espíritos simpáticos que
o ajudam e estimulam em tudo que ele possa fazer de mal, se sua natureza
é má.”
O Espírito encarnado atrai a si os Espíritos que lhe são
simpáticos e que formam em volta dele uma espécie de coluna de Espíritos.
Se, pois, o do médium for imperfeito, será secundado por uma multidão
de acólitos da mesma natureza que o excitarão a repelir ou desfigurar
o pensamento que deva comunicar.
222. O
meio em que se acha o médium exerce alguma influência sobre as manifestações?
[O Livro dos Médiuns, item
231, 1ª questão.]
“Todos os Espíritos que cercam o médium o ajudam, para o bem ou para
o mal.”
222 a. Os
Espíritos superiores não podem vencer a má vontade do Espírito encarnado
que lhes serve de intérprete e dos que o cercam? [O
Livro dos Médiuns, item 231, 2ª questão.]
“Sim, quando julgam conveniente e conforme a intenção da pessoa que
a eles se dirige. Os Espíritos mais elevados podem às vezes comunicar-se,
graças a um favor especial, não obstante a imperfeição do médium e do
meio; mas, então, estes se conservam completamente estranhos.”
Sendo todo homem a encarnação de um Espírito, os das pessoas
que cercam o médium agem sobre as manifestações em virtude da simpatia
ou da antipatia que tenham pelo Espírito evocado. Segundo a imperfeição
de cada um, opõem sua má vontade, corroborada pela dos Espíritos igualmente
imperfeitos que eles atraem a si.
Assim se explica a influência do meio sobre a natureza das comunicações
espíritas. Todavia, quando os Espíritos o julgam útil, e segundo a intenção
da pessoa com a qual se comunicam, o médium e o meio podem ficar alheios
aos Espíritos e não constituir obstáculos à sinceridade das manifestações.
223. Comunicando-se
em dois centros diferentes, o mesmo Espírito pode dar, em cada um deles
e sobre o mesmo ponto, respostas contraditórias? [O
Livro dos Médiuns, item 301, 1ª questão.]
“Se os dois centros diferirem entre si em opiniões e ideias, a resposta
poderá chegar-lhes desfigurada, porque estão sob o influxo de diferentes
falanges de Espíritos; não que a resposta seja contraditória, mas a
maneira por que é dada.
“Para discernir a verdade do erro, há que se aprofundar as respostas
e meditá-las longa e seriamente; é todo um estudo a ser feito. É preciso
tempo para isso, como para estudar todas as coisas.”
Dois centros diferentes entre si em opiniões e ideias podem
receber respostas contraditórias sobre o mesmo assunto, embora procedendo
da mesma fonte, porque estão sob a influência de diferentes falanges
de Espíritos que lhes são simpáticos e concorrem para desnaturar a ideia
primitiva.
Tal como dois homens a receberem a luz, um por uma vidraça
vermelha, outro por uma vidraça azul; tomando o efeito pela causa, o
primeiro dirá que a luz é vermelha, enquanto o outro que ela é azul;
entretanto, a luz será sempre branca, porém alterada pelo meio que atravessou.
224. Compreende-se
que uma resposta possa ser alterada. Mas, quando as qualidades do médium
excluem toda ideia de má influência, como se explica que Espíritos superiores
usem de linguagens diferentes e contraditórias sobre o mesmo assunto,
para com pessoas perfeitamente sérias? [O
Livro dos Médiuns, item 301, 2ª questão.]
“Os Espíritos realmente superiores nunca se contradizem e a linguagem
de que usam é sempre a mesma, com as mesmas pessoas. Pode, entretanto,
diferir, de acordo com as pessoas e os lugares. Deve-se, porém, estar
atento ao fato de que a contradição, muitas vezes, é apenas aparente,
estando mais nas palavras que nas ideias, bastando que alguém reflita
para verificar que a ideia fundamental é a mesma. Além disso, o mesmo
Espírito pode responder diferentemente sobre a mesma questão, conforme
o grau de perfeição dos que o evocam, pois nem sempre convém que todos
recebam a mesma resposta, por não estarem todos igualmente adiantados.
É exatamente como se uma criança e um sábio te fizessem a mesma pergunta.
Por certo, responderias a cada um de modo que te compreendessem e ficassem
satisfeitos. As respostas, nesse caso, embora diferentes, seriam fundamentalmente
as mesmas. É preciso que nos tornemos compreensíveis. Se tiveres uma
convicção bem sólida sobre algum ponto ou doutrina, mesmo falsa, é necessário
que te desviemos dessa convicção, mas pouco a pouco. Esta a razão por
que nos servimos, frequentemente, de teus próprios termos, parecendo
até que concordamos com tuas ideias, a fim de que não te ofusques de
repente, nem deixes de te instruir em nossa companhia.”
A contradição que por vezes notamos nas respostas dos Espíritos,
conforme as pessoas que com eles se comunicam, é apenas aparente; eles
apropriam a linguagem aos que os escutam e podem assim dizer a mesma
coisa com palavras diferentes.
Para os Espíritos superiores a forma nada representa; o pensamento é
tudo. Julgam as coisas sob um angulo completamente diverso do nosso;
aquilo que nos parece mais importante muitas vezes é bem secundário
na visão deles. Podem, pois, concordar com algumas opiniões e até
servir-se de linguagem um tanto preconceituosa, a fim de serem mais
bem compreendidos; entretanto, nem por isso estarão em contradição consigo
mesmos. Pouco importa o meio, contanto que alcancem o fim, pois
a verdade está acima de todas as mesquinhas distinções com que seitas
e partidos fazem seus artigos de fé. Quer o Ser Supremo se chame
Deus, Alá, Brama, Vichnu ou Grande Espírito, não será menos o Soberano
Senhor.
Sobre as questões de metafísica, nem mesmo os próprios homens estão
de acordo quanto ao valor das palavras. Os Espíritos podem, pois, usar
as palavras segundo a ideia de cada um, a fim de serem entendidos mais
facilmente, já que não estão incumbidos de reformar a língua. O erro
é dos homens, ao tomarem o acessório pelo principal.
A linguagem humana está sempre subordinada à amplitude das ideias, sendo,
pois, insuficiente para exprimir todos os matizes do pensamento dos
Espíritos, assim como a do selvagem seria incapaz de expressar todas
as ideias do homem civilizado.
225. Quais
as condições necessárias para que a palavra dos Espíritos superiores
nos chegue isenta de qualquer alteração? [O
Livro dos Médiuns, item 226, questão 11.]
“Querer o bem; repelir o egoísmo e o orgulho. Ambas essas coisas são
necessárias.”
225 a. Por
que os Espíritos superiores permitem que pessoas dotadas de grande poder
como médium, e que nos poderiam fazer tanto bem, sejam instrumentos
do erro? [O Livro dos Médiuns,
item 226, 7ª questão.]
“Os Espíritos procuram influenciá-las; mas, quando essas pessoas se
deixam arrastar por maus caminhos, eles não as impedem. É por isso que
se servem delas com repugnância, visto que a verdade não pode ser
interpretada pela mentira.”
A verdade se distingue do erro quando a luz chega sem obstáculo;
essa condição se encontra na pureza dos sentimentos, no amor ao bem
e no desejo de instruir-se, seja do médium, seja das pessoas que o cercam.
Para se obterem comunicações dos Espíritos superiores, isentas de toda
alteração, não basta que se disponha de um médium, por mais poderoso
que seja; é preciso, antes de tudo e como condição expressa, um médium
puro, isto é, cuja alma não esteja maculada por nenhuma das paixões
que caracterizam os Espíritos inferiores; por mais pura que seja, a
água se altera ao passar por solo lodoso.
226. Visto
que as qualidades morais do médium afastam os Espíritos imperfeitos,
como é que um médium dotado de boas qualidades transmite respostas falsas
ou grosseiras? [O Livro dos
Médiuns, item 226, 6ª questão.]
“Conheces, porventura, todos os segredos da alma humana? Além disso,
a criatura pode ser leviana e frívola, sem que seja viciosa, necessitando,
às vezes, de uma lição, a fim de se manter vigilante.”
Um médium, ainda que dotado de boas qualidades morais, transmite,
algumas vezes, comunicações inconsequentes, falsas ou até mesmo cheias
da mais revoltante grosseria. É que, sem ser vicioso, pode estar privado
das qualidades sólidas que constituem o verdadeiro homem de
bem. Ao lado de algumas qualidades podem encontrar-se vícios ocultos
ou, no mínimo, a futilidade e a leviandade.
227. Por
que, habitualmente, certas pessoas só transmitem ou só recebem comunicações
absurdas ou triviais, apesar do desejo de obterem comunicações sérias?
“É a consequência da inferioridade do Espírito de tais pessoas, que
simpatiza com Espíritos imperfeitos. Entretanto, mesmo em meio de comunicações
insignificantes, existe muitas vezes um bom ensinamento. Um
Espírito superior, que tenha acudido ao vosso apelo, não ficará muito
tempo se fordes muito levianos, mas, sem se deter em minúcias, vos dirá
algumas verdades, a fim de vos induzir a serdes menos frívolos.”
Todo médium ou toda pessoa que, de forma geral, só recebe
ou transmite comunicações absurdas, grosseiras ou simplesmente frívolas,
deve deplorá-lo como indício da inferioridade de seu próprio Espírito.
Provocando tais comunicações com vistas à curiosidade, o homem atrai
Espíritos inferiores, sempre à espreita de ocasiões para gracejar ou
praticar o mal. Felizes, ao contrário, os que só ouvem palavras impregnadas
de sabedoria, pois são os eleitos dos Espíritos bons.
228. Se
a palavra dos Espíritos superiores só nos chega pura em condições tão
difíceis de serem encontradas, não constitui esse fato obstáculo à propagação
da verdade? [O Livro dos Médiuns,
item 226, questão 12.]
“Não, porque a luz sempre chega ao que deseja recebê-la. Todo aquele
que queira esclarecer-se deve fugir das trevas, e as trevas se encontram
na impureza do coração.”
O fato de os Espíritos superiores só se comunicarem mediante
concurso de circunstâncias excepcionais, não constitui obstáculo à propagação
da luz. Aqueles, pois, que queiram recebê-la, deverão despojar-se do
orgulho e humilhar a razão diante do poder infinito do Criador, como
melhor prova de sua sinceridade. Tal condição, todos podem preencher.
229. Por
que sinais se podem reconhecer a superioridade ou a inferioridade dos
Espíritos? [O Livro dos Médiuns,
item 268, 1ª questão.]
“Pela linguagem, como distinguis um homem sensato de uma pessoa estouvada.
Já dissemos que os Espíritos superiores jamais se contradizem e só falam
coisas aproveitáveis. Só querem o bem, que lhes constitui a única preocupação.
“Os Espíritos inferiores ainda se encontram sob o domínio das ideias
materiais; seus discursos refletem a ignorância e a imperfeição que
lhes são características. Somente aos Espíritos superiores é permitido
conhecer todas as coisas e julgá-las desapaixonadamente.”
Reconhece-se o caráter de um homem por sua linguagem, por
suas máximas e por seus atos. Assim sucede com os Espíritos. Estudando
com cuidado o caráter dos que se apresentam, sobretudo do ponto de vista
moral, reconheceremos a natureza deles e o grau de confiança que nos
inspiram. O bom senso não poderia enganar-se.
Uma linguagem sempre séria,
sem trivialidades nem contradições, a sabedoria das respostas, a elevação
dos pensamentos, a pureza da doutrina moral, aliados às marcas de benevolência
e bondade, são sinais que caracterizam os Espíritos superiores.
230. Basta
que uma pergunta seja séria para obter resposta séria? [O
Livro dos Médiuns, item 288, 2ª questão.]
“Não; isso depende do Espírito que responde.”
230 a. Entretanto,
uma pergunta séria não afasta os Espíritos levianos? [O
Livro dos Médiuns, item 288, questão 2 a.]
“Não é a pergunta que afasta os Espíritos levianos, e sim o caráter
de quem a faz. Os Espíritos levianos respondem a tudo, tal como
o fazem os estouvados.”
Não basta interrogar um Espírito para se conhecer a verdade.
Precisamos, antes de tudo, saber a quem nos dirigimos, porque os Espíritos
inferiores, em virtude da própria ignorância em que se acham, tratam
com leviandade as mais sérias questões.
Também não basta que um Espírito tenha sido na Terra um grande homem,
para que se encontre, no mundo espiritual, de posse da soberana ciência.
Só a virtude, purificando-o, tem o poder de aproximá-lo de Deus e ampliar
seus conhecimentos. (Nota 8).
231. O
conhecimento científico é sempre sinal certo da elevação de um Espírito?
[O Livro dos Médiuns,
item 268, 2ª questão.]
“Não, porque se ele ainda estiver sob a influência da matéria, pode
ter vossos vícios e preconceitos. Há pessoas que, neste mundo, são excessivamente
invejosas e orgulhosas; julgais que, tão logo o deixem, perdem esses
defeitos? Após a partida daqui os Espíritos, principalmente os que alimentaram
fortes paixões, permanecem envoltos numa espécie de atmosfera que lhes
conserva todas as coisas más de que se impregnaram.”
Entre os Espíritos que ainda não se acham completamente
desmaterializados, a moralidade nem sempre guarda relação com o saber
de que dispõem. Os conhecimentos que exibem, muitas vezes com certa
ostentação, não constituem sinal irrecusável de superioridade. A inalterável
pureza dos sentimentos morais é que representa a verdadeira pedra de
toque.
Por mais sábio que seja, o Espírito trai suas imperfeições morais pela
linguagem, embora as imperfeições que esta apresente possam ser também
o reflexo das imperfeições do médium.
232. Os
Espíritos imperfeitos podem semear a discórdia entre amigos, induzindo-os
a falsas atitudes?
“Sim, ficam satisfeitos em vos causar embaraços e não são nada escrupulosos
quanto aos meios empregados.
“Os Espíritos superiores são sempre consequentes consigo mesmos. Desconfiai,
pois, quando um de nós falar bem de alguém em determinado grupo, e mal
em outro grupo que também nos invocar. Julgareis que somos nós e estareis
enganados. Os Espíritos que ainda não alcançaram a perfeição, embora
já bastante elevados, têm também seus momentos de antipatia.
“Crede sempre no bem, afastai-vos do mal e procurai sondar-lhes o real
estado; somente à força de conversar com uns e com outros é que haveis
de adquirir esse conhecimento. O bom senso vos há de guiar.”
Os Espíritos imperfeitos não se limitam a semear perturbação
em nossa alma; muitas vezes aproveitam os meios de comunicação de que
dispõem para dar pérfidos conselhos; incitam desconfiança e animosidade
contra os que lhes são antipáticos, suscitam injustas prevenções e ficam
satisfeitos com o mal que conseguirem que os outros pratiquem.
Os homens fracos são o seu alvo para os induzir ao mal; os que podem
desmascarar-lhes as imposturas constituem objeto de sua aversão. Ora
empregam sofismas, ora sarcasmos, injúrias e até mesmo sinais materiais
do poder oculto de que dispõem, a fim de melhor convencê-los e desviá-los
do caminho da verdade. Sem serem maus, os Espíritos que ainda não são
bastante elevados também têm seus momentos de antipatia não motivados,
resultantes de sua depuração incompleta.
233. Quando
um Espírito inferior se manifesta, podemos obrigá-lo a retirar-se? [O
Livro dos Médiuns, item 282, questão 25.]
“Sim.”
233 a. De
que maneira?
“Não lhe dando atenção. Mas, como quereis que se retire, quando vos
divertis com suas torpezas? Os que quiserem realmente livrar-se deles
sempre o poderão com a assistência dos Espíritos bons, se a pedirem
com fervor e em nome de Deus. Os Espíritos inferiores se apegam aos
que os escutam com complacência, como os tolos entre vós.” [O
Livro dos Médiuns, item 282, questão 25.]
Os Espíritos inferiores acabam sempre se retirando, desde
que mostremos persistência e firmeza, não lhes dando atenção. Quem assim
agir poderá obrigá-los a isso, intimando-os, em nome de Deus, a se afastarem,
ou chamando a si os Espíritos bons, com fervor e confiança, sempre em
nome de Deus.
Não imagineis, contudo, que o nome de Deus seja aqui uma
fórmula vã de exorcismo; se não passar de palavra banal nos lábios de
quem o pronuncie, melhor será nada dizer.
Natureza das comunicações espíritas.
234. Os
Espíritos respondem de bom grado às perguntas que lhes são dirigidas?
[O Livro dos Médiuns, item
288, 1ª questão.]
“Conforme as perguntas.”
234 a. Quais
as que eles respondem com mais satisfação?
“Os Espíritos superiores sempre respondem com prazer às que têm por
objetivo o bem e os meios de progredirdes. Não dão ouvidos às perguntas
fúteis e só se ligam às pessoas sérias.” [O
Livro dos Médiuns, item 288, 1ª questão.]
234 b. Haverá
perguntas que sejam antipáticas aos Espíritos imperfeitos? [O
Livro dos Médiuns, item 288, questão 3 a.]
“Não, porque eles respondem a tudo, sem se preocuparem com a verdade.”
Os Espíritos superiores respondem mais ou menos de bom grado
às perguntas que lhes são dirigidas, conforme a natureza delas. As que
visam ao bem e à pesquisa da verdade são sempre favoravelmente acolhidas
por eles e lhes são particularmente agradáveis.
As perguntas inúteis e frívolas, as que têm por objetivo pôr os
Espíritos à prova, ou revelem o desejo de fazer o mal, são, de
modo especial, antipáticas aos Espíritos bons, que não se dignam de
responder e se afastam.
Os Espíritos levianos respondem a tudo, sem
se preocuparem com a verdade.
235. Que
se deve pensar das pessoas que só veem distração e passatempo nas comunicações
espíritas, ou um meio de obterem revelações sobre questões de interesse
pessoal? [O Livro dos Médiuns,
item 288, 4ª questão.]
“Essas pessoas agradam muito aos Espíritos inferiores que, do mesmo
modo que elas, gostam de divertir-se e ficam satisfeitos quando conseguem
mistificá-las.”
Aqueles que não buscam nas comunicações espíritas senão
ocasião de satisfazer à vã curiosidade, ou nelas só veem um meio de
obter revelações, estão muito errados. Tais propósitos denotam a inferioridade
do Espírito dessas pessoas, sendo de esperar-se, por isso, que se tornem
vítimas de Espíritos zombeteiros. (Nota 9).
236. Os
Espíritos superiores são absolutamente contrários aos gracejos?
“Não; muitas vezes condescendem com vossas fraquezas e compactuam com
vossas puerilidades, sobretudo quando nelas veem um meio de atingir
um objetivo mais sério.”
236 a. Prestar-se-ão
por vezes à brincadeira?
“Sim, chegando mesmo a provocá-las algumas vezes; mas, quando falam
com seriedade, querem que todos fiquem sérios, porquanto, a não ser
assim, retiram-se. É então que os Espíritos levianos lhes tomam o lugar”
Os Espíritos superiores não são infensos aos gracejos; também
se prestam à brincadeira dentro de certa medida e sabem condescender
com nossas fraquezas. Fazem-no, porém, sem se afastarem das conveniências,
e é nisto que se pode apreciar sua natureza. Entre eles, a brincadeira
nunca é trivial; muitas vezes é fina e picante, e o epigrama mordaz
fustiga sempre com justeza. Como, no entanto, a missão deles é ensinar,
costumam retirar-se quando veem que não lhes damos ouvidos. Entre os
Espíritos que, embora zombeteiros, não são grosseiros, a sátira é quase
sempre pertinente.
237. Podemos
pedir aos Espíritos sinais materiais como prova de sua existência e
de seu poder?
“Não; eles não se prestam ao capricho dos homens.”
237 a. Quando,
no entanto, uma pessoa pede tais sinais para se convencer, não haveria
utilidade em satisfazê-la, posto que seria um adepto a mais?
“Os Espíritos só fazem o que querem e o que lhes é permitido. Ao vos
falarem e responderem às vossas perguntas, atestam sua presença; isso
deve bastar ao homem sério que procura a verdade nas palavras.”
É inútil pedir aos Espíritos a produção de fenômenos sensíveis
como testemunho real de sua existência e de seu poder, dizendo que é
para convencer o cético, que assim quer submetê-los a provas.
Os Espíritos vivem em condições que nos são desconhecidas; o que está
fora da matéria não pode sujeitar-se ao crivo da matéria. É, portanto,
enganar-se redondamente quem os julgue de nosso ponto de vista. Quando
acham útil revelar-se por sinais particulares, eles o fazem; mas isso
jamais ocorre para satisfazer à nossa vontade, pois os Espíritos não
estão sujeitos ao nosso capricho.
238. Haverá
utilidade em provocar os fenômenos ostensivos da manifestação dos Espíritos?
“Como os homens ainda são crianças grandes, é preciso diverti-los; mas
a sabedoria está na palavra do sábio e não na sua força material, que
pode pertencer tanto aos maus como aos bons, e muito mais ainda
aos maus, pois apenas os Espíritos inferiores se ocupam dessas coisas.
Algumas vezes os Espíritos superiores servem-se deles, como farias com
um empregado, quando queres ser ouvido. Presentemente, há Espíritos
de todos os tipos que têm por missão provocar vossa admiração, a fim
de vos levar a compreender que a vida não se acaba com o fim de vosso
envoltório.”
Os efeitos ostensivos e extraordinários pelos quais os Espíritos
podem atestar sua presença não constituem o objetivo essencial de suas
manifestações. Tal objetivo é a melhoria moral do homem, por meio dos
ensinamentos que eles lhe transmitem, seja sobre a natureza das coisas,
seja em relação à conduta que deve adotar para alcançar a perfeição
que lhe garantirá a felicidade futura. Apegar-se aos fenômenos mais
que aos ensinamentos é agir como certos escolares, que têm mais
curiosidade, que vontade de aprender. Os Espíritos superiores nos
ensinam pela palavra; os inferiores fazem a mesma coisa, ferindo nossos
sentidos. O homem que já se elevou, o homem que tem fé não precisa de
fenômenos; espera-os sem os provocar.
239. Quando
os Espíritos não respondem a certas perguntas, será por não quererem,
ou por que uma força superior se opõe a certas revelações? [O
Livro dos Médiuns, item 288, 5ª questão.]
“Força superior. Há coisas que não podem ser reveladas.” 107
239 a. Poder-se-ia,
por meio de firme vontade, constranger um Espírito a dizer o que não
queira?
“Não. Já dissemos que é difícil aos Espíritos precisarem certos fatos.
É muito importante que isto fique claro; o próprio Espírito pode não
se achar em estado conveniente, o médium ser leviano, ou o ambiente
pouco simpático. Por isso é sempre bom aguardar quando vos pedimos que
espereis e, sobretudo, não vos obstinardes em querer fazer-nos responder.”
A Providência impôs limites às revelações que podem ser
feitas ao homem. Os Espíritos sérios guardam silêncio sobre tudo o que
lhes é interdito revelar. Insistindo para obter uma resposta, nós nos
expomos às trapaças dos Espíritos inferiores, sempre prontos a aproveitar
as ocasiões para armar ciladas à nossa credulidade.
As pessoas que se ocupam mais em aprofundar os mistérios impenetráveis
da origem e da essência das coisas, do que dos meios de promover sua
própria melhoria, afastam-se das vistas da Providência. Entretanto,
podem ser reveladas grandes verdades sobre os conhecimentos extra-humanos,
dependendo isso da pureza de intenção daquele que interroga e de sua
aptidão para receber certos ensinamentos, bem como da elevação do Espírito
que queira comunicar-se com ele.
240. Os
Espíritos podem revelar-nos o futuro em certos casos? [O
Livro dos Médiuns, item 289, 7ª questão.]
“Em certos casos, sim; em todos, não, pois isto não lhes é permitido.
Se o homem conhecesse o futuro, não cuidaria do presente.
“Esse é um ponto sobre o qual sempre insistis, com vistas à obtenção
de uma resposta precisa. Trata-se de grande erro, pois a manifestação
dos Espíritos não é um meio de adivinhação. Se fizerdes questão absoluta
de uma resposta, ela vos será dada por um Espírito leviano, conforme
temos dito a todo instante.
“Muitas vezes, somos nós que não queremos advertir-vos, a fim de que
compreendais por vós mesmos que existe um risco, e vos submetais mais
tarde aos nossos conselhos.”
Em sua sabedoria, a Providência julgou por bem ocultar-nos
o futuro. Somente dentro de certos limites é que nos pode ser revelado;
será, pois, inútil tentarmos penetrar além das fronteiras traçadas àquilo
que nos é permitido conhecer na Terra. Quis Deus, com isso, que aplicássemos
toda nossa inteligência ao desempenho da missão que devemos cumprir
como seres corpóreos. Se o homem conhecesse seu futuro, com certeza
negligenciaria o presente, com prejuízo da harmonia geral para a qual
devem concorrer todos os seus atos. Por isso o futuro só lhe é mostrado
como um fim que ele deve atingir por seus esforços, mas sem saber a
fieira pela qual deve passar para lá chegar.
241. Que
meio de verificação temos nós para reconhecer o grau de probabilidade
daquilo que nos é anunciado pelos Espíritos?
“Isso depende das circunstâncias: a natureza do Espírito, o objetivo
a que visais e, por fim, o caráter das pessoas.”
241 a. Certos
acontecimentos são anunciados sem serem previstos nem provocados. Qual
o caráter de tais previsões?
“São as mais positivas; o Espírito vê as coisas e julga útil dá-las
a conhecer.”
241 b. Por
que, em geral, os Espíritos se enganam nas datas?
“É que não apreciam o tempo da mesma maneira que os homens. Muitas vezes,
sois vós mesmos que vos enganais, interpretando a vosso modo aquilo
que dizemos; e, depois, são os vocábulos de vossa linguagem material
que frequentemente nos faltam. Vemos os acontecimentos; entretanto,
nem sempre podemos precisar a época em que se darão, ou não o devemos.
Nós vos advertimos; eis tudo.
“Ainda uma vez, nossa missão é vos fazer progredir; nós vos ajudamos
tanto quanto podemos. Aquele que pede aos Espíritos superiores o conselho
da sabedoria jamais será enganado; mas não acrediteis que percamos nosso
tempo a ouvir todas as vossas tolices e a vos ler a sorte. Deixamos
essa tarefa aos Espíritos levianos, que com ela se divertem como crianças
travessas.”
O grau de probabilidade dos eventos futuros anunciados depende
da superioridade dos Espíritos comunicantes, do meio social mais ou
menos simpático no qual eles se encontram e do propósito mais ou menos
sério que se tem em vista. Em geral, as comunicações espontâneas,
isto é, as que emanam da iniciativa dos Espíritos, sem serem provocadas
pelas perguntas, oferecem maior certeza; nesse caso, o Espírito somente
as dá porque vê a utilidade delas.
Os Espíritos veem, ou pressentem por indução, os acontecimentos futuros;
e os veem cumprir-se dentro de um tempo que eles não mensuram como os
homens; para lhes definirem a época, precisariam identificar-se com
nossa maneira de calcular as datas, o que nem sempre julgam necessário;
daí muito frequentemente uma causa de erros aparentes. [Questão
240.]
Não se deve perder de vista que é iludir-se completamente sobre a finalidade
das comunicações espíritas quem nelas veja somente um meio de adivinhação
de mesquinhos interesses pessoais. O objetivo é muito mais sério: fazer-nos
avançar na senda do progresso. O ensino que nos ministram pode ter por
alvo a Humanidade em geral, ou cada indivíduo em particular. Quem quer
que se dirija a Espíritos elevados, com sinceridade e boa-fé, receberá
deles somente conselhos salutares, seja para sua conduta moral, seja
mesmo para seus interesses materiais, e jamais será induzido ao
erro.
242. Não
há homens dotados de um talento especial, que os faz entrever o futuro?
[O Livro dos Médiuns, item
289, questão 12.]
“Sim, aqueles cuja alma se desprende da matéria. Nesse caso, é o Espírito
quem vê. Quando julga conveniente, Deus lhes permite revelarem certas
coisas, com vistas ao bem. Todavia, mesmo entre eles há impostores e
charlatães.”
Alguns homens, cuja alma se desprende antecipadamente dos
laços terrestres e goza das faculdades do Espírito, receberam de Deus
o dom de conhecer certos detalhes do futuro e de os revelar para o bem
da Humanidade; mas, quantos ambiciosos se disfarçam sob o manto do profeta
em proveito de suas paixões, abusando assim da credulidade alheia!
243. Os
Espíritos podem revelar nossas existências passadas? [O
Livro dos Médiuns, item 290, questão 15.]
“Geralmente, não; Deus o proíbe. Entretanto, algumas vezes elas são
reveladas com verdade, mas, mesmo assim, conforme sua finalidade. Se
é para vossa edificação e instrução elas serão verídicas, sobretudo
se a revelação é espontânea.”
243 a. Por
que alguns Espíritos nunca se recusam a fazer esta espécie de revelação?
[O Livro dos Médiuns, item
290, questão 15 a.]
“São Espíritos zombeteiros que se divertem à vossa custa.”
Deus lança igualmente um véu sobre as existências que percorremos.
Entretanto, esse véu não é totalmente impenetrável. Elas nos podem ser
reveladas se os Espíritos julgarem útil fazê-lo para a edificação e
instrução nossa e segundo o objetivo a que nos propomos ao pedir essa
revelação; fora disso, será inútil procurar conhecê-las; os Espíritos
sérios se calam a tal respeito; os outros se divertem, insuflando com
pretensas origens a vaidade do curioso.
244. Podemos
pedir conselhos aos Espíritos? [O
Livro dos Médiuns, item 291, questão 17.]
“Sim, certamente. Os Espíritos bons jamais recusam auxílio aos que os
invocam com confiança, principalmente no que diz respeito à alma.”
244 a. Podem
esclarecer-nos sobre coisas de interesse particular? [O
Livro dos Médiuns, item 291, questão 18.]
“Algumas vezes, conforme o motivo.”
244 b. Podem
guiar os homens nas pesquisas científicas e nas descobertas? [O
Livro dos Médiuns, item 294, questão 28.]
“Sim, se for de utilidade geral; mas é preciso desconfiar dos conselhos
dos Espíritos zombeteiros e ignorantes.” 108
244 c. Podem
também nos dar informações sobre nossos parentes, amigos e pessoas que
nos precederam na outra vida?
“Sim, quando isso lhes for permitido.”
Os Espíritos podem ajudar-nos com seus conselhos, principalmente
os que se referem à alma e à perfeição moral. Os Espíritos superiores
jamais recusam socorro aos que os invocam com sinceridade e confiança;
mas repelem os hipócritas, os que simulam pedir a luz e se
comprazem nas trevas.
Podem, igualmente e dentro de certos limites, ajudar-nos no que respeita
às coisas deste mundo, apontar-nos o caminho das pesquisas que são úteis
à Humanidade, guiar-nos em tudo que tenha por fim o cumprimento do progresso
moral e material do homem, e projetar luz sobre os pontos obscuros da
História.
Finalmente, podem falar-nos sobre nossos parentes e amigos, bem como
sobre diversas personagens que nos precederam no meio deles.
245. Os
Espíritos podem dar conselhos sobre a saúde? [O
Livro dos Médiuns, item 293, questão 24.]
“Sim, particularmente certos Espíritos. A saúde é uma condição necessária
para a missão que se deve executar na Terra, razão por que os Espíritos
se ocupam de boa vontade com ela.”
O conhecimento que têm os Espíritos superiores das leis
da Natureza lhes permite darem úteis conselhos sobre a saúde, e fornecerem,
sobre a causa das moléstias e sobre os meios de tratamento, indicações
que deixam muito distante, na retaguarda, a ciência humana. (Nota
10).
246. A
ciência dos Espíritos é universal?
“Sabem tudo quando são Espíritos superiores; os outros, não.”
246 a. Os
sábios da Terra são igualmente sábios no mundo dos Espíritos?
“Não; eles não sabem mais que os outros e muita vez menos.”
246 b. Ao
se tornar Espírito, o sábio reconhece seus erros científicos? [O
Livro dos Médiuns, item 293, questão 26.]
“Sim; e se o evocares, ele os confessará sem se envergonhar, caso haja
chegado a um grau bastante elevado para se achar livre da vaidade e
compreender que seu desenvolvimento não é completo.”
Uma vez no mundo dos Espíritos, os sábios da Terra não são
mais sábios que os outros. Se, realmente, forem Espíritos superiores,
a ciência deles não tem limites e reconhecem os erros que tomaram por
verdades durante a vida corpórea. Se forem Espíritos inferiores, o saber
de que dispõem é limitado e podem enganar-se.
Todavia, os que durante uma ou várias existências aprofundaram determinado
assunto, dele se ocupam com mais solicitude e frequentemente com mais
sucesso, porque é o ponto em que progrediram.
247. Os
Espíritos conservam algum sinal do caráter que tinham na Terra?
“Sim; quando não estão completamente desmaterializados, guardam o mesmo
caráter, bom ou mau; conservam ainda alguns de seus prejuízos.”
247 a. Não
compreendem que esses prejuízos estavam errados?
“Compreenderão mais tarde.”
Os Espíritos dos homens que tiveram na Terra preocupação
exclusiva, material ou moral, permanecem ainda sob o império das ideias
terrenas e guardam consigo uma parcela dos prejuízos, das predileções
e mesmo das manias que tinham aqui, caso não se achem perfeitamente
purificados e desprendidos da influência da matéria. Isso é facilmente
reconhecível por sua linguagem.
248. Os
Espíritos podem fazer que se descubram tesouros ocultos? [O
Livro dos Médiuns, item 295, questão 30.]
“Não, os Espíritos superiores não se ocupam com essas coisas; mas os
Espíritos zombeteiros te farão ver um tesouro num lugar, quando se acha
em local oposto. São, na verdade, Espíritos maliciosos e isto tem sua
utilidade: mostrar que deves trabalhar, e não correr atrás de quimeras.
Se a Providência te destinar tais riquezas, tu as encontrarás; de outra
forma, não.”
É inútil interrogar os Espíritos sobre a existência de tesouros
ocultos. Os Espíritos superiores só revelam coisas úteis e, aos seus
olhos, tesouros não são desse número. Os Espíritos inferiores sentem
maligno prazer em dar falsas indicações.
Quando riquezas enterradas devam ser descobertas, elas serão reveladas
aos que estiverem destinados a usufruí-las, e isso é para eles muita
vez um teste a que os submete a Providência.
249. Que
se deve pensar da crença nos Espíritos guardiães de tesouros ocultos?
[O Livro dos Médiuns, item
295, questão 31.]
“Há Espíritos que vivem no ar, como há os Espíritos da Terra, incumbidos
de dirigir suas transformações interiores. Também é verdade que certos
Espíritos só se interessam por pessoas; porém, pode haver uma categoria
que se interesse por objetos. Como eu te dizia outro dia, avarentos,
que esconderam seus tesouros, e que não se acham ainda suficientemente
desmaterializados, podem ainda, depois de mortos, vigiar essas coisas
até que compreendam a inutilidade de semelhante atitude.”
Quanto mais imperfeita a alma humana, tanto mais ficará
ligada às coisas deste mundo. É assim que o Espírito do avarento, que
escondeu um tesouro, frequentemente se apega ao que lhe dava prazer
durante a vida; e embora essas riquezas não lhe possam mais servir,
ele oporá resistência aos que intentarem descobri-las, até que o tempo
lhe faça compreender a inutilidade de sua vigilância. Com esse objetivo,
pode, pois, o avarento desviar as pesquisas por meio da fascinação,
agindo por si mesmo ou com o auxílio de outros Espíritos tão imperfeitos
quanto ele.
Este o verdadeiro sentido da crença nos Espíritos guardiães
de tesouros ocultos.
250. As
pessoas que não tiveram chance de obter comunicações verbais ou escritas
ficam por isso privadas do socorro das luzes dos Espíritos?
“Não; a inspiração lhes virá em auxílio, sem falar nas circunstâncias
que os Espíritos suscitarem.”
250 a. Não
poderão receber uma inspiração perniciosa?
“Sim; mas quando desejam apenas o bem, o Espírito protetor delas lhes
sugerirá coisa melhor.”
As pessoas que não tiverem possibilidade de obter dos Espíritos
comunicações verbais ou escritas, seja por si mesmas, seja por meio
de médiuns, não ficam por isso privadas do socorro de suas luzes. A
inspiração, suscitada por seus Espíritos familiares ou protetores, bem
como as circunstâncias que estes provoquem, lhes virão em auxílio. E
felizes delas se tiverem bastante fé e vontade para sacudir toda influência
perniciosa!
Evocações.
251. Como
deve ser feita a evocação dos Espíritos?
“É preciso que sejam evocados em nome de Deus Todo-Poderoso e para o
bem de todos.”
251 a. A
fé é necessária para as evocações? [O
Livro dos Médiuns, item 282, questão 13.]
“A fé em Deus, sim.”
251 b. A
crença nos Espíritos também é necessária?
“Não, se quiserdes o bem e se tiverdes o desejo de vos instruir; a crença
virá depois.”
Toda evocação deve ser feita em nome de Deus, com fé, fervor,
recolhimento e para o bem de todos; mas, sobretudo, que o nome de Deus
não seja uma vã palavra nos lábios de quem a profere!
A fé em Deus é necessária. Com relação aos Espíritos, e na ausência
de convicção adquirida por experiência, o amor ao bem e o desejo sincero
de se instruir são suficientes para que se obtenham manifestações sérias.
252. Qualquer
pessoa pode evocar os Espíritos?
“Sim.”
252 a. O
Espírito evocado atende sempre ao chamado que lhe é feito? [O
Livro dos Médiuns, item 282, 2ª questão.]
“Sim, se tiver permissão para isso.”
Qualquer pessoa pode evocar um ou vários Espíritos determinados,
e o evocado atende a esse apelo, conforme as circunstâncias em que se
ache, se o puder e se lhe for permitido fazê-lo.
253. O
Espírito evocado manifesta sempre sua presença de maneira ostensiva?
“Não, pois nem sempre tem permissão para isso; mas se estiver ao lado
da pessoa que o evoca, ele a assistirá e lhe suscitará bons pensamentos.”
Se não manifestar sua presença de maneira ostensiva, o Espírito
evocado sempre se dará a conhecer, desde que se ache em condições propícias
e esteja ao lado daquele que o evoca, auxiliando-o na medida de suas
possibilidades.
254. Reunidos
em comunhão de pensamentos e de intenções, os homens dispõem de mais
poder para evocar os Espíritos? [O
Livro dos Médiuns, item 282, questão 14.]
“Sim; quando estão reunidos pela fé e para o bem geral, os homens obtêm
grandes coisas.”
254 a. São
preferíveis as evocações em dias e horas determinados? [O
Livro dos Médiuns, item 282, questão 16.]
“Sim, e no mesmo lugar, pois os Espíritos aí comparecem com mais satisfação
e mais facilmente. O desejo constante que tendes é que auxilia os Espíritos
a se porem em comunicação convosco.”
Quando reunidos em comunhão de pensamentos e de intenções,
com fé e sincero desejo do bem, os homens se tornam mais poderosos para
evocar os Espíritos superiores. Ao elevarem a alma por alguns
instantes, graças ao recolhimento na hora da evocação, identificam-se
com os Espíritos bons que, então, vêm a eles mais facilmente.
As evocações feitas em épocas regulares, em dias e horas fixos e num
mesmo lugar, são mais favoráveis às manifestações sérias. Os Espíritos
têm suas ocupações, e nem sempre as deixam de repente.
255. O
Espírito evocado vem espontaneamente, ou constrangido? [O
Livro dos Médiuns, item 282, 8ª questão.]
“Ele obedece à vontade de Deus, isto é, à lei geral que rege o Universo.
Todavia, a palavra constrangido não se ajusta ao caso, já que
o Espírito julga da utilidade de vir, ou deixar de vir. Ainda aí exerce
o livre-arbítrio.”
Comparecendo à evocação, os Espíritos obedecem à necessidade
de ordem geral das coisas, conquanto permaneçam senhores de si, conforme
o grau de sua elevação e a utilidade das comunicações que se solicitam
deles. É por isso que demoram mais ou menos tempo ou adiam suas respostas.
256. A
evocação é agradável ou penosa para os Espíritos? [O
Livro dos Médiuns, item 282, 20ª questão.]
“Conforme o pedido que se lhes faça. Quando o objetivo é louvável, a
evocação constitui para eles coisa agradável e mesmo atraente.”
256 a. Os
Espíritos veem com prazer as pessoas que buscam instruir-se?
“Sim, elas são as mais estimadas dos Espíritos bons e deles obtêm os
meios de alcançar a verdade.”
Os Espíritos comparecem à evocação com maior ou menor satisfação,
conforme o objetivo daqueles que os chamam.
Para os Espíritos superiores,
não é penoso nem desagradável comparecerem ao chamado toda vez que o
fim é sério e louvável; longe disso! Comparecerão com prazer, porque
estimam aqueles que procuram instruir-se elevando sua inteligência para
o infinito.
257. Há
necessidade de evocar os Espíritos, toda vez que desejarmos que se manifestem?
[O Livro dos Médiuns,
item 282, questão 22.]
“Não; frequentemente eles se apresentam sem serem chamados, e aí está
a prova de que é por missão que o fazem, e não por se apegarem ao médium.”
257 a. Compreende-se
que seja assim com relação aos que vêm comunicar boas coisas; mas, quanto
aos que vêm dizer torpezas, qual seu objetivo?
“É ainda uma missão, a fim de porem à prova vosso caráter.”
Nas manifestações escritas ou outras, os Espíritos comparecem
às vezes espontaneamente, sem chamada direta. Trata-se, nesse caso,
de missão que eles vêm cumprir, seja para nos instruírem, seja para
nos porem à prova.
Em geral, os Espíritos que se manifestam sem evocação fazem-se reconhecer
por um nome qualquer, seja pelo nome de uma das pessoas mais conhecidas,
nas quais estiveram encarnados na Terra, seja por um nome alegórico
ou de fantasia. (Nota 11).
258. Os
Espíritos superiores procuram encaminhar as reuniões fúteis a propósitos
mais sérios? [O Livro dos
Médiuns, item 231, 3ª questão.]
“Sim, tratam de influenciá-las e dão bons conselhos; mas, quando veem
que não são ouvidos, retiram-se, deixando aos Espíritos levianos toda
liberdade para se divertirem à custa dos que os escutam.”
258 a. É
proibido aos Espíritos inferiores comparecerem às reuniões sérias? [O
Livro dos Médiuns, item 231, 4ª questão.]
“Não, mas eles se calam, a fim de aproveitarem dos ensinamentos
que vos são dados.”
Os Espíritos superiores se afastam das reuniões levianas
em que predominam o capricho, a futilidade e as paixões terrenas, quando
reconhecem que sua presença é inútil. Deixam, então, o campo livre aos
Espíritos levianos, que aí são mais bem ouvidos.
Os Espíritos imperfeitos não são excluídos das reuniões sérias; a elas
comparecem para se instruírem, visto que o progresso é lei comum; entretanto,
permanecem calados em presença de Espíritos superiores, como estouvados
numa reunião de pessoas ajuizadas.
259. Podem
os Espíritos adornar-se com um nome venerado?
“Sim, isso acontece algumas vezes, mas se descobre facilmente. Ademais,
eles não podem tomar um nome venerado se o Espírito bom tem supremacia,
razão pela qual se faz a evocação em nome de Deus. Anda direito e nada
terás a temer.”
259 a. Podemos
obrigar os Espíritas a se identificarem ou a se retirarem?
“Sim, todos se inclinam diante do nome de Deus.”
259 b. Como
se pode constatar a identidade dos Espíritos que se apresentam? [O
Livro dos Médiuns, itens 255 a 261.]
“Estudai sua linguagem, e as circunstâncias vos farão reconhecê-los.”
Os Espíritos imperfeitos tomam algumas vezes nomes venerados,
quer por malícia, quer para enganar a boa-fé e induzir mais seguramente
ao erro; não podem, todavia, sustentar por longo tempo seu papel. O
caráter de suas respostas logo nos faz descobrir o embuste, não deixando
nenhuma dúvida sobre a natureza do Espírito que se apresenta.
Além disso, seja quem for, o Espírito não pode recusar-se a revelar
seu verdadeiro nome, nem se retirar, caso seja citado a fazê-lo em nome
de Deus, visto que todos se inclinam ante esse nome temível, quando
invocado com fervor.
260. Quando
a evocação é feita de maneira geral e sem designação especial, qual
o Espírito que se apresenta?
“O que estiver mais próximo de vós no momento, ou aquele que tenha mais
simpatia por vós.”
Quando a evocação é feita de maneira geral e sem designação
especial, o Espírito que comparece é o que estiver mais próximo de vós
naquele momento ou que tenha mais simpatia pelo centro em que é feita
a evocação.
261. O
Espírito que costuma apresentar-se a certas pessoas pode deixar de comparecer?
“Sim.”
261 a. Que
causa o pode impedir de vir?
“Sua vontade, se notar que sua presença é inútil; pode, também, estar
ocupado em outra parte, ou, ainda, não ter permissão para acudir ao
chamado naquele momento.”
O Espírito que habitualmente vem para junto de certas pessoas
pode às vezes deixar de vir, seja de maneira definitiva, seja por um
tempo mais ou menos longo. Isso pode ser efeito de sua vontade, ou de
sua necessidade de estar em outro lugar, ou, ainda, porque não tenha
permissão para vir nesse momento.
262. Os
Espíritos puros, isto é, os que já terminaram a série de suas encarnações,
podem ser evocados? [O Livro
dos Médiuns, item 282, questão 31.]
“Sim, são os Espíritos superiores e bem-aventurados; porém, eles só
se comunicam com os homens de coração puro e sincero e não com os
orgulhosos e egoístas. Por isso mesmo, é preciso desconfiar dos
Espíritos inferiores que lhes tomam o nome.”
262 a. Podemos
evocar o Espírito de nossos parentes e amigos e entrar em comunicação
com eles? [O Livro dos Médiuns,
item 274.]
“Sim, e quando são felizes, gostariam muito que compreendêsseis não
haver razão alguma para vos afligirdes pelo fato de eles não mais estarem
na Terra.”
A possibilidade de evocar não é circunscrita; estende-se
a todos os seres incorpóreos, seja qual for o grau que ocupem na hierarquia
espírita: aos Espíritos puros como aos Espíritos inferiores; ao Espírito
de nossos parentes e amigos, com os quais podemos entrar em comunicação;
aos dos homens mais ilustres, como aos dos mais obscuros, qualquer que
seja, aliás, a antiguidade da existência que lhes atribuamos na Terra
ou o lugar do Universo que habitem, porque, para os Espíritos, o tempo
e o espaço se apagam diante do infinito.
263. Como
podem os Espíritos, dispersos pelos diferentes mundos, ouvir as evocações
que lhes são feitas de todos os pontos do Universo, e estar sempre prontos
a atender instantaneamente ao nosso chamado? [O
Livro dos Médiuns, item 282, 5ª questão.]
“Os Espíritos familiares que nos rodeiam saem à procura daqueles que
evocais e os trazem quando estes podem vir, porque sempre
prontos não é o termo, visto como nem sempre aqueles que evocais
têm possibilidade de vir; e, depois, caso estejam encarnados, as necessidades
de seus corpos podem retê-los, razão pela qual nem sempre vos atendem
imediatamente, deixando-vos mais cedo do que gostaríeis.”
263 a. Levando-se
em conta que, de certo modo, os Espíritos familiares servem de mensageiros
nas evocações, exerceriam eles alguma influência na vinda dos evocados?
“Sem dúvida; eles trazem mais facilmente aqueles que lhes são simpáticos
e, quando são imperfeitos, não podem simpatizar com os Espíritos superiores.”
Nem sempre os Espíritos evocados atendem ao nosso chamado
imediatamente, visto como não estão constantemente ao nosso lado; mas
nossos Espíritos familiares, que nos acompanham sempre, vão à procura
deles. Os Espíritos evocados podem estar encarnados ou ocupados; sua
vinda é muitas vezes adiada, porque lhes é preciso algum tempo para
se desprenderem e nem sempre podem deixar de repente o que estão fazendo.
Esta a razão por que são preferíveis as evocações em dias e horas fixos,
porque os Espíritos, estando prevenidos, ficam preparados, e também
porque estimam e recomendam a pontualidade.
Os Espíritos evocados comparecem com maior ou menor prazer, conforme
a simpatia que lhes inspira o Espírito que os evoca. Julgam o evocador
pelas qualidades de seu mensageiro, razão pela qual as pessoas cujo
caráter atrai Espíritos imperfeitos, entram mais dificilmente em relação
com Espíritos superiores.
264. Como
se explica que o Espírito dos homens mais ilustres atenda com tanta
facilidade e familiaridade ao chamado dos homens mais obscuros? [O
Livro dos Médiuns, item 282, questão 32.]
“Os homens julgam os Espíritos de acordo com eles mesmos, o que é um
erro. Após a morte do corpo, eles não são uns mais que os outros; só
os bons são superiores e estes vão a toda parte onde haja um bem que
possam fazer.”
Não há razão alguma para nos admirarmos de ver o Espírito
das mais ilustres personagens da Terra atenderem à evocação dos mais
humildes mortais. Quando deixam a Terra, ficam despojados de toda e
qualquer grandeza mundana; aquele que foi o maior homem neste mundo,
poderá vir a ser muito pequeno no mundo dos Espíritos, porquanto, em
tal mundo, só a virtude confere superioridade; se forem bons, virão
para o bem.
265. O
Espírito evocado ao mesmo tempo em muitos lugares pode responder simultaneamente
às perguntas que lhe são dirigidas? [O
Livro dos Médiuns, item 282, 30ª questão.]
“Responde de início àquele que o evoca em primeiro lugar ou ao que possuir
mais virtude. Muitas vezes é capaz de responder ao mesmo tempo, se as
duas evocações forem tão sérias e fervorosas quer uma quer outra; depois,
ainda há um mistério: é que, por desígnio da divina Providência, tais
evocações costumam ter quase sempre a mesma finalidade, e a mesma resposta
poderá servir às duas, e ser ouvida pelas duas.”
Evocado ao mesmo tempo em vários locais diferentes, o Espírito
responde inicialmente à pessoa que o evocar primeiro ou à que possuir
mais virtude, ou também ainda àquela cujo fervor seja maior e mais útil
a finalidade; adia outra para uma época determinada; mas pode também
responder simultaneamente a diversas evocações, se for idêntico o objetivo.
Quanto mais puro e elevado, tanto mais sua mente irradia e
se expande como a luz. Tal como uma fagulha que projeta ao longe sua
claridade e pode ser percebida de todos os pontos do horizonte.
266. Podemos
evocar vários Espíritos com vistas ao mesmo objetivo?
“Sim; se houver simpatia entre eles, agirão de acordo e terão mais força.”
266 a. Quando
vários Espíritos são evocados simultaneamente, qual o que responde?
[O Livro dos Médiuns,
item 282, questão 28.]
“Um deles responde por todos.”
Podemos evocar simultaneamente vários Espíritos para concorrerem
ao mesmo fim. Os que atendem a esse apelo coletivo são Espíritos simpáticos
entre si. Neste caso, um deles responderá em nome de todos, como se
fora a expressão do pensamento coletivo.
267. Como
se explica que dois Espíritos evocados simultaneamente e falando por
dois médiuns diferentes possam trocar entre si palavras hostis? Não
deveriam estar acima de semelhantes fraquezas?
“Os Espíritos inferiores estão sujeitos às vossas paixões, e quando
não simpatizam entre si, podem travar discussões. Frequentemente, porém,
julgais que somos nós que discutimos, quando sois vós que o fazeis;
muitas vezes, quando vos obstinais em demasia e não nos deixais falar
convenientemente, calamo-nos; nesse caso, os Espíritos travessos, ou
mesmo os vossos, ficam discutindo. Eis tudo.”
Dois Espíritos evocados simultaneamente podem responder
cada qual por um médium diferente e estabelecer entre si conversação
sobre determinado assunto. O caráter da palestra corresponde ao grau
de superioridade dos Espíritos ou à simpatia que exista entre eles.
Será grave e instrutiva se forem igualmente superiores e animados do
mesmo pensamento para o bem. Caso contrário, ou segundo a influência
que possa exercer a alma do médium ou dos assistentes sobre as comunicações,
a discussão poderá tomar um caráter passional, caracterizado por troca
de palavras mais ou menos acerbas. O domínio da situação, porém, fica
sempre com o Espírito mais elevado, que constrange o outro a calar-se.
268. Podemos
evocar o Espírito de uma pessoa no instante da morte?
“Sim.”
268 a. Embora
a separação da alma e do corpo se dê instantaneamente, 109
o Espírito tem de imediato percepção clara e nítida de sua nova situação?
“Não; o Espírito precisa de algum tempo para reconhecer-se, até que
se ache completamente desprendido da matéria.”
O Espírito pode ser evocado no instante mesmo da morte da
pessoa que ele animava; contudo, embora a separação da alma e do corpo
se faça instantaneamente, é-lhe preciso algum tempo para desprender-se
por completo da matéria e reconhecer-se. Esta a razão por que, muitas
vezes, as primeiras respostas exprimem certa confusão de ideias, até
que o Espírito se familiarize com sua nova situação. (Nota
12).
269. Podemos
evocar o Espírito de uma criança morta em tenra idade?
“Sim.”
269 a. Como
nos responderá ela, se morreu numa idade em que não tinha consciência
de si mesma?
“A alma da criança é um Espírito ainda envolto nas faixas da matéria;
porém, liberto da matéria, goza de suas faculdades de Espírito, porque
os Espíritos não têm idade.” [O
Livro dos Médiuns, item 282, questão 35.]
Ao ser evocado, as respostas dadas pelo Espírito de uma
criança morta em tenra idade serão tão positivas quanto as do Espírito
de um adulto, uma vez que não existe idade para os Espíritos. Liberto
dos liames terrestres, ele recobra suas faculdades, seja qual for a
idade do ser que haja animado. Todavia, até que se desmaterialize completamente,
conserva na linguagem alguns vestígios do caráter da infância.
270. Os
Espíritos encarnados em outros mundas podem manifestar-se?
“Sim, e mesmo os que estão reencarnados na Terra. Quanto menos grosseira
for a matéria de seu corpo, tanto mais lhes será fácil desprender-se
dela.”
O Espírito evocado pode estar livre, isto é, no estado de
Espírito errante. Pode, também, estar reencarnado em outro globo ou
no nosso. Quanto mais elevada sua nova existência corpórea, tanto menos
o Espírito se achará ligado à matéria, e mais facilmente se comunicará
conosco.
271. Pode-se
evocar o Espírito de uma pessoa viva? [O
Livro dos Médiuns, item 284, questão 38.]
“Sim, visto que se pode evocar um Espírito reencarnado. O Espírito de
um vivo também pode, em seus momentos de liberdade, apresentar-se sem
ser evocado, dependendo da simpatia que tenha pelas pessoas com
quem se comunica.”
271 a. Em
que estado se acha o corpo da pessoa cujo Espírito é evocado? [O
Livro dos Médiuns, item 284, questão 39.]
“Dorme ou cochila; é quando o Espírito está livre.”
271 b. Que
faz o Espírito quando o corpo acorda?
“É forçado a entrar em seu corpo; é então que vos deixa e quase
sempre vos diz a razão disso”. (Nota 13).
O Espírito de uma pessoa viva, presente ou ausente, pode
comunicar-se, seja espontaneamente, seja pela evocação, e responder
por intermediação do médium às perguntas que lhe forem dirigidas. Tal
comunicação só se dá nos momentos em que o Espírito goza de certa liberdade,
isto é, durante o sono do corpo. Pode ocorrer espontaneamente, quando
o Espírito já se acha quase desprendido, ou então quando Deus lhe concede
essa faculdade, tendo em vista a transmissão de um ensinamento.
Se a evocação for feita em estado de vigília, provoca o sono, ou pelo
menos a prostração das forças físicas e intelectuais.
272. Uma
pessoa viva tem consciência de que foi evocada? [O
Livro dos Médiuns, item 284, questão 44.]
“Não; vós mesmos o sois mais frequentemente do que pensais.”
272 a. Quem
nos poderia evocar, se somos seres tão obscuros?
“Em outras existências, podeis ter sido personagens conhecidas neste
mundo ou em outros; além disso, tendes também vossos parentes e amigos
neste mundo e em outros. Suponhamos que vosso Espírito haja animado
o corpo do pai de outra pessoa. Pois bem! Quando essa pessoa evocar
o Espírito de seu pai, é vosso Espírito que será evocado e que responderá.”
272 b. Quando
evocado, o Espírito de uma pessoa viva responde como Espírito ou com
as ideias do estado de vigília?
“Isso depende de sua elevação; julga, porém, de maneira mais sensata
e tem menos prejuízos, absolutamente como os sonâmbulos; é um estado
similar.”
272 c. Poder-se-iam
modificar as ideias do estado normal, atuando sobre o Espírito? 110
“Sim, algumas vezes.”
Ao ser evocada, uma pessoa viva responde como o faria diretamente
ela mesma; entretanto, em tal estado, seu Espírito não fica mais sujeito
à matéria por laços tão íntimos, embora permanecendo sempre sob a influência
das paixões terrenas. É por isso que pode julgar as coisas com mais
retidão e com menos prejuízos, podendo mesmo, até certo ponto, tornar-se
acessível às impressões que queiram fazê-lo sofrer, impressões essas
que, quando ele se acha em seu estado normal, podem influir sobre sua
maneira de ver.
A pessoa viva evocada, quando em seu estado normal, não tem consciência
do fato; só seu Espírito o sabe. No entanto, pode deixar dele vaga impressão,
tal como a de um sonho.
O Espírito irradia-se às vezes para o local da evocação sem deixar o
corpo; neste caso, a pessoa evocada pode manter todas as faculdades
de sua vida de relação, ou conservar parte delas. Se estiver presente,
pode interrogar seu próprio Espírito e responder a si mesma.
273. A
evocação de uma pessoa viva terá algum inconveniente? [O
Livro dos Médiuns, item 284, questão 53.]
“Sim, pois nem sempre é isenta de perigo; vai depender das circunstâncias
em que se ache a pessoa evocada, porque, se estiver doente, a evocação
poderá aumentar seus sofrimentos.”
273 a. Já
que podemos ser evocados à nossa revelia, estaremos, porventura, expostos
a perigo permanente, e certas mortes súbitas não se devem a essa causa?
“Não; as circunstâncias não são as mesmas.”
Nem sempre a evocação de uma pessoa viva é isenta de inconvenientes.
A brusca suspensão de suas faculdades intelectuais poderia oferecer-lhe
perigo, se, nesse momento, ela necessitasse de toda sua presença de
espírito. Além disso, se estiver debilitada pela idade, ou pelas moléstias,
seus sofrimentos poderão ser aumentados com o afrouxamento dos laços
que unem a alma ao corpo.
274. Se
evocarmos uma pessoa, cuja sorte nos seja desconhecida, podemos saber
dela mesma se ainda existe? [O
Livro dos Médiuns, item 292, questão 23.]
“Sim.”
274 a. Se
tiver morrido, poderá relatar as circunstâncias de sua morte? [O
Livro dos Médiuns, item 292, questão 23 a.]
“Sim; se der alguma importância a isso, poderá fazê-lo. A não ser assim,
pouco se incomodará.”
Da possibilidade de evocar uma pessoa viva decorre a de
evocar outra cujo paradeiro nos seja desconhecido, e de saber assim
por ela mesma se ainda se acha neste mundo. As informações que seu Espírito
nos forneça guardam relação com a importância que ele atribua às coisas
da Terra.
275. O
Espírito evocado de uma pessoa viva é livre para dizer o que quiser?
[O Livro dos Médiuns,
item 284, questão 48.]
“Sim; ele tem suas faculdades de Espírito e, por conseguinte, seu livre-arbítrio.”
275 a. Se
a pessoa souber que foi evocada, sua vontade poderá influir nas respostas
de seu Espírito?
“Sim.”
275 b. Se
a evocação for feita à revelia, a vontade da pessoa evocada exercerá
alguma influência?
“O Espírito só diz o que quer.”
275 c. Em
face disto, não se poderia obrigar uma pessoa evocada a dizer o que
não quisesse falar? [O Livro
dos Médiuns, item 284, questão 49.]
“Não, a menos que o próprio indivíduo o queira.”
Quando a pessoa viva tem conhecimento da evocação no exato
momento em que esta ocorre, sua vontade pode ditar as respostas transmitidas
pelo médium. Se, ao contrário, a evocação se fizer à sua revelia, as
respostas, sendo espontâneas, podem exprimir o pensamento real do indivíduo,
caso ele não tenha nenhum interesse em disfarçá-lo.
O Espírito conserva sempre seu livre-arbítrio e só dirá o que queira
dizer; como, porém, tem mais perspicácia, age com mais cautela do que
no estado de vigília. Laboraríamos em erro se pretendêssemos, por mero
abuso, arrancar de alguém um segredo que ele queira guardar. (Nota
14).
276. Duas
pessoas, que se evocassem reciprocamente, poderiam corresponder-se,
transmitindo de uma a outra seus pensamentos? [O
Livro dos Médiuns, item 285, questão 58.]
“Sim, e essa telegrafia humana será um dia um meio universal de correspondência.”
276 a. Por
que não poderá ser praticada desde agora? [O
Livro dos Médiuns, item 285, questão 58 a.]
“Já é praticada por algumas pessoas, mas não por todos. É preciso que
os homens se depurem, a fim de que seus Espíritos se desprendam
da matéria e isso constitui uma razão a mais para que a evocação se
faça em nome de Deus.”
Duas pessoas que se evocassem mutuamente poderiam corresponder-se
e transmitir de uma a outra os pensamentos, cada qual de seu lado, seja
qual for a distância que estiverem uma da outra.
Essa telegrafia humana se tornará universal e será um dia o meio mais
rápido e mais simples de comunicação entre os homens, quando seus Espíritos,
depurando-se, puderem isolar-se da matéria com mais facilidade. Até
lá, a telegrafia humana continuará circunscrita às almas de escol.
[105]
N. T.: Conforme anunciou no “Aviso” que serve de prefácio à 2ª edição
de O Livro dos Espíritos, Allan Kardec julgou por bem suprimir
da 1ª edição de O Livro dos Espíritos o ensino relativo às manifestações
espíritas propriamente ditas, e aos médiuns em geral — objeto deste
capítulo — por constituírem, de certo modo, uma parte distinta da filosofia,
requerendo estudo especial em volume à parte, providência que foi concretizada
em 1861, com a publicação de O Livro dos Médiuns. É por esta
razão que inserimos, no presente capítulo, algumas referências a esse
livro, a fim de que o leitor possa confrontá-las com a palavra abalizada
dos Espíritos da Codificação sobre o assunto aqui ventilado (mediunidade).
[106] N. T.: O mesmo que médiuns impressionáveis.
[107]
N. T.: Em O Livro dos Médiuns, item 288.5, esta resposta é mais abrangente: “Por ambas essas causas.
Há coisas que não podem ser reveladas e outras que o próprio Espírito
desconhece”.
[108]
N. T.: Esta resposta é muito mais abrangente em O
Livro dos Médiuns, conforme se depreende deste pequeno trecho:
“A ciência é obra do gênio. Só deve ser adquirida pelo trabalho, pois
é somente pelo trabalho que o homem se adianta no seu caminho. Que mérito
teria ele se não lhe bastasse senão interrogar os Espíritos? A esse
preço, qualquer imbecil poderia tornar-se sábio. O mesmo se dá com as
invenções e descobertas industriais [...]”.
[109]
N. T.: “instantaneamente” não é bem o termo. Ver questão 155 a, da edição
definitiva (1860) de O Livro
dos Espíritos.
[110] N. T.: Mais tarde, Allan Kardec modificou a redação desta pergunta,
de modo a torná-la mais compreensível. Na edição definitiva de O Livro
dos Médiuns ela está assim concebida: “Poder-se-iam modificar as ideias
de uma pessoa em estado de vigília, atuando sobre seu Espírito durante
o sono?”