Para muitas pessoas, o temor da revelação de segredos íntimos é uma causa de apreensão e repulsa contra o sonambulismo e o Espiritismo. Segundo tal gente, há nessa revelação um perigo social e, sendo assim, é preciso proscrever o que alguns chamam de práticas supersticiosas, e outros de práticas diabólicas. Tais indivíduos não se dão conta de que reconhecer o perigo de uma coisa equivale a reconhecer essa coisa. Ou o fato existe ou não existe; se não existe, por que se preocupar com ele? Cairá por si mesmo; se existe, fosse ele mil vezes perigoso, e devesse mesmo estremecer o mundo, não haveria proscrição capaz de o aniquilar. Se alguma vez a Natureza fornecer ao homem um meio de desnudar seus pensamentos mais íntimos, será uma nova ordem de coisas e uma transformação nos costumes, nos hábitos e no caráter; com ela precisamos nos acostumar, como aceitamos a transformação social produzida pela imprensa, pelas novas doutrinas políticas, pelo vapor, pelo trem, etc. Será, é preciso convir nisto, o aniquilamento da hipocrisia, e somente aqueles que tiverem interesse em ficar na sombra é que poderão lastimar isso; não, porém, quem puder dizer como o sábio: gostaria que minha casa fosse de vidro, a fim de que todo mundo visse o que faço.