Observações preliminares. (1-6.)
— Dos Espíritos. (7-21.)
— Comunicação com o mundo invisível. (22-49.)
— Fim providencial das manifestações espíritas. (50-53.)
— Dos médiuns. (54-69.)
— Escolhos dos médiuns. (70-78.)
— Qualidade dos médiuns. (79-88.)
— Charlatanismo. (89-92.)
— Identidade dos Espíritos.
(93-96.) — Contradições. (97-99.)
— Consequências do Espiritismo. (100-104.) |
IDENTIDADE DOS ESPÍRITOS.
93. — Uma vez que entre os Espíritos se encontram todas as fraquezas da Humanidade, não podem deixar de existir entre eles os ardilosos e os mentirosos; alguns não têm o menor escrúpulo de se apresentar sob os mais respeitáveis nomes, com o 8m de inspirarem mas confiança. Devemos, pois, abster-nos de crer de um modo absoluto na autenticidade de todas as assinaturas de Espíritos.
94. — A identidade é uma das grandes dificuldades do Espiritismo prático, sendo muitas vezes impossível verificá-la, sobretudo quando se trata de Espíritos superiores, antigos relativamente à nossa época. Entre os que se manifestam, muitos não têm nomes para nós; então, para fixar as nossas ideias, eles podem tomar o de um Espírito conhecido, da mesma categoria da sua, de tal sorte que, se um Espírito se comunicar com o nome de São Pedro, por exemplo, nada nos prova que seja precisamente o apóstolo desse nome; tanto pode ser ele como outro da mesma ordem, como ainda um enviado seu.
A questão da identidade é, neste caso, inteiramente secundária e seria pueril atribuir-lhe importância; o que importa é a natureza do ensino: é bom ou mau, digno ou indigno da personagem que o assina? Esta o subscreveria ou desaprovaria? Eis a questão.
95. — A identidade é mais fácil de ser averiguada quando se trata de Espíritos contemporâneos, cujo caráter e hábitos sejam conhecidos, porque é por esses mesmos hábitos e particularidades da vida privada que a identidade se revela mais seguramente e, muitas vezes, de modo incontestável. guando se evoca um parente ou um amigo, é a personalidade que interessa; nesse caso, é muito natural que se busque a identidade; entretanto, os meios que geralmente emprega para isso quem não conhece o Espiritismo, senão imperfeitamente, são insuficientes e podem induzir em erro.
96. — O Espírito revela sua identidade por grande número de circunstâncias que chamam a atenção nas comunicações, nas quais se refletem seus hábitos, caráter, linguagem e até locuções familiares. Ela se revela ainda nos detalhes íntimos em que entra espontaneamente, com as pessoas a quem ama: são as melhores provas; é muito raro, porém, que ele satisfaça às perguntas diretas que lhe são feitas, sobretudo se o forem por pessoas que lhe são indiferentes, com intuito de curiosidade ou de prova. O Espírito demonstra a sua identidade como quer e pode, conforme o gênero de faculdade do seu intérprete e, muitas vezes, essas provas são abundantes; o erro está em querer que ele as dê como deseja o evocador; é então que o Espírito recusa sujeitar-se às exigências. (O Livro dos Médiuns, capítulo XXIV: “Identidade dos Espíritos”; Revista Espírita, março de 1862, pág. 82: “Carrère - Constatação de identidade”.)