Observações preliminares. (1-6.)
— Dos Espíritos. (7-21.)
— Comunicação com o mundo invisível. (22-49.)
— Fim providencial das manifestações espíritas. (50-53.)
— Dos médiuns. (54-69.)
— Escolhos dos médiuns. (70-78.)
— Qualidade dos médiuns. (79-88.)
— Charlatanismo. (89-92.)
— Identidade dos Espíritos. (93-96.)
— Contradições. (97-99.)
— Consequências do Espiritismo. (100-104.) |
CHARLATANISMO.
89. — Certas manifestações espíritas se prestam à imitação com muita facilidade; mas, pelo fato de terem sido exploradas, como tantos outros fenômenos, pelos prestidigitadores e charlatães, seria absurdo acreditar-se que elas não existam. Quem estudou e conhece as condições normais em que elas se dão, distingue facilmente a imitação da realidade; além disso, a imitação nunca é completa e só ilude o ignorante, incapaz de captar os matizes característicos do fenômeno verdadeiro.
90. — As manifestações que se imitam com mais facilidade são as de efeitos físicos e as de efeitos inteligentes vulgares, como movimentos, pancadas, transportes, escrita direta, respostas banais, etc.; não se dá o mesmo, porém, com as comunicações inteligentes de grande valor; para imitar as primeiras, bastam destreza e habilidade, enquanto para simular as últimas se torna preciso, quase sempre, uma instrução pouco comum, uma superioridade intelectual excepcional e uma faculdade de improvisação a bem dizer universal.
91. — Os que não conhecem o Espiritismo são geralmente induzidos a suspeitar da boa-fé dos médiuns; só o estudo e a experiência lhes poderão oferecer os meios de se certificarem da realidade dos fatos; fora disso, a melhor garantia que podem ter está no desinteresse absoluto e na honradez do médium; há pessoas que, por sua posição e caráter, estão acima de qualquer suspeita. Se a tentação do lucro pode estimular a fraude, o bom senso diz que o charlatanismo não se mostra onde nada tem a ganhar.. (O Livro dos Médiuns, capítulo XXVIII — “Charlatanismo e embuste”: Médiuns interesseiros, nº 304 e seguintes; Fraudes espíritas, nº 314 e seguintes; e Revista Espírita, fevereiro de 1862, pág. 52: “Novos médiuns americanos em Paris”.)
92. — Entre os adeptos do Espiritismo, encontram-se entusiastas e exaltados, como em todas as coisas; são, em geral, os piores propagadores, porque a facilidade com que aceitam todas as coisas, sem um exame aprofundado, desperta desconfiança. O espírita esclarecido repele esse entusiasmo cego, observa com frieza e calma, evitando, desse modo, ser vítima de ilusões e mistificações. Posta de lado toda questão de boa-fé, A observador novato deve, antes de tudo, levar em Conta a gravidade do caráter daqueles a quem se dirige.