Observações preliminares. (1-6.)
— Dos Espíritos. (7-21.)
— Comunicação com o mundo invisível. (22-49.)
— Fim providencial das manifestações
espíritas. (50-53.) — Dos médiuns. (54-69.)
— Escolhos dos médiuns. (70-78.)
— Qualidade dos médiuns. (79-88.)
— Charlatanismo. (89-92.)
— Identidade dos Espíritos. (93-96.)
— Contradições. (97-99.)
— Consequências do Espiritismo. (100-104.) |
FIM PROVIDENCIAL DAS MANIFESTAÇÕES ESPÍRITAS.
50. — O fim providencial das manifestações espíritas é convencer os incrédulos de que nem tudo se acaba para o homem com a extinção da vida terrestre, e dar aos crentes ideias mais justas do futuro. Os Espíritos bons nos vêm instruir para nosso melhoramento e avanço e não para revelar-nos o que não devemos saber ainda, ou que só devemos conseguir pelo nosso trabalho. Se bastasse interrogar os Espíritos para obter a solução de todas as dificuldades científicas, ou para fazer descobertas e invenções lucrativas, qualquer ignorante podia tornar-se sábio sem estudar, todo preguiçoso ficar rico sem trabalhar; é o que Deus não quer. Os Espíritos ajudam os homens de gênio pela inspiração oculta, mas não os dispensam do trabalho nem das pesquisas, a fim de lhes deixar o mérito.
51. — Faria ideia bem falsa dos Espíritos quem neles quisesse ver auxiliares dos leitores da buena-dicha. Os Espíritos sérios se recusam a ocupar de coisas fúteis; os Espíritos levianos e zombeteiros tratam de tudo, respondem a tudo, predizem tudo o que se quer, sem se importarem com a verdade, e encontram maligno prazer em mistificar as pessoas demasiado crédulas. Eis por que é essencial conhecer-se perfeitamente a natureza das perguntas que se podem dirigir aos Espíritos. (O Livro dos Médiuns, nº 286: “Perguntas que se podem fazer aos Espíritos”.)
52. — Fora daquilo que possa ajudar o nosso progresso moral, só há incerteza nas revelações que se podem obter dos Espíritos. A primeira consequência má, para aquele que desvia sua faculdade do fim providencial, é ser mistificado pelos Espíritos enganadores que pululam ao redor dos homens; a segunda é cair sob o domínio desses mesmos Espíritos, que podem, por meio de pérfidos conselhos, conduzi-lo a desgraças reais e materiais na Terra; a terceira é perder, depois da vida terrestre, o fruto do conhecimento do Espiritismo.
53. — As manifestações não se destinam, pois, a servir aos interesses materiais; sua utilidade está nas consequências morais que delas decorrem; contudo, ainda mesmo que só tivessem como resultado tornar conhecida uma nova Lei da Natureza, demonstrar materialmente a existência da alma, já seria muito, porque era novo e vasto caminho aberto à Filosofia.