PROGRESSÃO DOS ESPÍRITOS.
18. — Os Espíritos se purificam e se esclarecem passando pelas provas da vida corporal.
A duração da existência corporal não é mais que um instante em comparação com a duração indefinida da vida espírita, uma só destas existências é insuficiente para a purificação completa dos Espíritos; é por isso que eles realizam tudo quanto lhes é necessário para atingirem a perfeição.
19. — No intervalo das suas existências corporais, os Espíritos estão no estado errante. A erraticidade não é um sinal de inferioridade entre os Espíritos, é seu estado normal fora da existência corpórea, esta existência é, para eles, um estado transitório e passageiro. Há assim Espíritos errantes em todos os graus da escala espírita [à exceção dos Espíritos da Primeira ordem, os Espíritos puros].
20. — O número de existências corporais de cada Espírito não é absoluto. O Espírito se purifica mais ou menos rapidamente de acordo com a sua vontade; depende dele abreviar o número e a duração das suas provas.
21. — O Espírito que passou por todas as existências corpóreas, necessárias à sua depuração, já não tem mais que sofrer: é Puro Espírito, e goza de uma felicidade suprema na vida eterna.
22. — Durante cada existência corpórea, o Espírito adquire novos conhecimentos e um acréscimo de experiência que fá-lo progredir. Cada existência é, assim, para ele, a ocasião de um passo a mais na via do progresso; é para ele como os dias na vida do homem, que pode ou não aproveitar da experiência que cada dia lhe oferece.
23. — O que o Espírito adquire em ciência e moralidade em cada existência corpórea não perde jamais. Uma existência pode ser, para ele, mais ou menos vantajosa segundo a sua vontade; se ele não a aproveita senão pouco ou não der nenhum fruto pela sua negligência, prolonga a duração das suas provas permanecendo estacionário, mas ele não retrograda.
24. — Entre as diferentes espécies orgânicas da criação, Deus escolheu o homem para a encarnação dos Espíritos; é por isso que ele se distingue das outras espécies pela intuição que tem da divindade e da vida futura, a consciência do bem e do mal, a sua aptidão para compreender as coisas fora do mundo corpóreo, e o alcance indefinido da sua inteligência, que não se limita ao interesse da conservação e da satisfação das necessidades materiais. As diferentes existências corpóreas do Espírito se realizam, assim, sempre no homem, e não em qualquer outra espécie de seres vivos. A alma, em qualquer grau que esteja, sempre foi, é e será sempre uma alma humana.
[1] Nesta segunda versão deste livro, publicado em 1860, o autor apresenta O que é o Espiritismo sob um novo ponto de vista.