OS ESPÍRITOS.
4. — Deus criou seres inteligentes que constituem o mundo espírita ou dos Espíritos. Os Espíritos estão por toda a parte; os espaços infinitos são infinitamente povoados.
5. — A natureza íntima dos Espíritos nos é desconhecida. Eles não são imateriais no sentido absoluto da palavra, pois que são alguma coisa e constituem individualidades; são, por assim dizer, de uma matéria para a qual nada perceptível pelos nossos sentidos pode servir-nos de termo de comparação.
6. — Os Espíritos são criados simples e ignorantes; eles se esclarecem e se depuram até que hajam atingido a perfeição que é suscetível a criatura. Há, assim, Espíritos mais ou menos bons, mais ou menos esclarecidos, mais ou menos perfeitos, de acordo com o grau de elevação que tenham alcançado. Estes diferentes graus estabelecem uma hierarquia desde os degraus mais ínfimos até ao estado de puro Espírito, e constituem a Escala espírita.
7. — Não está na sabedoria e na bondade de Deus criar seres essencialmente e perpetuamente dedicados ao mal e à ignorância; é dado a todos se melhorarem com o tempo.
8. — Os Espíritos são revestidos de um invólucro semimaterial imperecível, designado sob o nome de perispírito, que extraem do fluido universal, e que é mais ou menos etéreo segundo o grau de sua depuração e de acordo com as Esferas nas quais se encontrem. Eles se revestem, além disso, temporariamente, de invólucros materiais destrutíveis, cuja duração constitui a vida corporal.
9. — O mundo espírita ou dos Espíritos é o mundo normal, primitivo, preexistente e sobrevivente a tudo. A existência corporal é uma das fases da vida espírita.
[1] Nesta segunda versão deste livro, publicado em 1860, o autor apresenta O que é o Espiritismo sob um novo ponto de vista.