Ninguém
é profeta em sua terra. (1,
2.) — Morte e paixão de Jesus. (3-9.)
— Perseguição aos apóstolos. (10-13.)
— Cidades impenitentes. (14.)
— Ruína do Templo e de Jerusalém. (15-21.)
— Maldição aos fariseus. (22,
23.) — Minhas palavras não passarão. (24-26.)
— A pedra angular. (27,
28.) — Parábola dos vinhateiros
homicidas. (29, 30.) — Um só rebanho e um só pastor.
(31,
32.) — Advento de Elias. (33,
34.) — Anúncio do Consolador. (35-42.)
— Segundo advento do Cristo. (43-46.)
— Sinais precursores. (47-58.)
— Vossos filhos e vossas filhas profetizarão. (59-61.)
— Juízo final. (62-67.) |
PARÁBOLA
DOS VINHATEIROS HOMICIDAS.
29. — Havia um pai de família que, tendo plantado uma vinha, a cercou com uma sebe e, cavando a terra, construiu uma torre. Arrendou-a depois a uns vinhateiros e partiu para um país distante.
Ora, estando próximo o tempo dos frutos, enviou ele seus servos aos vinhateiros, para recolher o fruto da sua vinha. Os vinhateiros, apoderando-se dos servos, deram num, mataram outro e a outro apedrejaram. Enviou-lhes ele outros servos em maior número do que os primeiros e eles os trataram da mesma maneira. Por fim, enviou-lhes seu próprio filho, dizendo de si para consigo: Ao meu filho eles terão algum respeito. Mas os vinhateiros, ao verem o filho, disseram entre si: Aqui está o herdeiro; vinde, matemo-lo e ficaremos donos da sua herança. E, com isso, pegaram dele, lançaram-no fora da vinha e o mataram.
Quando o dono da vinha vier, como tratará esses vinhateiros? Responderam-lhe:
Fará que pereçam miseravelmente esses malvados e arrendará a vinha a
outros vinhateiros, que lhe entreguem os frutos na estação própria.
(São
Mateus, capítulo XXI, vv. 33 a 41.)
30. — O pai de família é Deus; 2 a vinha que ele plantou é a lei que estabeleceu; 3 os vinhateiros a quem arrendou a vinha são os homens que devem ensinar e praticar a lei; 4 os servos que enviou aos arrendatários são os profetas que estes últimos massacraram; 5 seu filho, enviado por último, é Jesus, a quem eles igualmente eliminaram. 6 Como tratará o Senhor os seus mandatários prevaricadores da lei? Tratá-los-á como seus enviados foram por eles tratados e chamará outros arrendatários que lhe prestem melhores contas de sua propriedade e do proceder do seu rebanho.
7 Assim aconteceu com os escribas, com os príncipes dos sacerdotes e com os fariseus; 8 assim será, quando ele vier de novo pedir a cada um contas do que fez da sua doutrina; 9 retirará toda a autoridade ao que dela houver abusado, porquanto ele quer que seu campo seja administrado de acordo com a sua vontade.
10 Ao cabo de dezoito séculos, tendo chegado à idade viril, a Humanidade está suficientemente madura para compreender o que o Cristo apenas esflorou, porque então, como ele próprio o disse, não o teriam compreendido. 11 Ora, a que resultado chegaram os que, durante esse longo período, tiveram a seu cargo a educação religiosa da mesma Humanidade? Ao de verem que a indiferença sucedeu à fé e que a incredulidade se alçou em doutrina. Em nenhuma outra época, com efeito, o cepticismo e o espírito de negação estiveram mais espalhados em todas as classes da sociedade.
12
Mas, se algumas das palavras do Cristo se apresentam encobertas pelo
véu da alegoria, pelo que concerne à regra de proceder, às relações
de homem para homem, aos princípios morais a que ele expressamente condicionou
a salvação, seus ensinos são claros, explícitos, sem ambiguidade. (O
Evangelho segundo o Espiritismo, capítulo XV.)
13 Que fizeram das suas máximas de caridade, de amor e de tolerância; das recomendações que fez a seus apóstolos para que convertessem os homens pela brandura e pela persuasão; da simplicidade, da humildade, do desinteresse e de todas as virtudes que ele exemplificou? 14 Em seu nome, os homens se anatematizaram mutuamente e reciprocamente se amaldiçoaram; estrangularam-se em nome daquele que disse: ( † ) Todos os homens são irmãos. 15 Do Deus infinitamente justo, bom e misericordioso que ele revelou, fizeram um Deus cioso, cruel, vingativo e parcial; 16 àquele Deus, de paz e de verdade, sacrificaram nas fogueiras, pelas torturas e perseguições, muito maior número de vítimas, do que as que em todos os tempos os pagãos sacrificaram aos seus falsos deuses; 17 venderam-se as orações e as graças do Céu em nome daquele que expulsou do Templo os vendedores e que disse a seus discípulos: ( † ) Dai de graça o que de graça recebestes.
18 Que diria o Cristo, se viesse hoje entre nós? Se visse os que se dizem seus representantes a ambicionar as honras, as riquezas, o poder e o fausto dos príncipes do mundo, ao passo que ele, mais rei do que todos os reis da Terra, fez a sua entrada em Jerusalém montado num jumento? 19 Não teria o direito de dizer-lhes: Que fizestes dos meus ensinos, vós que incensais o bezerro de ouro, que dais a maior parte das vossas preces aos ricos, reservando uma parte insignificante aos pobres, sem embargo de haver eu dito: os primeiros serão os últimos e os últimos serão os primeiros no reino dos Céus? 20 Mas, se ele não está carnalmente entre nós, está em Espírito e, como o senhor da parábola, virá pedir contas aos seus vinhateiros do produto da sua vinha, quando chegar o tempo da colheita.