Ninguém
é profeta em sua terra. (1,
2.) — Morte e paixão de Jesus. (3-9.)
— Perseguição aos apóstolos. (10-13.)
— Cidades impenitentes. (14.)
— Ruína do Templo e de Jerusalém. (15-21.)
— Maldição aos fariseus. (22,
23.) — Minhas palavras não passarão. (24-26.)
— A pedra angular. (27,
28.) — Parábola dos vinhateiros homicidas. (29,
30.) — Um só rebanho e um só pastor. (31,
32.) — Advento de Elias. (33,
34.) — Anúncio do Consolador. (35-42.)
— Segundo advento do Cristo.
(43-46.) — Sinais precursores. (47-58.)
— Vossos filhos e vossas filhas profetizarão. (59-61.)
— Juízo final. (62-67.) |
SEGUNDO
ADVENTO DO CRISTO.
43. — Disse então Jesus a seus discípulos: Se algum quiser vir nas minhas pegadas, renuncie a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me; porquanto, aquele que quiser salvar a vida a perderá e aquele que perder a vida por amor de mim a encontrará de novo.
De que serviria a um homem ganhar o mundo inteiro e perder a alma? Ou por que preço poderá o homem comprar sua alma, depois de a ter perdido? Porque, o filho do Homem há de vir na glória de seu Pai, com seus anjos, e então dará a cada um segundo as suas obras.
Digo-vos, em verdade, que alguns daqueles que aqui se encontram não sofrerão
a morte, sem que tenham visto vir o Filho do Homem no seu reino. (São
Mateus, capítulo XVI, vv. 24 a 28.)
44. — Então, levantando-se do meio da assembleia, o sumo-sacerdote interrogou a Jesus; desta forma: Nada respondes ao que estes depõem contra ti? Mas Jesus se conservava em silêncio e não respondeu. Interrogou-o de novo o sumo-sacerdote: És o Cristo, o Filho de Deus para sempre Bendito? Jesus lhe respondeu: Eu o sou e vereis um dia o Filho do Homem assentado à direita da majestade de Deus e vindo sobre as nuvens do céu.
Logo o sumo-sacerdote, rasgando as vestes, lhe diz: Que necessidade temos de
mais testemunhos? (São
Marcos, capítulo XIV, vv. 60 a 63.)
45. — Jesus anuncia o seu segundo advento, mas não diz que voltará à Terra com um corpo carnal, nem que personificará o Consolador. 2 Apresenta-se como tendo de vir em Espírito, na glória de seu Pai, a julgar o mérito e o demérito e dar a cada um segundo as suas obras, quando os tempos forem chegados.
3 Estas palavras: “Alguns há dos que aqui estão que não sofrerão a morte sem terem visto vir o Filho do Homem no seu reinado”, parecem encerrar uma contradição, pois é incontestável que ele não veio em vida de nenhum daqueles que estavam presentes. 4 Jesus, entretanto, não podia enganar-se numa previsão daquela natureza e, sobretudo, com relação a uma coisa contemporânea e que lhe dizia pessoalmente respeito; 5 há, primeiro, que indagar se suas palavras foram sempre reproduzidas fielmente. 6 É de duvidar-se, desde que se considere que ele nada escreveu; que elas só foram registadas depois de sua morte; que o mesmo discurso cada evangelista o exarou em termos diferentes, o que constitui prova evidente de que as expressões de que eles se serviram não são textualmente as de que se serviu Jesus. 7 Além disso, é provável que o sentido tenha sofrido alterações ao passar pelas traduções sucessivas.
8 Por outro lado, é indubitável que, se Jesus houvesse dito tudo o que pudera dizer, ele se teria expressado sobre todas as coisas de modo claro e preciso, sem dar lugar a qualquer equívoco, conforme o fez com relação aos princípios de moral, ao passo que foi obrigado a velar o seu pensamento acerca dos assuntos que não julgou conveniente aprofundar. 9 Persuadidos de que a geração de que faziam parte testemunharia o que ele anunciava, os discípulos foram levados a interpretar o pensamento de Jesus de acordo com aquela ideia; assim é que redigiram do ponto de vista do presente o que o Mestre dissera, fazendo-o de maneira mais absoluta do que ele próprio o teria feito. 10 Seja como for, o fato é que as coisas não se passaram como eles o supuseram.
46. — A grande e importante lei da reencarnação foi um dos pontos capitais que Jesus não pode desenvolver, porque os homens do seu tempo não se achavam suficientemente preparados para ideias dessa ordem e para as suas consequências, contudo, assentou o princípio da referida lei, como o fez relativamente a tudo mais.
2 Estudada e posta em evidência nos dias atuais pelo Espiritismo, a lei da reencarnação constitui a chave para o entendimento de muitas passagens do Evangelho que, sem ela, parecem verdadeiros contrassensos.
3 É por meio dessa lei que se encontra a explicação racional das palavras acima, admitidas que sejam como textuais. 4 Uma vez que elas não podem ser aplicadas às pessoas dos apóstolos, é evidente que se referem ao futuro reinado do Cristo, isto é, ao tempo em que a sua doutrina mais bem compreendida, for lei universal. 5 Dizendo que alguns dos ali presentes na ocasião veriam o seu advento, ele forçosamente se referia aos que estarão vivos de novo nessa época. 6 Os judeus, porém, imaginavam que lhes seria dado ver tudo o que Jesus anunciava e tomavam ao pé da letra suas frases alegóricas.
7 Aliás, algumas de suas predições se realizaram no devido tempo, tais como a ruína de Jerusalém, as desgraças que se lhe seguiram e a dispersão dos judeus; 8 sua visão, porém, se projetava muito mais longe, de sorte que, quando falava do presente, sempre aludia ao futuro.