Ninguém
é profeta em sua terra. (1,
2.) — Morte e paixão de Jesu. (3-9.)
— Perseguição aos apóstolos. (10-13.)
— Cidades impenitentes. (14.)
— Ruína do Templo e de Jerusalém.
(15-21.) — Maldição aos fariseus. (22,
23.) — Minhas palavras não passarão. (24-26.)
— A pedra angular. (27,
28.) — Parábola dos vinhateiros homicidas. (29,
30.) — Um só rebanho e um só pastor. (31,
32.) — Advento de Elias. (33,
34.) — Anúncio do Consolador. (35-42.)
— Segundo advento do Cristo. (43-46.)
— Sinais precursores. (47-58.)
— Vossos filhos e vossas filhas profetizarão. (59-61.)
— Juízo final. (62-67.) |
RUÍNA
DO TEMPLO E DE JERUSALÉM.
15. — Quando Jesus saiu do templo para se ir embora, seus discípulos
se acercaram dele para lhe fazerem notar a estrutura e a grandeza daquele
edifício. Ele, porém, lhes disse: Vedes todas estas construções? Digo-vos,
em verdade, que serão de tal maneira destruídas, que não ficará pedra
sobre pedra. (São
Mateus, capítulo XXIV, vv. 1 e 2.)
16. — Em seguida, tendo chegado perto de Jerusalém, contemplando a cidade,
ele chorou por ela, dizendo: Ah! se, ao menos neste dia que ainda te
é concedido, reconhecesses aquele que te pode proporcionar paz! Mas,
agora, tudo isto se acha oculto aos teus olhos. Tempo virá, pois, para
ti, infeliz, em que teus inimigos te cercarão de trincheiras, te encerrarão
e apertarão de todos os lados; em que te deitarão por terra, a ti e
aos teus filhos que estão dentro de ti, e não te deixarão pedra sobre
pedra, porque não reconheceste o tempo em que Deus te visitou. (São
Lucas, capítulo XIX, vv. 41 a 44.)
17. — Entretanto, é preciso que eu continue a andar hoje e amanhã e o dia seguinte, porquanto necessário é que nenhum profeta sofra morte noutra parte, que não em Jerusalém.
Jerusalém, Jerusalém! que matas os profetas e apedrejas os que te são enviados,
quantas vezes hei querido reunir teus filhos, como uma galinha reúne
sob as asas seus pintainhos, e não o quiseste! Aproxima-se o tempo em
que vossa casa ficará deserta. Ora, eu, em verdade, vos digo que doravante
não me tornareis a ver, até que digais: Bendito seja o que vem em nome
do Senhor. (São
Lucas, capítulo XIII, vv. 33 a 35.)
18. — Quando virdes um exército cercando Jerusalém, sabei que está próxima
a sua destruição. Fujam para as montanhas os que estiverem na Judeia,
retirem-se os que estiverem dentro dela e nela não entrem os que estiverem
na região circunvizinha. Porquanto, esses dias serão os da vingança,
a fim de que se cumpra tudo o que está na Escritura. Ai das que estiverem
grávidas nesses dias, visto que este país será acabrunhado de males
e a cólera do céu cairá sobre este povo. Serão passados a fio de espada;
serão levados em cativeiro para todas as nações e Jerusalém será calcada
aos pés pelos gentios, até que se haja preenchido o tempo das nações.
(São
Lucas, capítulo XXI, vv. 20 a 24.)
19. — (Jesus avançando para o suplício.) Ora, acompanhava-o grande
multidão de povo e de mulheres a bater nos peitos e a chorar. Jesus,
então, voltando-se, disse: Filhas de Jerusalém, não choreis por mim;
chorai antes por vós mesmas e pelos vossos filhos; porquanto virá tempo
em que se dirá: Ditosas as estéreis, as entranhas que não geraram filhos
e os seios que não amamentaram. — Todos se porão a dizer às montanhas:
Caí sobre nós! e às colinas: Cobri-nos! Pois, se tratam desse modo o
lenho verde, como será tratado o lenho seco? (São
Lucas, capítulo XXIII, vv. 27 a 31.)
20. — A faculdade de pressentir as coisas porvindouras é um dos atributos da alma e se explica pela teoria da presciência. Jesus a possuía, como todos os outros, em grau eminente. Pôde, portanto, prever os acontecimentos que se seguiriam a sua morte, sem que nesse fato algo haja de sobrenatural, pois que o vemos reproduzir-se aos nossos olhos, nas mais vulgares condições. Não é raro que indivíduos anunciem com precisão o instante em que morrerão; é que a alma deles, no estado de desprendimento, está como o homem da montanha (Cap. XVI, n.º 2): abarca a estrada a ser percorrida e lhe vê o termo.
21. — Tanto mais assim havia de dar-se com Jesus, quanto, tendo consciência da missão que viera desempenhar, sabia que a morte no suplício forçosamente lhe seria a consequência. A visão espiritual, permanente nele, assim como a penetração do pensamento, haviam de mostrar-lhe as circunstâncias e a época fatal. Pela mesma razão podia prever a ruína do Templo, a de Jerusalém, as desgraças que se iam abater sobre seus habitantes e a dispersão dos judeus.