1 Querida Milza,
Querida irmã, Deus nos proteja.
2 O Evangelho nos diz que muito pode a oração dos justos. ( † )
3 Você formulou preces tão sinceras n e falou com tanto coração à Bondade de Deus que, certamente, por isso, estou conseguindo escrever.
4 Querida irmã, estamos aqui; como numa assembleia de cristãos amigos.
Recebo espiritualmente o auxílio de todos no calor humano com que fomos recebidas nos dois lados da existência.
Agradeço a Deus com lágrimas de alegria. n
5 Meu abraço envolve todo o seu carinho, mas peço-lhe para que nós ambas sejamos portadoras da palavra de esperança ao nosso anjo maternal.
Mamãe n tem regado a minha ausência com o pranto daquele bendito amor que lhe conhecemos.
6 Milza querida, diga à mãezinha para renovar-se e viver.
A nossa fé é um documento garantido pelo Salvador que se despediu de nós pela ressurreição.
Somos corações dele e Jesus, o nosso amado Jesus, jamais nos abandona.
7 Realmente, querida irmã, os sofrimentos em casa me assustam e surpreendem.
Entendo quanto dói a separação quando o nosso corpo se transforma em outra vestimenta, — a vestimenta espiritual.
8 Aquela expectativa de adeus para sempre e aqueles lábios que se fecham quando desejamos comunicar a nossa esperança e o nosso carinho aos amados que ficam, somam por si uma espécie de sofrimento que as palavras terrestres não definem.
9 Ainda assim, rogo à mãezinha — mas rogo com todas as minhas forças, — para retomar a nossa confiança em Deus, porque a confiança em Deus é esperança e alegria.
10 Fale, Milza, fale com mamãe para reorganizar a saúde e viver muito, viver tanto quanto Jesus assim permita.
11 E rogo ao nosso Arnaldo n e a todos os nossos entes queridos para não incriminarem os nossos amigos médicos.
Não houve qualquer falha na cirurgia e muito menos em qualquer serviço preparatório. n
Recebi gentilezas e atenções de todos no Hospital benemérito em que Deus me concedeu, pela família, um leito de paz a fim de me recolher ao descanso e à renovação.
12 Quantas vezes, em nossos julgamentos da Terra, apontamos deficiências onde tudo recebemos de melhor!
13 Nos dias que antecederam o meu desligamento do corpo, via comigo a nossa irmã Olímpia e os amigos franciscanos. n
Prepararam-me para corresponder à bondade com que recolhia tantas bênçãos.
Meus olhos, conquanto os agentes da operação experimentada, estavam claros e lúcidos. n
14 É verdade que mamãe, Arnaldo e Maurinho, como todos vocês, surgiam em minha expectação, por laços benditos de Deus, de que não desejava me apartar…
Entretanto, o corpo, querida irmã, estava gasto.
15 Não sei, por enquanto, definir a minha situação, mas compreendi na quarta-feira que não mais seria possível a resistência.
Falar como desejava, não conseguia.
16 Sabe você quanto esforço despendem os médicos e a enfermagem para nos liberarem da separação física…
Por mais me esforçasse para dizer o que via, a voz parecia sufocada na garganta.
Mas lembrava-me da família querida e continuei orando, a suplicar forças a Deus.
17 Na sexta-feira, percebi as claridades do dia como uma luz a me brilhar no pensamento.
A certeza de que sua irmã estava morrendo e vivendo ao mesmo tempo estava em meu coração.
18 O silêncio para mim, em torno do leito de assistência intensiva, como que me ajudava a ver e a escutar melhor o que se passava…
19 Uma alegria misteriosa estava comigo.
Digo “misteriosa”, porque a separação me infundia aflição e sofrimento.
20 A noite desceu, mas para mim aquele ambiente hospitalar povoado de indagações e de preces asfixiadas se revestiu, de repente, numa luz que me envolveu, sem que eu nada disso merecesse.
21 Atribuí tudo às orações de nossa mãe santificada na bondade e na renúncia, e agradeci a Deus haver vivido numa família que me dera tanto carinho e tanto amor…
22 Pensei no esposo e no filhinho, com saudade, — mas com uma saudade misturada de confiança.
Concentrei todas as minhas forças na prece e isso me acalmou.
23 Os olhos pareceram curados, plenamente curados, e vi, ao meu lado, a nossa irmã Olímpia e a nossa tia Ana, a nossa querida tia Aninha, n e, junto delas, um benfeitor que me amparava.
24 Não longe, como sucedia tantas vezes, vi um grupo grande dos irmãos franciscanos que cantavam louvores a Jesus. n
Eram muitos, porque aos vários irmãos que assinalavam, se acrescentavam outros, e o cântico me veio ao pensamento assim como uma canção de ninar vem até nós, quando crianças, no instante de adormecer.
25 Quis deter algum fragmento do cântico ou todo ele para trazer a vocês, algum dia, mas unicamente este trecho me ficou na memória de doente que os mensageiros do Divino Mestre passavam a restaurar:
26 “Louvado sejas, Senhor,
Pela mensagem de paz
Que a tua bênção nos traz,
Ante a fé que nos conduz!…
Mesmo ante as provas do mundo,
Quando a dor nos desconforte,
Pela vida e pela morte,
Louvado seja Jesus!…” n
27 Roguei à irmã Olímpia o consentimento para falar nisso, porque sei que estas notícias levantarão o ânimo da nossa querida mãezinha, em nosso pouso da Liberdade. n
28 Quero dizer a você, querida Milza, que sentia a sua falta e a falta do nosso querido Hélio naqueles momentos de despedida, mas a nossa querida Olímpia me tranquilizava a respeito, afirmando que a viagem de vocês não nos separava uns dos outros. n
29 Rogo a você dizer ao Arnaldo, ao Hélio, à Nilce, à Aparecida n e a todos os nossos para não reclamarem sobre o problema de meu tratamento.
Repito que recebi todo o amparo e toda a assistência possíveis.
Não houve inconveniência de adrenalina, nem carga indébita de anestésicos. n
O que houve é a necessidade de atendermos às Leis de Deus.
Agradeçamos a Deus e estejamos felizes.
30 Não posso escrever mais.
Rogo à mãezinha lembrar-se de Frei Fabiano de Cristo, n nas orações.
Ele é um mensageiro da Vida Superior, apagando-se para auxiliar-nos a todos.
Rogo a ele sempre pela felicidade de meu pai e pelo fortalecimento e paz, bom ânimo e alegria de nossa querida mãe.
31 Um beijo ao Maurinho.
Ele, agora, com o carinho da avó, tem quatro mães.
Sei que vocês farão por meu filho e por nosso querido Arnaldo tudo o que fizeram por mim.
32 Querida Milza, que Deus abençoe a você, que Jesus a reanime, que nossa Mãe Celestial a proteja e que o herói das chagas de Cristo, o Iluminado de Assis, esteja com você e com todos os nossos, incluindo todos os que sofrem saudade e separação, angústia e tristeza.
33 Estou em novo lar, no Lar das Bênçãos do inesquecível São Francisco, que não mereço, n mas das quais preciso, a fim de me refazer, embora a me tornar mais devedora de Jesus e de seus Mensageiros.
34 Estejam todos tranquilos.
35 E beijando as mãos de nossa querida mãe em suas mãos queridas de irmã; peço a você, querida Milza, receber todo o carinho e todo o reconhecimento no afetuoso abraço da irmã agradecida
Vera Cruz
De nossas três entrevistas com a Sra. Milza Leitão de Camargo, em Uberaba, Minas, nos dias 13 de outubro de 1978; 16 de fevereiro e 19 de outubro de 1979, e de um depoimento dela prestado ao casal Dr. Carlos Adalberto de Carvalho Dias e D. Wandir, em Campinas, Estado de São Paulo, registrado em cassete, que nos chegou às mãos no dia 27 de julho de 1979, graças à gentileza do Sr. Ayrton Gouvêa, hoje residente no Plano Espiritual, conseguimos colher material para este e os próximos capítulos, sobre a Autora Espiritual do presente volume.
D. Milza, a destinatária de todas as mensagens, aqui enfeixadas em ordem cronológica, recebidas pelo médium Xavier, no Grupo Espírita da Prece, em Uberaba, no período que vai de 1975 a 1978, sempre se emocionou ao se referir à sua irmã Vera Cruz.
Quando obteve a primeira mensagem, eis o que escreveu o Dr. Antônio Emílio Borges, advogado e sobrinho da distinta franciscana reencarnada, em comunicado pessoal, datilografado:
“Vera Cruz, que desde a infância possuía dons mediúnicos de rara precocidade, nasceu em Silvânia, Município de Matão, Estado de São Paulo, aos 3 de maio de 1926, de Antônio Leitão e Ambrosina Teixeira Leitão, e tinha ainda os irmãos nascidos em ordem cronológica: Nilce, Aparecida, Deusdedith, Milza e, finalmente ela, a caçula da família.
O pai era chefe de ferrovia e trabalhava em estações minúsculas, tão pequenas como aquela Silvânia em que Vera Cruz nascera. Naquela época, o lugarejo pouco mais era que uma parada de trens, possuía, ao tempo do nascimento de Vera, além da casa da estação, a do portador, uma farmácia e uma venda. Os habitantes da localidade eram ferroviários e tinham nomes portugueses comuns. (…)
Jamais se ouviu dela qualquer blasfêmia ou inconformismo, insinuação de inveja ou expressão de egoísmo. Era humilde e alegre, resignada e esperançosa e sua fé era tão grande como o Sol da primavera que derretia os gelos da dúvida nos corações alheios. Sempre foi, mesmo sem antes o saber, uma ovelha do rebanho de São Francisco, escolhida pelo grande Mestre, e como ele, Francisco, também desde a infância, teve os grandes olhos míopes para o mundo, internamente voltados para Deus. Mas, além dos grossos óculos, eles brilhavam confiantes e alegres. Hoje, sabemos que ela não precisa mais deles.
Vera casou-se com Arnaldo e teve um filho chamado Mauro. O matrimônio e a maternidade enriqueceram-na; era feliz, tinha uma família e acreditava em Deus. Mas os Espíritos não lhe reservavam alegrias mundanas. E comunicavam-se com ela por meio de sonhos. (…)
Pressentindo que seu tempo na Terra escasseava, escreveu conselhos ao filho, poesias talvez mediúnicas, e deixou que os guias espirituais lhe dirigissem a mão, quando desenhava.
Sempre quando lia o Evangelho, n vislumbrava monges franciscanos que lhe passeavam ao redor.
O desenlace encontra pretextos. À sua crescente miopia acrescentou-se uma catarata. Operação simples, da qual até os mais velhos retornam recuperados. Mas Vera sabia que não voltaria. E sutilmente, sem provocar suspeitas, despediu-se da família tranquilizada: desesperar-se por que, se todos os exames pre-operatórios se revelaram satisfatórios?
Vera despediu-se de todos e da vida terrena. Antes de entrar na sala de operação, disse ao esposo:
— Arnaldo, olhe bem para mim, guarde bem minha feição, porque talvez seja esta a última vez que você vá me ver. E submeteu-se à vontade de Deus. Era o dia 19 de maio de 1975. Seu coração não resistiu à anestesia, e durante 11 dias oscilou entre as duas vidas. E, no dia 30 de maio, partiu para o mundo superior.
Angustiada, buscando consolo; Milza vai procurar pelo veterano médium espírita — irmão Chico Xavier —, e conta-lhe do desespero de seus familiares.
E o conforto surge em forma de mensagem, psicografada pelo médium amigo, confirmando mais uma vez a realidade da reencarnação e da sobrevivência do Espírito.
Era o dia 5 de setembro de 1975, em Uberaba.
Após haver recebido a mensagem, o médium Chico Xavier comentou com o doutor Carlos A. Baccelli, (rua José de Alencar, 84 — Uberaba) que o benfeitor que amparara Vera em sua desencarnação, era o seráfico Frei Fabiano de Cristo, e que ele imaginava que ela não mencionara tal fato por humildade. Ainda comentou o médium que o centro ficara todo iluminado durante a mensagem. Isso também foi comprovado pelo médium Dr. Décio Estrêla (R. Coronel Spínola 3696 — São José do Rio Preto), que compartilhava dos trabalhos da mesa. n
Mais conformada, Milza passa a frequentar as reuniões do médium Chico Xavier, que são realizadas às sextas-feiras. Após uma delas, Chico Xavier convida Milza para a peregrinação das 15 horas dos sábados, quando se distribuem pães e víveres aos irmãos mais necessitados. Lá chegando, disse-lhe ele que a convidara para ir até lá, porque desde muitos anos fazia ele tal distribuição, sempre recordando os exemplos de São Francisco e que o Espírito da irmã Vera, por várias vezes, o acompanhava, ultimamente. Emocionada, Milza perguntou ao médium Chico Xavier se a irmã estava ali presente, naquele momento, e ele respondeu-lhe afirmativamente. E acrescentou que Vera indicava à irmã que era aquilo que deveriam fazer.”
Vejamos, agora, por itens, o que o capítulo anterior — “No Lar das Bênçãos” — poderá nos fornecer de elementos para análise:
1 — “Você formulou preces tão sinceras…” — A respeito de preces, encontramos em Tomás de Celano n o seguinte, referindo-se, naturalmente, a Francisco de Assis:
“Seu porto de segurança era a oração, que não era curta, nem vazia ou presumida; mas demorada, cheia de devoção e tranquila na humildade. (…) Andando, sentado, comendo ou bebendo, estava entregue à oração.”
“Respondeu o Santo: “Por que vos admirais de minha fuga, se não conheceis o motivo? Fugi para a proteção da oração, para livrar um errado. Vi no filho uma coisa verdadeiramente desagradável. Mas agora, pela graça de Cristo, já se afastou todo engano”. O irmão se ajoelhou e, envergonhado, proclamou sua culpa.”
O Capítulo LXII da Primeira Vida mostra como rezava Francisco, não somente as horas canônicas, mas quando viajava a pé.
“E afirmava: “O pregador tem que haurir primeiro na oração, feita em segredo, aquilo que depois vai derramar em palavras sagradas. Tem que se esquentar primeiro por dentro, para não proferir palavras frias”.”
Em Allan Kardec, os Capítulos XXVII e XXVIII de O Evangelho Segundo o Espiritismo tratam, em profundidade, do assunto.
2 — “Agradeço a Deus com lágrimas de alegria.” — A “perfeita alegria” para Francisco, entre outras coisas, está em vencermos a nós mesmos, “e de bom grado, pelo amor de Deus, suportar as penas, injúrias, opróbrios e misérias”, acrescentando que precisamos nos vangloriar da cruz das atribulações e das aflições, “pois isto é nosso: por isso disse o Apóstolo: Eu não desejo vangloriar-me senão da cruz de Nosso Senhor Jesus Cristo.” (“I Fioretti” Cap. VIII).
3 — Mamãe: Trata-se de D. Ambrosina Teixeira Leitão.
4 — Arnaldo: Irmã Vera Cruz se refere ao marido que deixou no Plano Terrestre, Sr. Arnaldo Bertoni.
5 — “Não houve qualquer falha na cirurgia e muito menos em qualquer serviço preparatório.” — Ponto alto da mensagem, em matéria de autenticidade, uma vez que o médium Xavier desconhecia, por completo, este e todos os demais pormenores, aliás, como se deu com o caso de Anélio, relatado no Capítulo 33 — “Não culpem o médico!” — do livro Presença de Chico Xavier. n
6 — “Via comigo a nossa irmã Olímpia e os amigos franciscanos.” — Sugerimos ao leitor analisar o fac-símile do desenho feito por Vera Cruz, [à pág. 42 do livro impresso] que não era desenhista, quando no mundo, a fim de verificar o franciscano que ali aparece, mais tarde, segundo D. Milza, identificado por Frei Zacarias.
O médium, em hipótese alguma, poderia ter conhecimento deste episódio, o que vem confirmar tratar-se o Espírito de alguém com personalidade própria, entranhadamente religiosa.
Se o leitor, por exemplo, estiver a reler as mensagens de Augusto Cezar n, Jair Presente e Henrique Emanuel Gregoris n, recebidas pelo médium Xavier, há de convir que são Espíritos absolutamente distintos, bons manejadores da gíria, e que o médium, depois de mais de meio século de atividades ininterruptas na sua abençoada missão, não poderia se dar ao luxo, servido de um dicionário, de entregar-se a semelhante prática, mesmo porque em todas as páginas encontramos o sinete da autenticidade, prova inconcussa de que os chamados mortos voltam, com efeito, através da instrumentalidade mediúnica, para induzir os que ficaram no Plano Físico à conformação.
Isto, a nosso ver, é por demais confortador e bem caracteriza a Doutrina Espírita como sendo o Parácleto, n o Consolador Prometido por Jesus.
7 — “Meus olhos, conquanto os agentes da operação experimentada, estavam claros e lúcidos.” — Desde que o Espírito, no Plano da matéria densa, tenha tido aceitação ativa e plena do seu destino, tão logo chegue ao Mundo Espiritual, retoma a normalidade das funções de seus órgãos, carmicamente alterados, com vistas ao ressarcimento de dívidas do pretérito ou como mecanismo de defesa para não incorrer em novos erros.
A respeito da prova relacionada com os olhos, consultemos o n.º 20 do Cap. VIII de O Evangelho Segundo o Espiritismo para a releitura da expressiva mensagem de J. B. Vianney, o Cura D’Ars, transmitida em Paris, no ano de 1863, recolhida por Allan Kardec e publicada em 1864.
Observemos, finalmente, parte da descrição do Espírito da Sra. mãe do pastor da Igreja Batista — Walter Wynn, n — feita pelo médium Mr. Vango: “Agora curva-se e coloca um chale sobre os ombros. Tem um olhar penetrante, vivo, mas sofria muito dos olhos nos últimos anos de sua vida. Creio que tenha ficado cega. Diz que o senhor não se achava ao lado dela no momento de sua morte. Vê muito bem, atualmente.”
8 — “A nossa irmã Olímpia e a nossa tia Ana, a nossa querida tia Aninha.” — O Espírito se refere à D. Olímpia Sampaio Pires, genitora do Sr. Hélio Pires de Camargo e sogra de D. Milza, desencarnada aos 85 anos de idade, em Valinhos, Estado de São Paulo, a 4 de agosto de 1972.
Tia Ana: Trata-se de D. Ana Cândida Barros Perche, desencarnada em Matão, Estado de São Paulo.
9 — “Não longe, como sucedia tantas vezes, vi um grupo grande dos irmãos franciscanos que cantavam louvores a Jesus.” — Sublinhamos como sucedia tantas vezes, porque, na verdade, para Vera Cruz era comum a visita dos franciscanos em sua casa, que chegou a ponto de desenhar um deles (cf. item 6, acima), detalhe que o médium desconhecia por completo, tudo indicando tratar-se daquela devota de Francisco de Assis, que ingressara no reino da morte, depois de uma intervenção cirúrgica, conduzida por competentes discípulos de Hipócrates.
10 — “Pela vida e pela morte, / Louvado seja Jesus!…” — Belíssimo trecho do cântico franciscano entoado pelo grupo de irmãos desencarnados, que vem confirmar a alegria reinante no Mundo Espiritual, na faixa daqueles que se encontram em paz com a própria consciência.
11 — “Em nosso pouso da Liberdade.” — “O médium não poderia, jamais — afirma nossa entrevistadora, — saber o endereço de nossa querida mãezinha.”
12 — “A viagem de vocês não nos separava uns dos outros.” — Com efeito, Sr. Hélio e D. Milza se encontravam em Tóquio, quando ocorreu o imprevisto na cirurgia e a posterior desencarnação de Vera Cruz.
13 — Arnaldo, Hélio, Nilce e Aparecida: Respectivamente, marido, cunhado e irmãs da Comunicante — Sr. Arnaldo Bertoni, Sr. Hélio Pires de Camargo, Sra. Nilce Leitão Borges e Sra. Maria Aparecida Leitão Abdala.
14 — “Não houve inconveniência de adrenalina, nem carga indébita de anestésicos. / O que houve é a necessidade de atendermos às Leis de Deus.” — Trecho importantíssimo, do ponto de vista social, n uma vez que a maioria dos médicos brasileiros já cogita de pagar uma taxa anual ao “Fundo de Assistência Judiciária” recebendo assistência advocatícia, em demarches jurídicas, naturalmente prevenidos contra eventuais reações de familiares de pacientes na aparência mal sucedidos, do ponto de vista de terapêutica instituída. Tal conduta, que é uma importação de costumes dos países ditos desenvolvidos, reflete o materialismo reinante na sociedade atual, e somente o Espiritismo, combatendo o egoísmo e o orgulho, poderá fazer com que as massas retornem aos braços do Cristo de Deus.
Daí, leitor amigo, o valor incalculável das palavras transmitidas da Vida Mais Alta para todos nós, os reencarnados, e o imperativo de nós todos, unidos, divulgarmos semelhantes ditados mediúnicos e as obras de Allan Kardec, a bem de toda a Humanidade.
15 — Frei Fabiano de Cristo: João Barbosa, que nem sacerdote se fez por falta de estudos, nasceu na aldeia de Soengas, da comarca de Guimarães, Província do Minho, ao norte de Portugal, a 8 de fevereiro de 1676, e desencarnou no Rio de Janeiro (Convento de Santo Antônio, no Largo da Carioca), a 17 de outubro de 1747, aos 71 anos de idade e “43 anos de vida religiosa nos mais humildes serviços da comunidade”, tendo anunciado “a seus confrades o dia e a hora em que partiria para perto do Pai.” n
A seu respeito, eis o que diz o Espírito de Humberto de Campos, através do médium Francisco Cândido Xavier: n “Anchieta aliou, no mundo, à suprema ternura, essa energia realizadora; mas, aqueles que na história oficial lhe descobrem esses gestos, não lhe notam a suavidade do coração e a profundeza dos sacrifícios, nem sabem que, depois, foi ainda ele a maior expressão de humildade no antigo convento de Santo Antônio do Rio de Janeiro, onde, com o hábito singelo de um frade, adocicou ainda mais as suas concepções de autoridade. A edificadora humildade de um Fabiano de Cristo, aliada a um sentimento de renúncia total de si mesmo, constituía a última pedra que faltava na sua coroa de apóstolo da imortalidade.”
No Apêndice B, ao final do presente volume, o leitor encontrará a relação dos livros onde saíram a lume as páginas de Fabiano, recebidas pelo médium de Emmanuel.
16 — “Estou em novo lar, no Lar das bênçãos do inesquecível São Francisco, que não mereço.” — Consolador saber que na Vida Verdadeira — a Espiritual — não existe cor religiosa.
Os franciscanos que retornam à Terra, uns que por injunções evolutivas não podem e não devem cuidar apenas de religião, necessitando erguer o ninho doméstico, dentro do clima conjugal, como aconteceu com a Irmã Vera Cruz, tão logo regressam à Espiritualidade, pelas vias da morte; lá se defrontam com os antigos companheiros de ideal, com o doce e abençoado propósito de continuarem trabalhando com Jesus, o Divino Mestre, no socorro às criaturas distanciadas de si mesmas pelo cultivo infeliz do egoísmo e do orgulho.
“A garantia única e séria do ensinamento dos Espíritos está na concordância que existe entre as revelações feitas espontaneamente, por intermédio de um grande número de médiuns, estranhos uns aos outros, e em diversos lugares.” Introdução, II. n
“Entretanto, o que quer que digam, lhes será preciso entrar, como os outros, nesse mundo invisível que ridicularizam, quando seus olhos serão abertos e reconhecerão seu erro.” Cap. VII, 2. — (a) Francisco
Elias Barbosa
[21] O Evangelho Segundo o Espiritismo, de Allan Kardec. (Nota de Elias B.).
[22] Eis o que disse ele, o distinto jornalista Dr. Décio Estrêla, em carta dirigida à D. Milza, datada de 9 de dezembro de 1975: “Quando o querido Chico começou a psicografar, movimentei o meu pensamento para auxiliá-lo e posso registrar, com grande sinceridade, que tudo fiz para fazer alguma vidência a fim de estudar os fenômenos e para que pudesse participar de toda a maravilha espiritual que a oportunidade me facilitara sob a divina bondade de Nosso Pai Celestial.
“Pude registrar, durante a psicografia, a presença de dois Espíritos femininos, com roupagens de irmãs franciscanas, ladeando uma irmã que, após a mensagem, pude saber que se tratava da querida irmã Vera Cruz, cuja fisionomia não consegui captá-la, porém, posso lhe afirmar que não temos palavras para registrar a policromia de luz que clareava o ambiente do espaço espiritual.” (Nota de Elias B.)
[23] Tomás de Celano, Obra citada, pp. 48; 144 e 180.
[24] Elias Barbosa, Presença de Chico Xavier, 2ª edição revista, IDE, Araras (SP), 1979, pp. 129-131.
[25] Francisco Cândido Xavier, Caio Ramacciotti e Espíritos Diversos, Jovens no Além, GEEM, São Bernardo do Campo (SP), 1975, pp. 59-69; 119-151. — Francisco Cândido Xavier, Augusto Cezar Netto (Espírito), Falou e Disse, GEEM, 1ª edição, 1978.
[26] Francisco Cândido Xavier, Elias Barbosa e Espíritos Diversos, Enxugando Lágrimas, 2ª edição, IDE, 1979, pp. 112-134; Claramente Vivos, 1ª edição, IDE, 1979, pp. 63-80.
[27] Walter Wynn, Meu Filho Vive no Além, Trad. e Prefácio de Francisco Klors Werneck, Casa Editora o Clarim, Matão (SP), 1972, p. 81.
[28] Veja-se a revista Veja (Nº 601, de 12 de março de 1980; p. 69 — “Morte no Recife — A anestesia, acusada, parece segura.”)
[29] Frei Hugo D. Baggio, O.F.M., Francisco mostra o caminho, pp. 63-67.
[30] Francisco Cândido Xavier, Humberto de Campos (Espírito), Brasil Coração do Mundo, Pátria do Evangelho, 1ª Edição, FEB, Rio, 1938. pp. 38-39.
[31] A presente citação e todas as demais colocadas ao final de cada capítulo par, neste livro [capítulos pares do livro impresso], foram extraídas de O Evangelho Segundo o Espiritismo, de Allan Kardec (Tradução de Salvador Gentile, 8ª edição — revista e corrigida, IDE, Araras (SP), Fevereiro de 1980).