O Caminho Escritura do Espiritismo Cristão
Doutrina espírita - 2ª parte.

Índice |  Princípio  | Continuar

Depois da travessia — Autores diversos


Apresentação

Depois da travessia

Apresentamos para os cultores das letras espirituais mais um volume da psicografia inédita de Chico Xavier.

A sua primeira parte é originária da fase do médium em Pedro Leopoldo, onde, na Fazenda Modelo do Ministério da Agricultura, após o serviço, Chico Xavier frequentou o culto do Evangelho no lar do Grupo Doméstico Arthur Joviano, levado a efeito, semanalmente, pela família de Dr. Rômulo Joviano.

Aqui estão, pois, reunidas as mensagens de Espíritos diversos, tanto esclarecidos e iluminados quanto Lésio Munácio, João de Deus Macário, Casimiro Cunha, Engrácia Ferreira e Helena Maia, bem como também Espíritos de condição infeliz e sofredora como Virgílio Machado, Gustavo Dutra, Pereira, Marie Benson, Abel Macedo e Gomide, sem nos esquecermos daqueles outros de condição evolutiva mediana como Mariquinhas, Joaneco, Júlia Pêgo, Marta Pernambuco e Amélia Amorim.

Já a segunda parte é fruto da última fase da psicografia de Chico Xavier em Uberaba, na qual, nas sessões públicas realizadas no Grupo Espírita da Prece, recebeu o Espírito da própria irmã, D. Luiza Xavier, em diversas oportunidades, a partir de 13 de julho de 1985.

Permeando as comoventes mensagens desses Espíritos sobre a própria sobrevivência além-túmulo, incluímos aqui os originais que Emmanuel, guia de Chico Xavier, grafou sobre o corpo espiritual, para socorrer às indagações do Dr. Christiano Ottoni, médico da cidade de Pedro Leopoldo, que na ocasião não compreendia que pudéssemos ainda ter corpo no mundo espiritual depois da morte na Terra.

Completamos o livro com uma suíte fotográfica para ilustrar as épocas e as personalidades citadas nas mensagens.

Trata-se, portanto, de instrutivo volume, contendo valiosas informações sobre a vida espiritual depois da travessia dos umbrais da morte do corpo físico. Com ele vamos aprender que “nossos erros e virtudes são nossas bagagens que nos desonram ou dignificam”, como nos informa Amélia Amorim (05/03/1941).

Assim sendo, no campo da infelicidade acompanharemos os sofrimentos de Abel Macedo (08/11/1939), que nos diz: “(…) agora, venho fazendo a penosa recapitulação de todas as oportunidades perdidas pela minha própria imprevidência (…), a fim de analisar os rigores do meu futuro”.

Virgílio Machado vai escrever: “A morte é uma viagem que nos é imposta por Deus e para a qual o homem do mundo nunca está preparado. Somente agora vejo que podia ter edificado mais no terreno das ações definitivas” (13/12/1939).

O caluniador Gustavo Dutra lamenta-se: “Pago caro a ambição da vida terrestre… Meu algoz é a minha própria consciência. Sou o triste fantasma da verdade” (24/03/1938). Enquanto o suicida Pereira grafa: “Eu poderia ter lutado mais um pouco. Inconsciente por muito tempo, persegui os meus caluniadores faminto de desforço” (24/03/1938).

O espírito imprevidente de Marie Benson chora: “Dolorosa angústia me domina a alma toda. Sinto verdadeiro arrependimento olhando os últimos dias de minha existência terrestre. Caí no longo caminho das tentações!” (11/05/1938). E mais: “Tomei o errado caminho. Grandes foram os meus martírios morais e só Deus sabe o que sofri na minha desencarnação dolorosa!” (12/1938).

Em 25/03/1942, o espírito de Gomide vai grafar esta advertência: “Até que descubramos a estrada justa, quantas lágrimas vertidas! Não conhecerão vocês, na existência humana, outra riqueza maior que a de se prepararem para a eternidade com a luz de tão sublimes conhecimentos! Os homens do interesse mundano costumam ser grandes cegos de espírito, que mais tarde defrontam, fatalmente, o abismo onde me despenhei no regresso das lutas materiais”.

Espíritos de condição mediana vão nos ensinar: “Aqui, se muito me desiludi, também muito expiei pela minha prisão nas futilidades da época em matéria de religião e de crença. Aqui venho colher o fruto amargo de minha imprevidência espiritual. Já almas heroicas na crença conhecem a inutilidade de certos preceitos sociais absurdos que impedem a nossa visão espiritual, com respeito à contemplação de horizontes mais vastos. Meu objetivo tem um fim útil: o de despertar no coração dos presentes o desejo cada vez mais intenso de progredir no terreno do conhecimento espiritual. A vida terrena é essa preparação laboriosa para o infinito” — Júlia Amália da Silva Pêgo (17/05/1939).

D. Júlia Pêgo anteriormente escreveu (20/11/1935): “Não há na Terra algo que traduza a intensidade dos sentimentos purificados nas grandes verdades que a morte nos oferece dentro de suas sagradas revelações. A ventura real é compreendermos a solução dos problemas da vida dentro da solidariedade e da fraternidade salvadoras. Do lado de cá avulta ao espírito a necessidade do cumprimento dos deveres cristãos e nos vem um desalento por não tê-los cumprido”.

Marta Pernambuco vai descrever: “Logo depois que me reconheci fora do corpo material — e isso depois de tristes padecimentos —, levaram-me a um grande centro espiritual de socorro, onde fui acolhida na Santa Casa de Misericórdia ou na Pro-Matre. Depois fui conduzida a um agrupamento de trabalho espiritual” (29/05/1940).

D. Luiza Xavier, irmã de Chico Xavier, que a vida inteira foi católica, é surpreendida não aceitando a morte e após alguns dias sendo levada num voo com a duração de 40 minutos para um grande instituto dentro de uma organização católica no Além. Aprendemos com ela que “(…) As mágoas revelam peso nocivo à vida íntima”. No Plano onde se encontra, há curiosidades, como, por exemplo, “certos perfumes de flores naturais que valem por preciosos alimentos” (12/10/1985).

A visão dos Espíritos iluminados é bem mais ampla. Helena Maia (10/11/1936) expressa-se: “As ilusões de menina, os sonhos da juventude não me abandonaram nos primeiros tempos em minha existência além-túmulo. Seres piedosos e compassivos estenderam-me, no Além, seus braços amorosos. (…) Tenho, agora, atribuições e deveres junto de um estabelecimento destinado à manutenção das orfãzinhas terrenas. (…) Para nós, igualmente existem seres e irradiações invisíveis e intangíveis, porquanto o plano de nossos conhecimentos é ainda relativo. (…) Vocês não imaginam como trabalhamos neste outro lado da vida! O nosso meio representa mais uma continuação do planeta. (…) Aqui ainda necessitamos de alimentos e muitas outras coisas características da natureza humana. (…) temos aqui as escolas de mensageiros. (…) Nossos chefes espirituais colocam-se em contato com seus mentores das alturas através de processos espirituais como letras e sinais luminosos no éter atmosférico, muito acima da mesquinhez das possibilidades de visão e entendimentos humanos”.

Já Engrácia Ferreira (01/06/1938) nos ensina: “O que subsiste é a fé em Deus, o amor praticado e sentido, o bem que se plantou pelos caminhos escabrosos, cujas sementeiras medram e se desenvolvem nas claridades do mundo espiritual. Há um complexo de emoções sublimadas que constituem o estado contínuo das almas de consciência retilínea. A palavra amiga, o sorriso confortador, a gota de remédio, o pedaço de pão são células da árvore do bem, cuja sombra frondosa vos guarda no Céu, distante do calor dissolvente das paixões terrestres. Continuo trabalhando em favor dos menos favorecidos. Tenho aqui operado agora numa grande e abençoada escola, onde são recebidos os que desencarnam na cegueira da vida terrestre. A nossa escola recebe os cegos pacientes e generosos, os que foram crentes e cheios de fé, dotando-lhes novamente com os sagrados dons da vista. Observamos cenas comovedoras de risos e lágrimas misturados às mais santificadas emoções!

É ainda com Helena Maia (27/03/1945) que aprendemos: “Reconhecerão a sublimidade do ministério espiritual e observarão como é enorme a ventura de quem sabe semear no coração os princípios do Cristo!

Amélia Amorim (05/03/1941) vai dizer: “Vimos de longe, de séculos remotíssimos, em quedas e levantamentos incessantes! Todo bem é uma claridade que não morrerá! Um dia nossos olhos se abrem para a eternidade e, então, a nossa visão espiritual atinge o mais longo alcance. Os laços, os elos sacrossantos que nos unem, ecoam de muito longe e as dores do pretérito devem estimular nossas esperanças no porvir”.

Mas é de Lésio Munácio (12/09/1939), personagem do romance 50 anos depois, e que em última romagem terrestre foi o benfeitor Batuíra, que recebemos a palavra mais elevada: “A nossa diferença é a de cursos, mas na essência somos discípulos de um Mestre só. Os alunos são a mesma caravana de todos os tempos. O mestre é Jesus. Estudamos há muitos séculos. Todavia, em nosso coração houve sempre volumosa pretensão e pouco mérito real. Enquanto adquirimos novos valores no Infinito, alguns companheiros buscam novas expressões de progresso espiritual que a carne lhes pode oferecer. A lei manifesta as suas luzes concedendo-nos a dor, o trabalho e a experiência. Vos trago o coração e bem sabeis que no coração está sintetizado o próprio Infinito”.

Meus amigos, conforme atesta o Espírito de Mariquinhas, em 31/08/1938, “Há um tempo de reflexão que nunca chega tarde!” Que este Depois da travessia possa cumprir o papel de induzir-nos o espírito distraído nas aparências mundanas a uma mais ampla reflexão sobre a nossa imortalidade, patenteando-se-nos a real significação das palavras de Jesus, nosso Senhor e Mestre: “A cada um será dado segundo as próprias obras”. ( † )


Pedro Leopoldo, 2 de novembro de 2012.

Geraldo Lemos Neto

Vinha de Luz Editora, da Casa de Chico Xavier de Pedro Leopoldo.


Texto extraído da 1ª edição desse livro.

Abrir