O Caminho Escritura do Espiritismo Cristão
Doutrina espírita - 2ª parte.

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Depois da travessia — 1ª Parte — Autores diversos


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Nas claridades do Mundo Espiritual

01|06|1938


1 Meus bondosos filhos, Deus vos ampare e proteja ao longo das estradas da provação terrestre!

2 As vossas recordações tocam a minh’alma e os pensamentos carinhosos que me enviais são como rosas frescas do mundo, reacendendo o perfume suave e imorredouro dos Céus!

3 Sinto-me feliz, reiterando-vos os meus votos de paz em Jesus, porque depois da jornada penosa da existência terrestre experimento uma vida nova mutando-me o coração. 4 Refaço as minhas energias para cooperar com a nossa Julinha dentro da continuidade da obra de amparo espiritual para com aqueles que a luta expiatória privou do celeste dom da vista. Procuraremos dilatar em nossas mãos, a visão íntima de sofredores e desalentados, alargando-lhes as possibilidades dos olhos d’alma, para a bênção da paz e do conhecimento moral de nossa consoladora Doutrina.

5 Peço-te, Maria, que envies à sua mãe, carinhosa e sensível, a minha palavra de velha tia e amiga inseparável do Espaço, como sempre fazes. Dize à Julinha, bem como à nossa Mariquinhas, que graças a Deus estou forte, bem disposta e feliz! 6 Faz mais de um ano que a morte me arrebatou para as suas confortadoras verdades e, felizmente, sinto forças novas banhando-me todo o ser. Graças a Deus! 7 Dize a elas que as acompanho sempre que posso, inspirando-lhes coragem, energia para a luta, bem como a todas as demais sobrinhas, que eu aí deixei. E que não se preocupem com os pequeninos nadas da vida passageira do planeta, principalmente a minha querida Mariquinhas precisa pensar nesta minha recomendação de mãe. 8 Não deve ela se entregar a pensamentos tristes e sombrias apreensões, criando estados nervosos, dentro de sua natureza pacífica, mas sim confiar na bondade d’Aquele que é nosso tudo neste mundo e no outro!  9 Que ela recorde os nossos dias do passado e espere confiante na Providência Divina. É verdade que lhe falta a assistência tangível do companheiro que a aguarda na luz do Infinito, mas o carinho doce das filhas deve ser o bálsamo suave de suas ardentes esperanças.

10 O Daniel, n graças à misericórdia do Alto, vem auxiliando a todos e recordando as minhas palestras com a Julinha. Sou muito agradecida aos meus filhinhos aqui presentes, pelo bem que me proporcionaram.

11 Aí na Terra todos os acontecimentos e todas as situações são expressões transitórias das atividades planetárias. O que subsiste é a fé em Deus, o amor praticado e sentido, o bem que se plantou pelos caminhos escabrosos, cujas sementeiras, longe da Terra, medram e se desenvolvem nas claridades do mundo espiritual12 Nada se perde e o que me falta, meus amigos, para vos fazer compreender a realidade, é a expressão vocabular necessária para vos conduzir o pensamento a esse complexo de emoções sublimadas, que constitui o estado contínuo das almas de consciência retilínea, fora dos liames lamacentos da matéria carnal. 13 A palavra amiga, o sorriso confortador, a gota de remédio, o pedaço de pão são células da árvore do bem, cuja sombra bondosa vos guarda no Céu, distante do calor dissolvente das paixões terrestres.

14 Dizei à Julinha de minha satisfação vendo-a continuar o esforço pálido de minha boa vontade apenas. Que ela trabalhe, não excessivamente, mas com o método preciso, que o resto Jesus nos concederá de acréscimo, segundo a sua promessa suave. E que Deus vos abençoe a cada um, concedendo-vos as alegrias mais santas, é o que suplica a Deus, neste momento, a velha tia da Terra e irmã da Eternidade,

Engraciha n



Notas da organizadora:

[1] Sobre Daniel não nos foram dados maiores informes.


[2] Engracinha, Engrácia Ferreira, era tia de vovó Júlia, ou Julinha. Foi pioneira do alfabeto Braille para cegos. Desencarnou a 21 de abril de 1937 e menos de um mês depois, a 6 de maio, comunicou-se por meio de Chico Xavier, em uma mensagem dirigida à vovó Júlia, solicitando a continuação de sua obra. “(…) Engrácia Ferreira, pioneira do alfabeto Braille para cegos, desencarnou a 27 de abril de 1937. Menos de um mês depois, a 6 de maio, comunicava-se através de Chico Xavier dando uma mensagem dirigida a D. Júlia, solicitando a continuação de sua obra. Onze dias depois, Chico recebe a segunda mensagem, na própria grafia do Braille, que foi publicada em “Reformador” de junho de 1938. Diz uma nota de rodapé da revista que o médium, por não conhecer o alfabeto Braille, levou duas horas para receber tal comunicação psicográfica, que foi assim transcrita: “Minha boa Julinha, a paz de Deus, nosso Pai, seja em teu generoso coração, sempre tão cheio de fé. Trabalhemos pelos cegos, minha filha, pensando que a cegueira do espírito é bem mais triste que a dos olhos. Hei de ajudar-te com o favor de Deus. A tia, Engrácia.” No dia 16 de novembro de 1938, transmite a 3ª mensagem, sugerindo que ela transpusesse para o Braille determinado dicionário de Português, obra que havia deixado inacabada. D. Júlia, atendendo à solicitação da querida amiga espiritual, aprendeu sozinha o alfabeto Braille, copiando letra por letra. Para certificar-se, pediu a um cego que lesse o que havia escrito, cujo resultado encheu-lhe de alegrias. A partir daí, transformou-se numa verdadeira missionária do Braille. Reuniu em sua casa várias senhoras interessadas nessa obra de altruísmo — na prática do ensino do Braille. Em 1939, iniciou a transcrição do Dicionário da Língua Portuguesa, de autoria de Hildebrando Lima e Gustavo Barroso, cujo trabalho durou cerca de quatro anos, dando, ao todo, 64 volumes. Em 1945, Chico Xavier recebeu a 5ª mensagem do Espírito Engrácia Ferreira, agradecendo à sobrinha o atendimento e o valioso trabalho em prol dos cegos. D. Júlia iniciou um curso gratuito do Braille no centro da cidade, visando maior número de colaboradores. Transcreveu para esse alfabeto inúmeras obras espíritas e não espíritas, entre as quais O Evangelho Segundo o Espiritismo, Agenda Cristã, Cartas do Evangelho, Voltei, Pequenas Mensagens e muitas outras, todas doadas à Sociedade Pró-Livro Espírita em Braille (SPLEB). (…).” Disponível em: www.espiritismogi.com.br/…/juliapego.htm. Acesso em: 03 jan. 2008. Tia Engracinha, já no Plano espiritual, reconheceu-se devedora dos cegos, porque, mulher poderosa em vida anterior, decretara tal pena ao chefe de insurreição surgida em seus domínios e, em o fazendo, teve como vítima o próprio filho.


Texto extraído da 1ª edição desse livro.

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