10|11|1936
1 Minha boa irmã e amiga, n
Era meu desejo comunicar-me contigo hoje, por intermédio da prancheta, n todavia considerei este meio melhor para te dirigir algumas palavras. 2 Atualmente, não imaginas como se sente reconfortado o meu coração em reconhecendo os meus entes caros na posse das realidades espirituais que nos felicitam o espírito. 3 Hoje, não mais a saudade empolgante e dolorosa martiriza o meu íntimo, mas sim uma divina esperança jorra em meu coração uma onda balsâmica de paz, que me faz reconhecida à misericórdia do Altíssimo. 4 Muito sofri logo após a minha desencarnação, em virtude dos atrativos que a vida de moça estava cheia para mim. As ilusões de menina, os sonhos da juventude não me abandonaram nos primeiros tempos de minha existência no além-túmulo.
5 Em todos os meus anteriores comunicados, ainda não tive ensejo em falar-te com respeito às amarguras que me pungiam a alma dilacerada pela saudade e pela distância, todavia, a bondade infinita do Senhor não se fez tardar para o meu coração e senti logo os efeitos divinos de sua imensa misericórdia para a minh’alma. 6 Seres piedosos e compassivos estenderam-me, no Além, os seus braços compassivos e amorosos, e, aos poucos, tive a alegria de me fazer sentida por aqueles que eu havia deixado no mundo crucificados no pranto mais pungente dentro da expectativa dolorosa da eterna separação.
7 Felizmente, venho evoluindo, sempre procurando constantemente o estudo que venha desenvolver as minhas possibilidades individuais. Tenho, agora, atribuições e deveres junto de um estabelecimento destinado à manutenção das órfazinhas terrenas. E dentro de uma grande falange de muitos amigos busco desdobrar as minhas atividades, fortificando os corações dos pequeninos, encaminhando-os para Deus.
8 Como os homens que lutam e trabalham, nós, igualmente, temos aqui os nossos dias determinados de repouso. Nessas ocasiões, recebemos mensagens dos nossos maiores da Espiritualidade, exortações e conselhos amigos, como no mundo acontece com todos os que procuram o progresso através do trabalho e do esforço próprios.
9 O intercâmbio de conhecimentos entre nós todos, que vivemos a existência espiritualizada, é bem maior que os movimentos daí. E é assim que aprendendo e laborando temos de sustentar uma continuação das tarefas terrenas em favor do nosso aperfeiçoamento geral. 10 Se para o homem encarnado existem seres e radiações invisíveis e inapreensíveis ainda pelas suas faculdades de observação, para nós, igualmente, essas criaturas e coisas intangíveis ainda existem, porquanto o plano de nossos conhecimentos é ainda relativo, como relativo é o plano de nossas possibilidades pessoais.
11 Espíritos conheço eu que apesar de serem extremosos nos seus sentimentos de bondade ainda não se elevaram da própria Esfera terrestre, servindo aí de intérpretes junto ao pensamento dos seres encarnados, dos pensamentos de grandes mentores espirituais. E marchamos todos para os conhecimentos divinos e integrais da vida e dos seus ignotos mistérios.
12 Sinto-me satisfeita e feliz podendo dirigir-te a palavra em um ambiente tão simples e tão puro como é o do teu lar terreno. E é por essa razão que sempre que me é possível estou ao teu lado, insuflando-te o desejo de conhecer melhor os problemas transcendentes da vida.
13 Se todas as outras almas femininas soubessem dos tesouros de consolação que se encontram no patrimônio imenso de nossa consoladora Doutrina, bem aproveitariam o tempo dentro das ideias verdadeiramente construtoras, sem os delírios das ideologias ocas que só poderão atrasar-lhes a marcha ascensional para Deus. 14 A missão da mulher não pode ser adulterada. Qualquer modificação no seu papel de orientadora da família, dos homens e dos povos acarreta a confusão no mecanismo geral da coletividade. 15 Muitos dos nossos mestres daqui nos afirmam que o desvio da mulher, no tocante aos problemas grandiosos dos seus deveres, é uma das causas principais da luta terrível que se estabeleceu nos últimos anos sobre a Terra.
16 Que Deus guarde a todas! Que nesta noite, mais do que nunca, possam cair do Céu sobre o teu coração e sobre o teu lar as bênçãos dulcificantes do Criador.
Tua de sempre,
Helena n
Notas da organizadora:
[1] Refere-se à minha mãe, Maria Joviani.
[2] Sobre a prancheta: a título de informação, e de conformidade com o Dicionário de Parapsicologia, Metapsíquica e Espiritismo, de João Teixeira de Paula, a prancheta é conceituada como segue: “(…) Peça móvel em que há um indicador (ou ponteiro), que percorre mediunicamente o alfabeto (em forma de quadrante), os algarismos de 0 a 9 e as palavras SIM e NÃO ali colocados e por meio dos quais se obtém comunicações espiríticas. Um autor, que naturalmente muito lidou com a prancheta, assim a descreve: “Por meio da prancheta obtém-se extensas comunicações, sem demasiada fadiga para o médium (…)”. PRANCHETA. In: PAULA, João Teixeira de. — Dicionário de Parapsicologia, Metapsíquica e Espiritismo. São Paulo: Empresa Gráfica da Revista dos Tribunais, 1970. p. 71-73. Compulsado do livro Deus conosco (VINHA DE LUZ, 3. ed., 2010, p. 49-50). Para maiores informações sobre o assunto, vide o Anexo B, à página. 421.
[3] A comunicante, Helena Maia, foi uma grande amiga de minha mãe, Maria, e tias Aurélia e Iacy. A família Maia era muito ligada à família Amorim. Desencarnou muito moça.