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Reforma Protestante

(Protestantismo)

 TEMAS CORRELATOS: Batismo. | Bíblia. | Credo. | Cristianismo. | Jerônimo de Praga. | João Calvino. | John Huss. | Martinho Lutero. | Religião. | Wyclif. | Zwingli.


OUTRAS REFERÊNCIAS AO TEMA


 

A Reforma Protestante foi um movimento que começou no século XVI com uma série de tentativas de reformar a Igreja Católica Romana e levou subsequentemente ao estabelecimento do Protestantismo. Houve divisão na Igreja entre os «católicos romanos» de um lado e os «reformados» ou «protestantes» de outro; entre esses, surgiram várias igrejas, das quais se destacam o Luteranismo (de Martinho Lutero), as igrejas reformadas e os Anabaptistas. A Reforma teve intuito moralizador, colocando em plano de destaque a moral do indivíduo (conhecedor agora dos textos religiosos, após séculos em que estes eram o domínio privilegiado dos membros da hierarquia eclesiástica). Sua principais figuras foram Jan Huss (1370-1415), Martinho Lutero (1483-1546) e João Calvino (1509-1564). A resposta da Igreja foi o movimento conhecido como Contrareforma.

O biógrafo de João Calvino, o francês Bernard Cottret, escreveu: “Com o Concílio de Trento (1545-1563)… trata-se da racionalização e reforma da vida do clero. A Reforma Protestante é para ser entendida num sentido mais extenso: ela denomina a exortação ao regresso aos valores cristãos de cada indivíduo”. A Igreja havia criado um meio de salvação no qual para ser salvo, o homem deveria passar por uma série de passos e rituais nos quais, além de Jesus, havia a intercessão de santos, a necessidade de penitências e o pagamento de indulgências que comprariam um pedaço do céu. A Reforma redescobriu o papel de o próprio indivíduo poder se achegar a Deus, e obter o perdão e a sua salvação. Proclama-se, com a Reforma, que o homem seria salvo pela fé e não por obras da carne.

Um elemento comum às igrejas que surgem da Reforma Protestante é esta centralização na salvação do indivíduo. Bernard Cottret: “A reforma cristã, em toda a sua diversidade, aparece centrada na teologia da salvação. A salvação, no cristianismo, é forçosamente algo de individual, diz mais respeito ao indivíduo do que à comunidade”. Este aforismo de Lutero do ano 1531 caracteriza bem a importância da história pessoal de cada um para a causa reformadora. Lutero não é nenhum fundador de um império, ele é um monge em busca da sua salvação. Como Pierre Chaunu mostrou de forma extraordinária, “não se trata de uma questão da Igreja mas de uma questão da salvação”.

O resultado deste movimento religioso é uma mais fervorosa observação dos princípios morais cristãos tais como eles estão expressos na Bíblia. Os movimentos de zelo religioso que têm lugar na Europa do século XVI são para ser entendidos no contexto do efeito multiplicador iniciado pela invenção da imprensa por Gutenberg. Se a bíblia não estivesse agora acessível a cada um, traduzida nas línguas e dialetos locais, compreensível aos Europeus, tal como ela começou a surgir no século XVI, tal zelo religioso não teria sido possível. Anteriormente ao século XVI, a bíblia era um manuscrito em Latim, (uma língua dominada por uma minoria) do qual havia poucas cópias, que se encontravam fechadas nos conventos e nas igrejas, lida por uma elite eclesiástica. A grande maioria da população nunca a tinha lido. No século XVI, ela está disponível em grandes números e nas línguas e dialetos locais. Não é de admirar pois que a religião se torne um tema polêmico.  † 


Édito de Nantes.


O Édito de Nantes foi um documento histórico assinado em Nantes a 13 de Abril de 1598 pelo rei da França Henrique IV. O édito concedia aos huguenotes a garantia de tolerância após 36 anos de perseguição e massacres por todo o país, com destaque para o Massacre da noite de São Bartolomeu de 1572.

Com este édito ficava estipulado que a confissão católica permanecia a religião oficial do Estado mas era agora oferecida aos calvinistas franceses a liberdade de praticarem o seu próprio culto.  † 


Revogação do Édito.


87 anos mais tarde, a intolerância religiosa estaria de volta. A 23 de Outubro de 1685, o rei Luis XIV da França revogaria o Édito de Nantes com o Édito de Fontainebleau — contrariando a vontade do Papa Inocêncio XI e da Cúria Romana. Os huguenotes voltariam a ser perseguidos e muitos deles fugiriam para o estrangeiro: para a Prússia, para os EUA e África do Sul.


Édito de Fontainebleau.


O Édito de Fontainebleau, assinado em Outubro de 1685 foi um decreto histórico emitido pelo Rei Luis XIV da França, que revogava o Édito de Nantes de 1598 e ordenava a destruição de igrejas huguenotes e o fechamento de escolas protestantes. Como resultado, um grande número de protestantes — estimativas variam entre 200.000 e 500.000 — deixaram a França nas duas décadas seguintes, procurando refúgio na Inglaterra, as Províncias Unidas (na atual Holanda), África do Sul, Dinamarca, e em territórios que hoje pertencem à Alemanha e EUA.   † 


  Calvinistas ou Camisards das Cevenas.


Camisards eram protestantes franceses (huguenotes) da região de Cevennes, resistente e isolada do centro-sul da França, que levantou uma revolta contra as perseguições que se seguiram à revogação do Édito de Nantes em 1685. A revolta dos Camisards eclodiu em 1702, com o pior dos conflitos através de 1704,  dispersando-se a luta até 1710 e chegando finalmente à paz em 1715.

O nome Camisard  na língua occitana em muitos casos é atribuído a um tipo de blusa ou camisa de linho, conhecido como camisa camponesa para o gasto, em lugar de qualquer tipo de uniforme; camisada, no sentido de “ataque noturno”, é derivado de uma característica de suas táticas. Eventualmente, o nome Black Camisards refere-se aos protestantes, enquanto White Camisards (também conhecido como “cadetes da Cruz”) eram católicos organizados para verificar os negros. Ambos os grupos eram conhecidos por cometer atrocidades.  † 


Vide o artigo História dos calvinistas das Cevenas.


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