O Caminho Escritura do Espiritismo Cristão | Estudos Espíritas

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EADE — Estudo Aprofundado da Doutrina Espírita — Religião à luz do Espiritismo

TOMO I — CRISTIANISMO E ESPIRITISMO
Módulo II — O Cristianismo

Roteiro 25


A Reforma Protestante


 

Objetivos:   Elaborar uma linha histórica que retrate os marcos mais significativos da Reforma Protestante. — Citar dados biográficos dos principais reformadores. — Explicar a importância da Reforma Protestante no contexto da evolução do pensamento religioso, segundo a visão espírita.



IDEIAS PRINCIPAIS

  • O Plano invisível determina, assim, a vinda ao mundo de numerosos missionários com o objetivo de levar a efeito a renascença da religião […]. Assim, no século XVI, aparecem as figuras veneráveis de Lutero, Calvino, Erasmo, Melanchton e outros vultos notáveis da Reforma, na Europa central e Países Baixos. Emmanuel: A Caminho da Luz, Capítulo 20.

  • A Reforma e os movimentos que se lhe seguiram vieram ao mundo com a missão especial de exumar a “letra” dos Evangelhos […] a fim de que, depois da sua tarefa, pudesse o Consolador prometido, pela voz do Espiritismo cristão, ensinar aos homens o “espírito divino” de todas as lições de Jesus. Emmanuel: O Consolador, questão 295.

  • A […] ideia da reforma não estava só na cabeça de Lutero, mas na de milhares de cabeças, de onde deveriam sair homens capazes de a sustentar. Allan Kardec: Revista Espírita de 1866, agosto, p. 321.



 

SUBSÍDIOS


1. O contexto histórico


A Idade Média, em contraste com outros períodos da história, foi caracterizada por uma cultura religiosa que influenciava e impregnava todas atividades sociais.


A política, a economia, as artes e a filosofia eram de competência direta da igreja. O papado era, ao mesmo tempo, uma potência religiosa e política. Grande parte da vida econômica estava organizada ao redor das igrejas paroquiais e dominada por elas. As artes eram, por definição, religiosas: a pintura e a arquitetura refletiam a preocupação pelo transcendente, não havendo evidência mais clara disso que o impulso vertical das catedrais. Mesmo o redescobrimento e a aceitação de Aristóteles não alteraram o quadro geral. Por isso não é estranho que a civilização europeia fosse caracterizada como o Corpus Christianum. (3)


Nesse sentido, Emmanuel esclarece que:


Essa renascença, iniciada do Alto, clareou a Terra em todas as direções. A invenção da imprensa facultava o mais alto progresso no mundo das ideias, criando as mais belas expressões da vida intelectual. A literatura apresenta uma vida nova e as artes atingem culminâncias que a posteridade não poderia alcançar Numerosos artífices da Grécia antiga, reencarnados na Itália, deixam traços indeléveis da sua passagem, nos mármores preciosos. Há mesmo, em todos os departamentos das atividades artísticas, um pronunciado sabor da vida grega, anterior às disciplinas austeras do Catolicismo na idade medieval, cujas regras, aliás, atingiam rigorosamente apenas quem não fosse parte integrante do quadro das autoridades eclesiásticas. (18)


A História destaca grandes mudanças nesse período.


O século XV e o começo do XVI, em Roma, foram a idade do humanismo, uma grande era de renovado aprendizado clássico, de redescobrimento dos princípios da arte clássica, do florescimento da criatividade na pintura, na escultura e na arquitetura e de um prazer pela vida e pela beleza que representava não só uma sublime extravagância, mas um novo sentido da glória da criação. Tratava-se, em grande medida, de uma visão religiosa: para compreendê-la, precisamos levar em conta o primeiro e de certo modo o mais atraente dos papas humanistas, Nicolau I. […]. O movimento conciliar vinha perdendo força à medida que os monarcas europeus faziam seus próprios e vantajosos arranjos com o papado, a fim de controlar as igrejas nacionais, e cessavam de apoiar as rebeliões eclesiásticas. (5)


A capital do Império Romano foi totalmente embelezada.


Nicolau inaugurou também a transformação física de Roma. Simbolizou a recuperação do controle papal da cidade ao restaurar o Castel Sant’Angelo e ao reformar o medieval palácio dos Senadores, no Capitólio. Mas as suas maiores obras estavam no Vaticano, que ele transformou na principal residência papal, abandonando o precário Latrão. […] Porém, a sua iniciativa mais radical foi a de projetar a reconstrução da própria São Pedro. (6)


As seguintes palavras do papa Nicolau justificam a sua incansável necessidade de reformas e de embelezamentos arquitetônicos.


Para […] criar convicções sólidas e estáveis na mente das massas incultas, deve haver um apelo aos olhos; uma fé popular baseada unicamente em doutrinas sempre há de ser débil e vacilante. Mas se a autoridade da Santa Sé estiver visualmente exposta em construções majestosas, em memoriais imperecíveis, em testemunhos como plantados pela própria mão de Deus, a fé há de crescer e fortalecer-se qual uma tradição que passa de uma geração a outra, e o mundo inteiro há de aceitá-la e reverenciá-la. (7)


Emmanuel nos esclarece, porém, que no Plano espiritual medidas são tomadas para conter os desregramentos perpetrados pelos condutores do Catolicismo.


A essas atividades reformadoras não poderia escapar a Igreja, desviada do caminho cristão. O Plano invisível determina, assim, a vinda ao mundo de numerosos missionários com o objetivo de levara efeito a renascença da religião, de maneira a regenerar os seus relaxados centros de força. Assim, no século XVI, aparecem as figuras veneráveis de Lutero, Calvino, Erasmo, Melanchton e outros vultos notáveis da reforma, na Europa Central e nos Países Baixos. (19)


2. A Reforma Protestante


No século XVI uma grande revolução eclesiástica ocorreu na Europa Ocidental, levando a mudanças consideráveis na esfera religiosa que, durante todo o período medieval, estivera sob o domínio da Igreja Católica. Essa revolução de mentalidades teve tanto causas políticas como religiosas. Muitos monarcas estavam insatisfeitos com o enorme poder que o papa exercia no mundo, ao mesmo tempo em que muitos teólogos criticavam a doutrina e as práticas da Igreja, sua atitude para com a fé e seu feitio organizacional. Ideias e razões deram origem a diversas comunidades eclesiais novas.

  • Na Inglaterra, o rei Henrique VIII rompeu com o papa porque este lhe negou a permissão para que se divorciasse. O rei se tornou, então, chefe da Igreja da Inglaterra [Igreja Anglicana]. Não houve cisma, mas a Igreja da Inglaterra aos poucos foi adotando várias ideias da Reforma. Hoje, o anglicanismo é uma Igreja que engloba diferentes tendências e até mesmo seitas […].

  • Foi um monge alemão, Martinho Lutero, o maior responsável por esse conflito teológico. Ele deu forte destaque à fé e à palavra (a Bíblia), como elementos mais significativos. Diversos príncipes eleitores, nobres governantes alemães, insatisfeitos com o poder do papa, apoiaram Lutero e transformaram as igrejas de seus próprios domínios em igrejas estatais, partindo do princípio de que a religião do eleitor era também a do súdito.

  • Os reformadores suíços Calvino e Zuínglio defendiam um rompimento mais radical com o catolicismo. Davam menos valor ao batismo e à eucaristia do que os católicos e os luteranos, mas julgavam vital mexer na organização da Igreja. Queriam seguir aquilo que consideravam os preceitos do Novo Testamento.A Igreja é dirigida por representantes eleitos que, juntamente com os ministros, constituem a Assembleia Geral. Esta é conhecida como presbitério (da palavra grega que significa “conselho dos anciãos”), e por isso a Igreja reformada é chamada presbiteriana. Essa Igreja logo se tornou a principal seita protestante em países cujos soberanos não instituíram o Cristianismo como religião do Esrado; por exemplo, Holanda, Suíça e Escócia. (8)


O Espiritismo, por meio de informações apresentadas por Emmanuel, revela:


A Reforma e os movimentos vieram ao mundo com a missão especial de exumar a “letra” dos Evangelhos, enterrada até então nos arquivos da intolerância clerical, nos seminários e nos conventos, a fim de que, depois da sua tarefa, pudesse o Consolador prometido, pela voz do Espiritismo cristão, ensinar aos homens o “espírito divino” de todas as lições de Jesus. (22)


A Reforma Protestante provocou profundos e irreversíveis impactos na Igreja Católica.


Por ocasião dos primeiros protestos contra os faustos dos príncipes da Igreja, ocupava a cadeira pontifícia Leão X, cuja vida mundana impressionava desagradavelmente os espíritos sinceramente religiosos. Sob a sua direção criara-se, em 1518, o célebre “Livro das Taxas da sagrada Chancelaria e da Sagrada Penitenciaria Apostólica”, onde se encontrava estipulado o preço de absolvição para todos os pecados, para todos os adultérios, inclusive os crimes hediondos. Tais rebaixamentos da dignidade eclesiástica ambientaram as pregações de Lutero e seus companheiros de apostolado. De nada valeram as perseguições e as ameaças ao eminente frade agostiniano. (20)


O protestantismo foi um movimento que surgiu, no século XVI, para conter os abusos do clero católico, sobretudo em relação às indulgências.


Embora rompessem com a Igreja, os reformadores não pensaram estar criando uma nova Igreja. Em vez disso, sustentavam a necessidade de recolocar a Igreja cristã em suas verdadeiras bases. Levados à ação quase sempre em virtude de abusos e distorções da vida eclesiástica no período medieval, logo compreenderam, no entanto, que a sua interpretação do Evangelho era radicalmente diferente da sustentada pela Igreja existente. Baldados seus esforços para renová-la, não tiveram outro recurso senão constituir instituição independente da que consideravam sob “o jugo romano”. A história do protestantismo, portanto, deve começar com uma compreensão dessa tentativa da recuperação, segundo se entendia, da vida da Igreja à luz do Evangelho, dentro, contudo, do contexto sócio-cultural do período medieval. (3)


Outros fatos históricos foram decisivos para a ocorrência da Reforma Protestante


A […] derrocada do feudalismo e o surgimento de classes médias ocupadas com o comércio e a indústria criaram um novo setor na sociedade, independente da influência direta da Igreja. A imprensa foi inventada em meados do século XV e na última década do mesmo século Colombo descobria o Novo Mundo. Nos mesmos dias em que Magalhães circunavegava o globo (1519-1522). […] Pequenos povoados se convertiam em centros urbanos onde os homens já não dependiam da agricultura para sua sobrevivência. Embora a Igreja ainda fosse poder dominador, muitas forças novas, além do trabalho dos reformadores, estavam operando para derrocar seu domínio sobre os homens. (4)


3. Os reformadores protestantes


3.1 Martinho Lutero.


Martinho Lutero: fundador da lgreja Luterana, nasceu em Eisleben a 10 de novembro de 1483, na Turíngia, desencarnando em 1546.


Seus pais, Hans Luther e Margaret Ziegler, […] eram gente modesta do campo, embora livres, vindo de Möhra, na Turíngia. […] Lutero nunca se envergonhou de seus antecedentes sociais; ao contrário, falava com orgulho de seus ancestrais camponeses. Gente sólida, física e moralmente, algo rude, de uma religiosidade firme, mas não especulativa. (11)


Por ser de família católica, assim que nasceu foi batizado na igreja chamada “Peter Paulkirche”, Igreja de São Pedro e São Paulo.


Durante […] 13 anos, Martim viveu com os seus em Mansfeld, onde iniciou seus estudos ainda bem jovem. […] A disciplina era rigorosa, mais do que o currículo, pois os mestres jamais hesitaram em usara vara para castigar as menores faltas. […]. (12) Aos 14 anos, […] foi enviado a Magdeburg, pois já havia esgotado os recursos dos currículos disponíveis em Mansfeld, e seu pai queria fazer dele um sábio […]. As dificuldades financeiras eram muitas e o menino frequentemente ia de porta em porta, cantando em companhia de seus colegas, para ganhar um pão aqui e ali. No ano seguinte, regressou a casa. Dias depois, seguia para Eisenach, onde se matriculou na escola de são Jorge. […] Lutero era estudioso e teve ali bons mestres. (13)


Concluídos os estudos e devido a inteligência que Lutero revelava, foi encaminhado à universidade.


De Eisenach Lutero foi enviado à Universidade de Erfurt. […]. A faculdade era das mais importantes e bem reputadas da Alemanha. […] Estudava sem parar e só deixava as salas de aula para dirigir-se à biblioteca. Leu os clássicos, meditou e absorveu tudo quanto podia reter sua memória fabulosa. Ao cabo de um ano, em 1502, recebeu o primeiro grau acadêmico, o bacharelado em filosofia. Tinha apenas 19 anos. […] Era, no entanto, um espírito inquieto e especulativo, que buscava a companhia de homens sérios e instruídos, dos quais pudesse absorver sempre algum conhecimento. No terceiro ano de sua vida acadêmica, o jovem […] Martim descobriu uma velha Bíblia latina na biblioteca. O livro foi uma revelação e um impacto emocional. Lutero havia chegado, afinal, aos textos em torno dos quais toda a sua vida haveria de girar Só então descobriu que apenas trechos diminutos e escassos eram mencionados nos púlpitos e nas cátedras, enquanto um verdadeiro manancial de ensinamentos e de História permanecia ignorado. Decidiu que haveria de ter sua própria Bíblia para estudo e meditação. (14)


Concluídos os estudos teológicos, Lutero torna-se padre, mas não exerce o ofício.


Em 2 de maio de 1507, Lutero foi ordenado sacerdote da Igreja Católica Apostólica Romana [na ordem dos agostinianos]. A primeira missa foi um momento de ternura e emoção […]. No entanto, suas dúvidas estavam longe de serem resolvidas. O próprio ritual da missa deixa-o atônito, ante a facilidade, que raia pelo desrespeito, com que Deus Todo-Poderoso é tratado pelos sacerdotes, que recitam palavras cujo sentido parecem ignorar (15)


A mente inquiridora de Lutero não conseguia aceitar a forma como o catolicismo era praticado.


No auge dessa crise espiritual que ameaçava precipitá-lo no desespero total, surge o homem que lhe estenderia as mãos generosas: Johannes Von Staupitz, […]. Ele presidiu a todas as novidades, a todos os primeiros combates da Reforma. Ele buscou Lutero na sua cela, conduziu-o passo a passo no conhecimento do Evangelho, abriu sua alma à verdade, armou-a para a luta, inspirou-lhe um espírito de resistência, contribuiu para fazer dele o homem dessa grande revolução. (16)


É importante destacar que a noção de purgatório, defendida pela Igreja Católica, somente foi admitida no ano de 593.

“O purgatório originou um comércio escandaloso das indulgências, por intermédio das quais se vende a entrada no céu. Este abuso foi a causa primária da Reforma, levando Lutero a rejeitar o purgatório.” (1)


Alguns historiadores enxergavam na sua missão uma simples expressão de despeito dos seus companheiros da comunidade, em face da preferência de Leão X encarregando os Dominicanos da pregação das indulgências. A verdade, contudo, é que o humilde filho de Eisleben tornara-se órgão da repulsa geral aos abusos da Igreja, no capítulo da imposição dogmática e da extorsão pecuniária. Os postulados de Lutero constituíram, antes de tudo, modalidade de combate aos abusos romanos, sem representarem o caminho ideal para as verdades religiosas. Ao extremismo do abuso, respondia com o extremismo da intolerância, prejudicando a sua própria doutrina. Mas o seu esforço se coroou de notável importância para os caminhos do porvir. (21)


“A Reforma de Lutero foi um movimento de retorno às fontes primitivas do Cristianismo, cuja pureza se comprometera no cipoal da teologia meramente especulativa, perdendo-se na palavra fria e morta a luz e o calor do espírito vivo”. (17)


3.2 João Calvino.


Jurista e teólogo, um dos maiores vultos da Reforma, nasceu em Noyon, França, em 10 de julho de 1509, e morreu em Genebra em 27 de maio de 1564. Tendo ingressado na Universidade de Paris, estudou latim, filosofia e dialética, formando-se em Direito. Homem culto, portador de profundo sentimento moral, autor de livros, Calvino vivia cercado de humanistas e de reformadores, em Paris. A conversão de Calvino foi rápida, e se pode atribuir a três causas: os estudo das escrituras, a influência de amigos e os bons exemplos que muito membros da reforma deram quando perseguidos. Por defender sua ideia, fugiu para Basileia, na Suíça, onde escreveu sua grande obra sobre a reforma: Os estatutos da Religião Cristã, obra que representa uma espécie de enciclopédia teológica. Passando a viver em Genebra, dedicou-se ao trabalho de explicar as escrituras, reformar o cerimonial do casamento, e de utilizar mais os Salmos nas prédicas.

Dentre os reformadores do século XVI (inclusive Lutero), foi Calvino quem mais se destacou como argumentador e conhecedor da Bíblia. As ideias de Calvino fizeram surgir uma reforma na Reforma, denominada presbiterianismo.


3.3 John Knox.


É conhecido como o reformador da Escócia. Nascido em Haddington, em 1505, cursou universidade em Glasgow. Em 1540 foi ordenado padre. Tomou contato com a Reforma em finais de 1545. O instrumento imediato da sua conversão foi, provavelmente, o erudito reformador George Wishart. Knox seguia-o incansavelmente, levando consigo, segundo dizem, uma espada que ele estaria disposto a usar para defender Wishart. John Knox morreu em 1570, em Edimburgo.


3.4 John Wyclif ou Wycliffe.


Nasceu em Hipswell, Yorkshire, possivelmente em 1328 e morreu em 31 de Dezembro de 1384, perto de Leicester. Foi um teólogo inglês, considerado o precursor da Reforma Protestante no século XIV. Ele iniciou a primeira tradução da Bíblia para o inglês numa edição completa (a Bíblia tinha sido traduzida para o inglês anteriormente, mas por partes).


3.5 Jan Hus ou Huss.


O famoso reformador da Boêmia (República Tcheca), nasceu em Husinec, a 75 km de Praga, possivelmente a 6 de Julho de 1369. Atraído pela profissão clerical, estudou em Praga. Nos seus escritos usava frequentemente citações de Wyclif. Em 1393 fez o bacharelato em letras; em 1394 tornou-se bacharel em Teologia e, em 1396, tornou-se mestre em Teologia. Ordenou-se padre em 1400 e, no ano seguinte, foi nomeado reitor da faculdade de Filosofia de Praga. Exercia também o ofício de pregador na igreja de Belém, em Praga, proferindo sermões em língua tcheca, contrariamente ao usual, em latim. Foi queimado vivo em Constança, a 6 de junho de 1415.


4. As igrejas protestantes


4.1 Igreja Luterana


Hoje, “[…] na Alemanha, a Igreja Luterana é a mais importante, ao lado do catolicismo romano. É apenas nos países escandinavos que predomina o luteranismo (mais de 90% da população)”. (9) Os principais princípios do luteranismo são os seguintes:

  • Igreja é “a assembleia dos santos na qual o Evangelho é considerado de maneira pura e os sacramentos administrados de maneira correta”.

  • A igreja do Cristo é invisível e pode facilmente aceitar pessoas de várias igrejas.

  • Um ministro luterano não ocupa posição especial em relação à sua congregação, porque, mediante a fé e o batismo, cada cristão se torna seu próprio sacerdote. Algumas igrejas luteranas — da Alemanha, Suécia, Noruega, Dinamarca, entre outras — aceitam pastores do sexo feminino.

  • Todas as igrejas luteranas são estatais, ou seja, a nomeação de seus funcionários é feita pelo governo.

  • Os fundamentos religiosos derivam apenas da Bíblia (“A palavra de Deus”). As pessoas só podem justificar-se perante Deus somente pela sua fé em Cristo (princípio “sola fide”).

  • Existem dois sacramentos na Igreja Luterana: o batismo — que conduz o indivíduo à comunhão com Deus — , e a eucaristia: “o corpo e o sangue do Cristo estão presentes na eucaristia, mas os elementos da eucaristia são apenas pão e vinho”.

  • A vida é um dom de Deus, mas a vida é também um dever, isto é, valoriza-se a vida pelo trabalho e pela atividade social.


4.2 Igreja Metodista


Trata-se de uma igreja oriunda do movimento moderno dos princípios da Reforma, denominado de “reavivamento” e de “conversão individual”, surgidos a partir do século XVII. Os cultos e as reuniões caracterizam-se por uma maior liberdade, isto é, não existe uma liturgia fixa, e o interior da igreja e as vestes sacerdotais são simplificadas.

A igreja Metodista foi fundada pelo pastor anglicano John Wesley (1703-1791). É um movimento religioso democrático e forte na Inglaterra, nos Estados Unidos, Canadá e Austrália.

Existe uma organização sacerdotal formada de padres e bispos, definida e eleita pela congregação. A Bíblia, o credo apostólico e os 35 artigos religiosos, elaborados por John Wesley, representam o credo doutrinário. A Igreja Metodista tem como artigo de fé o fato de que o Cristo morreu por todos os homens e de que Deus oferece salvação a qualquer pessoa que a aceitar. Os metodistas dão ênfase à “consciência da graça”, ou seja, a capacidade da pessoa perceber a salvação por meio de uma experiência espiritual. A “santificação” é igualmente destacada no metodismo, e acontece pelo batismo e pela conversão. Ensinam que as pessoas devem crescer em amor e justiça para conseguir amar a Deus e ao próximo. O metodismo revela uma tendência puritana ao impor a seus adeptos uma vida disciplinada, com rejeição dos prazeres mundanos. Por outro lado, desenvolvem significativos serviços sociais, tais como orfanatos, asilos de idosos, ajuda aos alcoólatras. Seguem a Bíblia. (10).


4.3 Igreja Batista


Trata-se de um movimento radical da reforma, originário dos anabatistas (grupo de religiosos protestantes, que surgiu no século XVI, durante a Reforma. Diziam que o batismo na infância não era válido, por isso rebatizavam os crentes que se juntavam a eles). Existem várias seitas batistas difundidas na Inglaterra e nos Estados Unidos, em especial entre os negros americanos. Formam congregações independentes com pastores empregados pelos membros da congregação. A Bíblia é interpretada literalmente. (10)


4.4 Igreja Pentecostal


Surgiu pela primeira vez nos Estados Unidos, no século XIX, a partir de derivações das igrejas metodistas e batistas. O movimento pentecostal se difundiu pela Europa, mas é um movimento forte no Brasil, Chile e em vários países da América latina. A organização religiosa é rígida, no estilo militar. Os pentecostais utilizam como princípios religiosos a Bíblia e o credo pentecostal, formado de “artigos de guerra”.O primeiro passo para a pessoa ser salva é a conversão; o segundo é o batismo, de pessoas adultas, pela água (imersão total na água) e o último passo, definitivo e mais importante, é o batismo feito pelo Espírito Santo, que acontece apenas com a manifestação de um ou mais dons do espírito, tal como aconteceu com os apóstolos em Pentecostes (Atos, 2). (10)


4.5 Igreja Adventista ou Adventista do Sétimo Dia


Foi fundada nos Estados Unidos, pelo ex-sacerdote batista William Miller (1782-1849). O nome “adventista” está relacionado à crença na segunda vinda (ou “advento”) de Jesus. O movimento difundiu-se pela Europa e há missionários em várias partes do mundo. A base da igreja está na congregação: ela elege representantes (delegados) para conferências distritais, regionais e mundiais. A Bíblia e o livro de Ellen White — Passos até o Cristo — constituem a fundamentação doutrinária desta igreja.

Os adventistas valorizam o “dom da profecia” graças ao qual certas pessoas preveem o futuro. Preocupam-se em provar que as profecias bíblicas aconteceram, e que a nossa época está prevista nas escrituras. Acreditam que estamos vivendo os “últimos dias” do julgamento final, antes do advento do Cristo. Os adventistas condenam bebidas alcoólicas, tabaco, chá, café etc, e indicam o vegetarismo como alimentação. (10)

Existem outros movimentos protestantes, considerados por alguns estudiosos como igrejas “paralelas à reforma”: a) Testemunhas de Jeová, cujo nome vem de Isaías, 43.10. Difundem a sua fé de porta em porta, fazendo circular a Bíblia e suas revistas. Acreditam que o reino de Deus é um governo do Cristo e de 114 mil indivíduos escolhidos e, b) Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias ou Mórmons: Fundada pelo americano Joseph Smith. (1805-1844), que, supostamente, teria recebido uma revelação de Jesus, por intermédio do anjo Moroni, cuja doutrina consta do Livro de Mórmons. (10)

Os movimentos religiosos da reforma fazem parte do “Conselho Mundial de Igrejas”, fundado em Amsterdam, na Holanda, em 1948. Trata-se de uma comunidade que reconhece Jesus Cristo, como Deus e Salvador, de acordo com a interpretação que fazem da Bíblia e das escrituras sagradas.

Devemos sempre ter uma atitude de respeito pelo trabalho dos reformadores, ainda que tenhamos consciência da existência de desvios ou deturpações.


Se os reformadores só exprimissem as suas ideias pessoais, não reformariam absolutamente nada, porque não encontrariam eco. Um homem só é impotente para agitar as massas se estas forem inertes e não sentirem em si vibrar alguma fibra. É de notar que as grandes renovações sociais jamais chegam bruscamente; como as erupções vulcânicas, são precedidas por sintomas precursores. As ideias novas germinam, então em efervescência numa porção de cabeças; a sociedade é agitada por uma espécie de estremecimento, que a põe à espera de alguma coisa. É nesses movimentos que surgem os verdadeiros reformadores, que assim se veem como representantes, não de uma ideia individual, mas de uma ideia coletiva, vaga, à qual encontra espíritos prontos a recebê-la. Tal era a posição de Lutero, mas Lutero não foi o primeiro, nem o único promotor de reforma. Antes dele houve apóstolos como Wicklef, João Huss, Jerônimo de Praga […]. (2)



 

ANEXO


O advogado da cruz

(Emmanuel)



ORIENTAÇÃO AO MONITOR: Apresentar uma síntese que proporcione uma visão geral do Roteiro. Em seguida, solicitar aos participantes que formem pequenos grupos para leitura, troca de ideias e síntese dos principais pontos dos subsídios deste Roteiro. Ao final, destacar a importância da Reforma Protestante no movimento Cristão.



Referências:

1. KARDEC, Allan. O Céu e o Inferno. Tradução de Manoel Justiniano Quintão. 54. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2004. primeira parte, Capítulo 5 (O purgatório), nota, p. 63.

2. Idem - Revista Espírita. Jornal de Estudos Psicológicos. Ano 1866. Tradução de Evandro Noleto Bezerra. Poesias traduzidas por Inaldo Lacerda Lima. Rio de Janeiro: FEB, 2004. Ano IX, agosto de 1866, n.º 8, Item: os profetas do passado, p. 320-321.

3. ENCICLOPÉDIA MIRADOR INTERNACIONAL. Enccyclopaedia Britannica do Brasil Publicações Ltda. São Paulo, 1995. Vol. 17, p. 9363 (Protestantismo).

4. Idem, ibidem - p. 9364.

5. DUFY, Eamon. Santos e Pecadores; História dos Papas. Tradução de Luiz Antônio Araújo.São Paulo: Cosac e Naify, 1998. Capítulo 4 (Protesto e Divisão) item I: os papas do renascimento, p. 134.

6. Idem, ibidem - p. 137.

7. Idem, ibidem - p. 139.

8. HELLEN, V, NOTAKER, H. E GAARDER,J. O Livro das Religiões. Tradução de Isa Mara Lando. São Paulo: Companhia das Letras, 2000, item: a reforma protestante, p. 194-195.

9. Idem, ibidem - p. 195.

10. Idem, ibidem - p. 200-214.

11. MIRANDA, Hermínio C. As Marcas do Cristo. 3. ed. Rio de Janeiro: FEB, 1995. Vol. 2, p. 42.

12. Idem, ibidem - p. 43-44.

13. Idem, ibidem - p. 47.

14. Idem, ibidem - p. 50.

15. Idem, ibidem - p. 59-60.

16. Idem, ibidem - p. 61-62.

17. Idem - Candeias na Noite Escura. 3. ed. Rio de Janeiro: FEB, 1994. Capítulo 29, p. 148.

18.  XAVIER, Francisco Cândido. A Caminho da Luz. Pelo Espírito Emmanuel. 32. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2005. Capítulo 20, (Renascença do Mundo), item: apogeu da renascença, p. 174.

19. Idem, ibidem - (Renascença religiosa) p. 175.

20. Idem, ibidem - (Renascença religiosa) p. 175-176.

21. Idem, ibidem - (Renascença religiosa) p. 176.

22. Idem - O Consolador. Pelo Espírito Emmanuel. 25. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2005, questão 295, p. 173.


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