Por alguém que esteja em aflição. (42, 43.) — Ação
de graças por um benefício concedido a outrem. (44, 45.)
— Pelos nossos inimigos e pelos que nos querem mal. (46, 47.)
— Ação de graças pelo bem concedido aos nossos inimigos. (48, 49.)
— Pelos inimigos do Espiritismo. (50-52.)
— Por uma criança que acaba de nascer. (53-56.)
— Por um agonizante. (57, 58.) |
42.
Se é do interesse do aflito que a sua prova prossiga, ela não será abreviada
a nosso pedido; mas fora ato de impiedade desanimarmos por não ter sido
satisfeita a nossa súplica; aliás, em falta de cessação da prova, podemos
esperar alguma outra consolação que lhe mitigue o amargor. 2
O que de mais necessário há para aquele que se acha aflito, são a resignação
e a coragem, sem as quais não lhe será possível sofre-la com proveito
para si, porque terá de recomeçá-la. 3
É, pois, para esse objetivo que nos cumpre, sobretudo, orientar os nossos
esforços, quer pedindo lhe venham em auxílio os bons Espíritos, quer
levantando-lhe o moral por meio de conselhos e encorajamentos, quer,
enfim, assistindo-o materialmente, se for possível. 4
A prece, neste caso, pode também ter efeito direto, dirigindo, sobre
a pessoa por quem é feita, uma corrente fluídica com o intento de lhe
fortalecer o moral. (capítulo
V, n.º 5 e 27;
capítulo XXVII,
n.º 6 e 10.)
43. PRECE. — Deus de infinita bondade, digna-te de suavizar o amargor da posição em que se encontra N…, se assim for a tua vontade.
2 Bons Espíritos, em nome de Deus Todo-Poderoso, eu vos suplico que o assistais nas suas aflições. Se, no seu interesse, elas lhe não puderem ser poupadas, fazei compreenda que são necessárias ao seu progresso. Dai-lhe confiança em Deus e no futuro que lhas tornará menos acerbas. 3 Dai-lhe também forças para não sucumbir ao desespero, que lhe faria perder o fruto de seus sofrimentos e lhe tornaria ainda mais penosa no futuro a situação. Encaminhai para ele o meu pensamento, a fim de que o ajude a manter-se corajoso.
44. PREFÁCIO. Quem não se acha dominado pelo egoísmo rejubila-se com o bem que acontece ao seu próximo, ainda mesmo que o não haja solicitado por meio da prece.
45. PRECE. — Meu Deus, sê bendito pela felicidade que adveio a N…
2 Bons Espíritos, fazei que nisso ele veja um efeito da bondade de Deus. Se o bem que lhe aconteceu é uma prova, inspirai-lhe a lembrança de fazer bom uso dele e de se não envaidecer, a fim de que esse bem não redunde, de futuro, em prejuízo seu.
3 A ti, bom gênio que me proteges e desejas a minha felicidade, peço afastes do meu coração todo sentimento de inveja ou de ciúme.
46.
PREFÁCIO. Disse Jesus: Amai os vossos inimigos. Esta máxima é
o sublime da caridade cristã; 2
mas, enunciando-a, não pretendeu Jesus preceituar que devamos ter para
com os nossos inimigos o carinho que dispensamos aos amigos; por aquelas
palavras, ele nos recomenda que lhes esqueçamos as ofensas, que lhes
perdoemos o mal que nos façam, que lhes paguemos com o bem esse mal.
3
Além do merecimento que, aos olhos de Deus, resulta de semelhante proceder,
ele equivale a mostrar aos homens o em que consiste a verdadeira superioridade.
(capítulo XII,
n.º 3 e 4.)
47. PRECE. — Meu Deus, perdoo a N… o mal que me fez e o que me quis fazer, como desejo me perdoes e também ele me perdoe as faltas que eu haja cometido. 2 Se o colocaste no meu caminho, como prova para mim, faça-se a tua vontade.
3 Livra-me, ó meu Deus, da ideia de o maldizer e de todo desejo malévolo contra ele. 4 Faze que jamais me alegre com os infortúnios que lhe cheguem, nem me desgoste com os bens que lhe poderão ser concedidos, a fim de não macular minha alma por pensamentos indignos de um cristão.
5 Possa a tua bondade, Senhor, estendendo-se sobre ele, induzi-lo a alimentar melhores sentimentos para comigo!
6 Bons Espíritos, inspirai-me o esquecimento do mal e a lembrança do bem. 7 Que nem o ódio, nem o rancor, nem o desejo de lhe retribuir o mal com outro mal me entrem no coração, porquanto o ódio e a vingança só são próprios dos Espíritos maus, encarnados e desencarnados! 8 Pronto esteja eu, ao contrário, a lhe estender mão fraterna, a lhe pagar com o bem o mal e a auxiliá-lo, se estiver ao meu alcance.
9 Desejo, para experimentar a sinceridade do que digo, que ocasião se me apresente de lhe ser útil; mas, sobretudo, ó meu Deus, preserva-me de fazê-lo por orgulho ou ostentação, abatendo-o com uma generosidade humilhante, o que me acarretaria a perda do fruto da minha ação, pois, nesse caso, eu mereceria me fossem aplicadas estas palavras do Cristo: Já recebeste a tua recompensa. (capítulo XIII, n.º 1 e seguintes)
48.
PREFÁCIO. Não desejar mal aos seus inimigos é ser apenas meio caridoso;
a verdadeira caridade quer que lhes almejemos o bem e que nos sintamos
felizes com o bem que lhes advenha. (capítulo
XII, n.º 7 e 8.)
49. PRECE. — Meu Deus, entendeste em tua justiça encher de júbilo o coração de N… Agradeço-te por ele, sem embargo do mal que me fez ou que tem procurado fazer-me. 2 Se desse bem ele se aproveitasse para me humilhar, eu receberia isso como uma prova para a minha caridade.
3 Bons Espíritos que me protegeis, não permitais que me sinta pesaroso por isso; isentai-me da inveja e do ciúme que rebaixam; inspirai-me, ao contrário, a generosidade que eleva. 4 A humilhação está no mal e não no bem; e sabemos que, cedo ou tarde, justiça será feita a cada um, segundo suas obras.
50. Bem-aventurados os famintos de justiça, porque serão saciados. Bem-aventurados os que sofrem perseguição por amor da justiça, porque deles é o reino dos Céus.
Ditosos sereis, quando os homens vos carregarem de maldições,
vos perseguirem e falsamente disserem contra vós toda espécie de mal,
por minha causa. Rejubilai-vos, então, porque grande recompensa vos
está reservada nos Céus, pois assim perseguiram eles os profetas enviados
antes de vós. (São
Mateus, capítulo V, vv. 6, 10, 11, 12.)
Não temais a que matam o corpo, mas que não podem matar
a alma: temei, anta, aquele que pode perder alma e corpo no inferno.
(São
Mateus, capítulo X, v. 28.)
51. PREFÁCIO. De todas as liberdades, a mais inviolável é a de pensar, que abrange a de consciência. 2 Lançar alguém anátema sobre os que não pensam como ele é reclamar para si essa liberdade e negá-la aos outros, é violar o primeiro mandamento de Jesus: a caridade e o amor do próximo. 3 Perseguir os outros, por motivos de suas crenças, é atentar contra o mais sagrado direito que tem todo homem, o de crer no que lhe convém e de adorar a Deus como o entenda. 4 Constrangê-los a atos exteriores semelhantes aos nossos é mostrarmos que damos mais valor à forma do que ao fundo, mais às aparências, do que à convicção. 5 Nunca a abjuração forçada deu a quem quer que fosse a fé; apenas pode fazer hipócritas; é um abuso da força material, que não prova a verdade; 6 a verdade é senhora de si: convence e não persegue, porque não precisa perseguir.
7 O Espiritismo é uma opinião, uma crença; fosse até uma religião, por que se não teria a liberdade de se dizer espírita, como se tem a de se dizer católico, protestante, ou judeu, adepto de tal ou qual doutrina filosófica, de tal ou qual sistema econômico? 8 Essa crença é falsa, ou é verdadeira. Se é falsa, cairá por si mesma, visto que o erro não pode prevalecer contra a verdade, quando se faz luz nas inteligências. Se é verdadeira, não haverá perseguição que a torne falsa.
9
A perseguição é o batismo de toda ideia nova, grande e justa,
e, cresce com a magnitude e a importância da ideia. 10
O furor e o desabrimento dos seus inimigos são proporcionais ao temor
que ela lhes inspira. 11
Tal a razão por que o Cristianismo foi perseguido outrora e por que
o Espiritismo o é hoje, com a diferença, todavia, de que aquele o foi
pelos pagãos, enquanto o segundo o é por cristãos. 12
Passou o tempo das perseguições sangrentas, é exato; contudo, se já
não matam o corpo, torturam a alma, 13
atacam-na até nos seus mais últimos sentimentos, nas suas mais caras
afeições; lança-se a desunião nas famílias, excita-se a mãe contra a
filha, a mulher contra o marido; 14
investe-se mesmo contra o corpo, agravando-se-lhe as necessidades materiais,
tirando-se-lhe o ganha-pão, para reduzir pela fome o crente. (capítulo
XXIII, n.º 9 e seguintes.) [v. Perseguições.]
15 Espíritas, não vos aflijais com os golpes que vos desfiram, pois eles provam que estais com a verdade. Se assim não fosse, deixar-vos-iam tranquilos e não vos procurariam ferir. 16 Constitui uma prova para a vossa fé, porquanto é pela vossa coragem, pela vossa resignação e pela vossa paciência que Deus vos reconhecerá entre os seus servidores fiéis, a cuja contagem ele hoje procede, para dar a cada um a parte que lhe toca, segundo suas obras.
17 A exemplo dos primeiros cristãos, carregai com altivez a vossa cruz. Crede na palavra do Cristo, que disse: “Bem-aventurados os que sofrem perseguição por amor da justiça, que deles é o reino dos Céus. Não temais os que matam o corpo, mas que não podem matar a alma.” 18 Ele também disse: “Amai os vossos inimigos, fazei bem aos que vos façam mal e orai pelos que vos perseguem.” Mostrai que sois seus verdadeiros discípulos e que a vossa doutrina é boa, fazendo o que ele disse e fez.
19
A perseguição pouco durará. Aguardai com paciência o romper da aurora,
pois que já rutila no horizonte a estrela d’alva. (capítulo
XXIV, n.º 13 e seguintes.)
52. PRECE. — Senhor, tu nos disseste pela boca de Jesus, o teu Messias: “Bem-aventurados os que sofrem perseguição por amor da justiça; perdoai aos vossos inimigos; orai pelos que vos persigam.” E ele próprio nos deu o exemplo, orando pelos seus algozes.
2 Seguindo esse exemplo, meu Deus, imploramos a tua misericórdia para os que desprezam os teus sacratíssimos preceitos, únicos capazes de facultar a paz neste mundo e no outro. Como o Cristo, também nós te dizemos: “Perdoa-lhes, Pai, que eles não sabem o que fazem.”
3 Dá-nos forças para suportar com paciência e resignação, como provas para a nossa fé e a nossa humildade, seus escárnios, injúrias, calúnias e perseguições; 4 isenta-nos de toda ideia de represálias, visto que para todos soará a hora da tua justiça, hora que esperamos submissos à tua vontade santa.
53. PREFÁCIO. Somente depois de terem passado pelas provas da vida corpórea, chegam à perfeição os Espíritos;
2 os que se encontram na erraticidade aguardam que Deus lhes permita volver a uma existência que lhes proporcione meios de progredir, quer pela expiação de suas faltas passadas, mediante as vicissitudes a que fiquem sujeitos, quer desempenhando uma missão proveitosa para a Humanidade. 3 O seu adiantamento e a sua felicidade futura serão proporcionados à maneira por que empreguem o tempo que hajam de estar na Terra. 4 O encargo de lhes guiar os primeiros passos e de os encaminhar para o bem cabe a seus pais, que responderão perante Deus pelo desempenho que derem a esse mandato. 5 Para lhos facilitar, foi que Deus fez do amor paterno e do amor filial uma lei da Natureza, lei que jamais se transgride impunemente.
54. PRECE. (Para ser dita pelos pais.) — Espírito que encarnaste no corpo do nosso filho, sê bem-vindo. 2 Sê bendito, ó Deus Onipotente, que no-lo mandaste.
É um depósito que nos foi confiado e do qual teremos um dia de prestar contas. 3 Se ele pertence à nova geração de Espíritos bons que hão de povoar a Terra, obrigado, ó meu Deus, por essa graça! 4 Se é uma alma imperfeita, corre-nos o dever de ajudá-lo a progredir na senda do bem, pelos nossos conselhos e bons exemplos; se cair no mal, por culpa nossa, responderemos por isso, visto que, então, teremos falido em nossa missão junto dele.
5 Senhor, ampara-nos em nossa tarefa e dá-nos a força e a vontade de cumpri-la. Se este filho nos vem como provação para os nossos Espíritos, faça-se a tua vontade!
6 Bons Espíritos que presidistes ao seu nascimento e que tendes de acompanhá-lo no curso de sua existência, não o abandoneis. Afastai dele os maus Espíritos que tentem orientá-lo para o mal. Dai-lhe forças para lhes resistir às sugestões e coragem para sofrer com paciência e resignação as provas que o esperam na Terra. (capítulo XIV, n.º 9)
55. Outra. — Meu Deus, confiaste-me a sorte de um dos teus Espíritos; faze, Senhor, que eu seja digno do encargo que me impuseste. Concede-me a tua proteção. Ilumina a minha inteligência, a fim de que eu possa perceber desde cedo as tendências daquele que me compete preparar para ascender a tua paz.
56. Outra. — Deus de bondade, pois que te aprouve permitir que o Espírito desta criança viesse de novo sofrer as provas terrenas, destinadas a fazê-lo progredir, dá-lhe luz, a fim de que aprenda a conhecer-te, amar-te e adorar-te. 2 Faze, pela tua onipotência, que esta alma se regenere na fonte das tuas sábias instruções; 3 que, sob a égide do seu anjo guardião, a sua inteligência se desenvolva e amplie e o leve a ter por aspiração aproximar-se cada vez mais de ti; 4 que a ciência do Espiritismo seja a luz brilhante que o ilumine através dos escolhos da vida; 5 que ele, enfim, saiba apreciar toda a extensão do teu amor, que nos põe em prova, para purificar-nos.
6 Senhor, lança paterno olhar sobre a família a que confiaste esta alma, para que ela compreenda a importância da sua missão e faça que germinem nesta criança as boas sementes, até ao dia em que ela possa, por suas próprias aspirações, elevar-se sozinha para ti.
7 Digna-te, ó meu Deus, de atender a esta humilde prece, em nome e pelos merecimentos daquele que disse: “Deixai venham a mim as criancinhas, porquanto o reino dos Céus é para os que se lhes assemelham.”
57.
PREFÁCIO. A agonia é o prelúdio da separação da alma e do corpo. Pode
dizer-se que, nesse momento, o homem tem um pé neste mundo e um no outro.
2
É penosa às vezes essa passagem, para os que muito apegados se acham
à matéria e viveram mais para os bens deste mundo do que para os do
outro, ou cuja consciência se encontra agitada pelos pesares e remorsos;
3
para aqueles cujos pensamentos, ao contrário, buscaram o Infinito e
se desprenderam da matéria, menos difíceis de romper-se são os laços
que o prendem à Terra e nada têm de dolorosos os seus últimos momentos;
apenas um fio liga, então, a alma ao corpo, enquanto que no outro caso
profundas raízes a conservam presa a este; 4
em todos os casos, a prece exerce ação poderosa sobre o trabalho de
separação. (Ver, adiante: Preces
pelos enfermos; — O Céu e o Inferno, 2ª parte, capítulo
I — O Passamento.)
58. PRECE. — Deus onipotente e misericordioso, aqui está uma alma prestes a deixar o seu envoltório terreno para volver ao mundo dos Espíritos, sua verdadeira pátria. Dado lhe seja fazê-lo em paz e que sobre ela se estenda a tua misericórdia.
2 Bons Espíritos, que a acompanhastes na Terra, não a abandoneis neste momento supremo. Dai-lhe forças para suportar os últimos sofrimentos por que lhe cumpre passar neste mundo, a bem do seu progresso futuro. Inspirai-a, para que consagre ao arrependimento de suas faltas os últimos clarões de inteligência que lhe restem, ou que momentaneamente lhe advenham.
3 Dirigi o meu pensamento, a fim de que atue de modo a tornar menos penoso para ela o trabalho da separação e a fim de que leve consigo, ao abandonar a Terra, as consolações da esperança.