1 Morrer!… Morrer!… A gente crê que esquece, n
Pensa que é santo em paz humilde e boa,
Quando a morte, por fim, desagrilhoa
O coração cansado posto em prece.
2 Mas, ai de nós!… A luta reaparece…
A verdade é rugido de leoa…
A floração de orgulho cai à toa,
Por joio amargo na Divina Messe.
3 No castelo acordado da memória
Ruge o passado que nos dilacera,
Quando a lembrança é fel em dor suprema…
4 Sempre distante o céu envolto em glória,
Porquanto em nós ressurge a besta-fera
Buscando, em novo corpo, nova algema. n
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[1] Antônio Eliezer LEAL DE SOUZA — Ao desligar-se do Exército, dedicou-se Leal de Souza ao jornalismo, tendo sido redator de A Federação de Porto Alegre. Iniciou, depois, o curso jurídico, no Rio de Janeiro, sem concluí-lo, porém. Nessa mesma cidade, salientou-se na posição de diretor de A Careta e de secretário de A Noite, do Diário de Notícias e de A Nota. Poeta que mereceu louvores de Olavo Bilac, achando João Pinto da Silva (Hist. Lit. R.G.S., Pág. 223) que na obra poética dele “há composições que uma crítica sincera, tanto quanto imparcial, pode perfeitamente classificar entre as melhores de nossa literatura”. Fernando Góes (Pan. V, pág. 251) assinala que “Leal de Souza escreveu mais tarde dois romances e alguns livros sobre Espiritismo, — preocupação que já se encontrava presente em alguns passos do Bosque Sagrado.” (Livramento, Rio Grande do Sul, 24 de Dezembro n de 1880 — Rio de Janeiro, Gb, 1º de Novembro de 1948.)
BIBLIOGRAFIA: Álbum de Alzira; Bosque Sagrado; No Mundo dos Espíritos; Transposição de Umbrais (conferência na Federação Espírita Brasileira); etc.
[2] Verso 1 - Cf. nota nº 7, pág. 62. Além da epizeuxe, vejamos mais: O indefinido a gente, tão usado pelos bons autores, dá um ar de familiaridade à comunicação que nos faz o poeta de sua própria experiência nos domínios da morte.
[3] Verso 14 - Poliptoto: “… em novo corpo, nova algema.” Cf. nota 13, pág. 40.
[4] João Pinto da Silva (Op. cit., pág. 223, nota 1) regista Setembro para o mês de nascimento.