1 Vertendo suor em baga,
No médium que o entretém,
Ei-lo que chega do Além, (3) n
O Espírito em sombra e chaga. (4)
2 Desfaz-se em revolta e praga,
Condena, fere, porém
Escuta o verbo de alguém,
Que ajuda, enternece e afaga. (8) n
3 Na palavra que renova,
O fogo revel da prova
Agora é bálsamo e luz.
4 E o pobre, ante a paz bem-vinda,
Embora chorando ainda,
Bendiz o amor de Jesus.
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1 Toda vitória insensata,
Além, na Luz Infinita,
Tem gosto de patarata
Que não sofre contradita.
2 O orgulho é a velha bravata
Que a morte desfaz sem grita,
Deixando mofo e sucata,
Revolta, choro, desdita…
3 Somente a vida correta,
Guardando Jesus por meta,
Faz a estrada livre e enxuta.
4 Se não queres a derrota
Da ilusão que abraça e enxota,
Trabalha, edifica e luta.
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[1] ALFREDO José dos Santos NORA — Após estudar Engenharia até o 4º ano do curso, Alfredo Nora abraçou a carreira de funcionário da Central do Brasil. Poeta e jornalista brilhante, colaborou em várias revistas e jornais. “Conquanto fosse um poeta essencialmente lírico,” — escreveu seu amigo Jorge Azevedo (Estado de Minas de 24-9-1961) — “possuía, sempre afiado, o estilete da sátira. E, nos seus momentos de euforia espiritual, gostava de perfilar a família em versos leves e humorísticos. E gostava, também, e muito, de escrever a amigos cartas em versos.” (Município de Piraí, Estado do Rio, 18 de Novembro de 1881 — Desencarnou em 13 de Novembro de 1948.)
[2] Verso 3-4 Ei-lo… o Espírito… — “um pronome pessoal ou o demonstrativo átono o, explicados em seguida por uma espécie de aposto:
“Os homens não são dignos nem de ouvi-las,
As queixas do infeliz”
(Garrett, Camões, c. III, XXI, in Sousa da Silveira, L.: 278.)
[3] O poeta refere-se à palavra do doutrinador.