1 Tudo parece agora o termo do caminho…
O velho carrilhão bate as horas na sala:
É a palavra do tempo ao coração que estala,
Afirmando, cruel, que partirei sozinho. n
2 Lá fora, ruge o vento ululante e escarninho.
Fito, além da janela, o céu de cinza e opala…
“Adeus! Adeus! Adeus!…” — geme o peito sem fala, n
Algemado à aflição de estranho pelourinho.
3 Desce, torva, no olhar, a noite em que me espanto,
Resume-se a existência às gotas de meu pranto.
Silêncio, sombra, nada… A morte e a despedida…
4 Mas súbito clarão rasga as trevas do quarto.
Ai!… o corpo é grilhão de que, enfim, me descarto,
Para exaltar, cantando, o esplendor de outra vida!
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