O Caminho Escritura do Espiritismo Cristão.
Doutrina espírita - 1ª parte.

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Revista espírita — Ano XI — Fevereiro de 1868.

(Idioma francês)

Instruções dos Espíritos.

Os messias do Espiritismo: São José. (1) — Fénelon. (2) — Baluze. (3) — Lacordaire. (4)Os Espíritos marcados: Anônimo. (5) — São Luís. (6) — Lamennais. (7) Futuro do Espiritismo: Erasto. (8) — Montaigne. (9) As estrelas cairão do Céu: Dupuch, bispo de Argel. (10) Os mortos sairão dos túmulos: João Evangelista. (11) O Juízo Final: Erasto. (12) — Clélie Duplantier. (13)


OS ESPÍRITOS MARCADOS.


5.


Há muitos Espíritos superiores que concorrerão poderosamente para a obra regeneradora, mas nem todos são Messias. É preciso distinguir:

1. Os Espíritos superiores, que agem livremente e por sua própria vontade;

2. Os Espíritos marcados, isto é, designados para uma missão importante. Têm a irradiação luminosa, que é o sinal característico de sua superioridade. São escolhidos entre os Espíritos capazes de as cumprir; entretanto, como têm livre-arbítrio, podem falir por falta de coragem, de perseverança ou de fé e não estão livres dos acidentes que podem abreviar os seus dias. Mas como os desígnios de Deus não estão à mercê de um homem, o que um não faz, o outro é chamado a fazer. Eis por que há muitos chamados e poucos escolhidos. Feliz aquele que realiza sua missão segundo as vistas de Deus e sem desfalecimento!

3. Os Messias, seres superiores, chegados ao mais alto grau da hierarquia celeste, depois de terem atingido uma perfeição que os torna infalíveis daí por diante, e acima das fraquezas humanas, mesmo na encarnação. Admitidos nos conselhos do Altíssimo, recebem diretamente sua palavra, que são encarregados de transmitir e fazer cumprir. Verdadeiros representantes da Divindade, da qual têm o pensamento, é entre eles que Deus escolhe seus enviados especiais, ou seus Messias, para as grandes missões gerais, cujos detalhes de execução são confiados a outros Espíritos encarnados ou desencarnados, agindo por suas ordens e sob sua inspiração.

Espíritos dessas três categorias devem concorrer ao grande movimento regenerador que se opera.


Êxtase sonambúlico — Paris,  †  1866.


6.


Venho, meus amigos, confirmar a esperança dos altos destinos que esperam o Espiritismo. Esse glorioso futuro que vos anunciamos será realizado pela vinda de um Espírito superior que resumirá, na essência de sua perfeição, todas as doutrinas antigas e novas, e que, pela autoridade de sua palavra, ligará os homens às crenças novas. Semelhante ao Sol nascente, dissipará todas as obscuridades amontoadas sobre a eterna verdade, pelo fanatismo e pela inobservância dos preceitos do Cristo.

Estrela da nova crença, o futuro Messias cresce na sombra; mas já os seus inimigos tremem e as virtudes dos céus estão abaladas.

Perguntais se esse novo Messias é a pessoa mesma de Jesus de Nazaré? Que vos importa, se é o mesmo pensamento que os anima a ambos? São as imperfeições que dividem os Espíritos; mas quando as perfeições são iguais, nada os distingue; formam unidades coletivas, sem perderem a sua individualidade.

O começo de todas as coisas é obscuro e vulgar; o que é pequeno cresce; nossas manifestações, a princípio acolhidas com o desdém, a violência ou a indiferença banal da curiosidade ociosa, espalharão ondas de luz sobre os cegos e os regenerarão.

Todos os grandes acontecimentos têm seus profetas, ora incensados, ora desprezados. Assim como Moisés conduzia os hebreus, nós vos conduziremos para a terra prometida da inteligência.

Similitude impressionante! os mesmos fenômenos se repetem, não mais no sentido material, destinado a ferir os homens infantis, mas na sua acepção espiritual. As crianças se tornaram adultos; crescendo o objetivo, os exemplos não mais se dirigem aos olhos; a vara de Aarão está partida, e a única transformação que operamos é a de vossos corações, tornados atentos ao grito de amor que, do Céu, repercute na Terra.

Espíritas! compreendei a gravidade de vossa missão; estremecei de alegria, porque não está longe a hora em que o divino enviado alegrará o mundo. Espíritas laboriosos, sede benditos em vossos esforços e perdoados em vossos erros. A ignorância e a perturbação ainda vos ocultam uma parte da verdade que só o celeste Mensageiro vos pode revelar inteiramente.


São Luís. n

Paris,  †  1862.     


7.


A vinda do Cristo trouxe à vossa Terra sentimentos que, por um instante, a submeteram à vontade de Deus; mas os homens, enceguecidos por suas paixões, não puderam guardar no coração o amor do próximo, o amor do Mestre do céu. O enviado do Todo-Poderoso abriu à Humanidade a estrada que conduz à mansão dos bem-aventurados; mas a Humanidade recuou um passo imenso que o Cristo a tinha feito dar; caiu no ramerrão do egoísmo, e o orgulho a fez esquecer o seu Criador.

Deus permite que ainda uma vez sua palavra seja pregada na Terra, e tereis que o glorificar porque fostes dos primeiros a quem ele se dignou chamar a crer no que mais tarde será ensinado. Rejubilai-vos, porque estão próximos os tempos em que essa palavra se fará ouvir. Melhorai-vos, aproveitando os ensinamentos que ele permite que vos demos.

Que a árvore da fé, que neste momento finca raízes tão vigorosas, produza os seus frutos; que esses frutos amadureçam, como amadurecerá a fé que hoje anima alguns entre vós.

Sim, meus filhos, o povo se comprimirá sobre os passos do novo mensageiro anunciado pelo próprio Cristo, e todos virão escutar essa divina palavra, porque nela reconhecerão a linguagem da verdade e o caminho da salvação. Deus, que permitiu que vos esclarecêssemos, que sustentássemos vossa marcha até hoje, permitirá ainda que vos demos as instruções que vos são necessárias.

Mas também vós, os primeiros favorecidos pela crença, tendes vossa missão a cumprir; tereis de trazer aqueles do vosso meio que ainda duvidam das manifestações que Deus permite; tereis de fazer luzir aos seus olhos os benefícios daquilo que tanto vos consolou; porque nos vossos dias de tristeza e de abatimento a vossa crença não vos sustentou? não fez nascer em vosso coração esta esperança que, sem ela, teríeis ficado no desalento?

Eis o que é preciso fazer partilhar os que ainda não creem, não por uma precipitação intempestiva, mas com prudência e sem chocar de frente os preconceitos longamente arraigados. Não se arranca uma velha árvore de um golpe só, como se fora um pé de erva, mas pouco a pouco.

Semeai desde agora o que mais tarde quereis colher; semeai o grão que virá frutificar no terreno que tiverdes preparado e cujos frutos vós mesmos colhereis, porque Deus vos levará em conta o que tiverdes feito por vossos irmãos.


Lamennais. n

Havre,  †  1862.       



[1] [v. São Luís.]


[2] [v. Lamennais.]


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