OBSERVAÇÕES
PRELIMINARES. — SUPERIORIDADE DA NATUREZA DE JESUS: (1,
2.) — Sonhos. (3.)
— Estrela dos magos. (4.)
— DUPLA VISTA: Entrada
de Jesus em Jerusalém. (5.)
— Beijo de Judas. (6.)
— Pesca milagrosa. (7.)
— Vocação de Pedro, André, Tiago, João e Mateus. (8-9.)
— CURAS: Perda de sangue. (10,
11.) — Cego de Betsaida. (12,
13.) — Paralítico. (14,
15.) — Os dez leprosos. (16,
17.) — Mão seca. (18.)
— A mulher curvada. (19,
20.) — O paralítico da piscina. (21-23.)
— Cego de nascença. (24,
25.) — Numerosas curas de Jesus. (26-28.)
— POSSESSOS. (29-36.)
— RESSURREIÇÕES: Filha de Jairo. (37.)
— Filho da viúva de Naim. (38-40.)
— OUTROS: Jesus caminha sobre a água. (41,
42.) — Transfiguração. (43,
44.) — Tempestade aplacada. (45,
46.) — Bodas de Caná. (47.)
— Multiplicação dos pães. (48.)
— O fermento dos fariseus. (49.)
— O pão do Céu. (50,
51.) — Tentação de Jesus. (52,
53.) — Prodígios à morte de Jesus. (54,
55.) — Aparição de Jesus, após sua morte. (56-63.)
— Desaparecimento do corpo de Jesus. (64-67.) |
Entrada de Jesus em Jerusalém.
5. — Quando eles se aproximaram de Jerusalém e chegaram a Betfagé,
perto do Monte das Oliveiras, Jesus enviou dois de seus discípulos,
dizendo-lhes: Ide a essa aldeia que está à vossa frente e, lá chegando,
encontrareis amarrada uma jumenta e junto dela o seu jumentinho; desamarrai-a
e trazei-mos. Se alguém vos disser qualquer coisa, respondei que o Senhor
precisa deles e logo deixará que os conduzais. Ora, tudo isso se deu,
a fim de que se cumprisse esta palavra do profeta: — Dizei à filha de
Sião: Eis o teu rei, que vem a ti, cheio de doçura, montado numa jumenta
e com o jumentinho da que está sob o jugo. (Zacarias,
IX, v. 9,10.)
Os discípulos então foram e fizeram o que Jesus lhes ordenara. E, tendo trazido
a jumenta e o jumentinho, a cobriram com suas vestes e o fizeram montar.
(São
Mateus, Cap. XXI, vv. 1 a 7.)
6. — Levantai-vos, vamos, que já está perto daqui aquele que me há
de trair. Ainda não acabara de dizer essas palavras e eis que Judas,
um dos doze, chegou e com ele uma tropa de gente armada de espadas e
paus, enviada pelos príncipes dos sacerdotes e pelos anciãos do povo.
Ora, o que o traía lhes havia dado um sinal para o reconhecerem, dizendo-lhes:
Aquele a quem eu beijar é esse mesmo o que procurais: apoderai-vos dele.
Logo, pois, se aproximou de Jesus e lhe disse: Mestre, eu te saúdo;
e o beijou. Jesus lhe respondeu: Meu amigo, que vieste fazer aqui? Ao
mesmo tempo, os outros, avançando, se lançaram a Jesus e dele se apoderaram.
(São
Mateus, Cap. XXVI, vv. 46 a 50.)
7. — Um dia, estando Jesus à margem do lago de Genesaré, como a multidão de povo o comprimisse para ouvir a palavra de Deus, viu ele duas barcas atracadas à borda do lago e das quais os pescadores haviam desembarcado e lavavam suas redes. Entrou numa dessas barcas, que era de Simão, e lhe pediu que a afastasse um pouco da margem; e, tendo-se sentado, ensinava ao povo de dentro da barca.
Quando acabou de falar, disse a Simão: Avança para o mar e lança as tuas redes
de pescar. Respondeu-lhe Simão: Mestre, trabalhamos a noite toda e nada
apanhamos; contudo, pois que mandas, lançarei a rede. Tendo-a lançado,
apanharam tão grande quantidade de peixes, que a rede se rompeu. Acenaram
para os companheiros que estavam na outra barca, a fim de que viessem
ajudá-los. Eles vieram e encheram de tal modo as barcas, que por pouco
estas não se submergiram. (São
Lucas, Cap. V, vv. 1 a 7.)
8. — Caminhando ao longo do mar da Galileia, viu Jesus dois irmãos, Simão, chamado Pedro e André, seu irmão, que lançavam suas redes ao mar, pois que eram pescadores; e lhes disse: Segui-me e eu farei de vós pescadores de homens. Logo eles deixaram suas redes e o seguiram.
Daí, continuando, viu ele dois outros irmãos, Tiago, filho de Zebedeu, e João,
seu irmão, que estavam numa barca com Zebedeu, pai de ambos, os quais
estavam a consertar suas redes, e os chamou. Eles imediatamente deixaram
as redes e o pai e o seguiram. (São
Mateus, Cap. IV, vv. 18 a 22.)
Saindo dali, Jesus, ao passar, viu um homem sentado à banca dos impostos, chamado
Mateus, ao qual disse: Segue-me: e o homem logo se levantou e o seguiu.
(São
Mateus, Cap. IX, v. 9.)
9. — Nada apresentam de surpreendentes estes fatos, desde que se conheça o poder da dupla vista e a causa, muito natural, dessa faculdade. 2 Jesus a possuía em grau elevado e pode dizer-se que ela constituía o seu estado normal, conforme o atesta grande número de atos da sua vida, os quais, hoje, têm a explicá-los os fenômenos magnéticos e o Espiritismo.
3 A pesca qualificada de miraculosa ( † ) igualmente se explica pela dupla vista. Jesus não produziu espontaneamente peixes onde não os havia; ele viu, com a vista da alma, como teria podido faze-lo um lúcido vígil, o lugar onde se achavam os peixes e disse com segurança aos pescadores que lançassem aí suas redes.
4 A penetração do pensamento [percepção do pensamento alheio], e, por conseguinte, certas previsões decorrem da vista espiritual. 5 Quando Jesus chama a si Pedro, André, Tiago, João e Mateus, ( † ) é que lhe conhecia as disposições íntimas e sabia que eles o acompanhariam e que eram capazes de desempenhar a missão que tencionava confiar-lhes. 6 E mister se fazia que eles próprios tivessem intuição da missão que iriam desempenhar para, sem hesitação, atenderem ao chamamento de Jesus. 7 O mesmo se deu quando, por ocasião da Ceia, ( † ) ele anunciou que um dos doze o trairia e o apontou, dizendo ser aquele que punha a mão no prato; e deu-se também, quando predisse que Pedro o negaria. ( † )
8 Em muitos passos do Evangelho se lê: “Mas Jesus, conhecendo-lhes os pensamentos, lhes diz…” Ora, como poderia ele conhecer os pensamentos dos seus interlocutores, senão pelas irradiações fluídicas desses pensamentos e, ao mesmo tempo, pela vista espiritual que lhe permitia ler-lhes no foro íntimo?
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Muitas vezes, supondo que um pensamento se acha sepultado nos refolhos
da alma, o homem não suspeita que traz em si um espelho onde se reflete
aquele pensamento, um revelador na sua própria irradiação fluídica,
impregnada dele. 10
Se víssemos o mecanismo do mundo invisível que nos cerca, as ramificações
dos fios condutores do pensamento, a ligarem todos os seres inteligentes,
corporais e incorpóreos, os eflúvios fluídicos carregados das marcas
do mundo moral, os quais, como correntes aéreas, atravessam o espaço,
muito menos surpreendidos ficaríamos diante de certos efeitos que a
ignorância atribui ao acaso. (Cap. XIV,
n.º 15, 22 e seguintes.)