Roteiro 2
O bem e o mal
Objetivo Geral: Propiciar entendimento da lei divina ou natural.
Objetivos específicos: Conceituar o bem e o mal. — Esclarecer por que o homem instruído tem mais responsabilidade em praticar o bem.
CONTEÚDO BÁSICO
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O bem é tudo o que é conforme à lei de Deus; o mal, tudo o que lhe é contrário. Assim, fazer o bem é proceder de acordo com a lei de Deus. Fazer o mal é infringi-la. Allan Kardec: O Livro dos Espíritos, questão 630.
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A lei de Deus é a mesma para todos; porém, o mal depende principalmente da vontade que se tenha de o praticar O bem é sempre o bem e o mal sempre o mal, qualquer que seja a posição do homem. Diferença só há quanto ao grau da responsabilidade. Allan Kardec: O Livro dos Espíritos, questão 636.
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Tanto mais culpado é o homem, quanto melhor sabe o que faz. Allan Kardec: O Livro dos Espíritos, questão 637.
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As circunstâncias dão relativa gravidade ao bem e ao mal. Muitas vezes, comete o homem faltas, que, nem por serem consequência da posição em que a sociedade o colocou, se tornam menos repreensíveis. Mas, a sua responsabilidade é proporcionada aos meios de que ele dispõe para compreender o bem e o mal. Assim, mais culpado é, aos olhos de Deus, o homem instruído que pratica uma simples injustiça, do que o selvagem ignorante que se entrega aos seus instintos. Allan Kardec: O Livro dos Espíritos, questão 637 - comentário.
SUGESTÕES DIDÁTICAS
Introdução:
Desenvolvimento:
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Terminada a leitura, dividir a turma em pequenos grupos, orientando-os na realização das seguintes atividades:
a) Troca de opiniões sobre o assunto desenvolvido no texto;
b) Realização do exercício de interpretação de leitura, proposto no anexo 3 do roteiro 1. É importante que a realização deste exercício tenha como base as contribuições individuais previstas na atividade extraclasse;
c) Indicação de um colega para representar o grupo e relatar, em plenária, as conclusões do trabalho.
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Solicitar aos representantes que apresentem o resultado do exercício desenvolvido no trabalho em grupo.
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Em seguida, entregar a cada participante um número, pedindo à turma que forme um grande círculo. Mostrar, então, uma caixa que deverá circular pelo grupo. Esclarecer que a caixa contém tiras de papel, nas quais estão escritas frases com conceitos de bem e de mal, extraídas dos subsídios.
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Informar que os participantes que receberam número ímpar devem retirar uma tira de papel da caixa, ler a frase em voz alta, e explicar se o conceito, aí existente, é de bem ou de mal. Os demais participantes — os que receberam número par — devem complementar a explicação do colega.
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Observação: o monitor deve ficar atento às colocações da turma, prestando esclarecimentos doutrinários, se for preciso.
Conclusão:
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Realizar, como fechamento do estudo, breve exposição sobre o conceito espírita de bem e de mal, esclarecendo que o homem instruído tem mais responsabilidade em praticar o bem. Orientar-se pelo conteúdo dos subsídios deste roteiro.
Avaliação:
Técnica(s):
Recurso(s):
SUBSÍDIOS
Sendo Deus o princípio de todas as coisas e sendo todo sabedoria, todo bondade, todo justiça, tudo o que dele procede há de participar dos seus atributos, porquanto o que é infinitamente sábio, justo e bom nada pode produzir que seja ininteligente, mau e injusto. O mal que observamos não pode ter nele a sua origem. (1)
Com efeito, esclarece Emmanuel, o […] determinismo divino se constitui de uma só lei, que é a do amor para a comunidade universal. Todavia, confiando em si mesmo, mais do que em Deus, o homem transforma a sua fragilidade em foco de ações contrárias a essa mesma lei, efetuando, desse modo, uma intervenção indébita na harmonia divina. Eis o mal.
Urge recompor os elos sagrados dessa harmonia sublime. Eis o resgate.
Vede, pois, que o mal, essencialmente considerado, não pode existir para Deus, em virtude de representar um desvio do homem, sendo zero na Sabedoria e na Providência Divinas.
O Criador é sempre o Pai generoso e sábio, justo e amigo, considerando os filhos transviados como incursos em vastas experiências. Mas, como Jesus e os seus prepostos são seus cooperadores divinos, e eles próprios instituem as tarefas contra o desvio das criaturas humanas, focalizam os prejuízos do mal com a força de suas responsabilidades educativas, a fim de que a Humanidade siga retamente no seu verdadeiro caminho para Deus. (21)
Dessa forma, o […] bem é tudo o que é conforme à lei de Deus; o mal, tudo o que lhe é contrário. Assim, fazer o bem é proceder de acordo com a lei de Deus. Fazer o mal é infringi-la. (7) Não é difícil ao homem distinguir o bem do mal […] quando crê em Deus e o quer saber. Deus lhe deu a inteligência para distinguir um do outro. (8) Basta, para isso, que aplique a si mesmo o preceito de Jesus […] vede o que queríeis que vos fizessem ou não vos fizessem. Tudo se resume nisso. (9)
Note-se, entretanto, que a […] regra do bem e do mal, que se poderia chamar de reciprocidade ou de solidariedade, é inaplicável ao proceder pessoal do homem para consigo mesmo. (10) É importante que o homem conheça os seus limites. A lei natural, neste sentido, é-lhe guia seguro desse proceder, como explicam os Espíritos Superiores: Quando comeis em excesso, verificais que isso vos faz mal. Pois bem, é Deus quem vos dá a medida daquilo de que necessitais. Quando excedeis dessa medida, sois punidos. Em tudo é assim. A lei natural traça para o homem o limite das suas necessidades. Se ele ultrapassa esse limite, é punido pelo sofrimento. Se atendesse sempre à voz que lhe diz — basta, evitaria a maior parte dos males, cuja culpa lança à Natureza. (11)
A lei de Deus é a mesma para todos; porém, o mal depende principalmente da vontade que se tenha de o praticar. O bem é sempre o bem e o mal sempre o mal, qualquer que seja a posição do homem. Diferença só há quanto ao grau da responsabilidade. (12) Tanto mais culpado é o homem, quanto melhor sabe o que faz. (13)
As circunstâncias dão relativa gravidade ao bem e ao mal. Muitas vezes, comete o homem faltas, que, nem por serem consequência da posição em que a sociedade o colocou, se tornam menos repreensíveis. Mas, a sua responsabilidade é proporcionada aos meios de que ele dispõe para compreender o bem e o mal. Assim, mais culpado é, aos olhos de Deus, o homem instruído que pratica uma simples injustiça, do que o selvagem ignorante que se entrega aos seus instintos. (13)
A ambição desvairada, o orgulho, o egoísmo, entre outras paixões inferiores, podem levar o homem a destruir o seu semelhante. Dizem os Espíritos Superiores que essa […] necessidade desaparece, entretanto, à medida que a alma se depura, passando de uma a outra existência. Então, mais culpado é o homem, quando o pratica, porque melhor o compreende. (14) Essa compreensão se expressa, por exemplo, quando, nas situações de legítima defesa, o agredido busca salvar a sua vida (17) ou, ainda, quando, nas guerras, procede com sentimento de humanidade. (18)
De toda forma, o mal recai sempre sobre o seu causador. Aquele que induz o seu semelhante a praticar o mal pela posição em que o coloca tem mais responsabilidade do que este último, porque […] cada um será punido, não só pelo mal que haja feito, mas também pelo mal a que tenha dado lugar. (15) De igual modo, aquele que, embora não praticando o mal, se aproveita do mal praticado por outrem, é tão culpado quanto este, uma vez que aproveitar […] do mal é participar dele. Talvez não fosse capaz de praticá-lo; mas, desde que, achando-o feito, dele tira partido, é que o aprova; é que o teria praticado, se pudera, ou se ousara. (16)
Pode-se dizer que os […] males de toda espécie, físicos ou morais, que afligem a Humanidade, formam duas categorias que importa distinguir: a dos males que o homem pode evitar e a dos que lhe independem da vontade. Entre os últimos cumpre se inclinam os flagelos naturais. (2)
Tendo o homem que progredir, os males a que se acha exposto são um estimulante para o exercício da sua inteligência, de todas as suas faculdades físicas e morais, incitando-o a procurar os meios de evitá-los. Se ele nada houvesse de temer, nenhuma necessidade o induziria a procurar o melhor; o espírito se lhe entorpeceria na inatividade; nada inventaria, nem descobriria. A dor é o aguilhão que o impele para a frente, na senda do progresso. (3)
Porém, os males mais numerosos são os que o homem cria pelos seus vícios, os que provêm do seu orgulho, do seu egoísmo, da sua ambição, da sua cupidez, de seus excessos em tudo. Aí a causa das guerras e das calamidades que estas acarretam, das dissensões, das injustiças, da opressão do fraco pelo forte, da maior parte, afinal, das enfermidades.
Deus promulgou leis plenas de sabedoria, tendo por único objetivo o bem. Em si mesmo encontra o homem tudo o que lhe é necessário para cumpri-las. A consciência lhe traça a rota, a lei divina lhe está gravada no coração e, ao demais, Deus lha lembra constantemente por intermédio de seus messias e profetas, de todos os Espíritos encarnados que trazem a missão de esclarecer, moralizar e melhorar e, nestes últimos tempos, pela multidão dos Espíritos desencarnados que se manifestam em toda parte. Se o homem se conformasse rigorosamente com as leis divinas, não há duvidar de que se pouparia aos mais agudos males e viveria ditoso na Terra. Se assim não procede, é por virtude do seu livre-arbítrio: sofre então as consequências do seu proceder. (4)
Entretanto, Deus, todo bondade, pôr o remédio ao lado do mal, isto é, faz que do próprio mal saia o remédio. Um momento chega em que o excesso do mal moral se torna intolerável e impõe ao homem a necessidade de mudar de vida. Instruído pela experiência, ele se sente compelido a procurar no bem o remédio, sempre por efeito do seu livre-arbítrio. Quando toma melhor caminho, é por sua vontade e porque reconheceu os inconvenientes do outro. A necessidade, pois, o constrange a melhorar se moralmente, para ser mais feliz, do mesmo modo que o constrangeu a melhorar as condições materiais da sua existência. (5)
Pode dizer se que o mal é a ausência do bem, como o frio é a ausência do calor. Assim como o frio não é um fluido especial, também o mal não é atributo distinto; um é o negativo do outro. Onde não existe o bem, forçosamente existe o mal. Não praticar o mal, já é um princípio do bem. Deus somente quer o bem; só do homem procede o mal. Se na criação houvesse um ser preposto ao mal, ninguém o poderia evitar mas, tendo o homem a causa do mal em si mesmo, tendo simultaneamente o livre-arbítrio e por guia as leis divinas, evitá-lo-á sempre que o queira. (6)
O mal não tem, pois, existência real, não há mal absoluto no Universo, mas em toda a parte a realização vagarosa e progressiva de um ideal superior; em toda a parte se exerce a ação de uma força, de um poder, de uma coisa que, conquanto nos deixe livres, nos atrai e arrasta para um estado melhor. Por toda a parte, a grande lida dos seres trabalhando para desenvolver em si, à custa de imensos esforços, a sensibilidade, o sentimento, a vontade, o amor! (19)
Em suma, diremos que […] o bem é o único determinismo divino dentro do Universo, determinismo que absorve todas as ações humanas, para as assinalar com o sinete da fraternidade, da experiência e do amor. (20)
Referências Bibliográficas:
1. KARDEC, Allan. A Gênese. Tradução de Guillon Ribeiro. 48. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2005. Capítulo 3, item 1, p. 69.
2. Idem - Item 3, p. 70.
3. Id. - Item 5, p. 71.
4. Id. - Item 6, p. 71.
5. Id. - Item 7, p. 72.
6. Id. - Item 8, p. 72.
7. Idem - O Livro dos Espíritos. Tradução de Guillon Ribeiro. 86. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2005. Questão 630, p. 310.
8. Id. - Questão 631, p. 310.
9. Id. - Questão 632, p. 310.
10. Id. - Questão 633, p. 310-311.
11. Idem, ibidem - p. 311.
12. Id. - Questão 636, p. 312.
13. Id. - Questão 637, p. 312.
14. Id. - Questão 638, p. 312.
15. Id. - Questão 639, p. 312-313.
16. Id. - Questão 640, p. 313.
17. Id. - Questão 748, p. 352.
18. Id. - Questão 749, p. 352.
19. DENIS, Léon. O problema do ser do destino e da dor. 28. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2005. Segunda parte, Capítulo 18, p. 293-294.
20. XAVIER, Francisco Cândido. Brasil, coração do mundo, Pátria do Evangelho. Pelo Espírito Humberto de Campos. 30. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2004, Capítulo 15 (A Revolução Francesa), p. 128-129.
21. Idem - O Consolador. Pelo Espírito Emmanuel. 26. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2006, questão 135, p. 86.