O Caminho Escritura do Espiritismo Cristão
Doutrina espírita - 2ª parte.

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Vida além da vida — Mensagens familiares de Lineu de Paula Leão Jr.


2ª Mensagem

“Carta do coração”

1 Querido papai Lineu e querida mãezinha Elza:
Peço a Jesus fortalecer-nos e abençoar-nos.

2 Pai, é tão grande a minha alegria ao abraçá-lo que a emoção me constringe a garganta, transmitindo-se aos meus dedos, obrigando-me a escrever com certa dificuldade.

3 Mãezinha Elza, muito grato por haver insistido com o papai para virem até aqui hoje.

4 As minhas saudades eram muito grandes e quem não consegue tocar as pessoas queridas, qual me acontece agora, contenta-se com a possibilidade de se desinibir escrevendo, dando expansão aos sentimentos de amor e saudade que nos pressionam o coração.

5 Meu pai, agradeço a sua disposição de defender-me contra as opiniões dos que me supuseram inerte, incapaz de me movimentar contra o fogo que vinha de fora. (15) Compreendo a extensão da luta de que fui o causador involuntário. 6 Sucede que a fila dos veículos à espera do sinal de passagem crescera muito e, sempre na expectativa de que o movimento se normalizasse, tomei os impactos que me lesaram as veias do cérebro.

7 Pouco a pouco, estou sendo conscientizado de que o acontecimento infeliz viria a se concretizar naquele dia de mais uma primavera de gente moça. (1)

8 Importante é que eu tive a intuição de que a mãezinha Elza e a nossa Sandra Maria poderiam preparar a nossa mesa de meu aniversário, a fim de esperar a sua chegada depois do meio dia. (3) Preparei-me. Creia que o senhor era o meu personagem central para a festa. Nunca me vira de tal modo alegre e otimista, mal sabendo o que me esperava.

9 Do que se realizou em matéria de sofrimento já lhes dei as minhas notícias. ( † ) Agora desejo falar de meus agradecimentos aos pais queridos, que me abençoaram e me fizeram feliz durante a minha vida toda.

10 Desejo, com o meu reconhecimento, falar de minhas saudades da terra de que o seu paternal carinho me fez presente para ter um pedaço de chão a cultivar e um pedaço de céu azul para ver com exclusividade. (16)

11 Sinto saudades de minha soja, cujo verde me impressionava e do gado que me habituei a querer bem; tenho saudades da Sandra Maria, do Saturnino e dos meus sobrinhos pequenos, que se achegavam a meu colo. (13) Tenho muitas saudades da vovó Joana, (17) sempre compreensiva e prestimosa, abraçando todos que chegassem à sua casa em Ituverava; tenho saudades de Luciana, (11) principalmente quando líamos juntos algum texto espiritual que nos fazia pensar muito mais no futuro além da Terra do que nos bens da Terra mesma. 12 Lemos juntos algumas páginas inesquecíveis que me prepararam para esta vida nova que estou vivendo com esperança e otimismo e, vezes várias, era ela que me favorecia com a cessão de livros espíritas e outros, que me serviram com eficiência, porque, ao que julgo, os que chegam por aqui sem qualquer conhecimento espiritual, se me figuram pessoas analfabetas, encontrando grandes embaraços para compreender a renovação compulsória a que foram induzidas pela desencarnação. (18)

13 Devo muito a Ituverava e à namorada que, afinal, consubstanciava as qualidades que eu desejava surpreender numa jovem para me casar, de futuro.

14 Vovó Joana está sempre em minha memória.
Aqui, a nossa querida bisavó me lembra sempre aquele carinho irradiante e constante. 15 A propósito, desejo contar-lhes que passei a não chamar minha bisavó por bisavó Filhinha, (6) porque o tempo lhe refez a beleza. A chamada bisavó Filhinha é uma senhora de nobre juventude espiritual que se lhe derrama de todos os gestos.

16 Falando nisso a ela, eis que ela me disse: “Lineuzinho, ficarei contente se você me chamar por vovó Telva, um nome que me agrada.” Pois em companhia da vovó Telva, tenho tido belos momentos, que somente não são completos porque me faltam os pais queridos e a Sandra Maria com os meninos, para completarem a paisagem doméstica iluminada de espiritualidade que a vovó Telva nos proporciona.

17 Em vista de minha liberação, considerada aqui muito recente, vejo-me ainda no instituto de tratamento a que fui conduzido por meu avô Aristides. (4)

18 A vida aqui prossegue repleta de encantos para quem trouxe a vontade de trabalhar e o espírito de aceitação dos desígnios de Deus. (19)

19 Há poucos dias o vovô Aristides me buscou para receber, com ele e vovó Alayde, (20) uma visita confortadora.
Fui até à moradia cercada de gerânios e rosas que o vovô Aristides faz questão de cultivar e esperei alguns momentos.

20 A visita era de um casal cuja bondade criava um ambiente de paz e tranquilidade. Ele já era meu conhecido — o benfeitor Aristides Nery (5) e a senhora que o acompanhava era a esposa dele, que eu não conhecia, Dona Agripina Nery.

21 Fiquei encantado com o carinho de meus avós na recepção íntima em que todos os assuntos foram de interesse espiritual, sem a menor parcela de curiosidade ou lembrança de lutas da Terra.

22 Tudo isso me reconforta e espero, um dia, ser mais preciso e mais claro em minhas notícias, não para criar qualquer fascínio a favor da desencarnação e sim ampliar a nossa convicção de como é útil e belo poder trabalhar e servir na Terra para encontrar tanta alegria e paz no Grande Além.

23 Mãezinha Elza, perdoe-me se me excedi nos comentários.

24 Desejo fazer-lhes um pedido, à mãezinha e a meu pai. Não conservem objetos e utilidades que me pertenceram. Ficarei satisfeito se a Sandra Maria selecionar algumas lembranças para os meus sobrinhos, a fim de guardarem alguma lembrança do tio quando crescerem e, a maior parte, estimaria que a vovó Joana se incumbisse de distribuir com os rapazes amigos de Ituverava, a critério dela mesma. (21)

25 Mãezinha, perdoe-me se formulo esta solicitação; desejo apenas que conserve os nossos retratos, porque eles são as imagens de nossos momentos mais belos e mais felizes.
Se estou a contrariá-los, desculpem a minha infantilidade de gente ainda verde.
Meu pai, mais uma vez lhe agradeço por todo o seu devotamento de pai e amigo.

26 Mãezinha Elza, mais uma vez reafirmo-lhe o reconhecimento que reina no coração de seu filho.

27 O vovô Aristides, que me faz companhia, julga que devo encerrar esta carta do coração.

28 Recebam os pais queridos, com a nossa Sandra Maria e o nosso Saturnino, com as crianças, com a querida vovó Joana e com a estimada Luciana, todo o coração do filho reconhecido, que agradece a Deus o privilégio de lhes haver sido filho e companheiro, ontem e hoje — no hoje que desejo ser o sempre de nossa feliz união.


Lineu de Paula Leão Júnior

01 de março de 1986.  


Texto extraído da 1ª edição desse livro.

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