1 Querido papai Lineu e querida mãezinha Elza.
Não posso me retirar sem lhes falar do meu carinho e reconhecimento.
2 Tenho mantido a minha situação de estudante da vida, buscando com meus avós e com os amigos de que disponho as informações exatas do meu novo Plano de vivência espiritual.
3 Hoje para mim é um dia de graças porque me reconheço concentrado nas melhoras do papai Lineu; que resistiu valorosamente à implantação das pontes de safena para continuar sendo o nosso apoio e a nossa alegria. Rendo louvores à bondade infinita de Deus que no-lo devolveu nas melhores condições orgânicas. (22)
4 Papai refletiu tanto em mim que não conseguiu afastar de si o percurso coronariano que o deprimia.
Pai, é necessário viver e suportar as atribulações com que sejamos visitados.
5 Tenho estado consigo nas suas meditações, especialmente da fazenda, em vista do seu amor à Natureza. Pense nos corações que se nos ligam ao Espírito e fique tranquilo. (23)
6 Durante a intervenção de que foi objeto, formamos na própria sala em que foi cirurgiado um grupo de orações em prece com o desejo de inflar-lhe energias renovadoras. Éramos nós os amigos e familiares de sempre: o Aristides Waldomiro e esposa, Dª Agripina, (5) o vovô Aristides de Paula (4) e a vovó Alayde Silveira, (20) a nossa querida Etelvina Augusta (6) e eu mesmo.
7 Explicou-nos o irmão Aristides que as nossas orações teriam fins bactericidas para a limpeza completa do ambiente hospitalar em que encontraria as medidas providenciais de que necessitava. 8 Até então, não sabia que, carregadas pelas forças de nossos desejos reunidos, as preces que iríamos formular em silêncio, atuariam no âmago do estabelecimento, afastando os corpúsculos negativos suscetíveis de interferir em sua posição orgânica. 9 Aprendi mais essa lição: que a prece funciona como recurso preservativo, garantindo a higienização integral do meio-ambiente em que nos reunimos ao seu lado, com o firme propósito de extinguir quaisquer focos ambulantes de bactérias que não se harmonizavam com as suas necessidades de cura.
10 Sensibilizado, registrei igualmente as petições de mãezinha Elza e de nossa Sandra Maria (7) que torciam por sua volta à saúde. Agora, papai, é preciso proteger-se, o que sempre se lhe faz difícil, porque o seu coração abnegado palpita em nosso auxílio, com o esquecimento de si mesmo.
11 Sei que a vovó Joana e os nossos de Ituverava se nos associaram ao movimento socorrista e vemo-lo novamente em forma para a continuidade de nossas tarefas.
12 Peço-lhe dizer ao nosso amigo Saturnino (13) que espero seja ele o protetor da minha terra que, em princípio, consagrei à soja, como não ocorreu com tanta gente, que largou da cultura do café e de outros agentes mantenedores da vida para o cultivo de canaviais, que lhes melhorassem os rendimentos com o álcool, agora mais assentado, com o preço moderado da gasolina. Sempre pensei na soja porque vejo nela um grande futuro para os nossos irmãos brasileiros.
13 Não renunciei à sua doação da terra a que me referi e é por isso que rogo ao nosso irmão Saturnino que auxilie a garantir a propriedade em atividade plena, até mesmo refletindo com otimismo nas exigências da chamada reforma agrária.
14 Penso hoje em minha própria renovação para a vida maior, mas não perco a oportunidade de fazer o Saturnino e a Sandra Maria esboçarem os melhores sorrisos, diante de meus cuidados.
15 Afinal, estou entre dois mundos: o mundo físico e o mundo espiritual e não posso esquecer de ambos.
16 Peço à mãezinha Elza, se possível, dizer à Sandra Maria que, neste ano, o desejo dela de me ver aniversariando num sábado, ao que me parece, será satisfeito, de vez que, recordando os dias próximos, creio que o meu natalício será mesmo num sábado. 17 Não desejo que façam da tristeza a supervisora de nossa festa em família, porque já sabem que vivo e estou atuante em nossos caminhos. 18 Nada de pensamentos dedicados à morte porque não podemos crer na grande ilusão em que caminham na Terra milhões de pessoas. A Sandra Maria com a mãezinha Elza serão as autoras das novidades culinárias que, no mundo, são sempre os enfeites nas comemorações de aniversário.
19 Pai, peço-lhe atender às sugestões médicas, sem adotar qualquer improvisação. Andar sem pressa e evitar a barra dos pesos realmente pesados. Tantas exigências para que sobrevivamos aí! Em verdade, isso é indispensável.
20 Todos os nossos daqui se rejubilam com as suas melhoras e estamos felizes ao sabê-lo com o pensamento em descanso, depois de muitos dias com as atribuições das extra-sístoles.
21 Termino aqui, enviando muitas lembranças à querida irmã, ao cunhado amigo e os queridos sobrinhos em Campo Grande.
22 Muito carinho à vovó Joana, (17) e à Luciana (11) em Ituverava (8) e para os queridos pais todo o amor e muitas saudades do filho que lhes pertence pelo coração.
Lineu de Paula Leão Júnior
04 de julho de 1986.