1 Querida mãezinha Elena, o Senhor nos resguarde e abençoe.
2 Quero dizer-lhe que não sumi na rotina do trabalho, porque a cada dia, o trabalho para mim se faz mais importante e mais belo.
3 Tenho integrado algumas comissões de serviço assistencial e tenho descoberto com mais segurança as sugestões e lições da caridade nas quais comemora a força para vencer a nós mesmos, vencendo os obstáculos exteriores.
4 Temos duas relíquias: a Babunha n e o Netinho, e já me sinto munido de interesse para aprender a servir.
5 A nossa Lete e o seu esposo sem perceberem recebem as minhas visitas constantes e espero que eles continuem sempre felizes.
6 Tenho trabalhado um tanto no Hospital de Pirapitingui e com alegria vou fazendo novos caminhos naquela casa de bênçãos. Ali temos irmãos que são lições vivas de compreensão e renúncia e isso me edifica a fim de aproveitar-lhes os exemplos e seguir o meu caminho.
7 Mãezinha Elena, aos nossos corações transmita minha mensagem de reconforto; a todos os meus amigos muitas lembranças e receba do filho reconhecido, sempre seu.
Elcinho
(14/2/1987)
COMENTÁRIOS
Encerrando este correio mediúnico com uma carta quase dez anos após sua primeira comunicação à mãe, Elcio Tumenas continua a demonstrar os cuidados que tem com a família querida, mas principalmente separa-se na insistência com que se refere a seus irmãos de Pirapitingui.
Certamente, se tivéssemos o dom de descortinar o véu do passado, veríamos as razões que levaram o Espírito de Elcio buscar esses irmãos de Humanidade e, do Plano Espiritual, acompanhar-lhe os passos e prestar-lhe a assistência invisível.
A vida eterna e o amor incessante da Criação faz com que busquemos a faixa mental que nos compete e as almas que nos são afins, no estrito cumprimento da Lei de Causa e Efeito que nos iguala a todos e perante os olhos Daquele que Tudo vê.
Elcio e a mãe separam-se fisicamente, mas suas almas reencontram-se sob as bênçãos do trabalho cristão e os maiores beneficiados, como o próprio Elcio afirma, não são os doentes de Pirapitingui, mas aqueles que os visitam e que recolhem, em seus exemplos de resignação e fé, forças para os embates da vida diária.
Consolo e fé forçam as grandes conquistas de D. Elena Tumenas ao se deparar com a aparente injustiça da perda de um filho prematuramente.
Sua sensação nos primeiros tempos da separação foi aquela que acompanha todas as mães que passam pelo mesmo drama: parece que as asas lhe foram arrancadas brutalmente e o voo de sua alma interrompido para sempre.
A misericórdia Divina, porém, que não desampara a nenhum de seus filhos, recoloca-os em sua rota e, mesmo com as lágrimas de saudades orvalhando-lhes o caminho para a resolução dos problemas do ser, do destino e da dor.
Eduardo Carvalho Monteiro