O Caminho Escritura do Espiritismo Cristão
Doutrina espírita - 2ª parte.

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Tudo virá a seu tempo — Mensagens familiares de Elcio Tumenas


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Lesão que a fé cicatriza, mas não cura

1 Querida mãezinha Elena, peço a Deus por nós, rogando também ao seu coração querido que me abençoe.

2 Saudade é o fio que tomo para grafar as minhas palavras. Gratidão é o assunto. Paz em favor de nós todos é a necessidade. E seu filho, que não tem solução para esses problemas, com mais força de fé se confiar a Jesus para solicitar dele o amparo de que precisamos.

3 Mãezinha Elena, não se aflija se os dias passam, sem que a saudade desapareça. O amor é assim mesmo. É um dom de Deus que nos reúne uns aos outros por laços invisíveis que não sabemos definir e nem compreender. Então, entre pais e filhos, parece que somos uma criatura só em pedaços diversos. A separação, mesmo imaginária como essa que experimentamos ante a desencarnação, que me impôs diferentes condições de vida, é uma espécie de lesão que a fé cicatriza, mas não cura.

4 Acima de tudo, acima da própria fé, temos Deus que não nos abandona e com Deus vamos prosseguindo numa só pessoa representando quatro — meu pai, a senhora, Lete e eu em algum lugar que a Divina Providência nos mostrará no futuro. 5 Entretanto, não posso ser egoísta e por isso incluo outros corações queridos nessa lembrança. Nossa Cristina é outra parcela de mim mesmo, e nossa querida Babunha n é outra imagem de nossos corações reunidos. Para a querida vovó, o meu carinho de todos os momentos, com a notícia de que meu avô Simeão n tem sido, agora para mim, um companheiro querido que me poda os pensamentos sombrios, quando a saudade aperta demais o nó de sofrimento com que nos contraem por dentro do espírito.

5 Estou cada vez mais forte, embora sinta a falta de casa, que assinalo sempre. Tenho a ideia de que estou a serviço de alguma organização distanciada demais do lar e fico imaginando o dia da volta com a alegria de um colegial, internado muito longe da família. Depois dessas ideias de sonho, acordo para a realidade e abraço resolutamente as novas tarefas, com aquele ânimo que meu pai cultivou, desde cedo, em meus hábitos.

6 Mãezinha Elena, não se preocupe com as minhas fantasias de rapaz. Tudo está bem, porque tudo está nos desígnios de Deus, e com esta convicção as dificuldades não chegam a surgir numa transferência como aquela de que fui objeto, num momento em que vendia saúde. Tudo está nas forças da Providência Divina, quando não provocamos os acontecimentos que nos desagravam e, por isso mesmo, só possuímos razões para estarmos fortes e alegres.

7 Agradeço ao seu carinho a bondade com que me vai iluminando as estradas. Muitas vezes acompanho-a em seus gestos de socorro ao próximo, imaginando-me em sua companhia, e a verdade, mamãe, é que estou mesmo ao seu lado, trocando pensamentos com você.

8 Abrace meu pai por mim, pedindo-lhe, em meu nome, para que fique sempre mais otimista.

9 Um beijo repartido entre as nossas queridas Lete e Cristina e um prato repleto de carinho e saudade para a querida Babunha.

10 E em seu coração de mãe, como sempre, fica todo o coração de seu filho,


Elcinho

(29/10/1979)  




NOTAS E COMENTÁRIOS


1. Nossa querida Babunha - no idioma russo, Babunha quer dizer avó, e Elcio está se referindo à sua avó, ainda encarnada, Augusta Tichonenko, de 81 anos, à época.

2. Avô Simeão - Simeão Tichonenko, avô materno, desencarnado a 31 de julho de 1963, em São Paulo.

Pessoas já citadas em outras mensagens: Lete e Cristina.


Quando em vida, D. Elena descreve seu filho como sendo muito afetuoso e apegado à família. Perdendo a vestimenta física, não há razão para encontrarmos um Elcio diferente.

Nesta mensagem, ele busca extravasar todo seu carinho para com os seus e, em particular, diz para a mãe: “Mãezinha Elena, não se aflija se os dias passam, sem que a saudade desapareça. O amor é assim mesmo. É um dom de Deus que nos reúne uns aos outros por laços invisíveis que não sabemos definir e nem compreender. Então, entre pais e filhos, parece que somos uma criatura só em pedaços diversos”.

Uma razão especial também levou Elcio a utilizar expressões tão próximas. Suas palavras visavam reerguer a mãe, que, embora tendo abraçado a Doutrina Espírita e adquirido a certeza da imortalidade da alma, encontrava-se acabrunhada e passando por uma fase de desânimo interior. Em certo momento, o jovem concorda com a mãe: “A separação (…) é uma espécie de lesão que a fé cicatriza, mas não cura”, mas não se esquece de lembrar a presença de Deus em nossos destinos: “Acima de tudo, acima da própria fé, temos Deus que não nos abandona e com Deus vamos prosseguindo numa só pessoa representando quatro — meu pai, a senhora, Lete e eu em algum lugar que a Divina Providência nos mostrará no futuro.”

A Doutrina Espírita estuda os laços de família na obra O Evangelho Segundo o Espiritismo em seu capítulo XIV, e nos esclarece sobre a afinidade espiritual: “Os Espíritos que se encarnam em uma mesma família, principalmente entre parentes próximos, são as mais das vezes seres simpáticos unidos por anteriores relações que se traduzem pela afeição durante a vida terrena (…).”

Poderíamos continuar a tecer muitas considerações sobre o tema “Família” à luz do Espiritismo, e que bem explicariam a profunda ligação de Elcio com a mãe, mas por ora ficamos com uma trova de Silveira de Carvalho, psicografada por Chico Xavier, retrato fiel da situação:


Eduardo Carvalho Monteiro




“Família, como estiver,
Erguida seja onde for
É uma bênção de trabalho
Que Deus nos faz por amor.”
( † )


Silveira de Carvalho


Texto extraído da 1ª edição desse livro.

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