1 Querida mãezinha Elena, peço-lhe que me abençoe.
2 E a morte vai se identificando com a vida, para não dizermos que a situação se verifica pelo contrário. Para seu filho, a desculpa foi uma queda de telhado alto, mas para o tio Jonas não há qualquer racionalização. Por enquanto, fui avisado de que ele deixaria o corpo em casa mesmo, logo depois do Natal. n E a saudade concentrada está aumentando.
3 Sei que a tia Nair n e que o seu coração de irmã sofreram e sofrem, mas a mágoa da querida avozinha, a nossa querida Babunha, n toca-me mais profundamente o íntimo. Vovó se sente muito acabrunhada e estamos fazendo o possível por vê-la fortalecida, com a vontade de continuar vivendo na Terra Física, porque a vontade é muito importante, nesse assunto de ficar querendo partir.
4 Trabalhamos a fim de reconhecê-la animada de novo. O tio Jonas realmente está aguardando alguns dias mais, a fim de se transferir para a assistência reparadora de que necessita, e, a qualquer momento, deixará a nossa querida Vila Zelina, e foi por isso que a pequenina efetivamente conseguiu vê-lo em espírito. n
5 O tio está tranquilo e forte na fé, somente faceando aquelas cismas que sempre tomam corpo na mente de qualquer um que chegue por aqui em momento imprevisto. 6 Graças a Deus tudo vai bem, e se lhe posso pedir algo mais, rogo-lhe manter o seu sorriso, ainda que esse sorriso seja sustentado com lágrimas nas raízes do coração, porque os nossos familiares estão dependendo de sua fortaleza e de sua confiança.
7 A nossa Lete vai bem e, com o apoio da Divina Providência, poderemos dizer tudo certo em breve. Sempre formulo preces a Jesus e aos nossos Maiores pela saúde do papai Antonio e da avozinha.
8 O nosso Nicolau está nos auxiliando.
9 Mãezinha Elena, as nossas preocupações foram tantas neste recomeço de tempo, que somente agora estou encontrando espaço mental para desejar à nossa família um Feliz Ano-Novo. Desculpem-me, todos os nossos problemas vão sendo solucionados em paz.
10 Com muito carinho ao papai, à querida Babunha, à nossa Lete, à tia Nair e a todos os nossos, peço-lhe abraçar o seu filho que nesta hora se reaquece ao calor de sua bondade e de seu coração, sempre o seu, Elcinho.
Elcio Tumenas
(9/1/1982)
NOTAS E COMENTÁRIOS
1. E a morte vai se identificando com a vida, para não dizermos que a situação se verifica pelo contrário. Para seu filho, a desculpa foi uma queda de telhado alto, mas para o tio Jonas há qualquer racionalização. Por enquanto, fui avisado de que ele deixaria o corpo em casa mesmo, logo depois do Natal — Elcio refere-se ao desencarne de seu tio Jonas Tichonenko, ocorrido a 26 de dezembro de 1981, em São Paulo.
2. Tia Nair — Nair Jordão Tichonenko, esposa de Jonas.
3. O tio Jonas realmente está aguardando alguns dias mais, a fim de se transferir para a assistência reparadora de que necessita, e, a qualquer momento, deixará a nossa querida Vila Zelina, e foi por isso que a pequenina efetivamente conseguiu vê-lo em espírito — a netinha de Jonas, no dia seguinte a seu desencarne, perguntou à mãe: “Onde está vovô?” “Ele foi para o Céu”, respondeu a mãe, ao que a menina, de quatro anos, replicou: “Não está não, ele veio do Céu brincar comigo e até estava sem a bengala dele!”
Outras pessoas e Espíritos já citados: Babunha, Lete, papai Antonio e Nicolau.
De uma autenticidade mediúnica sem par as palavras de Elcio, pois, de fato, a priminha havia visto o avô pelos olhos do Espírito, mas nem D. Elena nem o Chico sabiam do fato, e a mãe de Elcio só foi conhecê-lo quando voltou para São Paulo.
Ao mostrar a carta a Agnes, mãe de Roberta, esta descreveu o episódio.
Allan Kardec explicava essas aparições de Espíritos para crianças dizendo que, até os oito anos, estando o Espírito ainda se moldando ao corpo da carne, são comuns esses episódios. Depois dessa idade, essa faculdade tende a desaparecer.
Eduardo Carvalho Monteiro