O Caminho Escritura do Espiritismo Cristão
Doutrina espírita - 2ª parte.

Índice |  Princípio  | Continuar

Porto de alegria — Familiares diversos


2

“Brech Gut. Es wird mich scher freuen ihnen nutzlich zun sein.”

(“TUDO BEM. ME ALEGRARÁ MUITO SER-LHES ÚTIL”)

“Rosemary, Ronaldo, Jane e Sérgio.

Assim era nossa família, nossos filhos, nossas vidas.

Vivíamos momentos de intensa e singular felicidade. O destino trágico e cruel nos solapou e, de um só golpe, nos tirou a vida de nossas duas únicas filhas.

Foi no dia 12 de abril de 1980, quando o inesperado aconteceu. O avião que conduzia nossas filhas de retorno a Florianópolis, após uma breve estada na capital paulista, perdeu o controle batendo contra um morro nas cercanias da capital catarinense, perecendo no acidente, além de Jane e Rosemary, outras quase cinquenta pessoas.

A vida nos reserva surpresas e, quando menos se espera, o imprevisto bate à nossa porta.

Falar da dor que sentimos, do vazio que permanece ainda em nossas almas e nossos corações, seria somente reforçar aquilo que pessoas, iguais a nós, sentem com a perda de seus entes queridos. A dor da separação física permanece, mas se minimiza na fé e na crença de uma Vida Superior, Sublime e Transcendental, confirmada pelas manifestações felizes que recebemos de nossos entes queridos através das mensagens psicografadas por Francisco Cândido Xavier e Divaldo Pereira Franco.

Perdemos duas filhas, sim… mas somente fisicamente e para a vida terrena, pois o amor, com sua centelha de esperança, nos traz a certeza da Vida Futura.

Hoje, o que nos consola e conforta é a certeza de que corações angustiados encontram momentos de Paz e Tranquilidade ao lerem as belíssimas mensagens por elas enviadas e já publicadas em livros. Jane participa do livro … E o Amor Continua (Francisco C. Xavier, Divaldo P. Franco, Espíritos Diversos, Nilson de S. Pereira, LEAL, Salvador, BA) com duas mensagens (uma de cada médium), e Rosemary participa do livro Vitória da Vida (Divaldo P. Franco, Diversos Espíritos, LEAL) com uma mensagem.

Por tudo isto, rendemos graças a Deus, que em sua Infinita Misericórdia permitiu a Francisco Cândido Xavier e a Divaldo Pereira Franco fossem portadores, verdadeiros elos de ligação entre o Céu e a Terra, entre o material e o espiritual, estreitando, cada vez mais, os laços de aproximação e de amor entre aqueles que partem e os que continuam sua peregrinação terrena.”

Este foi o depoimento gentilmente apresentado pelo casal Antônio Obet Koerich e Ony Furtado Koerich, residente em Florianópolis, SC. com vistas à publicação, neste livro, das demais cartas enviadas pela inesquecível filha Jane Furtado Koerich, até o presente momento, através do médium Chico Xavier.

Como aconteceu com a primeira mensagem (recebida em 22/8/1980 e incluída na obra … E o Amor Continua), todas as seguintes foram psicografadas no Grupo Espírita da Prece (GEP), em Uberaba, MG, nas datas de: 12/9/1981, 14/4/1984 e 11/4/1986.

Todas elas encerram, além do natural consolo aos familiares, muitos ensinamentos preciosos a todos nós, especialmente aqueles ligados à vida de uma cidade no Plano Espiritual.

Um ponto alto da carta de 12/9/1981, para os estudiosos da mediunidade, é a transcrição pela comunicante, no idioma alemão (totalmente desconhecido do médium), da frase proferida pela Irmã Frida, Diretora da referida cidade, quando da recepção às jovens Jane, Rosemary e Soninha. Ao ler essa carta na reunião pública, antes da entregá-la aos destinatários, como habitualmente Chico Xavier sempre fez, o médium pediu ao Sr. Antônio O. Koerich que lesse e traduzisse o trecho em língua estrangeira, mas ele não pôde atender tal pedido por desconhecer o idioma, embora descendente de alemães. Só posteriormente, em Florianópolis, a tradução foi feita por um amigo, professor universitário.

Registramos, assim, mais uma interessante manifestação da mediunidade poliglota ou de xenoglossia [do gr. xénos: estrangeiro + glossa: língua (linguagem)] †  de Chico Xavier.




PRIMEIRA MENSAGEM


Estamos num parque-cidade-jardim, se posso definir com estas três palavras o grande centro de recuperação e cultura em que presentemente nos achamos.

1 Querida mãezinha Ony e querido papai Antônio.

2 Compreendemos o desejo de ambos que ficou igualmente sendo nosso. Notícias. 3 Os amados que permanecem no mundo estão habitualmente interessados, quando não ansiosos, pela obtenção de informes e particularidades, quanto a nós que voltamos para o Lar de Origem.

4 Pais queridos, se pudéssemos desdobraríamos a própria alma, através da correspondência, esmiuçando pormenores a fim de tranquilizá-los.

5 A criatura se despede do corpo físico, pressionada pelas imposições da morte, e depois? Esse propósito de penetração no Mais Além e essa aflição por saber o que se faz depois de transposta a barreira da Grande Transformação, afinal de contas, são intuitos compreensíveis e naturais.

6 Não creiam que se possa escrever sem o conselho daqueles que nos orientam, se nem tudo, da própria Terra, não pode a criatura que escreve, expor numa carta, através da distância, é justo saibam que também nós, por aqui, não estamos numa sociedade sem regras e convenções respeitáveis.

7 Explicam mentores dignos que, se todos os nossos entes queridos estão destinados a conhecer os caminhos da experiência que atravessamos, não é necessário anteceder-nos, em sugestões e relatórios francamente desaconselháveis, de vez que as estradas de trânsito entre as duas vidas — a do Mundo Físico e a do Mundo Espiritual — diferem muito entre si.

8 Posso, no entanto, adiantar-lhes que se ainda sou eu quem se encarrega deste correio, é que a Rose n prossegue muito preocupada em apoiar o Sidnei e auxiliá-lo, quanto possível, nas renovações que um marido jovem reclama na área dos homens, porque a vida deve ser vivida e não seria a Rosemary quem criaria qualquer entrave aos ideais e às necessidades do companheiro. Em vista disso, a querida irmã, confiando em mim, deixa-me, por enquanto, o encargo de fazer-se lembrada pelos pais queridos e pela vovó Maria Goulart n especialmente. Quanto à nossa Soninha está fazendo exercícios para se largar da timidez. E, por tudo isso, me desinibo e vou garatujando o que posso.

9 Depois da mensagem na qual lhes expus as nossas notícias primeiras, fomos transferidas de residência. Não me peçam nomes que valeriam por antecipações inconvenientes. Estamos num parque-cidade-jardim, n se posso definir com estas três palavras o grande centro de recuperação e cultura em que presentemente nos achamos. 10 O vovô Engelberto n e o vovô Eugênio n (pois já entramos em relacionamento com o nosso avô Eugênio, igualmente) entabolaram entendimentos para que fôssemos admitidas num grande instituto de reformulação espiritual, e tivemos permissão para desfrutar a companhia e a proteção da mãezinha Custódia, n que nos serve de governanta maternal.

11 Penso que ficarão satisfeitos se lhes contar que fomos acolhidas pela Diretora, a Irmã Frida, da lista de amizades do vovô Engelberto, com a maior distinção. Naturalmente, éramos néofitas e o receio nos marcava a presença. O vovô dirigiu-se a ela, em alemão, e ambos conversaram animadamente. 12 Voltando-se cortesmente para nós, se bem me lembro, a Irmã Frida nos disse sorrindo: “Brech Gut. Es wird mich scher freuen ihnen nutzlich zun sein.” n Compreendo que não guardei de cor a antepenúltima expressão dela, mas o vovô solicitou-lhe a troca de ideias em português e a nossa Diretora, sem pestanejar, se exprimiu em português/brasileiro com tal mestria que nos sentimos à vontade para a instalação em perspectiva. n

13 A cidade é grande e especializada. Muitas atividades lhe caracterizam o ambiente e não há tempo para meditações ociosas, para quem deseja valer-se da meditação como norma de preparação para o serviço a fazer e para as realizações por atingir.

14 Ninguém é obrigado a trabalhar, porque a violência onde estamos é vocábulo desconhecido, mas quantos se empenham a agir e servir adiantam-se com facilidade, na marcha para adiante, com aquisições valiosas para a organização do presente e do futuro. 15 Quem prefere a inércia recebe uma cota simples de recursos para a própria sustentação, mas não consegue meios para renovar-se, de vez que a fixação de companheiros dedicados à imobilidade e à lamentação não lhes permite maiores incursões no progresso ambiente. E isso ocorre até que se decidam a sair espiritualmente de si próprios, buscando, por iniciativa deles mesmos, o trabalho que lhes melhorará às condições.

16 As religiões são praticadas segundo as tendências dos que se agregam no sítio que tento descrever, todos, porém, com a marca da responsabilidade e da fé em que se inspiram, sem que haja antagonismos entre umas e outras. 17 A criatura evolui por si mesma, desde que assim o deseje. Por essa razão, a transferência de muitos irmãos, de cultos para cultos outros mais propensos à solidariedade e às edificações liberais, é incessante.

18 E o que é de se admirar é que ninguém onde estamos é obrigado a crer que passou pelo fenômeno da desencarnação. 19 E como somos ainda poucos os que nos achamos conscientes disso, não mencionamos nossas ideias diante de pessoas desconhecidas ou que conservam absoluta negação quanto à morte, pela qual já passaram.

20 Ainda na semana finda, em conversação com uma senhora amiga, ela se lamentava de haver perdido uma filha num acidente de aviação, quando a minha interlocutora é que vive aqui desencarnada e a filha saiu ilesa do desastre havido, continuando a residir em grande cidade brasileira.

21 A maior parte dos que vivem no parque onde temos transitória moradia se queixam de perdas de memória, de abatimentos e doenças inexplicáveis, quando não lutam contra processos de angústia que eles mesmos confessam desconhecer nas origens. 22 Há muita gente na enfermagem e no magistério, agindo com respeitosa prudência para não suscetibilizar pessoa alguma. Os médicos analistas são muitos, e os religiosos esclarecidos, ou ainda não totalmente esclarecidos, trabalham com intensidade no reconforto e no reerguimento espiritual de muitos de seus clientes, interessados na própria melhoria.

23 E a vida continua. Quem quiser receber luzes que as distribua e quem se proponha a encontrar alegria, deve doá-la aos outros. As tarefas são múltiplas, mas a noite é curta, e a mãezinha Custódia me recomenda terminar.

24 Escrevi o que pude e como pude, mas creiam a mãezinha Ony e o papai Antônio que, ao beijá-los com o meu enternecimento e carinho de todos os dias, continuo sendo a filha que lhes consagra todo o amor que possa trazer no próprio coração, sempre a filha agradecida,


Jane

Jane Furtado Koerich n


NOTAS E IDENTIFICAÇÕES


1 — Rose — Assim chamada na intimidade, Rosemary Furtado Koerich Noceti, irmã de Jane. Era casada com Sidnei Noceti Filho.


2 — Vovó Maria Goulart — Dª Maria Gourlart Furtado, avó materna, desencarnada.


3 — Soninha — Sônia Beatriz Cabral, colega e amiga de Jane e Rosemary, desencarnada no mesmo acidente aéreo.


4 — Estamos num parque-cidade-jardim — Outras cidades do Mundo Espiritual são descritas em várias obras doutrinárias, tais como: Nosso Lar, Libertação (cap. 4 e 7) e, E a Vida Continua… (Cap. 7, 12 e 13) (F. C. Xavier, André Luiz, FEB); Cidade no Além (F. C. Xavier, H. Cunha, A. Luiz e Lucius, IDE); Quando se Pretende Falar da Vida (F. C. Xavier, Roberto Muszkat, David Muszkat, cap. II, p. 48, GEEM).


5 — Vovô Engelberto — Sr. Engelberto Stefano Koerich, bisavô paterno, desencarnado em 08/8/1929.


6 — Vovô Eugênio — Sr. Eugênio Koerich, avô paterno, desencarnado.


7 — Mãezinha Custódia — Dª Custódia Maria Goulart, bisavó materna, desencarnada em 09/02/1938.


8 — O vovô dirigiu-se a ela, em alemão, e ambos conversaram animadamente. (…) o vovô solicitou-lhe a troca de ideias em português e a nossa Diretora, sem pestanejar, se exprimiu em português/brasileiro com tal mestria que nos sentimos à vontade para a instalação em perspectiva. — Na literatura espírita, várias obras abordam essa barreira linguística no Mundo Espiritual, entre elas: O Esperanto como Revelação/Esperanto Kiel Revelacio (F. V. Lorenz, F. C. Xavier, IDE, p. 136); Entre Irmãos de Outras Terras (Espíritos Diversos, F. C. Xavier e W. Vieira, FEB, cap. 5); Evolução em Dois Mundos (André Luiz, F. C. Xavier e W. Vieira, FEB, 2ª Parte, cap. 2); Vitória (Espíritos Diversos, F. C. Xavier, Elias Barbosa, IDE, cap. 19).


9 — “Brech Gut. Es wird mich scher freuen ihnen nutzlich zu sein.” — Com esta frase em alemão, assim traduzida posteriormente em Florianópolis: “Tudo bem. Me alegrará muito ser-lhes útil.”, vemos mais um exemplo da mediunidade poliglota de Chico Xavier. Mensagens ou frases em outros idiomas desconhecidos do médium (em inglês, italiano e espanhol) integram os seguintes livros: Dicionário Enciclopédico Ilustrado/Espiritismo-Metapsíquica-Parapsicologia (João Teixeira de Paula, Bels, 3ª ed., p. 140.); Trinta Anos com Chico Xavier (Clovis Tavares, IDE, cap. 13, p. 147); Entre Irmãos de Outras Terras (Segunda Parte); Claramente Vivos (caps. 3, 4, 19, 20, 21 e 22) e Vitória (cap. 7) (ambos de Espíritos Diversos, F. C. Xavier, Elias Barbosa, IDE); e Retornaram Contando (Espíritos Diversos, F. C. Xavier, H. M. C. Arantes, IDE, cap. 12).


10 — Jane Furtado Koerich — “Nasceu em Florianópolis, a 06/5/1960. No colégio, na sociedade, em família deixava transparecer um belo sorriso, acompanhado de um olhar triste. Sempre foi amorosa com todas as pessoas, principalmente com as crianças. Desde menina tinha muita fé no Padre Reus, fé esta que sua avó materna Maria Goulart lhe transferiu, através de belas histórias que lhe contava, referentes ao Padre, onde a bondade era o fator primordial da vida. Desde a infância, demonstrou muito interesse pelos estudos. Aos 18 anos, ingressou na Universidade Federal de Santa Catarina, onde cursava letras. Depoimento muito expressivo, de seu comportamento escolar, nos foi enviado logo após seu passamento, mais precisamente no dia 20 de abril de 1980, por um de seus professores da U. F. S. C. Através de um manuscrito, o professor manifestou o seu pesar por tão trágico acontecimento, e nos enviava cópia do trabalho feito por Jane, no dia 09 de abril, no qual havia conquistado a nota máxima. (Texto de seus pais.)


SEGUNDA MENSAGEM


Quatro anos se passaram sobre as atribulações que nos esperavam em Florianópolis.

1 Querida mãezinha Ony, abençoe-me com o papai Antônio, em nosso reencontro de paz e alegria.

2 Quatro anos se passaram sobre as atribulações que nos esperavam em Florianópolis. E a ideia da provação se esbate, cada vez mais, em nosso íntimo, convertendo-se em harmonia e compreensão ante as Leis de Deus.

3 Sou eu mesma quem lhes trago a mensagem do nosso carinho, pois a Rose e a Soninha acreditam que eu lhes possa interpretar os sentimentos. A nossa Rose prossegue auxiliando ao Sidnei na recomposição de caminhos, e a Sônia, em minha companhia, prosseguimos estudando e melhorando-nos para o aprendizado de sermos úteis.

4 A vovó Maria Goulart veio comigo, associando-se às nossas lembranças, e o vovô Eugênio, qual me habituei a chamá-lo, recomendou-nos lhes transmitisse as suas lembranças.

5 Mãe Ony e papai Antônio, o sofrimento de quatro anos passados, hoje é alegria de recordar a nossa constante união. Estejamos felizes.

6 Um abraço aos irmãos queridos, e para os pais sempre amados todo o carinho e reconhecimento da filha, que não os esquece, sempre mais afetuosamente,


Jane

Jane Furtado Koerich n




TERCEIRA MENSAGEM


Estamos mais nós mesmas, mais identificadas com a vida e com as tarefas de amor ao próximo que a vida solicita de nós.

1 Querida mãezinha Ony e querido papai Antônio, estamos a lembrar.

2 Amanhã teremos a marca dos seis anos de vida espiritual. Tantas renovações se deram em nossos caminhos que, em companhia da bisa Maria Goulart, estou aqui para felicitá-los. Para nós, Rose, Soninha e eu, as transformações foram muito grandes; no entanto, as aquisições novas de trabalho, pelos pais queridos, não foram menores.

3 É verdade, cai um avião, liberam-se diversas vidas e cada qual tem o conteúdo diferente. Ainda pergunto a mim própria se não foi melhor assim. Como seríamos nós, as suas filhas, no transcurso destes seis anos de saudade e indagação? Não poderíamos saber. 4 Mas não ignoramos que a Rose e eu fomos substituídas por muitos corações necessitados a quem os pais queridos prestam valiosa assistência. Nossa família ampliou-se. Os meus irmãos se fizeram mais irmãos de quantos nos compartilham da convivência e nós, ambas, nos regozijamos ao vê-los buscando a oportunidade de servir.

5 Mãezinha Ony, muito grata por seus pensamentos e planos de serviço ao próximo. Hoje vejo que a saudade não pode ser inércia, porque vou aprendendo em companhia dos pais amigos que a vida se ampliou em tantas outras vidas!

6 As lágrimas de alegria me lavam a face, ao abraçá-los. Estamos mais nós mesmas, mais identificadas com a vida e com as tarefas de amor ao próximo que a vida solicita de nós.

7 A Rose prossegue amparando o Sidney com a abnegação de uma esposa que a desencarnação transfigurou em mãe dedicada e vigilante, e a nossa amiga Sônia está na execução de ideais que lhe falam ao coração. Quanto a mim, fixei-me temporariamente ao lado de minha avó Maria Goulart e de meu avô Eugênio, de modo a lhes ser útil no trabalho que realizam.

8 Não estou inativa na residência na qual ainda nos achamos e frequento um instituto de espiritualidade de nossa região, aproveitando as lições de luminares do bem, quais são o Padre Reus n e o irmão senhor Osvaldo Melo, n catedráticos de renovação e fé com os quais tenho adquirido novos e belos ensinamentos em torno da vida. 9 Com isso, pude obter igualmente pequena dependência, na qual procuro transmitir as instruções com que sou agraciada, junto de outros irmãos de boa vontade que aprendem não só para si, mas também para distribuir com os mais fracos e inexperientes nas questões do espírito.

10 Sou feliz porque me aceitaram no trabalho, e, com isso, adquiri o certificado de acesso a outros setores de conhecimento, nos quais vou entesourando as informações com que me renovo.

11 Aqui, onde me encontro, a pessoa vale o que produz no campo do bem aos semelhantes, 12 e me fortaleço cada vez mais, para guardar as minhas saudades da família querida sem perder a disciplina através da qual preciso crescer em aquisições espirituais, humildes embora, mas que me auxiliam a ser eu mesma acrescentada pelos conhecimentos que busco resguardar comigo; e espero que a nossa querida Rose igualmente se interesse, oportunamente, pela matrícula na instituição venerável a que fui conduzida.

13 Claramente, não estou fazendo vantagem alguma, porquanto, já devia estar de posse das instruções que me auxiliam a vencer os meus estados psicológicos menos felizes.

14 Mãezinha Ony, muito grata por seus impulsos generosos, sentindo as mãos de suas filhas, dentro das suas, ao distribuir consolação e bênção com os companheiros necessitados do mundo.

15 Agradeço também ao papai Antônio a adesão aos nossos propósitos, de vez que o vejo mais tranquilo e feliz, espalhando paz e alegria com os nossos irmãos no trabalho que ele sustenta com carinho e segurança.

16 Pais queridos, a noite avança e devo terminar. Muito grata pelos seis anos de carinho duplicado com que se lembram de nós, desde aquele difícil doze de abril que ficou na contabilidade de 1980.

17 Trago-lhes as flores do nosso afeto, cujo perfume espero lhes envolva os corações queridos, e com as lembranças da Rose e da Sônia, no abraço da vovó Maria Goulart, aqui ficam os muitos beijos de ternura e reconhecimento da filha que os ama com todo coração,


Jane

Jane Furtado Koerich n


IDENTIFICAÇÕES


11 — Padre Reus — Padre João Baptista Reus, S. J., (Pottenstein, Baviera, Alemanha, 1868 — S. Leopoldo, RS, 1947) foi virtuoso sacerdote, muito lembrado, até hoje, no sul do país, por inumeráveis devotos, especialmente doentes e sofredores. O Processo de sua Beatificação foi iniciado em 1953. Vários fenômenos marcaram a vida sacerdotal do P. Reus, tais como: êxtases, estigmatizações, aparições, comunicações íntimas, etc., “narrados por ele mesmo no seu Diário Espiritual e na Autobiografia (compilada por imposição dos Superiores).” (O Servo de Deus P. João Baptista Reus, S. J., P. Cândido Santini, S.J., 6ª ed., Ed. Metrópole, Porto Alegre, RS.)


12 — Osvaldo Melo — Luiz Osvaldo Ferreira de Melo, mais conhecido nos meios espíritas por Osvaldo Melo. Nasceu e desencarnou em Florianópolis, SC, respectivamente em 21/7/1893 e 25/7/1970. Diretor da Assembleia Legislativa do Estado, cargo exercido até sua aposentadoria em 1959. Foi jornalista, escritor e tribuno. Integrou a Academia Catarinense de Letras. Escreveu as seguintes obras espíritas: Sobrevivência e Comunicação dos Espíritos (FEB, 1935); Epístolas dos Espíritos; e a novela Heroísmo e Humildade. Em 1945, com um grupo de companheiros fundou a Federação Espírita Catarinense, a qual presidiu por 23 anos consecutivos, só deixando o cargo por motivo de saúde, em 1969. “Doutrinador, médium e de uma dedicação a toda prova, sempre defendendo a causa dos desvalidos e sofredores, realizou obras de amparo e benemerência no Movimento Espírita.” (De uma biografia de Antônio de Souza Lucena.)


Hércio Arantes


Texto extraído da 1ª edição desse livro.

Abrir