Cap. VIII — Item 19.
1 Quando a aflição lhe bateu à porta, o discípulo tomou as notícias do Senhor e leu-lhe a promessa divina: — “Estarei convosco até ao fim dos séculos…” ( † ) Acendeu-se-lhe a esperança no imo dalma.
2 E, certa manhã, partiu à procura do Mestre, à feição da corça transviada no deserto, quando suspira pela fonte das águas vivas.
3 Entrou num templo repleto de luzes faiscantes, onde se lhe venerava a memória; todavia, não obstante sentir que a fé aí brilhava entre cânticos reverentes e flores devotas, não encontrou o Divino Amigo.
4 Buscou-o nos vastos recintos, onde se lhe pronunciava o nome com inflexão de supremo respeito; contudo, apesar de surpreender-lhe o ensinamento puro, no verbo daqueles que sobraçavam dourados livros, não lhe anotou a presença.
5 Na jornada exaustiva, gastou as horas… Em vão, atravessou portadas e colunas, altares e jardins.
6 Descia, gélida, a noite, quando escutou os gemidos de uma criança doente, abandonada à sarjeta.
7 Ajoelhando-se, asilou-a amorosamente na concha dos próprios braços. Ao levantar os olhos, viu Jesus, diante dele, e, fremente, bradou:
— Mestre! Mestre!…
8 O Excelso Benfeitor afagou-lhe a cabeça fatigada, como quem lhe expungia toda a chaga de angústia, e falou, compassivo :
— Realmente, filho meu, estarei com todos e em toda parte, até ao fim dos séculos; no entanto, moro no coração da caridade, em cuja luz tenho encontro marcado com todos os aprendizes do bem eterno…
9 Debalde, tentou o discípulo reter o Senhor de encontro ao peito…
10 Através da neblina espessa das lágrimas a lhe inundarem o rosto mudo, reparou que a celeste visão se diluía no anilado fulgor do céu vespertino, mas, na acústica do próprio ser, ressoavam para ele agora as palavras inesquecíveis:
— Toda vez que amparardes a um desses pequeninos, por amor de meu nome, é a mim que o fazeis… ( † )
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