“E disse Jesus: Quem é que me tocou? E negando todos, disse Pedro e os que estavam com ele: — Mestre, a multidão te aperta e te oprime e dizes: — Quem é que me tocou?” — (Lucas, 8.45)
1 Número incontável de aprendizes costuma indagar atenciosamente, com respeito ao modo de se instalar a fé no coração, em caráter definitivo.
2 Os Espíritos amigos referem-se ao toque indispensável.
Apenas depois dele persevera a confiança perfeita, a segurança de crença.
3 Os estudantes de boa vontade recebem esclarecimento, no entanto, às vezes, continuam insatisfeitos.
4 Que é esse toque? Como se opera?
Deve o necessitado esperar a mão resplandecente, qual milagrosa flama das Alturas, a lhe pousar no coração?
5 Isso, porém, talvez o violentasse.
Sabemos que o próprio Jesus, certo dia, quando tentava aproximar-se dos discípulos queridos, espontâneo e generoso, foi tido à conta de fantasma. ( † )
6 O caso da mulher doente ( † ) que procurava tocar o Senhor, de leve, cheia de confiança, depois de reconhecer a miséria orgânica, é elucidativo.
7 A enferma por receber o Toque Divino movimentou-se intensamente.
Antes de tudo examinou a ruína própria e declarou-a perante si mesma; aceitou a necessidade do socorro do Cristo, n saiu de casa para identificar-se com todos os que precisavam assistência do Mestre Divino e, incorporada à multidão, tocou-lhe a veste cheia de confiança.
Instantaneamente foi tocada por Jesus, de maneira particular, encheu-se de Luz e voltou à paz.
8 E é interessante que Simão tenha perguntado: — Mestre, a multidão te aperta e te oprime e dizes: — “Quem me tocou?”
9 A interrogativa foi providencial. Ainda hoje o Cristo sofre o assédio das multidões necessitadas e sofredoras.
Apertam-No através de templos, círculos, reuniões; oprimem-No com as mais estranhas rogativas.
É perseguido, disputado, instado com violência, mas Jesus conhece aquele que o toca depois da renúncia aos vãos processos das facilidades venenosas; identifica entre milhões de necessitados aquele que se caracteriza por intenções de valor real e volta-Se Pleno de Carinho Desvelado por acolhê-lo nos braços Fortes e Generosos.
10 Como vemos, o problema do toque é complexo.
Sem o contato de Jesus não há fé legítima, mas para que isto se efetue é preciso que a providência parta de nós mesmos.
Emmanuel
[1] No original: “de Cristo” — Vide explicação de Allan Kardec sobre a anteposição do artigo à palavra Cristo.