O Caminho Escritura do Espiritismo Cristão
Doutrina espírita - 2ª parte.

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Gratidão e paz — Familiares diversos


Capítulo 23

Ivo de Barros Correia Menezes


PROBLEMAS DO SEXO NO MAIS ALÉM

O jovem Ivo de Barros Correia Menezes, Ivinho na intimidade, desencarnado em 1978, já é nosso conhecido como autor espiritual de interessantes cartas psicografadas por Francisco Cândido Xavier, publicadas nos livros Retornaram Contando (Cap. 4, “É fácil morrer, mas não é fácil desencarnar”, 1ª ed. em 1984), e Caravana de Amor (Cap. 11, “Novas Confidências de Ivinho”, lançado em 1985), edições IDE, e mais recentemente no Anuário Espírita 1988 (“Problemas do Sexo no Mais Além em Cartas de Ivinho”, p. 71-79) e Anuário Espírita 1988, nº 3, em espanhol, editado pela Mensaje Fraternal, Caracas, Venezuela (“Problemas del Sexo en el Más Allá, en Cartas de Ivinho”, p. 62-70).

A temática básica dessa afetuosa correspondência com a progenitora, D. Neide de Barros Correia Menezes, residente em Belo Horizonte, MG, à Rua Dom José Pereira Lara, 366/101, Coração Eucarístico, iniciada em 15 de maio de 1982, tem sido os seus problemas ligados à esfera sexual e igualmente de Bernardo, seu companheiro inseparável, ambos desencarnados num mesmo acidente automobilístico:

Observa-se que essas páginas mediúnicas refletem um grande esforço íntimo à procura de uma adaptação no Plano Espiritual, esforço esse melhor caracterizado na Sexta Carta, quando ele desabafa, logo após o preâmbulo — “Mas hoje, mamãe Neide, quero falar-lhe à vontade, sem a pretensão de me esconder.” — seus profundos anseios, quase caracterizando uma fixação mental em torno da libido, desejando namorar, contrair matrimônio e criar filhos…

Tal abordagem de tema tão delicado, impregnado de preconceitos, não foi bem compreendida pelos leitores de suas cartas (impressas e divulgadas pela progenitora), reação essa assim analisada em sua missiva seguinte, psicografada a 13 de outubro de 1984, noite de lançamento do livro Retornaram Contando:




I


1 Mãezinha Neide, muito grato, porque você me compreendeu e não encontrou motivos para reprovar-nos. Muito pelo contrário, o seu coração passou a palpitar muito mais entranhadamente com o meu, compadecendo-se de nós. (…)

2 Entretanto, Bernardo e eu, embora protegidos com segurança, e claramente doutrinados pela vovó Celeste e pelo vovô Mário Barros, carregávamos conosco o que atualmente se chama na Terra: “o problema da libido.”

3 Somos jovens e não vimos nada de mais em descrever-lhe o tumulto de nossas emoções. Pensávamos em casamento, noivado, satisfação pessoal e em outras questões satélites, e fomos sinceros ao contar-lhe as necessidades que tínhamos experimentado.

4 Eu, pelo menos, não achei absurdo confidenciar à minha querida mãe quanto se passava. Não existe para mim outra pessoa mais habilitada a entender-nos e dirigir-nos pelo melhor caminho. Ainda, assim, os poucos que leram as páginas, de filho confidente, se mostraram perplexos. (…)

5 Muitos jovens dão notícias mas não tocam no assunto, condicionados que se acham aos receios pueris de se analisarem e de se mostrarem como são.


Ivinho




Passados alguns anos de luta íntima, em busca do equilíbrio emocional, Ivinho e seu amigo Bernardo finalmente encontraram um caminho de trabalho e paz, quando naturalmente já estavam em condições espirituais de o percorrerem, conforme o seguinte depoimento:


Uma turma de jovens desencarnados nos procurou e nos disse das vantagens de um grande esporte que excede a eficácia dos remos n para a exaustão de forças criativas acumuladas: o esporte do serviço aos semelhantes, o esporte da caridade, para a qual as suas preces e as preces da vovó Ciaozita nos encaminharam. E a verdade é que o Bernardo e eu alcançamos melhoras positivas.




A Sétima Carta de Ivinho, que integra o livro Caravana de Amor, Capítulo 11, da qual extraímos os tópicos acima, não encerrou a sua correspondência afetiva com D. Neide, pois ele continua enviando novas notícias pelo médium Chico Xavier, quase todas as vezes que a progenitora se desloca de Belo Horizonte e comparece à reunião pública do Grupo Espírita da Prece, em Uberaba, MG.

Em suas missivas mais recentes, ainda inéditas em livro, Ivinho faz outras importantes considerações em torno do sexo, que transcreveremos a seguir:


Este é um assunto dos mais importantes a ser debatido pelas criaturas em futuro próximo.


II


1 (…) Ando agora melhor de minhas deficiências. Entrei no esporte que deve ser interpretado ao mundo como sendo o esporte da cura espiritual.

2 A caridade é terapia das melhores. Carregar fardos grandes ou pequenos; visitar enfermos; escolher para os doentes o elemento que se lhes faça mais indicado às melhoras de que necessitem; auxiliar na limpeza dos enfermos anônimos, ou suportar remoques e gritarias dos outros, guardando-nos na paz de que tanto necessitamos para viver; compartilhar do trabalho das equipes de serviço e apaziguamento, no auxílio aos outros, representa esporte salutar que nos impele a esquecer o que consideramos instinto inferior, fadado a desaparecer.

3 As suas preces têm sido as minhas bênçãos.

4 Mãezinha Neide, não peço perdão por haver levantado os problemas do sexo no Mais Além, porque este é um assunto dos mais importantes a ser debatido pelas criaturas em futuro próximo.

5 Nossas cartas despertaram muita gente que dormia nesse estopim que ameaça a comunidade com explosões extremas, e não me envergonho de quanto disse em matéria de verdade.

6 Aguardemos o tempo próprio que nos trará muitas confirmações e surpresas.

7 Escrevo devagar, porque o tema é ainda quase que inexplorado no mundo e não posso assumir a liderança em problemas tão graves que ficaram entre nós, mãe e filho, unicamente. (…)

8 Sem desejar ferir a ninguém, para grande percentagem dos Espíritos desencarnados na juventude, se os conflitos do sexo não forem resolvidos, os processos de obsessão pelo mundo afora estarão muito mais amplos e mais complexos. Opinião minha, simplesmente, que vivi a questão em mim próprio e que vou asserenando os meus impulsos muito devagar. (…)


Ivinho


(11ª Carta, 28/11/1985.)




Vimo-nos transportados para outro ambiente residencial.


III


1 Querida mãezinha Neide, cá estamos nós, Bernardo e eu, para transmitir lhe as nossas boas notícias.

2 Felizmente as suas orações com as preces da vovó Ciaozita nos abriram caminhos novos.

3 Certa noite, pedimos a proteção do Pai Misericordioso com tamanho fervor, após havermos partilhado as suas orações com a vovó, em nossa casa de Belo Horizonte, que, sem que saibamos explicar, depois do descanso vimo-nos transportados para outro ambiente residencial.

4 Notamos que o ar é muito mais leve do que aquele que nos servia de alimento, onde nos achávamos, quase encadeados ao Plano Físico, e bastou essa mudança para que nos sentíssemos mais ágeis e menos pesados. Indagamos a um guarda, que se mostrou sintonizado conosco, e ele nos disse que a nossa melhora decorria do fato de havermos modificado o que ele chamou por dieta respiratória.

5 Nossos desejos de natureza inferior foram atenuados, ao ponto de esquecermos a fase de inquietação da “libido”. Temos a felicidade de notificar-lhe, mãezinha Neide, que estamos realmente melhores e mais fortes.

6 Reconheço que muitas das necessidades presentes no Espírito desencarnado é a compatibilidade com os anseios da maioria daqueles que lhe compartilham da presença no mesmo Plano. 7 Sob a pressão de milhares de pessoas, quase atormentadas pelo sexo torturado, estávamos na condição de espelhos mentais refletindo as exigências de nossos companheiros, que se mostravam piores quando somadas às nossas próprias imperfeições.

8 Compreendo que, depois da morte, seguimos no mesmo rumo daqueles que cultivam pensamentos semelhantes aos nossos e, por isso, é muito importante que se precatem as criaturas cultivando pensamentos de amor puro e a harmonia possível com todos, a fim de não demorarem na região onde estivemos atormentados por tanto tempo. (…)

9 E contando com o prosseguimento de suas petições aos Mensageiros do Bem a nosso favor, beijo-lhe as mãos queridas e as mãos da vovó Ciaozita, o seu filho sempre mais seu


Ivinho


(16ª Carta, 08/11/1986.)




IV


1 (…) As suas preces com as da vovó Ciaozita nos descerraram novos caminhos e nesses caminhos permanecemos, com os tesouros de orientação e resistência que Jesus colocou em nossas próprias almas.

2 Agora, encontramos definições e posicionamentos do amor que desconhecíamos, e agradecemos a Jesus por todas as bênçãos que passaram a nos felicitar. (…)


Ivinho


(17ª Carta, 17/01/1987.)




V


1 Querida mãezinha Neide, Deus nos abençoe.

2 Depois de tantos apuros com o tratamento do papai Adalberto, aqui estou para dizer-lhes que o Bernardo e eu acompanhamos todas as suas tarefas. E regozijamo-nos por vê-la forte e bem disposta para proteger o papai Adalberto, a Maria Ângela, o Júnior e Pedro Ivo, com essa sua disposição de compreender e servir.

3 Não poderia faltar ao coro de vozes que saúda o Dia das Mães, e transmito a você e à vovó Ciaozita os meus votos para que recebam de Deus um maravilhoso Dia das Mães. No dia exato espero levar-lhes flores que serão flores autênticas, mesmo partindo daqui da Vida Espiritual.

4 Querida mãezinha Neide, de nossos problemas psicológicos estamos muito melhores e agradecemos, o Bernardo e eu, as preces que fez com a vovó Ciaozita em nosso favor.

5 Lembranças a todos de casa, e receba as saudades imensas com o carinho incessante de seu filho,


Ivinho


(18ª Carta, 02/05/1987.)




VI


1 Querida mãezinha Neide, como sempre, o Bernardo e eu solicitamos a sua bênção.

2 Mãe Neide, venho felicitá-la pela recepção da netinha que veio enriquecer a união da família. O Júnior não quis ficar na retaguarda e surpreendeu a nossa Maria Ângela com uma sobrinha que muito alegrará o Pedro Ivo. 3 Mãezinha Neide, quem será ela que volta ao nosso convívio na Terra? Seu maternal coração fará a contra pergunta indagando de mim, porque, em me achando aqui, na Vida Espiritual, nada sei a respeito.

4 Mas, dou graças a Deus por me reconhecer melhorando e mais seguro de mim mesmo, e já encontro em mim a paciência de esperar pelo dia em que a reconhecerei. 5 Por agora ainda estou na convalescença da perturbação a que me vi atirado por muito tempo e não tenho coragem de interrogar os benfeitores que me auxiliam, atendendo-lhe, e aos pedidos da vovó Ciaozita. 6 Aguardaremos o momento propício à revelação a que me refiro, e agradeço as suas preces e as preces da vovó Ciaozita que me propiciaram novas forças para estudar e viver. (…)

7 Muitos beijos do seu

Ivinho


(20ª Carta, 21/05/1988.)


Notas e Identificações

1 - Nas últimas cartas aparecem dois novos personagens da família: Pedro Ivo, sobrinho, filho de Maria Ângela, nascido a 24/7/1984; e a sobrinha, filha de Júnior, nascida a 1º/01/1988, dia do aniversário de Ivinho.

2 - A experiência de Ivinho no campo do sexo, transmitida nessas Cartas, é valiosa e oportuna, constituindo precioso subsídio em nossos estudos e meditações em torno de questão das mais importantes.

3 - A sua recente transferência de Plano Espiritual, certamente com merecimento, que lhe proporcionou nítido bem-estar e maior equilíbrio emocional, faz-nos lembrar da experiência de André Luiz, Espírito, descrita em seu livro Nosso Lar (F. C. Xavier, FEB), onde no Capítulo 2 conta que foi transportado por Benfeitores Espirituais para a cidade “Nosso Lar”, localizada em Plano mais alto, deixando uma zona umbralina de atmosfera bem mais densa e de clima espiritual muito inferior.

A divisão da Atmosfera Espiritual, que envolve o nosso Planeta, em Faixas ou Planos bem delimitados, habitados por Espíritos que aí se distribuem de acordo com o grau evolutivo, é bem esclarecida, com desenhos ilustrativos, no livro Cidade no Além (Espíritos André Luiz e Lucius, médiuns F. C. Xavier e Heigorina Cunha, IDE).

4 - Sem a pretensão de levantar toda a bibliografia espírita a respeito de Sexo no Além, finalizaremos essas Notas, citando apenas as seguintes obras do Espírito de André Luiz: Evolução em Dois Mundos (cap. 10 e 11 da Segunda Parte, FEB) e E a Vida Continua… (cap. 14, FEB), bem como a sua entrevista concedida ao Anuário Espírita 1964; nº 1, pela psicografia de F. C. Xavier e W. Vieira (transcrita parcialmente no Anuário Espírita 1988, p. 77)


Hércio Marcos C. Arantes



[1] Era o esporte predileto de Ivinho, quando encarnado.


Texto extraído da 2ª edição desse livro.

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