1. RETRATO DO CORPO MENTAL. — Para definirmos de alguma sorte, o corpo espiritual, é preciso considerar, antes de tudo, que ele não é reflexo do corpo físico, porque, na realidade, é o corpo físico que o reflete, tanto quanto ele próprio, o corpo espiritual, retrata em si o corpo mental n que lhe preside a formação.
2 Do ponto de vista da constituição
e função em que se caracteriza na Esfera imediata ao trabalho do homem,
após a morte, é o corpo espiritual o veículo físico por excelência,
com sua estrutura eletromagnética, 3
algo modificado no que tange aos fenômenos genésicos e nutritivos, de
acordo, porém, com as aquisições da mente que o maneja.
4 Todas as alterações que
apresenta, depois do estágio berço-túmulo, verificam-se na base da conduta
espiritual da criatura que se despede do arcabouço terrestre para continuar
a jornada evolutiva nos domínios da experiência.
5 Claro está, portanto,
que é ele santuário vivo em que a consciência imortal prossegue em manifestação
incessante, além do sepulcro, 6
formação sutil, urdida em recursos dinâmicos, extremamente porosa e
plástica, 7 em cuja
tessitura as células, noutra faixa vibratória, à face do sistema de
permuta visceralmente renovado, se distribuem mais ou menos à feição
das partículas colóides, com a respectiva carga elétrica, comportando-se
no espaço segundo a sua condição específica e apresentando estados morfológicos
conforme o campo mental a que se ajusta.
2. CENTROS VITAIS. — Estudado no Plano em que nos encontramos, na posição de criaturas desencarnadas, o corpo espiritual ou psicossoma é, assim, o veículo físico, relativamente definido pela ciência humana, com os centros vitais que essa mesma ciência, por enquanto, não pode perquirir e reconhecer.
2 Nele possuímos todo
o equipamento de recursos automáticos que governam os bilhões de entidades
microscópicas a serviço da Inteligência, nos Círculos de ação em que
nos demoramos, recursos esses adquiridos vagarosamente pelo ser em milênios
e milênios de esforço e recapitulação, nos múltiplos setores da evolução
anímica.
3 É assim que, regendo
a atividade funcional dos órgãos relacionados pela fisiologia terrena,
nele identificamos o centro coronário, instalado na região central do
cérebro, sede da mente, 4
centro que assimila os estímulos do Plano Superior e orienta a forma,
o movimento, a estabilidade, o metabolismo orgânico e a vida consciencial
da alma encarnada ou desencarnada, nas Cintas de aprendizado n que lhe corresponde no abrigo
planetário. 5 O centro
coronário supervisiona, ainda, os outros centros vitais que lhe obedecem
ao impulso, procedente do Espírito, assim como as peças secundárias
de uma usina respondem ao comando da peça-motor de que se serve o tirocínio
do homem para concatená-las e dirigi-las.
6 Desses centros secundários,
entrelaçados no psicossoma e, consequentemente, no corpo físico, por
redes plexiformes, destacamos o centro cerebral contíguo ao coronário,
com influência decisiva sobre os demais, governando o córtice encefálico
na sustentação dos sentidos, marcando a atividade das glândulas endocrínicas
e administrando o sistema nervoso, em toda a sua organização, coordenação,
atividade e mecanismo, desde os neurônios sensitivos até as células
efetoras; 7 o centro
laríngeo, controlando notadamente a respiração e a fonação; 8
o centro cardíaco, dirigindo a emotividade e a circulação das forças
de base; 9 o centro
esplênico, determinando todas as atividades em que se exprime o sistema
hemático, dentro das variações de meio e volume sanguíneo; 10
o centro gástrico, responsabilizando-se pela digestão e absorção dos
alimentos densos ou menos densos que, de qualquer modo, representam
concentrados fluídicos penetrando-nos a organização, 11
e o centro genésico, guiando a modelagem de novas formas entre os homens
ou o estabelecimento de estímulos criadores, com vistas ao trabalho,
à associação e à realização entre as almas.
3. CENTRO
CORONÁRIO. — Temos particularmente no centro coronário o ponto
de interação entre as forças determinantes do Espírito e as forças fisiopsicossomáticas
organizadas.
2 Dele parte, desse
modo, a corrente de energia vitalizante formada de estímulos espirituais
com ação difusível sobre a matéria mental que o envolve, transmitindo
aos demais centros da alma os reflexos vivos de nossos sentimentos,
ideias e ações, 3 tanto
quanto esses mesmos centros, interdependentes entre si, imprimem semelhantes
reflexos nos órgãos e demais implementos de nossa constituição particular,
plasmando em nós próprios os efeitos agradáveis ou desagradáveis de
nossa influência e conduta.
4 A mente elabora as criações
que lhe fluem da vontade, apropriando-se dos elementos que a circundam,
e o centro coronário incumbe-se automaticamente de fixar a natureza
da responsabilidade que lhes diga respeito, marcando no próprio ser
as consequências felizes ou infelizes de sua movimentação consciencial
no campo do destino.
4. ESTRUTURA
MENTAL DAS CÉLULAS. — É importante considerar, todavia, que nós,
os desencarnados, na Esfera que nos é própria, estudamos, presentemente,
a estrutura mental das células, de modo a iniciarmo-nos em aprendizado
superior, 2 com mais
amplitude de conhecimento, acerca dos fluidos que nos integram o clima
de manifestação, todos eles de origem mental 3
e todos entretecidos na essência da matéria primária, ou Hausto Corpuscular
de Deus, de que se compõe a base do Universo Infinito.
5. CENTROS
VITAIS E CÉLULAS. — São os centros vitais fulcros energéticos
que, sob a direção automática da alma, imprimem às células a especialização
extrema, 2 pela qual
o homem possui no corpo denso, e detemos todos no corpo espiritual em
recursos equivalentes, 3
as células que produzem fosfato e carbonato de cálcio para a construção
dos ossos, as que se distendem para a recobertura do intestino, as que
desempenham complexas funções químicas no fígado, as que se transformam
em filtros do sangue na intimidade dos rins e outras tantas que se ocupam
do fabrico de substâncias indispensáveis à conservação e defesa da vida
nas glândulas, nos tecidos e nos órgãos que nos constituem o cosmo vivo
de manifestação.
4 Essas células que
obedecem às ordens do Espírito, diferenciando-se e adaptando-se às condições
por ele criadas, procedem do elemento primitivo, comum, de que todos
provimos em laboriosa marcha no decurso dos milênios, desde o seio tépido
do oceano, quando as formações protoplásmicas nos lastrearam as manifestações
primeiras.
5 Tanto quanto a célula
individual, a personalizar-se na ameba, ser unicelular que reclama ambiente
próprio e nutrição adequada para crescer e reproduzir-se, garantindo
a sobrevivência da espécie no oceano em que respira, 6
os bilhões de células que nos servem ao veículo de expressão, agora
domesticadas, na sua quase totalidade em funções exclusivas, necessitam
de substâncias especiais, água, oxigênio e canais de exoneração excretória
para se multiplicarem no trabalho específico que nosso Espírito lhes
traça, 7 encontrando,
porém, esse clima, que lhes é indispensável, na estrutura aquosa de
nossa constituição fisiopsicossomática, a expressar-se nos líquidos
extracelulares, formados pelo líquido intersticial e pelo plasma sanguíneo.
6. EXTERIORIZAÇÃO
DOS CENTROS VITAIS. — Observando o corpo espiritual ou psicossoma,
desse modo, em nossa rápida síntese, como veículo eletromagnético, qual
o próprio corpo físico vulgar, 2
reconheceremos facilmente que, como acontece na exteriorização da sensibilidade
dos encarnados, operada pelos magnetizadores comuns, os centros vitais
a que nos referimos são também exteriorizáveis, quando a criatura se
encontre no campo da encarnação, 3
fenômeno esse a que atendem habitualmente os médicos e enfermeiros desencarnados,
durante o sono vulgar, no auxílio a doentes físicos de todas as latitudes
da Terra, plasmando renovações e transformações no comportamento celular,
mediante intervenções no corpo espiritual, segundo a lei do merecimento,
4 recursos esses que
se popularizarão na medicina terrestre do grande futuro.
7. CORPO
ESPIRITUAL DEPOIS DA MORTE. — Em suma, o psicossoma é ainda corpo
de duração variável, segundo o equilíbrio emotivo e o avanço cultural
daqueles que o governam, além do carro fisiológico, 2
apresentando algumas transformações fundamentais, depois da morte carnal,
3 principalmente no
centro gástrico, pela diferenciação dos alimentos de que se provê, 4
e no centro genésico, quando há sublimação do amor, na comunhão das
almas que se reúnem no matrimônio divino das próprias forças, gerando
novas fórmulas de aperfeiçoamento e progresso para o reino do Espírito.
5 Esse corpo que evolve
e se aprimora nas experiências de ação e reação, no Plano terrestre
e nas regiões espirituais que lhe são fronteiriças, é suscetível de
sofrer alterações múltiplas, 6
com alicerces na adinamia proveniente da nossa queda mental no remorso,
7 ou na hiperdinamia
imposta pelos delírios da imaginação, a se responsabilizarem por disfunções
inúmeras da alma, 8
nascidas do estado de hipo e hipertensão no movimento circulatório das
forças que lhe mantém o organismo sutil, 9
e pode também desgastar-se, na Esfera imediata à Esfera física, para
nela se refazer, através do renascimento, segundo o molde mental preexistente,
10 ou ainda restringir-se
a fim de se reconstituir de novo, no vaso uterino, para a recapitulação
dos ensinamentos e experiências de que se mostre necessitado, de acordo
com as falhas da consciência perante a Lei.
11 Outros aspectos
do psicossoma examinaremos quando as circunstâncias nos induzam a apreciar-lhe
o comportamento nas regiões espirituais vizinhas da Terra, 12
dentro das sociedades afins, em que as almas se reúnem conforme os ideais
e as tarefas nobres que abraçam, ou segundo as culpas dilacerantes ou
tendências inferiores em que se sintonizam, 13
geralmente preparando novos eventos, alusivos às necessidades e problemas
que lhes são peculiares nos domínios da reencarnação imprescindível.
André Luiz
Pedro Leopoldo, 19/1/1958.
[1] O corpo mental,
assinalado experimentalmente por diversos estudiosos, é o envoltório
sutil da mente, e que, por agora, não podemos definir com mais amplitude
de conceituação, além daquela com que tem sido apresentado pelos pesquisadores
encarnados, e isto por falta de terminologia adequada no dicionário
terrestre. — (Nota do Autor espiritual.)
[2]
Vide no livro Obreiros da Vida Eterna, a referência de Albano
Metelo às faixas ou cintas espiraladas de matéria sutil que se estendem
no espaço envolvendo o globo terrestre e se caracterizam por outras
dimensões do Plano espiritual: “A Terra é também nossa grande mãe, cujos
braços acolhedores se estendem pelo espaço além, ofertando-nos outros
campos de aprimoramento e redenção.” ( † )