O Caminho Escritura do Espiritismo Cristão
Doutrina espírita - 2ª parte.

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Cartas de uma morta — Maria João de Deus


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No limiar dos grandes acontecimentos

(Sumário)

1. No local onde nos encontramos, muito profundo e crescente é o nosso interesse pelos estudos, os quais vão sendo aperfeiçoados por nós, ao preço de iniciativas nem sempre facilmente conquistadas.

2 Como já tive ocasião de observar, as minhas atividades se desenvolvem em torno de um grande número de entidades que apenas se dedicam aos problemas de socorro espiritual a todas as almas que sofrem e se redimem na Terra, no cadinho das renúncias e dos grandes sacrifícios.

3 Ultimamente, estivemos reunidos em extraordinários movimentos, junto à ponte a que já me referi, e que atravessa a distância incomensurável que separa o vosso orbe da primeira Esfera que lhe é concêntrica. São inúmeros os Espíritos que se debatem do lado oposto àquele em que nos encontramos, esforçando-se para realizarem a difícil travessia. [Vide referências a esta ponte pêncil no livro Voltei: A ponte iluminada]


Espíritos alucinados


2. Dolorosos são os espetáculos que vimos presenciando porque essas almas perturbadas e sofredoras estão constituindo uma turba imensa de alucinados e de loucos. 2 Muitos dos nossos companheiros corajosamente atravessam o abismo (em certas ocasiões esses movimentos oferecem perigos para os Espíritos inexperientes de minha Esfera, perigos esses de natureza fluídica, condizentes portanto com os elementos de nossa matéria e organização) mas são frustrados os seus esforços no sentido de consolar essas criaturas amotinadas.

3 Figurai alguém sob o império de um sofrimento indescritível: a dor lhe impressiona de tal maneira, desorganizando-lhe a faculdade sensorial, que semelhante criatura é incapaz de ouvir o consolo fraterno ou a amiga exortação.

4 E talvez devido a esse estado de extrema perturbação que as almas aflitas, em cujo socorro estamos ocupados, não nos ouvem, entregando-se às mais dolorosas imprecações. Súplicas, brados angustiosos, soluços, gemidos, repercutem junto de nós e temos procurado, no refúgio da prece a Deus, os recursos necessários para essas coletividades espirituais, egressas do planeta nestes últimos dias. 5 São muito raras as individualidades que conseguem ouvir o nosso chamado ou apreender as nossas observações.


A tarefa da salvação


3. Temos aqui instrumentos semelhantes a barcos salvadores, onde alguns Espíritos conseguem se transportar para o nosso meio, para se entregarem a tratamento e ao repouso que lhes são necessários, porém, as condições psíquicas dessas almas são muito lamentáveis. 2 Demasiado comovedores são os gritos maternos, as preces fervorosas e angustiadas que temos ouvido, filhas do gemer opresso de mães infelizes.  3 A todos buscamos oferecer o concurso de nossa assistência, todavia é difícil lograrmos um resultado imediato e efetivo.

4 Não obstante a incompreensão, com a qual somos geralmente recebidos, ainda conseguimos evitar muitos males e afastar muitos infortúnios dentro das possibilidades de nossa influência indireta.


Um novo ciclo evolutivo


4. Interpelamos os Mestres que nos dirigem sobre os quadros dolorosos a que vimos assistindo, com infinita mágoa, em virtude das derradeiras lutas fratricidas que se vêm desenrolando na superfície do planeta. E os nossos venerandos mentores espirituais sempre nos elucidam explicando que a Terra se acha em vias de conhecer um novo ciclo evolutivo.

2 Explicam-nos, então, que esses movimentos objetivam não só o cumprimento exato das provações individuais e coletivas dos homens e dos povos, como também representam um trabalho de drenagem sobre as multidões humanas, selecionando as almas então encarnadas nesse mundo.


As correntes migratórias


5. Os nossos Mestres nos falaram das grandes correntes migratórias que modificam as civilizações, asseverando que o mundo atual se encontra à beira desses movimentos inevitáveis. Compreendemos, então, que todos os progressos da civilização terrestre dependem da economia, sobre cuja base repousa todo o edifício da organização social.

2 Soubemos assim que, em tempos remotíssimos, quando o planeta se encontrava em vésperas de inaugurar nova posição progressiva, ocorreu o deslocamento das raças arianas que invadiram os territórios europeus. 3 O congestionamento de certos países, o problema da economia regulamentada, a necessidade de expansão que muitas nacionalidades experimentam nos tempos modernos constituem uma determinação desesperada dessas correntes migratórias, cuja passagem é assinalada por guerras destruidoras, ensaiando novas soluções para as magnas questões da vida coletiva.

3 Afirmam, portanto, os nossos guias que apenas começamos a presenciar os grandes acontecimentos que, fatalmente, terão de ocorrer nos anos vindouros. As raças amarelas e determinados núcleos da civilização ocidental requerem expansão e nova fonte econômica para a solução dos problemas que os assoberbam; e, nesses dolorosos movimentos, mas necessários, a humanidade se depura, aperfeiçoando-se cada vez mais para o seu glorioso futuro espiritual.  4 Reconhecendo-se embora tudo isso, para as almas dotadas de pouca experiência, com respeito a esses enigmas dos povos, os quadros isolados, como nos é dado conhecer, são profundamente angustiosos.

5 Mas a dor, a dor soberana que aí na Terra dobra toda a cerviz e subjuga todas as frontes, essa está igualmente aqui conosco, na aquisição de ensinamentos, exercendo a sua função de remodelar e de aperfeiçoar toda a glória suprema da vida.


6 Todavia, Senhor, vós que sois a grandeza e a misericórdia suprema do Universo, estendei as vossas mãos magnânimas para a Terra, mansão de sombras e de provações, onde irmãos nossos se entregam ao mais proveitoso dos aprendizados.

7 Dá-lhes fortaleza de ânimo e resignação nos embates contra a adversidade dolorosa, alçando os seus olhos para os vossos impérios resplandecentes, onde compreendemos as luminosas afirmações da Vida Espiritual.

8 Protegei-os a todos, Senhor, integrando as suas consciências no caminho retilíneo da salvação e os seus entendimentos na compreensão profunda das vossas leis. Que a Terra conheça a nova era do amor e da fraternidade espiritual.


Maria João de Deus


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