O Caminho Escritura do Espiritismo Cristão
Doutrina espírita - 2ª parte.

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A caminho da Luz — Emmanuel


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A Idade Medieval

(Sumário)

1. Os mensageiros de Jesus.


1 Em todo o século VI, de conformidade com as deliberações efetuadas no Plano Invisível, aparecem grandes vultos de sabedoria e bondade, contrastando a vaidade orgulhosa dos bispos católicos, que em vez de herdarem os tesouros de humildade e amor do Crucificado, reclamaram para si a vida suntuosa, as honrarias e prerrogativas dos imperadores.  2 Os chefes eclesiásticos, guindados à mais alta preponderância política, não se lembravam da pobreza e da simplicidade apostólicas, nem das palavras do Messias, que afirmara não ser o seu reino ainda deste mundo. ( † )

3 Todavia, nesse pantanal de ambições floresciam, igualmente, os lírios da misericórdia de Jesus, em sublimadas realizações de sacrifício e bondade. 4 Espíritos heroicos e missionários, cuja maioria não se incorporou aos nomes da galeria histórica terrestre, exerceram a função de novos sacerdotes da ideia sagrada do Cristianismo, conservando-lhe o fogo divino para as futuras gerações do planeta. 5 Subordinados, embora, à disciplina da Igreja romana, eles ouviam, no ádito do coração, a palavra eterna e suave do Divino Jardineiro e sabiam, por isso, que a sua missão era a da renúncia, do sacrifício e da humildade. 6 Roma podia negociar os títulos eclesiásticos com a política do mundo e estabelecer a simonia nos templos sagrados, esquecendo os mais severos compromissos; 7 eles, porém, nas suas túnicas rotas, atravessariam o mundo alentando a palavra das promessas evangélicas, edificariam pousos de silêncio e de misericórdia, onde guardassem as tradições escritas da cultura sagrada, para os dias do porvir.

8 Desses exércitos de abnegados que se organizaram com Jesus e por Jesus, no seio da Igreja, somos levados a destacar os missionários beneditinos,  †  cujo esforço amoroso e paciente conduziu grande número de coletividades dos povos considerados bárbaros, principalmente os germanos, para o seio generoso das ideias do Cristianismo.


 2. O Império Bizantino.


1 Depois da morte do imperador Teodósio,  †  eis que o mundo conhecido se reparte em dois impérios — o do Ocidente e o do Oriente — divididos entre os seus dois filhos, Honório  †  e Arcádio.  †  Com o assalto dos hérulos,  †  em 476 desaparece o império ocidental e com ele, para sempre, os resquícios da integridade do império romano, com a instalação do reino ostrogodo na Itália,  †  tendo Ravena  †  por capital, em 493.

2 Constantinopla  †  é então a sucessora legítima da grande cidade imperial. O império bizantino era o depositário da legislação e dos costumes romanos. Um poderoso sopro de latinidade vitaliza as suas instituições. 3 Debalde, porém, as expressões romanas buscam um refúgio nas outras terras, com o objetivo de uma perpetuação. Homens enérgicos, como Justiniano,  †  não conseguem salvá-las. 4 Forças ocultas e poderosas estavam incumbidas de sua visceral renovação, e, não obstante sua resistência milenar, o império bizantino, herdeiro dos Césares, ia cair exânime, em 1453, ao assalto de Maomet II.  † 


 3. O Islamismo.


1 Antes da fundação do Papado, em 607, as forças espirituais se viram compelidas a um grande esforço no combate contra as sombras que ameaçavam todas as consciências. 2 Muitos emissários do Alto tomam corpo entre as falanges católicas no intuito de regenerar os costumes da Igreja.  3 Embalde, porém, tentam operar o retorno de Roma aos braços do Cristo, conseguindo apenas desenvolver o máximo de seus esforços com vistas ao futuro, no penoso trabalho de arquivar experiências para as gerações vindouras.

4 Numerosos Espíritos se reencarnam com as mais altas delegações do Plano Invisível. 5 Entre esses missionários, veio aquele que se chamou Maomet, ao nascer em Meca no ano 569. 6 Filho da tribo dos Coraixitas, a sua missão era reunir todas as tribos árabes sob a luz dos ensinos cristãos, de modo a organizar-se na Ásia um movimento forte de restauração do Evangelho do Cristo, em oposição aos abusos romanos, nos ambientes da Europa.  7 Maomet, contudo, pobre e humilde no começo de sua vida, que deveria ser de sacrifício e exemplificação, torna-se rico após o casamento com Khadidja e não resiste ao assédio dos Espíritos da Sombra, traindo nobres obrigações espirituais com as suas fraquezas. 8 Dotado de grandes faculdades mediúnicas inerentes ao desempenho dos seus compromissos, muitas vezes foi aconselhado por seus mentores do Alto, nos grandes momentos da sua existência, mas não conseguiu triunfar das inferioridades humanas. 9 É por essa razão que o missionário do Islã deixa entrever, nos seus ensinos, flagrantes contradições. 10 A par do perfume cristão que se evola de muitas das suas lições, há um espírito belicoso, de violência e de imposição; 11 junto da doutrina fatalista encerrada no Alcorão, existe a doutrina da responsabilidade individual, divisando-se através de tudo isso uma imaginação superexcitada pelas forças do bem e do mal, num cérebro transviado do seu verdadeiro caminho. 12 Por essa razão o Islamismo, que poderia representar um grande movimento de restauração do ensino de Jesus, corrigindo os desvios do Papado nascente, assinalou mais uma vitória das Trevas contra a Luz e cujas raízes era necessário extirpar.


 4. As guerras do Islã.


1 Maomet, nas recordações do dever que o trazia à Terra, lembrando os trabalhos que lhe competiam na Ásia, a fim de regenerar a Igreja para Jesus, vulgarizou a palavra “infiel”, entre as várias famílias do seu povo, designando assim os árabes que lhe eram insubmissos, quando a expressão se aplicava, perfeitamente, aos sacerdotes transviados do Cristianismo.  2 Com o seu regresso ao Plano Espiritual, toda a Arábia estava submetida à sua doutrina, pela força da espada; e todavia os seus continuadores não se deram por satisfeitos com semelhantes conquistas. 3 Iniciaram no exterior as “guerras santas”, subjugando toda a África setentrional, no fim do século VII.  4 Nos primeiros anos do século seguinte, atravessaram o estreito de Gibraltar, estabelecendo-se na Espanha, em vista da escassa resistência dos visigodos atormentados pela separação, 5 e somente não seguiram caminho além dos Pirineus porque o Plano Espiritual assinalara um limite às suas ações, encaminhando Carlos Martel  †  para as vitórias de 732.  † 


 5. Carlos Magno.


1 É depois dessa época que Jesus permite a reencarnação de um dos mais nobres imperadores romanos, ansioso de auxiliar o espírito europeu na sua amargurada decadência. 2 Essa entidade renasceu, então, sob o nome de Carlos Magno, o verdadeiro reorganizador dos elementos dispersos para a fundação do mundo ocidental. 3 Quase analfabeto, criou as mais vastas tradições de energia e de bondade, dentro da superioridade que lhe caracterizava o espírito equilibrado e altamente evoluido. 4 Num reinado de 46 anos consecutivos, Carlos Magno intensificou a cultura, corrigiu defeitos administrativos que imperavam entre os povos desorganizados da Europa, deixando as mais belas perspectivas para a latinidade.

5 Sabe Jesus quanto de lágrimas lhe custou o cumprimento de uma tarefa dessa natureza, cujo desempenho exigia as mais altas qualidades de energia e de coração. 6 Mas, antecipando as doces comoções que o aguardavam no Plano Espiritual, numerosos amigos invisíveis, que com ele haviam caminhado na Roma do direito e do dever, cercam-lhe a personalidade na noite do Natal do ano 800, quando o seu pensamento em prece se elevava a Jesus, na basílica  †  de São Pedro.  7 Uma onda de vibrações harmoniosas invade o ambiente suntuoso, pouco propício às demonstrações da verdadeira espiritualidade. 8 Leão III,  †  o papa da época, sente-se tocado por uma sensação de incompreensível arrebatamento espiritual, e, aproximando-se do grande batalhador do bem, cinge-lhe a fronte com uma coroa de ouro, enquanto a multidão designa-o, em vozes comovidas e entusiásticas, como “imperador dos romanos”.

9 Carlos Magno sente que aquela cidade era também sua. Parece-lhe voltar ao passado longínquo, contemplando a Roma do pretérito, cheia de dignidade e de virtude. Seu coração derrama lágrimas, como Jeremias sobre a Jerusalém ( † ) das suas dores, agradecendo a Jesus os seus favores divinos.

10 Decorridos alguns anos sobre esse acontecimento, o grande imperador busca de novo as claridades do Além, para reconhecer que o seu esforço caía sobre as almas qual uma bênção, mas o império por ele organizado teria escassa duração.


 6. O Feudalismo.


1 Depois das nobres conquistas atenienses em matéria de política administrativa, depois das grandes jornadas do direito romano à face do mundo, custa-se a entender o porquê do feudalismo, que se estendeu pela Europa,  †  desde o século VIII até o século XII, figurando-se ao estudioso da História um como retrocesso de toda a civilização.

2 Toda a unidade política desaparece nesses tempos de luzidas lembranças para a Humanidade. 3 A propriedade individual jamais alcançou tamanha importância e nunca a servidão moral ganhou tão forte impulso.  4 Com semelhante regime, as lutas fratricidas tiveram campo largo no território europeu, disputando-se uma hegemonia que jamais chegava na equação dos movimentos bélicos. 5 Somente as poucas qualidades cristãs da Igreja Católica conseguiram atenuar o caráter nefasto dessa situação, instituindo-se as chamadas “tréguas de Deus”, obrigando os guerreiros ao repouso em variados dias da semana, com o objetivo de comemorar as passagens da vida de Jesus-Cristo e defendendo-se a paz com a periódica cessação das hostilidades.


 7. Razões do Feudalismo.


1 Esse regime, todavia, é facilmente explicável.

A missão de Carlos Magno houvera sido organizada pelo Plano Invisível como uma das mais vastas tentativas de reorganização do império do Ocidente, mas, observando-se a inutilidade do tentame, em virtude do endurecimento da maioria dos corações, as autoridades espirituais, sob a égide do Cristo, n renovaram os processos educativos do mundo europeu, então no início da civilização atual, chamando todos os homens para a vida do campo, a fim de aprenderem melhor, no trato da terra e no contato da Natureza.  2 Só o feudalismo podia realizar essa obra, e as suas normas, embora grosseiras, foram aproveitadas na escola penosa das aquisições espirituais, onde a reflexão e a sensibilidade iam surgir para a construção do edifício milenar da civilização do Ocidente.


Emmanuel



[1] No original: “de Cristo” — Vide explicação de Allan Kardec sobre a anteposição do artigo à palavra Cristo.


Texto extraído da 1ª edição desse livro.

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